Capítulo 2

Beto

Depois de algum tempo, Vitor me chama e começo meu espetáculo, nunca estive tão nervoso, mas o Ademir e Vitor que me aguardem, eles ainda vão me pagar caro, graças a Deus as únicas pessoas conhecidas aqui são Rodrigo, Ademir e Vitor. Graças a Deus, o restante do pessoal não pode comparecer, seria bem pior se o time estivesse completo.

Uma música qualquer começa a tocar, canto alguns trechos dançando, as crianças acompanham batendo palmas.

Sentada no chão no meio das crianças, avisto aqueles cabelos loiros que me chamaram atenção logo que cheguei, ela está rindo enquanto b**e palmas com as crianças no ritmo da música, parece estar bem familiarizada em lidar com todos esses pequenos seres.

Termino minha apresentação e a busco com os olhos, mas ela não está mais no mesmo lugar, após procurar um pouco, a encontro distribuindo pequenas sacolas com guloseimas para as crianças que estão todas à sua volta, quase derrubando-a. Chego perto e chamo atenção delas para mim, converso com os pequenos consigo organizar uma fila e ajudo na distribuição.

— Você leva jeito com crianças — Entrega mais uma sacolinha. — Sua apresentação foi engraçada. — Abre um sorriso e me olha fixamente, esse olhar consegue me desestabilizar e fico sem saber como agir em sua presença.

— Gosto muito de crianças, fazer o quê? Às vezes, temos que ajudar os amigos, ou no meu caso, pagar uma aposta.

— Aposta? — Acho que falei demais, existem coisas que não precisam ser comentadas.

— É, mas deixa para lá... Me perdoe. Sou o Beto, muito prazer em conhecê-la — estendo minha mão em sua direção, olhando dentro dos seus olhos.

— Prazer, Ágata — Sorri novamente, mas logo fica séria. — Me perdoe, estou trabalhando e não posso ficar conversando com os convidados. Com licença, senhor... — Não a deixo terminar.

— É Beto, somente Beto... Fique à vontade, não quero te atrapalhar. — Ela vai em direção aos brinquedos infantis e fico parado feito bobo, não sabendo como agir. Ela é diferente das mulheres que conheço... Mulher não. Beto, acorda! Ela ainda deve ser uma adolescente que mal saiu do ensino médio.

— É, amigo, vai ficar babando aí pela garota até quando? — Rodrigo está ao meu lado. — Você sabe que ela não é o tipo de garota para você, ?

— Claro que sei — digo, mais para mim do que para ele. — Só estou admirado da facilidade que ela tem com as crianças, com certeza, mal saiu do ensino médio, e menor de idade é chave de cadeia, você sabe disso melhor do que eu.

— Ainda bem que sabe, não estou nem um pouco a fim de ter que tirar meu melhor amigo da cadeia. — Ele dá um tapa em meu ombro. — Vamos, estou cansado e amanhã temos o minitorneio de futebol.

Despeço-me do Vitor e vamos para casa, assim que chegamos tomo um banho e resolvo dar uma volta.

— Rodrigo, vamos dar uma volta? — Ele está, para variar, novamente ao telefone.

— Não afim. Beto... — Ele volta a conversar, enquanto retorno para meu quarto. — Beto! — ele grita. — Luana mandou um beijo e falou para você ter juízo.  

— Manda outro para ela, e fala que o juízo eu dispenso, deixo isso para ela — respondo rindo já saindo do apartamento.

Após rodar um pouco sem rumo certo, resolvo parar em uma boate, já é quase meia-noite de um sábado e o lugar está lotado. Logo que entro vejo uma garota que peguei a semana passada, mas hoje não estou com vontade de repetir figurinha. Ela me vê e dá um enorme sorriso, finjo que não é comigo e vou até o bar, peço uma caipirinha. Logo uma mulher encosta ao meu lado e pede um drink, ela é mulata e tem um corpo de fazer inveja a qualquer passista de escola de samba. O garçom volta e quando vai pegar a comanda dela, entrego a minha a ele dizendo que será por minha conta. Ela sorri me dando uma piscadinha, e sai rebolando. Quando está próxima à pista de dança, olha para trás e me chama, deixo meu copo sobre o balcão e agora, sim, vou curtir a noite!

***

Meu celular toca sem parar e minha vontade é de jogá-lo contra a parede, de repente, alguém invade meu quarto e j**a algo em mim fazendo com que eu dê um pulo da cama, ainda tentando assimilar o que está acontecendo.

— Bom dia, Bela Adormecida, estamos atrasados. — Rodrigo está parado na porta do quarto, pronto para sair. — Vamos, anda logo, a galera já está esperando.

— Já disse que detesto sua felicidade matutina? — resmungo irritado. — Ainda são dez horas da manhã, por que você está feliz assim tão cedo?

— Beto, nem é tão cedo assim, o jogo está marcado para às 11h e se você enrolar, vamos nos atrasar. Quem mandou chegar tão tarde, quer dizer, tão cedo...

Ahhhh... cara, uma mulata maravilhosa! Precisava ver o que ela fazia com... — Ele me corta.

— Menos... bem menos. Me poupe dos detalhes e anda logo, preguiçoso, vamos tomar café na padaria. Você tem exatamente quinze minutos para se arrumar e descer, estou te esperando na garagem — Ele sai do quarto, batendo a porta.

Arrumo-me o mais rápido que consigo, do jeito que conheço o Rodrigo é capaz de me largar aqui, não seria um problema tão grande se ele não estivesse com meu uniforme do time. Quando chego à garagem, ele já está com o carro ligado, passamos na padaria e vamos encontrar com o resto do pessoal.

O jogo foi tranquilo, ganhamos um e empatamos outro, devido aos saldos de gols fomos classificados para a próxima fase que irá acontecer durante a semana.

Resolvemos almoçar na churrascaria do clube que, para nossa sorte, está vazia, mas também, todas as pessoas normais já almoçaram, são quase três horas da tarde e, tirando nós, há somente um casal com uma criança. Estamos em um total de vinte homens e, quando estou me aproximando da mesa, ouço risadas e eles cantam a mesma música que cantei no aniversário.

Olho para Rodrigo, Ademir e Vitor que estão vermelhos de tanto rir, não acredito que eles gravaram e mostraram o vídeo para o time todo!

Tudo bem, eles me pagam, não perdem por esperar! Se pensam que vou ficar bravo, estão enganados, começo a cantar a música com eles, pego o copo do Rodrigo e bebo todo seu chope... Apesar do mico, é ótimo ter esses momentos com a galera.

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