Depois de finalizar a maquiagem, a maquiadora trouxe uma roupa nova para Lúcia trocar. Era um vestido justo, cor de vinho com lantejoulas, brilhante e revelador, quase apenas um pedaço de pano fino. Havia também um corpete de renda.Lúcia percebeu que algo estava errado. Olhou para a maquiadora, confusa:— Tenho que vestir isso?— A pessoa que te trouxe não te explicou? Essas são as regras. — Respondeu a maquiadora.Lúcia sentiu um calafrio de preocupação:— É só para servir uma bebida, certo?— Foi isso que ela te disse?A maquiadora cobriu os lábios com a mão, rindo com os olhos.Lúcia assentiu:— Foi sim.— Então é isso mesmo. Vai, troca de roupa. Quando você terminar, meu trabalho acaba. — A maquiadora bocejou. — Preciso voltar a dormir, estou exausta.Lúcia, sem querer causar mais problemas, pegou a roupa e foi trocar. Devia estar exagerando. Afinal, já tinham depositado quinhentos mil de adiantamento. A Bodega Miguelito era o maior bar da Cidade A, diferente dos lugares pequen
A luz no interior do camarote piscava, criando um ambiente de incerteza. A mulher entrou primeiro, trocou algumas palavras e depois se virou para chamar Lúcia, que estava parada na porta:— Linda, entra.Lúcia, com os dedos agarrados firmemente na borda da bandeja e equilibrando-se nos saltos de quinze centímetros, adentrou o camarote.— Sr. João, esta é a nova garota. Seja gentil com ela, não vá assustá-la. — Disse a mulher, em um tom manhoso, para o homem de meia-idade que estava no sofá, com uma corrente de ouro no pescoço, camisa florida e cabelo engomado.João riu, acariciando o queixo:— Claro, claro. Agora pode sair.Quando a mulher se virou para sair, sussurrou para Lúcia:— Não esqueça do que eu te disse. Faça tudo o que ele mandar. Seja esperta.Lúcia mordeu os lábios enquanto a mulher abria a porta e saía, rebolando no vestido.Sílvio estava sentado num canto do sofá, fora do alcance da luz, envolto em sombras. Ao seu lado, Leopoldo observava Lúcia enquanto ela servia o vi
— Não tenha medo, o Sr. Sílvio é muito gentil com as mulheres.João pegou a taça de vinho em cima da mesa e a entregou para Lúcia, que segurava a garrafa de vinho.Aquele vinho estava adulterado. Quando a garota e Sílvio estivessem na cama, as coisas pegariam fogo. Sílvio ficaria satisfeito e o contrato seria fechado sem problemas. E se Sílvio descobrisse, a culpada seria ela, diria que foi ela quem colocou a droga.Lúcia colocou a garrafa de vinho no chão. Só queria entregar a taça e sair dali o mais rápido possível, pegar os quinhentos mil reais restantes. Afinal, seu pai ainda estava no hospital esperando.Ela respirou fundo, tentando acalmar a ansiedade, e estendeu a mão para pegar a taça de vinho das mãos de João, levantando-se do chão.Depois de tanto tempo ajoelhada, seus joelhos estavam dormentes e ela quase perdeu o equilíbrio. Com um sorriso profissional no rosto, caminhou em direção àquela zona escura.— Sr. Sílvio, por favor, beba o vinho.Lúcia segurava a taça com ambas
Uma marca vermelha de sangue no rosto da mulher irritou os olhos de Sílvio, mas apenas por um momento. Ele logo desviou o olhar.Lúcia o fitava com intensidade. Aquele homem realmente queria que ela fizesse um striptease na frente de outras pessoas? Ele era a pior escória, um verdadeiro canalha.Sílvio, vendo que ela não se movia, se virou para João no sofá e pressionou:— João, tenho outros compromissos. Não precisamos mais assinar o contrato.Dito isso, Sílvio descruzou as longas pernas, levantou-se e, sem sequer olhar para Lúcia, se preparou para sair.Leopoldo lançou um olhar inquieto para Lúcia, mas não podia fazer nada por ela. Apenas seguiu Sílvio com um olhar complicado. Ele não entendia por que Sílvio, que claramente tinha algum interesse em Lúcia, insistia em atormentá-la.João entrou em pânico, levantou-se rapidamente e bloqueou o caminho de Sílvio, com um sorriso servil no rosto gorduroso:— Sr. Sílvio, não fique bravo. É só um striptease. Eu vou fazer com que ela dance, só
