Giovana, aos prantos, começou a falar, sua voz embargada e lágrimas escorrendo pelo rosto, num espetáculo comovente.Basílio estreitou os olhos e deu um sorriso frio para Giovana: — Srta. Giovana, você me prometeu que, ao sair, se comportaria adequadamente. O que houve? Mal foi solta e já quer voltar para a delegacia?— Eu... — Giovana ficou sem palavras, engolindo em seco.Ao se lembrar dos olhares de desprezo e das longas horas sentada no banco gelado da delegacia, seus dedos apertaram firmemente o garfo.Sílvio, sem se alterar, como se nada daquilo tivesse a ver com ele, recostou-se na cadeira, apagou o cigarro e, de repente, sorriu para Basílio: — Basílio, parece que você está bem protetor com ela, hein?— Presidente Sílvio, se alguém o estivesse incomodando, eu faria o mesmo. Esse é o dever de um policial para com o cidadão. — Basílio respondeu com firmeza, sua postura impecável.— Basílio, vamos embora, não vale a pena perder tempo com ele.Lúcia se virou e saiu do restaurante
— Presidente Sílvio, o Basílio é um homem íntegro, não parece ser do tipo que cobiça a Sra. Lúcia. Será que não houve um mal-entendido? — Disse Leopoldo, apertando o volante com força. Se Lúcia soubesse que Sílvio estava fazendo essas manobras por trás, com certeza ficaria furiosa.Sílvio riu repentinamente, olhando para ele pelo retrovisor: — Agora você não me obedece mais?— Eu já sei o que fazer.Leopoldo pressionou os lábios e manteve os olhos fixos na estrada à frente.A luz laranja dos postes iluminava a neve que caía, criando uma atmosfera melancólica e desolada.Esse Basílio estava mesmo com azar, escolheu a pessoa errada para provocar. Mexer com a esposa do Presidente Sílvio foi um erro, e agora a promoção a subchefe estava fora de questão.No restaurante japonês.Lúcia olhava para Basílio ao seu lado, intrigada: — Sr. Basílio, você disse ao telefone que tinha algo importante para me contar. O que é?— Seu marido Sílvio e Giovana não fizeram nada naquela noite. Ele é inocent
— Sílvio quer o quê? Matar o sogro de desgosto para ficar satisfeito?Sandra, ao ouvir que foi Sílvio, deixou as lágrimas escorrerem de raiva.Lúcia sentiu um arrepio. Não esperava que Sílvio fosse tão baixo a ponto de cortar os fundos médicos do pai dela logo após o divórcio.O diretor suspirou, olhando para Lúcia com preocupação: — Srta. Lúcia, sugiro que vocês procurem outro hospital o quanto antes. Um hospital público seria mais barato. Embora o tratamento não seja tão bom quanto aqui, é melhor do que nada.— Quanto tempo ele deu para a transferência? — Perguntou Lúcia.— Dois dias. Após dois dias, independentemente de terem encontrado um hospital, cortaremos o tratamento. Srta. Lúcia, por favor, se apresse, o tempo do seu pai está se esgotando.Depois que o diretor saiu, Sandra, inconformada, enxugou as lágrimas e ligou para Sílvio.O telefone tocou por muito tempo, sem resposta.Sandra tentou mais de dez vezes, até que Sílvio, provavelmente irritado, desligou o telefone.— Desgr
Lúcia enxugou as lágrimas e passou a noite inteira na internet, pesquisando as duzentas clínicas particulares e cem hospitais públicos de Cidade A.Ela não acreditava que, entre mais de trezentos hospitais, não encontraria um que pudesse aceitá-los.Os custos do hospital realmente estavam altos demais, e mais cedo ou mais tarde, seu pai teria que ser transferido.No dia seguinte, Lúcia começou a ligar para os hospitais para saber sobre a transferência, mas logo percebeu que, ao mencionar seu nome, todos arranjavam desculpas. Ou os leitos estavam lotados ou os preços eram absurdamente altos, forçando-a a desistir.Lúcia ficou perplexa com tanta coincidência.Felizmente, sua persistência foi recompensada, e finalmente, um hospital público aceitou receber Abelardo.Os custos não eram altos, bastava um depósito de cem mil reais para a internação.Ela tinha exatamente duzentos mil reais no banco, o que seria suficiente por um tempo, enquanto ela procurava um emprego para sustentar o pai.Lú
