Lorenna3 anos depois…— Filha acorda, que é quase hora de você trabalhar.Todo santo dia é isso, por três anos, desde quando me formei. Meu sonho e desejo de estudar para concurso, de estar trabalhando com o que gosto, acabou se resumindo em ser recepcionista na boate que eu jurava que iria apenas uma vez e aulas de reforço três vezes na semana para as crianças da comunidade.Sim! Passaram-se três anos desde a noite que conheci aquele homem e nunca mais obtive notícias. O engraçado é que concordei em trabalhar como atendente na esperança de que uma noite ele voltasse. Porém, nada foi do jeito que imaginei. Mas não dava para reclamar muito. O salário na boate era bom, mantinha as contas em dia e o medicamento da minha mãe. Eu conseguia juntar dinheiro e já não passávamos tanto sufoco assim. Juliana seguia sendo a melhor amiga que eu poderia ter nesse mundo. Mas agora ela não trabalhava na boate e sim no espaço que montou para os atendimentos. A cretina era tão sortuda, que de tanto o
Lorenna— Filha, você vai chegar atrasada na entrevista.Mamãe prepara o almoço, chamando a minha atenção por demorar para terminar o café da manhã.— Mãe, calma que eu tenho tempo até a hora da entrevista — respondi bebendo o restante do suco de laranja.— Desse jeito, você vai acabar chegando na hora que acabar isso sim.Levei o copo sujo para a pia, lavando e deixando no escorredor de louça.— Meu amor te desejo sorte e sei que vai conseguir esse emprego.Depois da ligação da minha amiga, fui para a boate e trabalhei a noite inteira pensando na oferta recebida. Mesmo não compreendendo o motivo de omitir que morava em comunidade, responderia todas as perguntas que a avó da menina me faria, esperando não dar nenhuma bola fora. Luciana havia me contado que eu me formei no mesmo ano que ela, porém não exercia a profissão por cuidar da minha mãe doente.— Mãe, não me espera para o almoço, tudo bem? A entrevista ficou marcada para às nove da manhã. Saindo daqui agora, chamo o Uber e em 5
LorennaÚltima mala fechada. No total 3 malas, uma caixa com alguns livros e minha mãe na sala chorando porque ficaria sozinha em casa. Quero dizer sozinha não, porque em breve ela se mudaria para Embu das Artes. Moraria com uma prima também viúva e foi difícil convencer dona Carmem a aceitar. A casa onde moramos eu alugaria e enviaria o dinheiro todo mês para mamãe. Juliana não acreditou quando contei tudo do trabalho, muito menos do dinheiro que eu receberia em três anos, multiplicado por 36 meses, daria uma fortuna.Mamãe não gostou de saber que eu moraria com os patrões. Até perguntou se o meu patrão era casado, solteiro ou divorciado. Expliquei que o homem era viúvo, porém não obtive muitas informações além do nome. Comecei a levar minhas coisas para o carro, minha mãe na sala faz de conta que está assistindo à novela. Eu teria que me apresentar aos meus novos patrões as 19:00 horas. Dona Roseli havia me enviado mensagem, me avisando que eu jantaria com toda a família. Luciana me
AndréMeu retorno para São Paulo acabou acontecendo bem antes do previsto. Tudo por conta da nova babá que começaria a trabalhar na mansão a partir de hoje. Minha mãe afirmou que a mulher escolhida era pedagoga e que seria a escolha perfeita para ser mais amiga do que propriamente babá de uma adolescente de 15 anos. Minha relação com Isabella piorou depois que a mãe morreu num acidente de carro 3 anos atrás. Uma morte que revelou segredos que eu nunca quis acreditar. Laura, minha falecida esposa, nos deixou em uma noite que jamais seria esquecida por mim, nem que eu vivesse mil anos. Peguei meu celular de cima da cama, descendo de volta para a sala. Ao julgar o horário, a funcionária deveria ter chegado. No corredor ouço vozes vindo da sala. Desço os degraus assim que cheguei até onde todos estão, vejo uma mulher de costas para mim com os cabelos soltos. Um sorriso familiar me deixou em alerta. Era loucura da minha parte. Com certeza uma coincidência. Por três anos, o rosto daquela ga
