Sílvio riu com desdém:— Nem preciso ouvir, já sei que é falsificação sua!— Você realmente pensa isso de mim? — Lúcia abriu os olhos, grandes e cheios de dor, sentindo um aperto no peito que quase a impedia de respirar.Quando se casaram, ele prometeu que sempre confiaria nela, que entre marido e mulher deveria haver confiança mútua. Será que aquelas promessas foram em vão?Ele estreitou os olhos:— Já te dei o suficiente, Lúcia. Pare de bancar a vítima. Tenha essa criança, e depois seguimos nossos caminhos. Você pode ir atrás de quem quiser.Na noite anterior, ele havia decidido. Aquela Lúcia, que estava diante dele, já não era a mesma mulher vibrante e bondosa que ele um dia conheceu. Ele só queria o filho deles, depois disso, um rompimento definitivo. Era hora de encerrar essa relação tóxica e cheia de erros.— Sílvio! Vou dizer pela última vez, o que acabei de falar é a verdade! — Lúcia gritou, desesperada. — O que precisa acontecer para você acreditar em mim?Ele a encarou por um
Ela não conseguia dormir, o que a deixava extremamente ansiosa, com o coração acelerado e lágrimas que corriam sem parar.Ela sentia que havia algo errado com ela! Já fazia dez dias inteiros que não conseguia pegar no sono!Lúcia, triste, percebeu que não tinha ninguém com quem pudesse desabafar, nenhum amigo em quem pudesse confiar.Desesperada, acabou ligando para Sílvio.Mas quem atendeu foi Giovana:— Lúcia, o Sílvio já está dormindo. Não ligue mais. Qualquer coisa, resolvemos amanhã.E desligou o telefone.Então ele estava dormindo na casa de Giovana!Lúcia se encolheu debaixo do cobertor e começou a chorar baixinho.Quando Marina passou pelo quarto dela, ouviu os soluços e ficou preocupada. Lúcia, ultimamente, chorava muito.Pegando o celular, Marina encontrou o número de Sílvio e ficou indecisa sobre contar ou não o que estava acontecendo....Na Mansão do Fonseca, Sílvio estava trazendo um copo de água quando viu Giovana rapidamente largar o celular dele, que estava carregando.
— Sim, a Sra. Lúcia acordou muito cedo hoje. Quando cheguei, ela já estava sentada no sofá, olhando para o nada, chorando sem parar. Perguntei o que aconteceu, mas ela não quis falar. Embora esteja comendo as refeições e tomando os remédios para manter a gravidez regularmente, é visível que ela está perdendo peso rapidamente.As palavras de Marina fizeram Sílvio franzir o cenho.Ele subiu as escadas rapidamente e foi até a porta do quarto principal, batendo com firmeza.A porta não se abriu.Do lado de fora, ele pôde ouvir soluços abafados.De repente, o coração de Sílvio começou a acelerar, um sentimento de desespero tomando conta dele. Ele chamou pelo nome de Lúcia, mas o quarto permaneceu fechado.Marina lhe entregou a chave reserva, e ele a usou para destrancar a porta. Marina, percebendo a gravidade da situação, tirou o avental e foi embora.Sílvio entrou no quarto, que estava completamente escuro, sem nenhuma luz acesa.Somente a fria e pálida luz da lua penetrava pelas cortinas
— Se eu tivesse um infarto, você ficaria feliz, né? Já faz tempo que você quer me ver morto. Até um caixão você já deve ter preparado pra mim. — Lúcia deu um sorriso cansado. — Morrer não seria tão ruim assim. De qualquer jeito, um dia isso vai acontecer. No fim das contas, ninguém escapa da morte, né?O tom desanimado dela deixou Sílvio extremamente tenso. Sua voz carregava um traço de irritação:— Para com isso e tenta dormir um pouco.Ele não conseguia imaginar como reagiria se Lúcia, a pessoa que ele tanto amava e odiava ao mesmo tempo, realmente morresse de repente. Só de pensar, já era assustador. Ele enlouqueceria, com certeza!O ódio era o que o mantinha em pé até agora. Se Lúcia não estivesse mais ali, o que ele teria?Meia hora depois, Lúcia finalmente adormeceu em seus braços. Ela sonhou com algo bonito, e Sílvio, com cuidado, a deitou de volta na cama, cobrindo-a com o edredom. Depois, ele passou a ponta dos dedos pela bochecha dela, do mesmo jeito carinhoso que fazia quan