Chegou a um ponto em que só Basílio poderia ajudá-la.Lúcia pensava assim, acreditando que, se Basílio interviesse, talvez algum hospital aceitasse seu pai.Lúcia ligou para Basílio, mas, estranhamente, o número havia sido desativado.Ela tentou uma chamada de voz pelo WhatsApp, mas descobriu que o WhatsApp dele também estava desativado.O que teria acontecido com Basílio? Como o WhatsApp e o telefone dele poderiam estar desativados?Um pressentimento ruim tomou conta dela, sentindo que algo havia acontecido com Basílio.Lúcia dirigiu diretamente para a delegacia.Embora nunca tivesse ido ao local de trabalho dele, lembrava-se de que, da última vez que comeram churrasco, a delegacia onde ele trabalhava ficava a apenas duzentos metros de distância, então ela sabia onde ele trabalhava.Ao chegar à delegacia, Lúcia explicou o motivo de sua visita. Um policial uniformizado suspirou e balançou a cabeça, dizendo:— Senhorita, você não tem sorte, chegou um pouco tarde.— O que aconteceu? — Lú
Na última vez que seu pai sofreu um acidente de carro, ela implorou de joelhos, ameaçou se matar e fez greve de fome, mas Sílvio não se comoveu.Lúcia ergueu os olhos e olhou para o diretor:— Se não transferirmos meu pai, quanto precisaríamos pagar para continuar aqui?Transferir não era mais uma opção, tinha que encontrar outra saída.— Precisaria deixar um depósito de um milhão na conta do hospital até amanhã. Essa é a regra da instituição.— Pode ser parcelado? Posso pagar duzentos mil agora.Lúcia viu uma esperança.O diretor balançou a cabeça:— Essa é a regra do hospital, Srta. Lúcia. Ainda assim, sugiro que procure o Sr. Sílvio para ajudar.Lembrando-se de Olga, que foi demitida por Sílvio ao dificultar a vida de Lúcia, o diretor lançou um olhar incisivo, com um sorriso:— O Sr. Sílvio não vai ficar de braços cruzados. Ele ainda se importa com você. Basta você ceder um pouco, e a questão do dinheiro se resolve com uma palavra dele.— Já sei o que fazer, obrigada, diretor.Lúcia
Sílvio tinha o telefone ligado, mas não atendeu.Lúcia pensou e hesitou por muito tempo antes de decidir ligar para ele.Não importava o que acontecesse, desde que houvesse uma mínima esperança, ela tentaria. Mas será que Sílvio iria atender? E se atendesse, o que ela diria? Nos últimos dias, a situação entre eles estava muito tensa.Mesmo que fosse difícil, ela tinha que tentar.— Oi, a pessoa para quem você ligou está ocupada no momento...A mensagem automática do telefone parecia perfurar seus ouvidos.Ele desligou a chamada. Ela nem teve a chance de falar com ele diretamente.Mesmo que ele atendesse, o que adiantaria? Sílvio só sabia amaldiçoá-la e a xingá-la. Parecia que não tinha nada de bom para lhe dizer. — Venham trabalhar aqui, venham ganhar bem! Não percam essa oportunidade! — Uma mulher gritava, anunciando uma vaga de emprego.Lúcia se virou na direção da voz e viu um bar chamado Bodega Miguelito. Um homem de terno colava um anúncio de emprego na parede.Um grupo de pes
— Se seu pai morrer, como vou viver? Ele é o amor da minha vida. — Sandra chorava, e cada lágrima parecia cortar o coração de Lúcia.Lúcia sentia um vazio, como se sua alma tivesse sido arrancada, como um barco à deriva sem porto.— Eu já arrumei o dinheiro, um milhão não é nada. Papai não vai ser transferido, pode ficar tranquila.Mentir se tornara uma habilidade essencial para ela. Antes, mentir a deixava nervosa, corada, agora, era tão fácil quanto beber água. Temendo que Sandra continuasse a fazer perguntas, ela rapidamente encerrou a chamada.A mulher de vestido fixou seus olhos afiados no rosto jovem e sem maquiagem de Lúcia:— Está precisando de dinheiro? Quer salvar uma vida? Eu posso te ajudar.— O que eu preciso fazer? — Lúcia mordeu os lábios, interessada. Ela estava sem alternativas. Se alguém lhe oferecesse um milhão e não fosse algo ilegal, ela faria qualquer coisa. Orgulho e moral já não tinham mais importância. Ela estava encurralada. Ser levada a essa situação por