Chegou a um ponto em que só Basílio poderia ajudá-la.Lúcia pensava assim, acreditando que, se Basílio interviesse, talvez algum hospital aceitasse seu pai.Lúcia ligou para Basílio, mas, estranhamente, o número havia sido desativado.Ela tentou uma chamada de voz pelo WhatsApp, mas descobriu que o WhatsApp dele também estava desativado.O que teria acontecido com Basílio? Como o WhatsApp e o telefone dele poderiam estar desativados?Um pressentimento ruim tomou conta dela, sentindo que algo havia acontecido com Basílio.Lúcia dirigiu diretamente para a delegacia.Embora nunca tivesse ido ao local de trabalho dele, lembrava-se de que, da última vez que comeram churrasco, a delegacia onde ele trabalhava ficava a apenas duzentos metros de distância, então ela sabia onde ele trabalhava.Ao chegar à delegacia, Lúcia explicou o motivo de sua visita. Um policial uniformizado suspirou e balançou a cabeça, dizendo:— Senhorita, você não tem sorte, chegou um pouco tarde.— O que aconteceu? — Lú
Na última vez que seu pai sofreu um acidente de carro, ela implorou de joelhos, ameaçou se matar e fez greve de fome, mas Sílvio não se comoveu.Lúcia ergueu os olhos e olhou para o diretor:— Se não transferirmos meu pai, quanto precisaríamos pagar para continuar aqui?Transferir não era mais uma opção, tinha que encontrar outra saída.— Precisaria deixar um depósito de um milhão na conta do hospital até amanhã. Essa é a regra da instituição.— Pode ser parcelado? Posso pagar duzentos mil agora.Lúcia viu uma esperança.O diretor balançou a cabeça:— Essa é a regra do hospital, Srta. Lúcia. Ainda assim, sugiro que procure o Sr. Sílvio para ajudar.Lembrando-se de Olga, que foi demitida por Sílvio ao dificultar a vida de Lúcia, o diretor lançou um olhar incisivo, com um sorriso:— O Sr. Sílvio não vai ficar de braços cruzados. Ele ainda se importa com você. Basta você ceder um pouco, e a questão do dinheiro se resolve com uma palavra dele.— Já sei o que fazer, obrigada, diretor.Lúcia
Sílvio tinha o telefone ligado, mas não atendeu.Lúcia pensou e hesitou por muito tempo antes de decidir ligar para ele.Não importava o que acontecesse, desde que houvesse uma mínima esperança, ela tentaria. Mas será que Sílvio iria atender? E se atendesse, o que ela diria? Nos últimos dias, a situação entre eles estava muito tensa.Mesmo que fosse difícil, ela tinha que tentar.— Oi, a pessoa para quem você ligou está ocupada no momento...A mensagem automática do telefone parecia perfurar seus ouvidos.Ele desligou a chamada. Ela nem teve a chance de falar com ele diretamente.Mesmo que ele atendesse, o que adiantaria? Sílvio só sabia amaldiçoá-la e a xingá-la. Parecia que não tinha nada de bom para lhe dizer. — Venham trabalhar aqui, venham ganhar bem! Não percam essa oportunidade! — Uma mulher gritava, anunciando uma vaga de emprego.Lúcia se virou na direção da voz e viu um bar chamado Bodega Miguelito. Um homem de terno colava um anúncio de emprego na parede.Um grupo de pes
— Se seu pai morrer, como vou viver? Ele é o amor da minha vida. — Sandra chorava, e cada lágrima parecia cortar o coração de Lúcia.Lúcia sentia um vazio, como se sua alma tivesse sido arrancada, como um barco à deriva sem porto.— Eu já arrumei o dinheiro, um milhão não é nada. Papai não vai ser transferido, pode ficar tranquila.Mentir se tornara uma habilidade essencial para ela. Antes, mentir a deixava nervosa, corada, agora, era tão fácil quanto beber água. Temendo que Sandra continuasse a fazer perguntas, ela rapidamente encerrou a chamada.A mulher de vestido fixou seus olhos afiados no rosto jovem e sem maquiagem de Lúcia:— Está precisando de dinheiro? Quer salvar uma vida? Eu posso te ajudar.— O que eu preciso fazer? — Lúcia mordeu os lábios, interessada. Ela estava sem alternativas. Se alguém lhe oferecesse um milhão e não fosse algo ilegal, ela faria qualquer coisa. Orgulho e moral já não tinham mais importância. Ela estava encurralada. Ser levada a essa situação por