O relatório do último exame dela foi manipulado. Quem poderia garantir que o teste psicológico de hoje não teria sido adulterado?Sílvio pegou um guardanapo e limpou os lábios: — Não acho necessário trocar de hospital.Ele sabia que ela queria fazer o teste no mesmo hospital onde Abelardo estava internado, mas os dois hospitais tinham o mesmo diretor.O Dr. Arthur o acompanhava há muitos anos e jamais teria coragem de falsificar um relatório médico. Se ela queria mudar de hospital, ele começava a suspeitar que ela pudesse ter subornado algum médico!Ao ouvir isso, o coração de Lúcia afundou no peito, mergulhando em um abismo. Talvez o relatório médico falsificado da última vez tivesse sido ideia de Sílvio.Realmente não havia necessidade de trocar de hospital.Lúcia não respondeu, terminou o café da manhã em silêncio e foi para o closet. Escolheu um casaco de plumas branco, uma calça jeans justa e uma bota estilo coturno.Como fazia muito frio lá fora, também colocou um gorro de lã.Q
Leopoldo assentiu, e Lúcia não disse mais nada. Ela se virou e o seguiu para fora do hospital. Ele abriu a porta do carro para ela e, depois que Lúcia se acomodou no banco traseiro, ele sentou-se ao volante. Ao perceber que ela esfregava as mãos para se aquecer, ligou o aquecedor com um gesto cuidadoso.Lúcia agradeceu com um breve “obrigada”.— Sra. Lúcia, não se preocupe. Tenho certeza de que está tudo bem com a senhora. Todos nós passamos por momentos difíceis e, às vezes, ficamos para baixo. Desde que isso não seja constante, não há com o que se preocupar. O mais importante agora é cuidar da sua saúde mental, principalmente porque a senhora está grávida. Gestantes precisam se manter calmas e felizes. — Disse Leopoldo, tentando confortá-la.Ela forçou um sorriso. Será mesmo que estava tudo bem? Se está, por que Dr. Arthur parecia tão preocupado? E por que Sílvio a fez esperar no carro?Lúcia sentia um peso esmagador no peito, uma ansiedade que a consumia. Já faziam mais de dez dia
Lúcia sentiu o arroz prender na garganta, acompanhado por uma onda de amargura. Se não estava enganada, essa era a primeira vez, em mais de um ano de silêncio gelado, que ele falava com ela de maneira tão calma e gentil.Era ele o culpado por ela estar nessa situação! E mesmo assim, diante desse repentino gesto de preocupação, seu coração, há muito endurecido, parecia finalmente encontrar um pouco de calor, como uma planta recebendo a luz do sol após um longo inverno. Lágrimas ameaçaram cair, mas ela não queria parecer fraca na frente dele, então as reprimiu, concentrando-se em comer grandes bocados de comida.— Lavei as mãos e o sabão entrou nos meus olhos. Não foi nada sério.— Coma mais um pouco. A Marina preparou tudo isso para você. — Sílvio pegava a comida com o garfo e colocava no prato dela.Em pouco tempo, o prato estava abarrotado de comida. Será que o resultado do teste deu algo errado? Por isso ele estava sendo tão atencioso de repente? Lúcia se perguntou em silêncio.E
Tendências depressivas! Paciente com câncer!Era exatamente o caso dela!— Tome os remédios.A voz grave veio acompanhada de uma mão grande e quente estendida em sua direção, cheia de cápsulas e comprimidos coloridos.Lúcia sentia um aperto no peito. Com um fio de esperança, levantou o olhar e, hesitante, perguntou para Sílvio, cujo rosto permanecia impassível:— Sílvio, eu posso não tomar esses remédios?— Não pode. — Ele respondeu rápido, sem a menor hesitação.Lúcia esboçou um sorriso amargo:— Eu realmente não posso tomar esses remédios!Ela sabia que poderia morrer! Estava claro na bula!— Por quê? — Sílvio franziu a testa.Lúcia mordeu o lábio:— Eu tenho tendências depressivas, você precisa acreditar em mim.— Sério? — A voz dele estava fria, distante, como se aquilo não tivesse nada a ver com ele.Sílvio se irritou um pouco ao ouvir aquela história de novo. Ele tentou de tudo para agradá-la: falou com mais suavidade, preparou café da manhã para ela, acompanhou-a ao psiquiatra,