AndréTentando manter a calma, me afastei dela, arrumando minha calça que não disfarçava a minha ereção. Rever aquela mulher novamente, me deixou louco e por pouco não cometi uma grande burrice dentro desse escritório. Atacar a garota dessa forma, quando somos patrão e funcionária. — Me desculpa pelo que aconteceu agora — observei a forma que Lorenna também se encontra — tão afetada quanto eu.— Senhor, de verdade não tinha ideia de que eu trabalharia para a sua família. Minha amiga Luciana foi quem me indicou o serviço, como sua mãe foi a pessoa que me entrevistou e no dia nem mesmo uma foto sua eu vi. Se eu soubesse, nunca teria aceitado e se achar melhor, invento qualquer desculpa para não continuar trabalhando aqui.A mulher se depara tão nervosa e abalada quanto eu, porém não deixaria que Lorenna se demitisse. Por três anos, seu rosto não saiu da minha mente, até pensei que nunca mais encontraria aquela mulher. Agora ela trabalha como babá da minha filha adolescente e não, eu nã
LorennaAcordei com o despertador tocando, olhei a hora no celular e passava um pouco das 5:30 da manhã. Cedo demais para mim, mas quase na hora para quem precisa estar a posto as 6:30. Hoje, sim, seria oficialmente meu primeiro dia como babá da Isabella. Peguei no sono tarde, acordei com as galinhas e precisaria colocar meu sorriso feliz e não aparecer na frente da patroa com cara de sono. Levanto-me da cama, indo para o banheiro, ligando o chuveiro na água quente. Meu quarto era enorme para uma simples funcionária. O banheiro era de primeira qualidade e não tinha do que reclamar. Quer dizer, tirando o fato do meu chefe ser o homem que eu desejava, tudo estava indo muito bem e obrigada. Recordo da dona Rose me avisando que André raramente almoçava em casa. Os jantares então aconteciam ocasionalmente. Então eu teria sorte de encontrá-lo poucas vezes nessa enorme mansão. Saio do banho, enrolada na toalha felpuda. O xampu mais sabonete que encontrei era de uma marca famosa. Pensei comig
André— André, as obras para esse ano são praticamente uma fortuna que a construtora vai receber. Ian após finalizar a partida do jogo online, se juntou a mim para ouvir a proposta que seria enviada por e-mail vindo da parte de Ricardo Martinez.— Papai, ficará feliz com todo o trabalho e dizer que vai se aposentar na melhor fase da construtora — respondi, bebendo um gole do café puro que Renata, a minha secretária, trouxe, assim que cheguei ao escritório.— O tio não cansa de falar dessa aposentadoria. A tia Rose me contou na última vez que estive na mansão, que com a nova funcionária para cuidar da Bella, logo os dois pretendem tirar umas férias de pelo menos seis meses.Ao ouvir meu primo, citando Lorenna sem ter noção de como ela era, me fez pensar que assim que o maldito colocasse os olhos nela, com certeza não pensaria duas vezes em paquerar a babá da minha filha. Ian não sabia da noite que passei ao lado dela, muito menos que a conheci na noite em que ele acabou não conseguind
Lorenna— Espero não estar incomodando a senhora — digo me aproximando da minha patroa, que cortava as folhas secas das plantas.— Você nunca me atrapalha, minha querida. Que bom estar aqui, assim me faz companhia enquanto estou terminando de cuidar dos meus bebês!Dona Rose me responde, sorrindo enquanto cortava os galhos e folhas secas, eu prestava atenção a tudo.— Isabella hoje não vem almoçar em casa — digo, ajudando minha patroa a guardar o material de jardinagem na cesta.— Lorenna, acabei esquecendo de avisar sobre o jantar dessa noite. Vamos ter visitas e meu sobrinho Ian vem nos visitar hoje. Dona Rose me avisa, eu ouvi por cima sobre o único sobrinho que seu Antônio tinha, o homem era advogado da empresa e alguns anos mais jovem que André. Só não sabia se era casado, solteiro ou viúvo como o primo.— A senhora precisa que eu faça algo para hoje a noite? Questiono, a dona Rose me responde que tudo estava sob controle.— Você vai se divertir muito com a presença do meu sobr