Lúcia sentia um pressentimento ruim, seus olhos piscavam incessantemente. Para evitar que mudassem de ideia depois, ela precisava pegar o dinheiro primeiro.A mulher sorriu:— Isso não é o procedimento padrão.— Então procurem outra pessoa. Não vejo sinceridade da parte de vocês.Lúcia levantou-se do sofá e se virou para sair.Sentia algo estranho, embora não soubesse exatamente o quê.A mulher segurou seu pulso e sorriu gentilmente:— Você ainda não confia em mim? Tudo bem, me passe seu número de conta, vou pedir para o financeiro transferir o dinheiro agora.Lúcia passou o número da conta bancária. A mulher fez uma ligação e, dois minutos depois, Lúcia recebeu a confirmação da transferência: quinhentos mil reais.— Pronto, querida, o dinheiro está na sua conta. Agora pode vir se arrumar conosco?— Pode ser. — Lúcia assentiu.Ela foi levada pela mulher para o andar de cima, onde uma iluminação dourada enchia o ambiente, ao mesmo tempo ofuscante e sugestiva.A mulher abriu a porta de u
Depois de finalizar a maquiagem, a maquiadora trouxe uma roupa nova para Lúcia trocar. Era um vestido justo, cor de vinho com lantejoulas, brilhante e revelador, quase apenas um pedaço de pano fino. Havia também um corpete de renda.Lúcia percebeu que algo estava errado. Olhou para a maquiadora, confusa:— Tenho que vestir isso?— A pessoa que te trouxe não te explicou? Essas são as regras. — Respondeu a maquiadora.Lúcia sentiu um calafrio de preocupação:— É só para servir uma bebida, certo?— Foi isso que ela te disse?A maquiadora cobriu os lábios com a mão, rindo com os olhos.Lúcia assentiu:— Foi sim.— Então é isso mesmo. Vai, troca de roupa. Quando você terminar, meu trabalho acaba. — A maquiadora bocejou. — Preciso voltar a dormir, estou exausta.Lúcia, sem querer causar mais problemas, pegou a roupa e foi trocar. Devia estar exagerando. Afinal, já tinham depositado quinhentos mil de adiantamento. A Bodega Miguelito era o maior bar da Cidade A, diferente dos lugares pequen
A luz no interior do camarote piscava, criando um ambiente de incerteza. A mulher entrou primeiro, trocou algumas palavras e depois se virou para chamar Lúcia, que estava parada na porta:— Linda, entra.Lúcia, com os dedos agarrados firmemente na borda da bandeja e equilibrando-se nos saltos de quinze centímetros, adentrou o camarote.— Sr. João, esta é a nova garota. Seja gentil com ela, não vá assustá-la. — Disse a mulher, em um tom manhoso, para o homem de meia-idade que estava no sofá, com uma corrente de ouro no pescoço, camisa florida e cabelo engomado.João riu, acariciando o queixo:— Claro, claro. Agora pode sair.Quando a mulher se virou para sair, sussurrou para Lúcia:— Não esqueça do que eu te disse. Faça tudo o que ele mandar. Seja esperta.Lúcia mordeu os lábios enquanto a mulher abria a porta e saía, rebolando no vestido.Sílvio estava sentado num canto do sofá, fora do alcance da luz, envolto em sombras. Ao seu lado, Leopoldo observava Lúcia enquanto ela servia o vi
— Não tenha medo, o Sr. Sílvio é muito gentil com as mulheres.João pegou a taça de vinho em cima da mesa e a entregou para Lúcia, que segurava a garrafa de vinho.Aquele vinho estava adulterado. Quando a garota e Sílvio estivessem na cama, as coisas pegariam fogo. Sílvio ficaria satisfeito e o contrato seria fechado sem problemas. E se Sílvio descobrisse, a culpada seria ela, diria que foi ela quem colocou a droga.Lúcia colocou a garrafa de vinho no chão. Só queria entregar a taça e sair dali o mais rápido possível, pegar os quinhentos mil reais restantes. Afinal, seu pai ainda estava no hospital esperando.Ela respirou fundo, tentando acalmar a ansiedade, e estendeu a mão para pegar a taça de vinho das mãos de João, levantando-se do chão.Depois de tanto tempo ajoelhada, seus joelhos estavam dormentes e ela quase perdeu o equilíbrio. Com um sorriso profissional no rosto, caminhou em direção àquela zona escura.— Sr. Sílvio, por favor, beba o vinho.Lúcia segurava a taça com ambas