Lúcia sentiu uma pontada de decepção nos olhos, como se tivesse acordado de um sonho.Ela era apenas a empregada da casa dele. Como pôde sonhar em passear de mãos dadas com ele no shopping, como antes? Que ilusão boba.Lúcia mordeu os lábios, tentando conter as lágrimas, suas mãos longas e delicadas se apertando firmemente: — Foi um erro meu. Pode ir embora, eu compro o que preciso e volto sozinha para casa.Dizendo isso, Lúcia se virou e entrou no shopping.Ela sabia que ele a desprezava, que ele apenas queria torturá-la, mas ouvir aquelas palavras frias a deixava sem ar.Lágrimas cristalinas se acumularam nos seus olhos.Ao entrar no shopping, uma onda de calor a envolveu. Ela limpou as lágrimas com a ponta dos dedos.Perguntou a uma vendedora e encontrou a seção de produtos de higiene pessoal.Colocou o carrinho de lado e começou a escolher com cuidado os itens nas prateleiras: copos de higiene, pasta de dente, escova de dentes, esponja de banho, toalhas e pijamas.Logo, o carrinho
Sílvio jogou a bituca de cigarro pela janela. Pisou no acelerador com força, o rosto sombrio, as veias azuis saltadas nas costas das mãos que agarravam o volante, evidenciando sua raiva naquele momento. O Bentley preto arrancou como uma flecha, levantando uma nuvem de poeira.Ele estava esperando por ela, preocupado que ela tivesse comprado muitas coisas e tivesse dificuldade em pegar um táxi para voltar. E lá estava ela, novamente envolvida com aquele policial. Inicialmente, ele tinha planejado tomar uma atitude contra o policial, mas o sujeito se aposentou da noite para o dia. Agora, ele estava de volta, de repente.De volta ao apartamento, Sílvio abriu uma garrafa de vinho tinto, bebendo o líquido vermelho escuro sem expressão. O sabor era amargamente acre ao descer pela garganta. Ele ficou na varanda, esperando por meia hora inteira. Finalmente, um jipe parou na frente de seu prédio.A porta do jipe se abriu, e um homem vestindo um moletom verde escuro e boné de beisebol des
Ela virou levemente a cabeça e viu Sílvio, vestido com um terno de negócios, parado na porta, com uma expressão de leve raiva no rosto.Lúcia sorriu amargamente: — Sou apenas uma empregada doméstica, não ouso compartilhar a cama com você.— Você tem um minuto para vir aqui, ou nosso contrato será encerrado! — Disse Sílvio, batendo a porta ao sair.Lúcia piscou seus olhos secos. Mais uma ameaça! Ele pisava em sua dignidade, mas Lúcia não podia se rebelar, ela precisava daquele contrato, precisava que Sílvio garantisse o sustento da família Baptista, para que ela pudesse morrer em paz.Lúcia, resignada, foi até o quarto principal. Sílvio, como um senhor, estava em frente ao espelho, lançando-lhe um olhar frio: — Venha me ajudar a tirar a roupa.Ela se aproximou e começou a tirar o paletó escuro dele, seus olhos fixos naquele homem. Ele tinha uma postura imponente, com um corpo esguio e uma presença marcante. Ela se colocou na ponta dos pés para ajudá-lo a soltar a gravata. Antes, ela
Lúcia não entendeu o que estava acontecendo com ele, mas obedeceu e retirou os óculos do nariz dele. Com as mãos, segurou seu rosto atraente e o beijou com a língua.O homem imediatamente teve uma reação de excitação. A mão grande que estava em seu pescoço foi gradualmente liberada, e logo, ele agarrou a parte de trás da cabeça dela, aprofundando o beijo. Ela suspeitou que ele estava fazendo aquilo de propósito, beijando-a com tanta força como se quisesse engoli-la.Mas Lúcia não ousava se rebelar, não podia fazer nada além de suportar em silêncio. Ela não sabia quando suas roupas haviam sido removidas, e ele a carregou para a cama, beijando incessantemente seu pescoço, sobrancelhas, rosto, e orelhas, e então seguiu descendo.Lúcia ficou deitada com os olhos abertos, olhando fixamente para o teto. Sentia-se exausta, com a mente cheia dos eventos do dia. Ela havia sido maltratada pela assistente de Sílvio, que ainda contou com a ajuda dele. Passara o dia com fome e agora tinha qu