A porta do camarote foi fechada.Sílvio se virou e voltou para o sofá.Lúcia fechou os olhos, apertando os punhos, lutando para conter a humilhação que sentia. Ela não tinha mais saída. Os quinhentos mil reais do adiantamento já tinham sido enviados para sua mãe, e ela não tinha como devolver o dinheiro. Além disso, ela precisava desesperadamente de mais dinheiro.Diante da situação, ela não tinha outra escolha a não ser continuar.— Você vai tirar a roupa ou não?Sílvio pegou o copo de vinho que Lúcia lhe havia dado e perguntou, impaciente.— Moça, por que está enrolando? O Sr. Sílvio está ficando impaciente, não percebeu? Vamos, faça direitinho que eu te dou mais dinheiro. — João disse, encarando Lúcia.Leopoldo apertou o pulso de João com mais força, fazendo-o gritar de dor:— Ai, está doendo...— Leopoldo, não seja rude. — Ordenou Sílvio friamente.Leopoldo soltou o pulso de João com desprezo.João massageou o pulso vermelho e inchado:— Tudo bem, tudo bem, eu sei que Leopoldo nã
A mão grande do homem apertava o queixo de Lúcia sem qualquer piedade.Lúcia sentiu as lágrimas se acumularem nos olhos de tanta dor, mas se segurou. Ela não queria parecer tão derrotada na frente dele.— Você não queria tanto tirar a roupa? Agora tem a chance.Sílvio riu de forma desprezível, um sorriso que perfurou o coração de Lúcia. Ele ainda não tinha se cansado de humilhá-la.Lúcia soltou um riso frio, difícil devido à pressão no queixo, um riso que parecia mais um choro:— Sr. Sílvio, eu não estou tirando a roupa para você.A arte de incomodar os outros e dizer coisas duras, ela também sabia fazer.— Então para quem você está tirando?— Com certeza, não é para você.A mão dele apertou ainda mais, fazendo as lágrimas escorrerem dos olhos de Lúcia e caírem no pulso dele, onde usava um relógio.— Você não quer o restante do pagamento? Então eu ligo pro João?Mais uma ameaça, clara e direta.Lúcia, com as mãos trêmulas, puxou o zíper do vestido justo, que caiu aos pés dela.Sílvio v
A mulher diante dele, como uma joia perfeita, se revelava completamente.Há um ano ele não a via assim, nua, na sua frente.Ela emagrecera, mas seu corpo continuava tão sedutor quanto antes.Sílvio sentiu a boca seca, a cabeça tonta. Sacudiu a cabeça, soltou Lúcia e se apoiou na porta.Ele sabia que o efeito da droga estava começando.Mas não esperava que a mulher que João lhe enviara fosse Lúcia.Por isso, ele aceitou a situação e bebeu aquela taça de vinho.Porque foi Lúcia quem lhe entregou a taça.Sílvio segurou a testa. Ele não podia se deixar levar, ela era a filha do inimigo, e ele desprezava a ideia de tocá-la.Lúcia não percebeu o estado alterado de Sílvio.Ela se abaixou, os dedos finos pegando as roupas do chão e vestindo-se rapidamente.Ela só queria sair dali, sair da presença de Sílvio.A saia vinho mal estava em seu corpo, sem nem fechar o zíper.Sílvio a levantou e a jogou sobre o ombro, caminhando em direção ao quarto da suíte.— Sílvio, o que você está fazendo? Me sol
Lúcia sentiu as lágrimas rolarem quando ele a mordeu.Ele era um cachorro?Sílvio, ainda não satisfeito, deu outra mordida, e o sangue escorreu dos lábios dela.Nos últimos dias, ele estava à beira da loucura por causa dessa mulher estúpida.Ela foi a primeira a dizer que gostava dele, a se declarar, a querer casar e passar a vida ao seu lado.Agora, ela queria o divórcio a todo custo.Ela era filha do seu inimigo. Com que direito pedia o divórcio?Ele tinha feito tantas coisas nos bastidores. Abelardo merecia morrer, mas ele ainda pagou cinco milhões pelas despesas médicas.Ela foi ao Bairro das Árvores para investigar a morte dos pais dele e foi seguida por Olga. Ele, de coração mole, mandou Leopoldo para protegê-la em segredo.Caso contrário, ela ainda estaria viva para discutir com ele agora?Essa mulher era realmente uma ingrata, enganando seus sentimentos. Mas, mesmo conhecendo sua verdadeira face, ele ainda se sentia atraído por ela...Sílvio estava em um turbilhão de emoções, r