— Se seu pai morrer, como vou viver? Ele é o amor da minha vida. — Sandra chorava, e cada lágrima parecia cortar o coração de Lúcia.Lúcia sentia um vazio, como se sua alma tivesse sido arrancada, como um barco à deriva sem porto.— Eu já arrumei o dinheiro, um milhão não é nada. Papai não vai ser transferido, pode ficar tranquila.Mentir se tornara uma habilidade essencial para ela. Antes, mentir a deixava nervosa, corada, agora, era tão fácil quanto beber água. Temendo que Sandra continuasse a fazer perguntas, ela rapidamente encerrou a chamada.A mulher de vestido fixou seus olhos afiados no rosto jovem e sem maquiagem de Lúcia:— Está precisando de dinheiro? Quer salvar uma vida? Eu posso te ajudar.— O que eu preciso fazer? — Lúcia mordeu os lábios, interessada. Ela estava sem alternativas. Se alguém lhe oferecesse um milhão e não fosse algo ilegal, ela faria qualquer coisa. Orgulho e moral já não tinham mais importância. Ela estava encurralada. Ser levada a essa situação por
Lúcia sentia um pressentimento ruim, seus olhos piscavam incessantemente. Para evitar que mudassem de ideia depois, ela precisava pegar o dinheiro primeiro.A mulher sorriu:— Isso não é o procedimento padrão.— Então procurem outra pessoa. Não vejo sinceridade da parte de vocês.Lúcia levantou-se do sofá e se virou para sair.Sentia algo estranho, embora não soubesse exatamente o quê.A mulher segurou seu pulso e sorriu gentilmente:— Você ainda não confia em mim? Tudo bem, me passe seu número de conta, vou pedir para o financeiro transferir o dinheiro agora.Lúcia passou o número da conta bancária. A mulher fez uma ligação e, dois minutos depois, Lúcia recebeu a confirmação da transferência: quinhentos mil reais.— Pronto, querida, o dinheiro está na sua conta. Agora pode vir se arrumar conosco?— Pode ser. — Lúcia assentiu.Ela foi levada pela mulher para o andar de cima, onde uma iluminação dourada enchia o ambiente, ao mesmo tempo ofuscante e sugestiva.A mulher abriu a porta de u
Depois de finalizar a maquiagem, a maquiadora trouxe uma roupa nova para Lúcia trocar. Era um vestido justo, cor de vinho com lantejoulas, brilhante e revelador, quase apenas um pedaço de pano fino. Havia também um corpete de renda.Lúcia percebeu que algo estava errado. Olhou para a maquiadora, confusa:— Tenho que vestir isso?— A pessoa que te trouxe não te explicou? Essas são as regras. — Respondeu a maquiadora.Lúcia sentiu um calafrio de preocupação:— É só para servir uma bebida, certo?— Foi isso que ela te disse?A maquiadora cobriu os lábios com a mão, rindo com os olhos.Lúcia assentiu:— Foi sim.— Então é isso mesmo. Vai, troca de roupa. Quando você terminar, meu trabalho acaba. — A maquiadora bocejou. — Preciso voltar a dormir, estou exausta.Lúcia, sem querer causar mais problemas, pegou a roupa e foi trocar. Devia estar exagerando. Afinal, já tinham depositado quinhentos mil de adiantamento. A Bodega Miguelito era o maior bar da Cidade A, diferente dos lugares pequen
A luz no interior do camarote piscava, criando um ambiente de incerteza. A mulher entrou primeiro, trocou algumas palavras e depois se virou para chamar Lúcia, que estava parada na porta:— Linda, entra.Lúcia, com os dedos agarrados firmemente na borda da bandeja e equilibrando-se nos saltos de quinze centímetros, adentrou o camarote.— Sr. João, esta é a nova garota. Seja gentil com ela, não vá assustá-la. — Disse a mulher, em um tom manhoso, para o homem de meia-idade que estava no sofá, com uma corrente de ouro no pescoço, camisa florida e cabelo engomado.João riu, acariciando o queixo:— Claro, claro. Agora pode sair.Quando a mulher se virou para sair, sussurrou para Lúcia:— Não esqueça do que eu te disse. Faça tudo o que ele mandar. Seja esperta.Lúcia mordeu os lábios enquanto a mulher abria a porta e saía, rebolando no vestido.Sílvio estava sentado num canto do sofá, fora do alcance da luz, envolto em sombras. Ao seu lado, Leopoldo observava Lúcia enquanto ela servia o vi
