— Eu acabei de sair para resolver um trabalho. — Disse Sílvio.Lúcia observou-o mentir com um rosto impassível e, com um sorriso irônico, comentou:— Sério? Foi realmente para resolver trabalho?— Como você se tornou tão desconfiada? — Ele perguntou, franzindo a testa involuntariamente.Ela sorriu amargamente, era a mesma sensação de traição repetida por esse homem. E ele ainda a acusava de ser desconfiada?Lúcia fechou os olhos, cansada demais para continuar a discussão.O celular de Sílvio tocou novamente, e ele deu uma olhada no display antes de olhar para Lúcia, que estava fingindo dormir na cama:— Eu vou sair um pouco. Pense no que você quer comer. Quando eu voltar, te levo para jantar.Lúcia não respondeu, e ele saiu.A porta do quarto foi fechada suavemente.Sentindo-se sufocada, Lúcia levantou-se da cama e foi até a janela.Olhou para baixo e viu que Giovana estava parada na entrada do hotel, com várias malas ao lado.Lúcia pensou se talvez Sílvio aparecesse por lá mais tarde.
Ele já fez tanto, o que mais ela queria dele?Não se esqueça de que ainda havia duas vidas de seus pais em jogo!Ele se despendeu até onde podia, e isso já era algo raro.Mas a mulher parecia que só estava aumentando a situação, sem demonstrar empatia.Se fosse antes, ela já teria se rendido e o acalmado.Mas a Lúcia de agora continuava comendo suas salsichas assadas e respondia de forma desinteressada:— Se você diz que é assim, então deve ser.— Lúcia!— Não se fala durante a refeição e não se fala ao dormir. — Lúcia interrompeu com impaciência.Depois do jantar, de volta à suíte presidencial, Lúcia perguntou:— Você vai dormir no sofá ou eu vou?— O quê? Ainda não nos divorciamos formalmente e você já quer uma separação de fato?— Você me fez isso por mais de um ano, não é pouco. — Lúcia revirou os olhos e, cansada, disse. — Melhor eu dormir no sofá então.Ela não queria brigar. Agora, ela e Sílvio não conseguiam mais brigar.Quando estava prestes a sair do quarto principal, Sílvio
Lúcia pediu para ele soltá-la, mas ele não obedeceu. Ela então franziu a testa e, com paciência, começou a abrir dedo por dedo os dedos pálidos que ele mantinha apertados em seu pulso.— Estou falando com você, está ouvindo?— Não fale mais nada, estou cansada. — Lúcia respondeu friamente e tentou sair do quarto.A voz de Sílvio ecoou atrás dela:— Eu durmo no sofá! Você não precisa sair!Lúcia parou imediatamente.— Lúcia, estou sendo indulgente com você por causa do bebê que você carrega. Seja mais cuidadosa! — Sílvio deu um sorriso frio. Não queria ouvir explicações? Pois ele também não queria mais dar explicações!O homem se virou e saiu do quarto principal, batendo a porta ao sair.Lúcia sentiu uma opressão no peito que dificultava sua respiração. Depois de se lavar e arrumar, voltou para a cama.De repente, o celular dela vibrou com uma nova mensagem: [Se quer saber sobre o pequeno mudo, venha me encontrar amanhã às oito da manhã neste endereço.] A mensagem incluía um endereç
Lúcia sentiu um vazio no peito ao perceber que não era ele. Rapidamente, respondeu: [Não tem problema, Sr. Basílio. Seu trabalho é importante, não estou com pressa.]Basílio: [Assim que tiver novidades, te aviso.]Lúcia: [Certo. Agradeço muito.]Basílio: [Disponha, Srta. Lúcia.]Pelo jeito, ela teria que ir até lá no dia seguinte.Se soubesse o que iria acontecer, Lúcia jamais teria marcado esse encontro! Mas a vida não oferece segundas chances, só o destino inevitável.De repente, o celular vibrou com outra mensagem. Ela abriu o aplicativo e, para sua surpresa, era um WhatsApp de Sílvio. Por um instante, achou que estava vendo coisas. Lúcia lembrava claramente que ele a tinha bloqueado.Ela esfregou os olhos e viu que ele estava digitando. Não era ilusão.[Eu e a Giovana não somos o que você está pensando. Meu tom não foi dos melhores há pouco, peço desculpas. Tente descansar. Amanhã vamos revisitar os lugares que fomos três anos atrás. Sei que você está ansiosa por conta da gravide
