Valentina Carvalho Aksoy Sinto minhas pernas tremerem descontroladamente, a sensação de ter saído da casa de Emir e seguido Joon-Ho sem nenhum segurança ainda ecoa em minha mente. Que bobagem eu havia feito. Agora, estou sendo levada por pessoas desconhecidas, sem a menor ideia de quem sejam."Entra no carro," a voz rude de um homem ressoa em meus ouvidos, impondo autoridade e medo."Para onde estão me levando?" questiono, minha voz trêmula denunciando o pavor que me consome. “Quem são vocês?”"Entra na merda do carro e cala a boca," a resposta é áspera, sem espaço para argumentos.Do outro lado, consigo ouvir os resmungos de Adriana, o coração apertado de preocupação com o destino incerto que nos aguarda. Cada uma de nós é levada por um carro diferente, seguindo caminhos desconhecidos que nos separam sem piedade.Os raptores se comunicam em uma língua estranha, incompreensível para mim. Russo, polonês, ou qualquer que seja o idioma, soa como um enigma aterrador. Sinto o tecido do sa
Valentina Carvalho Aksoy Eu estava atordoada. Olhava ao redor, tentando entender onde estava e como ele estava ali. “Valentina,” ouvi quando ele disse meu nome."Você?" Eu não podia acreditar quem estava ali em sua frente. "Que lugar é esse e por que eu estou aqui?""Calma, eu vou explicar tudo..." A voz dele vacilou, enquanto eu tentava processar a situação."O que você está fazendo aqui?" As minhas palavras eram carregadas de confusão e preocupação.“É uma longa história, preciso de tempo para poder te explicar e agora eu preciso ir." Ele tentou encontrar as palavras certas."Ir para onde? Eu pensei que você estivesse... Não quero nem pensar nisso." Eu tremia, minha voz embargada pela emoção."Calma, coelhinha, quando eu voltar eu te explico tudo." Era tudo que ele podia oferecer naquele momento, um beijo apaixonado que me deixou atordoada, e logo as mãos dele se afastaram de mim. “Eu volto para você, coelhinha.”E assim Emir saiu da sala e sumiu ao passar por uma porta enorme qu
Emir Aksoy Três dias antesO ar parecia rarefeito enquanto eu encarava a caixa preta, seu peso mínimo amplificado pela carga emocional que ela carregava. Cada batida do meu coração ecoava no silêncio opressivo da sala. O medo, como uma serpente venenosa, se enroscava em volta do meu peito, apertando com uma força implacável. Com as mãos trêmulas, rompi o selo da caixa, e o que vi me atingiu como um soco no estômago. Uma roupa de Valentina, imaculadamente dobrada, ainda com o perfume dela, jazia ali dentro, uma lembrança vívida da presença dela, agora distorcida pela sombra do perigo. Uma onda de pânico varreu meu corpo, paralisando-me por um instante.Meu telefone, como se tivesse vida própria, zumbiu, quebrando o silêncio sepulcral da sala. Com o coração na garganta, deslizei a tela para ver a mensagem. Uma foto de Valentina, tão bonita e serena como sempre, mas o contexto a transformava em um aviso sinistro. Ela estava em casa, na nossa casa, na piscina, com um livro nas mãos e um
Emir Aksoy Eu me encontrei na Polônia, cercado por uma atmosfera de desconfiança e incerteza. Cada rosto que cruzava meu caminho era alvo da minha suspeita, cada movimento era analisado meticulosamente em busca de pistas sobre quem estava por trás das caixas misteriosas enviadas para mim. Porém, em meio à sombra da incerteza, havia uma luz de confiança que brilhava em três figuras: Juana, Asaf e Joon-Ho. Eles eram os únicos em quem eu podia confiar plenamente, os únicos que compartilhavam meus segredos e sabiam dos meus passos. "Juana, por favor, peça ao polonês que busque minha esposa", solicitei, sentindo a urgência pulsante em minhas palavras. Ela me respondeu com uma expressão sombria, sua preocupação evidente em cada linha do rosto. "Já fiz isso", disse ela, com um tom de advertência velado em sua voz. "Mas você sabe que vai ter que fazer mais um favorzinho para ele." Revirei os olhos, um sinal da minha frustração crescente. "Você está sendo repetitiva, Juana." Ela su
