Valentina Carvalho Aksoy Juana pisou fundo no acelerador da caminhonete, a neve espessa rangendo sob os pneus enquanto lutávamos para manter a estabilidade. O vento gelado uivava ao redor de nós, como se o próprio clima estivesse conspirando contra nossa fuga. O veículo balançava a cada curva, mas Juana parecia não notar, os olhos fixos na estrada à frente.Senti um calafrio subir pela espinha e um desconforto crescente no abdômen. A cada quilômetro percorrido, minha preocupação aumentava. De repente, uma sensação quente e úmida me alarmou. Olhei para baixo e vi a mancha vermelha se espalhando entre minhas pernas."Eu não estou passando bem, preciso ir a um hospital, Juana," implorei, minha voz tremendo de pânico.Adriana, que estava ao meu lado, virou-se abruptamente e sua expressão mudou de surpresa para preocupação extrema ao ver o sangue em minha mão. "O que está acontecendo, amiga?" A urgência em sua voz apenas aumentou meu medo."Hospital? Você só pode estar brincando. Estamos
Valentina Carvalho Aksoy Adriana me colocou no carro e logo ouvi as portas travarem. Minha amiga ficou do lado de fora, gritando, mas o motorista arrancou, e eu não entendi nada do que estava acontecendo."Por que você não esperou Adriana?" Minha voz estava entrecortada pelo pânico. “Juana estava precisando de ajuda e nós não podemos deixar as duas lá.”"Tem pessoas lá para cuidar delas." A calma em sua resposta só aumentava meu desespero."O que você está fazendo aqui?" Minha mente insistia em buscar uma lógica no meio daquele caos. “Você não tinha ido para não sei onde?”"Eu vim atrás de você, querida. E eu quase te perdi." Seus olhos buscaram os meus, mas a ternura que eu costumava encontrar neles agora parecia tingida de uma urgência que eu não compreendia. “Por um momento pensei que não fosse te encontrar.”"Vamos voltar lá, não posso deixar as garotas sozinhas." Minha voz era uma súplica desesperada."Já te disse que meus homens vão cuidar delas.""Nós vamos voltar lá e buscar
Valentina Carvalho Aksoy Tudo estava estranho, três carros estavam nos esperando, e fui levada para um deles. Embora estivesse seguindo as instruções, uma sensação incômoda não me abandonava. Algo não estava certo."Me espere aqui," Joon-Ho disse, com um tom autoritário que nunca tinha usado comigo antes.Entrei no carro e observei pela janela como Joon-Ho se comportava com aquelas pessoas. Eles não eram os homens de Emir, de quem eu já estava acostumada. Onde eu realmente estava? Joon-Ho caminhou até um homem e eu acompanhei a interação atentamente. O homem falou com ele de forma tão respeitosa, fazendo uma reverência, como se Joon-Ho fosse alguém de extrema importância. Joon-Ho permaneceu imóvel, ouvindo atentamente. Então, sem aviso, ele deu um tapa no homem, que imediatamente colocou a mão no rosto, visivelmente abalado.A raiva fervilhava dentro de mim. Eu não podia ignorar aquilo. Abri a porta do carro e saí, sentindo o vento frio contra meu rosto. "O que está acontecendo aqui
Emir Aksoy “Eu perdi a sua esposa,” a voz de Juana estava pesada."Como assim perdeu minha esposa?" perguntei, sentindo o desespero tomar conta de mim. Um nó se formou em minha garganta, e o sangue começou a correr mais rápido em minhas veias. Engoli seco, tentando manter a calma. Asaf, meu amigo e braço direito, olhava para mim com a mesma expressão de preocupação."É a Juana," Asaf disse, hesitante. "Ela perdeu a Valentina, a minha Valentina,” passo a mão nos meu cabelos e os aperto. Agora entendo a expressão de arrancar os cabelos que Valentina tanto me dizia."E Adriana também. Eles a levaram. Como eu não era o alvo importante, eles me deixaram para trás, eu tentei chegar até ela, mas eles me interceptaram.""Você viu quem são os homens que estão por trás de tudo isso?" perguntei, a raiva e o medo se misturando em minha voz."Não, eu não tenho ideia," Juana respondeu, e ela estava se sentindo culpada.Juana me disse que quem a levou já deveria ter saído do país. Ela contou sobre
