Capítulo 5

Lorenna

O dia ao lado da Juliana foi de diversão. Mesmo tentando convencer minha melhor amiga de que não conseguiria fazer o trabalho que ela me propôs, acabei aproveitando as compras, o salão e a conversa. Agora me arrumava no apartamento da amiga da Juliana que se chamava Jaqueline. Era um apartamento de dois quartos, sendo uma suíte, sala, cozinha e banheiro social. A garota era massagista e aos finais de semana trabalhava no mesmo lugar que Juliana.

Tentava arrumar o comprimento do vestido que Juliana escolheu para mim, praticamente desistindo e deixando do jeito que estava mesmo.

— Lô, estou pronta e você vai arrasar os corações na boate hoje — Juliana aparece na sala, usando uma minissaia de dourada, com um top preto, que deixava a barriga à mostra, o decote praticamente todo aparecendo.

— Sua amiga não vai achar ruim, nós duas termos usado a casa dela para nos vestir e fazer toda essa bagunça?

Aponto para as roupas espalhadas juntamente com as sacolas.

— Jaque está bem preocupada com o que estamos fazendo no apartamento dela. Vamos agora, porque a Rebeca me mandou mensagem querendo saber da gente. Disse que espera por você e sente que essa noite será inesquecível.

— Tudo bem, senhorita, tudo sabe. Deixa só eu conferir essa maquiagem novamente. Juro que esse batom que você me fez comprar é bom mesmo. Nem gosto muito do vermelho, mas esse aqui deixou meu rosto até diferente.

Digo com sinceridade. A maquiagem pesada que fiz, me deixava mais velha do que meus 20 anos. Rezava tanto para que nada de ruim acontecesse e eu voltasse para casa sã e salva.

— Juliana e como ficou você e o Carlos? Ele vai até a boate hoje à noite? Te falar que ele é um bom partido, você bem que poderia aquietar um pouco e aproveitar a companhia dele.

Respondo, saindo do quarto, pegando minha bolsa no sofá e nós duas deixamos o apartamento caminhando em direção ao elevador.

— Carlos é realmente um bom partido. Mas é de um mundo fora da minha realidade, mesmo o sexo perfeito, não tem como ir para frente.

Me responde apertando o botão do elevador.

— Por que não daria certo? Eu já percebi que ele é mais velho, trabalha num bom emprego, ganha bem e é bonito.

— Não daria certo, pelo motivo de que eu não quero que dê certo.

**

Descemos do Uber, em frente a boate que eu só conhecia por fotos. StarClub era um nome bem comum, mas pelo que sabia era frequentado apenas por gente de muito dinheiro e poder social. Uma casa de sexo, disfarçada de boate de luxo. No caminho, Juliana me explicou que Rebeca, a dona do lugar, junto do marido, gerenciava o paraíso do sexo. Homens de todos os tipos, casais e até mulheres frequentavam o lugar. As garotas que trabalhavam para ela, circulavam pelo espaço como se fossem clientes. Atendia aqueles que iam sozinhos ou que os parceiros não tinham coragem de fazer algo na frente das pessoas. No segundo andar, Juliana me contou que ficavam os quartos VIP, que eram usados para os encontros. Todos os clientes acertavam os programas com os donos, após serem atendidos pelas garotas.

— Olha só, tem um cara que vem aqui só para conversar. Eu falo a verdade, não estou mentindo. Teve uma vez que atendi um juiz aposentado, que veio se distrair porque era aniversário de morte da esposa. Viúvo, conversou comigo até amanhecer, não fizemos nada além de beber e jogar conversa fora. Ele foi embora, acertou com a Rebeca um valor alto e disse que o extra foi por ser uma boa conselheira e ouvinte. Dois meses depois, apareceu aqui junto da nova namorada que se encantou pelo lugar.

Ouvia com atenção tudo que minha amiga falava, sem acreditar muito que tudo era tão fácil assim, da forma que ela colocava.

Entramos na boate. Fiquei de boca aberta com a decoração, luzes e a música alta. Logo de cara, se via o bar do lado esquerdo, um palco montado com luzes vermelhas, cadeira e a pole dance.

— Juliana, esse tanto de gente vem sempre aqui?

Pergunto surpresa com tantos casais, homens e mulheres espalhados pelo lugar. Era tudo rico demais e eu me sentia deslocada naquele meio de tanta gente.

— Hoje tem até pouco cliente. No sábado é o dia do encontro, funciona de quinta a domingo e todo dia tem um show diferente. Você vai curtir e garanto que consegue uma grana boa para dar ao menos uma parte do empréstimo para o Carlos.

Me diz, ao me puxar pela mão até onde uma mulher em torno de 30 anos, conversava com um homem da mesma idade, com barba e tatuagem nos dois braços.

— Becca, aqui a minha amiga Lorenna — Juliana nos apresenta e a mulher beija meu rosto com um sorriso e o homem faz o mesmo. Os dois se apresentaram: ela se chamava Rebeca e ele Jardel.

— Juliana, falou tão bem de você que agora te conhecendo pessoalmente, garanto que vamos nos dar bem aqui— Rebeca responde e apenas balançou a cabeça.

— Amor, vou recepcionar os executivos que vieram hoje como convidados Vips.

Jardel pede licença deixando-nos sozinhas.

— Lorenna, como a Juliana já explicou o principal. Me contou também sua situação. Posso fazer uma experiência de três meses com você. Aqui não é uma boate de prostituição, apesar de que assumo que muitos homens sobem com as garotas para o segundo andar, assim como levam os rapazes e até mulheres com outras mulheres. Porém, o nosso foco, objetivo é diversão, privacidade que todos os clientes possam relaxar pelas horas que ficam aqui. Se você não se sentir bem no salão, posso conseguir para você uma vaga na recepção, ajudando os clientes, conferindo as coisas

Rebecca me explica, e consigo compreender melhor o que rolava nesse lugar. Eu estava numa posição de não negar nada, então aceitaria o que ela estava me propondo e tentaria fazer um bom trabalho.

— Agora, vocês podem começar a circular por aí como clientes. Juliana te ajuda no que for preciso. Eu preciso atender algumas ligações, já que viajo na próxima semana.

A mulher se despede, entrando num corredor escuro. Olho ao redor, parando num canto da boate, onde um cliente solitário bebia sozinho, observando as pessoas dançando.

— Hum, olha que seus olhos foram em direção a um gato como aquele hein.

Juliana diz, com razão. Mesmo de longe o homem era bonito demais. Provavelmente bem mais velho do que eu, mas os meus olhos foram diretos na aliança na mão esquerda, grossa e brilhante.

— Melhor ficar aqui mesmo. Espia a roda no dedo dele.

Respondo e Juliana balança a cabeça brigando comigo.

— Dane- se aliança. Você vai até lá, senta-se ao lado dele e puxa conversa sobre qualquer coisa. Inteligente do jeito que é, garanto que vai render altos papos a madrugada inteira.

Não estava muito longe, e o sofá que o estranho estava sentado era bem embaixo da claridade, então eu conseguia enxergar bem o rosto dele. Cabelos negros, cortado social, usando uma camisa social preta, bebendo sozinho e olhando para as pessoas com um olhar totalmente perdido.

— Será que realmente estava sozinho ou esperava por alguém?

Pensei sozinha, enquanto caminhava até ele.

 

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