Valentina Carvalho Aksoy Depois de um bom banho quente, decidi descansar um pouco na cama. A sensação do conforto me envolveu e acabei adormecendo por um tempo. Ao acordar, me dirigi até a janela e fiquei maravilhada com a paisagem que se formava diante de mim - a neve caía suavemente, criando um cenário digno de contos de fadas. Olhando fixamente para aquelas árvores e aquele céu, pensei ter visto algo se mover. Fixei os olhos, mas não era nada, eu deveria estar sonolenta. Fui tirada desse sonho de paz quando ouvi batidas na porta. Corri para atendê-la e encontrei minha amiga Adriana do outro lado, parecendo um boneco de neve com tantas roupas. Ambas estávamos famintas, então descemos juntas. Ao chegarmos à sala de estar, vimos Juana sentada em uma poltrona, com um copo de whisky nas mãos, observando o líquido com atenção. "A bela adormecida acordou do seu sono profundo", Juana diz com a voz carregada. "Eu estava exausta, aproveitei para descansar", respondi, concordando com ela
Emir Aksoy "Emir, como você está?" Asaf está ali na minha frente entre a fumaça dos escombros."Juana e Valentina estão sendo atacadas, precisamos tirar a minha mulher de lá.""Juana vai tirar as duas de lá, acredite nela, ela é boa no que faz."O som ensurdecedor da explosão havia ecoado pelos corredores do hospital, transformando o silêncio sereno em um caos estridente. Vidros estilhaçados voaram em todas as direções, acompanhados de uma onda de calor e detritos que se espalhou pela recepção. Senti o impacto como um soco brutal no peito, e fui arremessado para trás, colidindo violentamente com a parede. Tudo ao meu redor pareceu desacelerar, os sons abafados pelo zumbido persistente em meus ouvidos. A única coisa que consegui ouvir foi a voz de Juana e a preocupação que se instaurou em mim.Sentia uma dor latejante no meu ferimento. A poeira no ar dificultava a respiração, cada inalação era um esforço excruciante. Tentei me levantar, mas uma onda de dor me fez gemer e cair de volta
Valentina Carvalho Aksoy A tensão no carro era insuportável. Juana dirigia com as mãos firmes no volante, os olhos fixos na estrada coberta de neve. O medo do que poderia acontecer a qualquer momento nos mantinha em silêncio. A senhora ao nosso lado estava claramente assustada, enquanto Adriana, normalmente tão falante, ficou em silêncio por vários quilômetros.Paramos em um posto de gasolina, aliviadas por finalmente ter uma pausa. A senhora foi ao banheiro e eu a segui, com Adriana logo atrás."Essa situação está me deixando apavorada", Adriana disse, sua voz tremendo. "Essas pessoas querem matar você.""Eu sei", respondi, sentindo um nó na garganta. "Eu só queria que Emir estivesse aqui.""Mas ele não está, te deixou aqui e sumiu", ela continuou, andando de um lado para o outro no banheiro. "Tudo isso é uma loucura, e o bebê... o que pode acontecer?""Você está grávida, querida?" a senhora perguntou, surpresa, ao ouvir nossa conversa."Eu... estou", admiti."Está esperando o herde
Valentina Carvalho Aksoy Juana pisou fundo no acelerador da caminhonete, a neve espessa rangendo sob os pneus enquanto lutávamos para manter a estabilidade. O vento gelado uivava ao redor de nós, como se o próprio clima estivesse conspirando contra nossa fuga. O veículo balançava a cada curva, mas Juana parecia não notar, os olhos fixos na estrada à frente.Senti um calafrio subir pela espinha e um desconforto crescente no abdômen. A cada quilômetro percorrido, minha preocupação aumentava. De repente, uma sensação quente e úmida me alarmou. Olhei para baixo e vi a mancha vermelha se espalhando entre minhas pernas."Eu não estou passando bem, preciso ir a um hospital, Juana," implorei, minha voz tremendo de pânico.Adriana, que estava ao meu lado, virou-se abruptamente e sua expressão mudou de surpresa para preocupação extrema ao ver o sangue em minha mão. "O que está acontecendo, amiga?" A urgência em sua voz apenas aumentou meu medo."Hospital? Você só pode estar brincando. Estamos