Mesmo sem o aviso do motorista, Lúcia já estava sentindo que havia algo errado. O lugar era tão remoto que parecia o fim do mundo. Ela também pensou em voltar, mas ao lembrar que sua vida estava chegando ao fim e que finalmente havia uma pista sobre o paradeiro de pequeno mudo, decidiu que não podia perder essa chance. Se desistisse agora, se arrependeria para o resto da vida.Diziam que quando alguém estivesse prestes a morrer, desejava encontrar pessoas que não via há muito tempo ou realizar antigos sonhos. Ela queria saber como pequeno mudo estava. Talvez fosse ele quem a chamara para este encontro.Lúcia abafou a inquietação e sorriu para o motorista:— Não se preocupe, apenas siga o GPS. Eu não vou deixar de pagar a corrida.O motorista, sem dizer mais nada, acelerou o carro e seguiu o GPS.Meia hora depois, o táxi parou ao lado de uma colina verdejante. O motorista virou-se para ela, constrangido:— Moça, o lugar onde você precisa ir não está longe. Dá para chegar a pé em uns de
Mas ela temia que o misterioso desconhecido fosse embora se esperasse muito tempo, então não ousou parar por muito tempo. Quando já tinha percorrido dois terços do caminho, uma dor repentina no fígado a atingiu, e o bebê em seu ventre, como se pressentisse o perigo, começou a chutá-la com força.Com a testa coberta de suor frio, Lúcia tomou meia cartela de analgésicos, tentando controlar a dor no fígado com os remédios, mas o bebê não parava de se mexer. Enquanto continuava andando, acariciava a barriga e sussurrava:— Calma, meu amor, só mais um pouquinho. Estamos quase lá. Não se preocupe, vai ficar tudo bem.Era raro o bebê se mexer tanto, mas, por mais que ela tentasse acalmá-lo, ele continuava lutando e resistindo, como se também estivesse enfrentando um destino cruel.Seguindo as instruções do GPS, Lúcia chegou à margem de um lago profundo. A dor na barriga estava se intensificando, e ela teve que encontrar uma pedra para sentar-se lentamente. Olhou ao redor, o cenário, que de
Dentro da suíte presidencial do hotel, Sílvio não conseguia dormir direito. Assim que pegou no sono, teve um pesadelo, sonhou que algo ruim acontecia com Lúcia, e acordou sobressaltado. Ele olhou para o relógio, ainda eram oito e quarenta. Desde a noite anterior, ele só havia dormido por duas horas.Depois de se levantar do sofá, Sílvio lavou o rosto, tomou um copo de água e acendeu um cigarro. Ele havia planejado o dia com várias atividades. Lúcia adorava tirar fotos, ele se lembrava de como, naquela época, ela elogiava o trabalho da fotógrafa que fazia as fotos com flores, dizendo que as fotos saíam tão bonitas que nem precisavam de retoques.Sílvio, na verdade, sabia o verdadeiro motivo: não era só a habilidade da fotógrafa, mas a beleza natural de Lúcia, com sua pele macia e traços delicados, que fazia as fotos ficarem incríveis. Quando a pessoa era bonita, qualquer foto ficava boa; mas quando era feia, não adiantava nem caprichar, porque o resultado não mudava. Mas ele nunca
Ele era muito esperto e tinha uma memória excelente. Bastou assistir ao vídeo uma vez para aprender tudo. Meia hora depois, uma refeição nutritiva, embora um pouco pegajosa, mas com uma aparência excelente, estava pronta. O aroma agradável se espalhava pelo ar.Sílvio ficou satisfeito. Ele pensou que, quando Lúcia acordasse e visse aquilo, provavelmente ficaria feliz. Para ele, não tinha problema ceder um pouco, desde que ela decidisse ter o filho.O que Sílvio não sabia, naquele momento, era que Lúcia já não estava mais no hotel e se encontrava em uma situação de vida ou morte!Ele colocou a refeição em duas tigelas de porcelana branca e as levou até a mesa de jantar. Depois, bateu na porta do quarto principal.— Hora de acordar!Não houve resposta.Lúcia vinha sendo fria e distante com ele, mas ele já estava acostumado e não deu muita importância, achando que ela ainda estava dormindo. Pensou que, como ela finalmente havia conseguido dormir, seria bom deixá-la descansar mais um pou