Lúcia não conseguia vomitar, já havia engolido o comprimido. Sílvio, furioso, agarrou seu queixo, fazendo-a gemer de dor. Seus dedos foram enfiados em sua garganta, e um nojo crescente subiu, fazendo com que, ao retirar os dedos, Sílvio visse Lúcia se inclinando sobre o vaso sanitário e vomitando sem parar. Ela expeliu toda a comida do jantar, incluindo o pequeno comprimido que ainda não havia sido digerido. Sílvio deu descarga no vaso, se abaixou e novamente agarrou seu queixo, forçando-a a olhar para ele: — Lúcia, pare de se fazer de esperta! Da próxima vez que tomar remédio, lembre-se do seu pai, que está na cama!Lúcia o encarou atordoada: — Você está me ameaçando?— É bom que você saiba que é uma ameaça, parece que você ainda tem alguma inteligência para entender o que as pessoas dizem. — Sílvio se abaixou e a levantou. Quando ela tentou se debater, ele disse de forma abrupta. — Não se faça de difícil, você não tem esse direito!Ao ouvir isso, ela desistiu de se debater e se
Na manhã seguinte, Lúcia foi acordada pelo despertador às seis horas. Como não tinha folga, decidiu levantar cedo e ir até a Mansão do Baptista para buscar os itens essenciais que precisava levar para a casa de Sílvio.Ao abrir os olhos, notou que ele já não estava na cama. Sentiu o edredom ao seu lado, que estava frio, o que indicava que ele provavelmente havia se levantado há um bom tempo. Na noite anterior, ela havia sonhado que estava nos braços de Sílvio, com as pernas envolvidas em sua cintura, e ele não a empurrava, mas a abraçava com força. Infelizmente, os sonhos mais belos tinham um fim, e o que restava era a cruel e fria realidade.Depois de se arrumar, ela pegou um táxi de volta para casa, já que não estava se sentindo bem e preferia não dirigir. A empresa de mudanças, com a qual havia feito contato na noite anterior, estava esperando na porta.Após levar os itens para a mansão de Sílvio, já era sete horas. Ela se apressou em organizar as coisas, pendurou suas roupas
— Presidente Sílvio, eu errei ontem. — Lúcia começou, com uma voz hesitante.— É mesmo? Então me diga, o que você fez de errado? — Sílvio respondeu com frieza, continuando a folhear os documentos e assinando com uma caneta.Lúcia não sabia exatamente onde tinha errado, mas como precisava de sua ajuda, precisava se humilhar. O mais importante agora era conseguir o dinheiro.— Eu não deveria ter tomado a pílula anticoncepcional. Mesmo que eu a tomasse, deveria ter sido com a sua permissão. Vou me lembrar dos termos do contrato daqui para frente e serei obediente, sem discutir com você. Se você faz algo por mim, é uma oportunidade que você me dá e eu deveria agradecer, não te desagradar. Além disso, Basílio foi alguém que eu encontrei por acaso no supermercado. Ele me explicou que sua aposentadoria repentina não tem nada a ver com você e que eu havia entendido mal. Ele me ajudou a voltar para casa porque eu tinha muitas coisas, e eu paguei a ele pelo serviço, não foi um favor gratuito.Só
Lúcia segurava o porta-canetas com força.— Solte isso! — Ameaçou Sílvio.Ela não soltou.— Vou contar até três, Lúcia. Se você não voltar ao trabalho, eu garanto que vai se arrepender. — Sílvio contou até dois.Ela, sem coragem, colocou o porta-canetas de volta na mesa com força.Depois enxugou as lágrimas e saiu correndo do escritório do presidente.Lúcia sentou-se nos degraus e chorou por um tempo, então foi ao depósito, onde trocou de roupa, vestindo o uniforme sujo de faxineira. Pegou a vassoura e os equipamentos de limpeza e começou mais um dia de trabalho."Miserável do Sílvio, só sabe me humilhar, humilhar quem mais te ama. Quero ver quem você vai torturar depois que me destruir."Ela pensou que Sílvio a odiava tanto que, se ela morresse, ele só ficaria feliz, talvez até fizesse uma festa. Ele não sentiria tristeza alguma. "Ele sequer iria ao meu funeral? Provavelmente não. Ele já deve ter preparado meu caixão, esperando que eu morra logo."Sílvio a torturava porque achava que