— Não tenha medo, o Sr. Sílvio é muito gentil com as mulheres.João pegou a taça de vinho em cima da mesa e a entregou para Lúcia, que segurava a garrafa de vinho.Aquele vinho estava adulterado. Quando a garota e Sílvio estivessem na cama, as coisas pegariam fogo. Sílvio ficaria satisfeito e o contrato seria fechado sem problemas. E se Sílvio descobrisse, a culpada seria ela, diria que foi ela quem colocou a droga.Lúcia colocou a garrafa de vinho no chão. Só queria entregar a taça e sair dali o mais rápido possível, pegar os quinhentos mil reais restantes. Afinal, seu pai ainda estava no hospital esperando.Ela respirou fundo, tentando acalmar a ansiedade, e estendeu a mão para pegar a taça de vinho das mãos de João, levantando-se do chão.Depois de tanto tempo ajoelhada, seus joelhos estavam dormentes e ela quase perdeu o equilíbrio. Com um sorriso profissional no rosto, caminhou em direção àquela zona escura.— Sr. Sílvio, por favor, beba o vinho.Lúcia segurava a taça com ambas
Uma marca vermelha de sangue no rosto da mulher irritou os olhos de Sílvio, mas apenas por um momento. Ele logo desviou o olhar.Lúcia o fitava com intensidade. Aquele homem realmente queria que ela fizesse um striptease na frente de outras pessoas? Ele era a pior escória, um verdadeiro canalha.Sílvio, vendo que ela não se movia, se virou para João no sofá e pressionou:— João, tenho outros compromissos. Não precisamos mais assinar o contrato.Dito isso, Sílvio descruzou as longas pernas, levantou-se e, sem sequer olhar para Lúcia, se preparou para sair.Leopoldo lançou um olhar inquieto para Lúcia, mas não podia fazer nada por ela. Apenas seguiu Sílvio com um olhar complicado. Ele não entendia por que Sílvio, que claramente tinha algum interesse em Lúcia, insistia em atormentá-la.João entrou em pânico, levantou-se rapidamente e bloqueou o caminho de Sílvio, com um sorriso servil no rosto gorduroso:— Sr. Sílvio, não fique bravo. É só um striptease. Eu vou fazer com que ela dance, só
A porta do camarote foi fechada.Sílvio se virou e voltou para o sofá.Lúcia fechou os olhos, apertando os punhos, lutando para conter a humilhação que sentia. Ela não tinha mais saída. Os quinhentos mil reais do adiantamento já tinham sido enviados para sua mãe, e ela não tinha como devolver o dinheiro. Além disso, ela precisava desesperadamente de mais dinheiro.Diante da situação, ela não tinha outra escolha a não ser continuar.— Você vai tirar a roupa ou não?Sílvio pegou o copo de vinho que Lúcia lhe havia dado e perguntou, impaciente.— Moça, por que está enrolando? O Sr. Sílvio está ficando impaciente, não percebeu? Vamos, faça direitinho que eu te dou mais dinheiro. — João disse, encarando Lúcia.Leopoldo apertou o pulso de João com mais força, fazendo-o gritar de dor:— Ai, está doendo...— Leopoldo, não seja rude. — Ordenou Sílvio friamente.Leopoldo soltou o pulso de João com desprezo.João massageou o pulso vermelho e inchado:— Tudo bem, tudo bem, eu sei que Leopoldo nã
A mão grande do homem apertava o queixo de Lúcia sem qualquer piedade.Lúcia sentiu as lágrimas se acumularem nos olhos de tanta dor, mas se segurou. Ela não queria parecer tão derrotada na frente dele.— Você não queria tanto tirar a roupa? Agora tem a chance.Sílvio riu de forma desprezível, um sorriso que perfurou o coração de Lúcia. Ele ainda não tinha se cansado de humilhá-la.Lúcia soltou um riso frio, difícil devido à pressão no queixo, um riso que parecia mais um choro:— Sr. Sílvio, eu não estou tirando a roupa para você.A arte de incomodar os outros e dizer coisas duras, ela também sabia fazer.— Então para quem você está tirando?— Com certeza, não é para você.A mão dele apertou ainda mais, fazendo as lágrimas escorrerem dos olhos de Lúcia e caírem no pulso dele, onde usava um relógio.— Você não quer o restante do pagamento? Então eu ligo pro João?Mais uma ameaça, clara e direta.Lúcia, com as mãos trêmulas, puxou o zíper do vestido justo, que caiu aos pés dela.Sílvio v