Capítulo 3

Lorenna

Agradecia ao Carlos pela ajuda, por ter me emprestado o dinheiro que eu não tinha noção de como pagaria e por ser um ombro amigo no momento que precisei.

Juliana brigou comigo, pedindo que eu parasse de me desculpar pelos erros da minha irmã. A pirralha, nem mesmo agradeceu ao homem, quando desceu do carro. Estava me sentindo envergonhada, uma caloteira, devendo vinte mil reais para um homem que conheci em uma noite. Eu parecia mesmo era uma dessas mocinhas de livros de romance, que se ferra e logo consegue encontrar a solução dos problemas.

— Amiga é o seguinte, por mim você arrastava a cara daquele projeto de gente no asfalto. Porém, a tia Carmem te mataria e de quebra me mataria também. Então faz o seguinte? Não deixe que as ofensas que aquela palhaça vai fazer hoje a noite, ignore qualquer gracinha e tome um banho, tira a sujeira daquela delegacia do seu corpo, deite-se na sua cama e dorme o sono dos justos.

Juliana me diz e começo a rir da forma que ela me fala.

— Lorenna, te conheci hoje e concordo com a Juliana. Sobre o empréstimo, depois a gente resolve, tudo bem? Não se sinta mal por eu pagar a fiança da sua irmã. Imagina que fui um gênio da lâmpada, que apareceu essa noite e te concedeu um desejo. O dinheiro você me paga quando puder, em sei lá quantas mil parcelas. O que importa é que sua irmã tá fora da cadeia e a sua mãe não vai passar mal e nem você terá problemas ou tristeza na noite da sua formatura.

Carlos, realmente era um cara legal e amigo. Sorte da minha amiga que estava se relacionando com um homão da porra como esse.

— Obrigada por tudo vocês dois. Sem a Juliana você teria tido a pior noite da minha vida.

Respondo, me sentindo baixo astral, por ter minha noite de alegria arruinada pela mimada da minha irmã.

— Carlos se despede, desejando boa noite e avisa que vai esperar por Juliana no carro.

Fico sozinha com minha amiga, que aproveita para reforçar o que o seu ficante havia acabado de me dizer.

— O Carlos tem dinheiro, amiga. Vinte mil para ele não é nada. Confia no que eu estou te dizendo.

— Juli, mas você me disse que ele trabalhava na secretaria de saúde. Até onde sei, funcionário público ganha bem, mas tipo não tão bem para ter no banco vinte mil do nada.

Questiono e vejo um brilho diferente no olhar da minha amiga.

— Provavelmente porque ele não vive apenas do que ganha como funcionário público, sua tonta. Agora preste atenção no que vou falar. Consigo um trabalho para você no mesmo lugar que conheci o Carlos. Te garanto que vai conseguir juntar o dinheiro em pouco tempo e não se preocupa com a opinião de nada nem ninguém, tudo bem?

Só pela forma que Juliana dizia, já entendia o tipo de lugar que ela desejava me levar.

— Amiga, não sou puritana nem nada do tipo. O problema é que não tenho vocação para ser mulher da vida e você sabe disso — respondo tentando ser engraçada, porém, falho ao dizer que não queria ser uma prostituta.

— Lô, presta atenção que vou dizer para você pela última vez. O lugar que vou te levar não é um lugar de prostituição como tá pensando. Lá vamos nos divertir, você vai entreter alguns homens que podem no final da noite te dar muito mais do que poderia sonhar. Basta você ser sortuda e encontrar um bem generoso, como eu fui e encontrei o Carlos.

Me responde, como se estivesse falando algo banal.

— Amiga, eu estudei para ter um emprego decente, não formei para acabar trabalhando numa boate, bordel, ou seja, lá o nome que você dá para esse lugar.

— Olha só. Pensa com carinho, você vai comigo de convidada, sem se misturar ou trabalhar como as outras garotas. Se eu disse, se algum homem se interessar por você e fizer uma boa proposta, você vai e aceita, sua boba. Ouve sua amiga que tem experiência de vida, ao contrário de você que espera um homem caindo do céu que não existe e nunca vai existir.

Juliana se despede, avisando que viria até minha casa depois do almoço, que eu estivesse pronta, que me levaria para fazer compras no shopping e dar um jeito no meu cabelo. Não respondi nada, porque de verdade me sentia exausta, sem forças para responder. Minha amiga entrou no carro e assim que o veículo virou a esquina, entrei na minha casa. O silêncio indicava que mamãe dormia. Com cuidado, andando na ponta do pé para não incomodar, fui direto para o banheiro e para minha sorte meu roupão estava lá dentro. Despi o meu vestido, a noite quente me fez decidir lavar os cabelos na água fria. Aproveitaria para remover a maquiagem do rosto. Me sentia cansada demais para qualquer outra coisa que não fosse a minha cama. De banho tomado, saio do banheiro vestindo o roupão, entro no quarto e encontro Laisa mexendo no celular, ainda com a roupa da rua. Controlo a raiva, pegando a toalha no guarda-roupa, começo a me secar e depois tiro meu pijama para dormir e visto.

— Tem como você tomar banho antes de dormir? Não sou obrigada a dormir sentindo cheiro da rua que vem de você — falo para vê se ela se tocava que me incomodava usando a mesma roupa.

— Olha só como a formanda agora tá se achando. Só porque um homem rico pagou para você me tirar da cadeira, tá achando que pode mandar em mim, sua sonsa?

Laisa questiona, se levantando da cama, indo pegar sua toalha que ficava pregada num suporte na parede.

— Eu não me acho em nada. Quero apenas dormir tranquilamente. Se você não se cansou nem se importa com as pessoas, o problema não é meu. Agora eu quero dormir, sem ninguém incomodando.

Respondo, indo pentear o cabelo, que ainda estava molhado.

— Tá assim, porque a puta da Juliana, vai te encontrar um trabalho, num bordel qualquer da cidade? Cuidado, que do jeito que você é uma idiota capaz de encontrar um velho barrigudo e fedido para te bancar.

Respondo, tirando sarro da minha cara. Eu desejava pegar aquela cretina pelos cabelos, encher o rosto de t***s, porém, não podia fazer nada disso. Minha mãe não merecia uma ingrata como essa de filha, nem eu precisava de uma irmã tão ridícula como a minha.

 

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