Valentina Carvalho Aksoy Eu estava presa dentro daquela casa, e a sensação de claustrofobia começava a me dominar. Tinha que manter a calma, ou enlouqueceria. Emir era um homem tradicional, sua casa sempre estava cheia de seguranças, mas Joon-Ho parecia não deixar nada passar pelo que pude perceber a tecnologia estava sempre em cada quanto. Eu já havia presenciado algumas reuniões e visto alguns homens que frequentavam a casa. Geralmente, eles se reuniam na sala de estar, todos juntos, e eu não tinha ideia de quem realmente era Joon-Ho, nem por que aquelas pessoas o veneravam, como se ele fosse mais que apenas um segurança.Pela janela, vi uma movimentação de carros chegando. As vozes abafadas das conversas vinham da sala, despertando minha curiosidade. Movi-me silenciosamente até a ponta da escada, onde havia um ponto cego das câmeras. Ali, escondida, podia ouvir melhor o que diziam sem ser vista.A reunião de Joon-Ho com os outros homens começou. Ele parecia um rei sendo reverenci
Valentina Carvalho Aksoy “Fique comigo hoje à noite,”o que Joon-Ho estava esperando de mim? Mas eu tinha que jogar o seu jogo.“Sim, eu quero muito ficar com você Joon-Ho.”Eu quase não consegui olhar nos olhos dele. Eu gostava de Joon-Ho, mas não como ele queria que eu gostasse. Mesmo assim, iria usar isso ao meu favor. Ele encostou sua testa na minha e eu não queria que ele me beijasse. Olhei para baixo. Levou suas mãos aos meus cabelos e me fez olhar para ele."Eu preciso ir. Nos vemos à noite e, Valentina, eu... Eu preciso ir."Ele saiu do quarto, e eu fechei a porta, encontrando-me encostada, paralisada. Joon-Ho me queria, mas eu amava Emir. E o que ele estava me escondendo?Algumas horas depois, alguém bateu na minha porta. Era um dos homens de Joon-Ho."O senhor Parker Joon-Ho pediu para que lhe entregasse esses presentes," ele disse, fazendo uma reverência antes de me entregar as sacolas e ir embora.Em uma das sacolas, havia um vestido preto de alças, com decote, longo e que
Valentina Carvalho Aksoy “Não me mate, por favor.” Meu corpo estava no chão e imediatamente tentei proteger a minha barriga. “Valentina,” a voz dele soou de uma forma estranha. Joon-Ho iria me matar. Eu estava carregando um bebê de seu inimigo. Tudo aquilo era muito louco. Emir e Joon-Ho eram parentes e inimigos? Se eu tivesse entendido a história direito, essa era a realidade. Eu fazia parte da vingança, pois era importante para Emir. E ele também era muito importante para mim. Tive vontade de chorar. “Valentina, você se machucou?” Ele me olhava. “Eu… Eu estou apavorada.” Joon-Ho se abaixou. Ele levou a mão no bolso e, naquele momento, eu tive certeza de que Joon-Ho ia tirar uma arma. Ele iria acabar com minha vida. Fechei os olhos, o medo me dominou naquele momento. Sou uma medrosa como sempre fui. Mesmo tentando ser corajosa e uma mulher de fibra, eu sempre falhava. “Não fique apavorada, eu não vou fazer nada com você.” Ele havia tirado um lenço do seu bolso e enxugou minhas
Emir Aksoy As sombras são minha única companhia, e claro que não posso esquecer do meu copo de whisky. Estou sentado em meu escritório, já perdi a noção do tempo. Não sei há quanto tempo não vejo o sol. A minha busca constante por Valentina tem sido em vão. Não tenho ideia de onde ela está ou quem está com ela. Minha equipe não consegue rastrear de onde vêm as mensagens, de que lugar do mundo o filho da puta está com a minha mulher. "Você está fedendo. Há quantos dias não toma banho?" Asaf entra no meu escritório sem aviso. "Você não sabe bater na porta?" digo, sem nem mesmo olhar para ele. "Se você não sair deste escritório, nunca vamos encontrá-la. Sem contar que o conselho está, digamos, insatisfeito." "Mande o conselho a merda, Asaf. O que eles querem de mim? Que eu vá atrás dos interesses deles e esqueça dos meus? Esqueça da minha mulher e do meu filho?" "Emir, eu sei que você está…" Não deixei que ele terminasse. "Joon-Ho me enviou uma mensagem, disse que pode est