Capitulo 7

Ariel Smith

Encaro os brutamontes e passo por meio deles tentando fazer o meu trabalho, alguns até tentaram impedir que eu me aproximasse. No entanto, ao ver o meu uniforme do hospital, deram o devido espaço para que eu prestasse os devidos cuidados necessários ao meu paciente. Após colocar minhas luvas, eu encarei o seu rosto. O homem era um colírio para os olhos, tinha cabelos pretos e um par de olhos azuis bebê, uma face séria que o deixava mais lindo, um verdadeiro Deus grego. 

 

Um homem lindo desses acompanhado por diversos seguranças deve ser modelo, algum ator de cinema ou empresário, constato por ele usar roupas formais e elegante deixando-o mais atraente. Me apresento tímida e peço para que ele tire seu terno, alguns soldados se aproximam para ajudá-lo, mas algo estranho acontece. Meu paciente chamado Arthur Drummond, onde olhei seu nome na prancheta, lança um olhar intimidador para seus homens e retira o terno sozinho. 

 

Controlo meus olhos que desejavam passear por seu peitoral totalmente desnudo, respiro algumas vezes e encaro seu braço ferido por uma bala. Me aproximo mais dele e pouso a minha mão em sua pele. Vejo ele me encarando de uma forma estranha, surpreso em me ver, possa ser apenas uma impressão, afinal tive um dia muito agitado e estressante. 

 

Conforme eu avaliava o ferimento do seu braço, sentia os homens do meu paciente ainda sobre mim, estava começando a me sentir como um inseto, perto desses brutamontes, embora eu saiba que sou linda, jamais fiquei tão próxima de vários homens lindos e viril como esses. Para um homem que havia levado um tiro no braço e não se queixar de dor deveria ser muito forte. Encarei seus olhos, eles estavam a uma distância mínima dos meus, ele parecia irritado e não demorou para eu me certificar disso. 

 

— O que está esperando para sedar o local do ferimento? - perguntou com arrogância. 

 

Sua atitude me surpreendeu, meu dia havia sido exaustivo e não aceitaria ser tratada daquela maneira por um paciente, umedeci meus lábios e controlei minhas verdadeiras palavras

 

— Senhor Drummond, estou avaliando seu ferimento, por favor,  se tiver um pouquinho de paciência.. 

— Você é uma incompetente, faça-o direito! 

— Estou avaliando o seu braço, fazendo meu trabalho, agora fique quieto e de boca fechada!  

 

Fui rude da mesma forma, não conseguiria controlar minha boca em respondê-lo à mesma altura como falou comigo. Um frio intenso percorreu por todo meu corpo, meu instinto me dizia que fiz errado em falar daquela maneira com o paciente, mas pouco importava. O que a filha da mãe tinha de lindo ele tinha de grosseiro e arrogante, pouco mais importava sua aparência física, se um homem embora lindo seja arrogante, tudo perde o encanto. 

 

Anestesiei o local ferido e fiz a remoção da bala, depois de certificar que não havia nenhuma hemorragia eu costurei e respirei fundo para dialogar com esse ser grosseiro. Me livro das luvas e faço um som na garganta para que ele saia do celular que mexia com atenção na outra mão, ao olhar diretamente para a tela pensei ter visto alguma foto minha, mas logo ele olhou para mim esperando que eu falasse. 

 

— Acabei de fechar o seu braço, aconselho ficar no hospital, mas se quiser ir posso liberar. 

 

Falo educadamente deixando de lado sua grosseria, a forma que ele me olhava, me deixava envergonhada, quando resolvi que não esperaria ele me responder como um adulto maduro, dei-lhe as costas para me afastar arrogante. Mas antes que eu me retirasse, sinto meu pulso esquerdo ser agarrado. Assustada, viro-me para ver quem o fez, era ele, Arthur Drummond segurou meu braço com o seu que havia acabado de cuidar, o que me surpreendeu. 

 

— Eu não autorizei sua retirada. 

—  Não preciso da sua autorização, solte-me! — o mais arrogante que já atendi me lança um olhar assustador, sinto pavor em sua expressão fechada, com isso, falo com a voz procurando firmeza; — Está liberado!  

 

Em passos largos eu saio do pronto socorro, vou para a minha sala e pego meus pertences, vou em direção ao estacionamento e entro no carro. Ponho a minha bolsa de lado e ponho as chaves no veículo, ligo o motor e antes de dar partida sinto estar sendo observada. Olho para os lados do estacionamento mas não vejo ninguém. Ignoro aquela sensação e ponho meu celular no suporte, abro a localização que Giovana havia me enviado, abro o GPS e me conduz para meu destino. 

 

Estacionei o carro no final de chegada, ainda dentro do veículo olho para o enorme prédio, ele era enorme e havia diversos andares, não sei se me perdi ou se estou no lugar certo. Saio do carro e caminho em direção à minha nova morada. No 12° andar, saio do elevador, indo para o número do apartamento e bato na porta, ao girar a maçaneta percebo que a madeira estava aberta. Entro nele e procuro por uma tomada de luz, apertei o primeiro botão na parede e algumas luzes se acendem. 

 

— Surpresa! 

 

Me assusto por Giovana e Noah terem gritado, nas mãos de Noah havia um enorme bolo de chocolate e nas mãos de Gio três latinhas de refrigerante. 

 

— Querem me matar de susto? 

 

Me aproximo deles e deposito minha bolsa no sofá da sala. 

 

— É seu novo cantinho Ariel, achou mesmo que a primeira vez que passasse por essa porta ia entrar sem alguma surpresa? 

 

Após eles me mostrarem todo o apartamento, fomos para a cozinha atacar o bolo, comemos e conversamos sobre o meu trabalho e o que aconteceu mais cedo, optei em não falar sobre o paciente de horas atrás, para mim era desnecessário falar de um homem grosseiro. Enquanto conversávamos, Giovana comentou sobre uma festa em alguma boate para comemorar a minha nova etapa de vida, mas sinceramente? Para mim as festas não me eram gratificantes, apenas uma velha conversa entre amigos e diversos lanches para mim já era uma festa ou comemoração. 

 

Às 21h da noite, Gio e Noah voltaram para suas casas, após fechar a porta do apartamento, viro-me e encaro a minha sala principal, estava sozinha, não ouvia sequer um barulho, aquilo era a paz que estava precisando. Após ver que a geladeira estava abastecida pela anja da Giovana, ponho os pratos para lavar na máquina e depois andei para as escadas subindo e indo para o quarto. 

 

Olhei para a cama, parecia extremamente confortável com seus edredons enfeitando o leito, me aproximo dela e me sento na borda da cama, olho para minhas malas e vejo-as prontas para serem desfeitas, mas deixei para amanhã, afinal será meu dia de folga e arrumar o closet em um horário desse só terminarei as 3h da manhã. Abro uma das malas e pego apenas uma camisola de dormir, caminho para o banheiro e me livro das roupas, tomo um banho e depois visto a peça limpa, volto para o quarto e encarei a cama, tão convidativa e tão minha.

 

Apaguei as luzes do quarto e me deitei na cama, aos poucos sou tomada pelo cansaço e o sono acumulado. 

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