Ágata
O carro do Beto está na garagem, mas ele não está em casa, o terno que usava pela manhã está dobrado em cima da cama. Imagino que ele deve ter chego mais cedo e saído aqui por perto mesmo, a pé mesmo.
Tomo um banho gostoso, tentando ainda entender a confusão que tem sido este dia, nada deu certo e fico frustrada cada vez que isso acontece.
Tomo um suco de laranja, para enganar a fome, quero jantar com meu noivinho e se comer algo agora, com certeza, não vou conseguir jantar.
Resolvo descansar um pouco, mas decido ficar no sofá mesmo, meu cansaço é tão grande que acabo adormecendo.
***
Acordo assustada e percebo que já está muito tarde, está tudo silencioso. Será que ele não voltou ainda — penso começando a ficar preocupada. Vou até o nosso quarto e vejo que j&
BetoAbro os olhos devagar e percebo que não estou em casa, então, me recordo de tudo o que aconteceu nas últimas horas, fecho os olhos tentando, em vão, acordar. Como gostaria de estar sonhando, ou melhor tendo um pesadelo — não sei como vou conseguir ser forte, nunca imaginei me encontrar numa situação dessas.Olho ao meu lado e vejo meu amigo mexendo no celular, ele percebe que acordei e me olha sorrindo, não consigo entender esse cara, deve estar com algum problema! Acabei de perder uma das mulheres da minha vida e ele sorri? Que porra está acontecendo?— Achei que ia demorar mais para acordar? — ele diz se aproximando.— Que horas são?— Oito horas da manhã.— Onde está a Luana? Quero saber o que aconteceu na cirurgia. — Um nó se forma em minha garganta, não tem como adiar
Beto— Então, vocês dois vão marcar o casamento para quando? — Rodrigo pergunta, olhando para mim e Ág.Já se passaram alguns dias de toda aquela confusão e estamos sentados na praça de alimentação do shopping, depois de tanta tensão, as mulheres resolveram tirar uma tarde para fazer compras e como não podíamos deixá-las sozinha, resolvemos acompanhá-las e acabamos virando carregador de sacolas, porque Alice veio junto e resolveu ajudar as amigas e em cada loja que entraram, nos entregavam algumas sacolas.— É mesmo, Beto, estou com vontade de comer bolo de casamento — Alice fala rindo.— Sabe que você me deu uma boa ideia, Lice! — resolvo provocá-la. — Que tal um casamento duplo? — Faz tempo que ela e Luca andam saindo e até agora nada de oficializar a rela&cc
ÁgataAlguns Anos depoisEstou com os olhos fechados, ouvindo a voz de Nina e Beto conversando animadamente ao meu lado. Mesmo estando acostumada a voar, sempre sinto um frio na barriga, é algo incontrolável. Nina, ao contrário de mim, fica eufórica quando sabe que vamos viajar.— Olha, papai! Me dá a nuvem de plesente? Eu quelo! — Dou um leve sorriso, tenho certeza que ela deve estar fazendo bico na tentativa de convencer o pai, essa menina tem o pai e os avós enrolados no dedo mindinho. Nunca vi uma criança ser tão minada quanto ela!— Não tem jeito filha, o papai não consegue pegar a nuvem, ela fica no céu e é muito longe! — ele diz tentando resolver o problema com ela.— Mas estamos peltinho dela, é só voc&
ÁgataVou para o shopping com Gustavo, que veio somente para nos buscar. Ele trata Nina como se fosse neta dele, cheio de chamegos e fez questão de vir nos buscar e acompanhar até o local da recepção, já que meu marido está ocupado recepcionando os convidados.Assim que chego, vejo Beto próximo à entrada principal, o lugar está simplesmente fantástico, vários garçons circulam entre os convidados, meu marido me vê e abre um sorriso, faz sinal para que eu me aproxime do local onde ele conversa com Edu.Assim que Nina vê que Otto está com o pai, sai correndo em direção ao amigo. Eles sempre conversam via Skype, Mel e eu, principalmente depois da maternidade, nos aproximamos bastante.Ficamos alguns minutos conversando, até que percebo que Beto está incomodado com alguma coisa, e em v&aacu
Ágata— Porra! Eu acho que não vou aguentar toda essa inauguração — diz Edu, com as mãos na barriga de tanto gargalhar, sendo acompanhado por Mel, que até agora tenta se controlar.— Relaxa, amor! — digo dando uma mordidinha em seu queixo. — Eles são apenas crianças e, como toda criança, ele ficou somente curioso com a nuvem.— Esse é o problema, loirinha — ele diz, ainda emburrado. — São curiosos, e Otto é homem e não é bobo, sei muito bem onde pode levar essa história de ver nuvem no quarto, hoje eles têm três anos, amanhã estarão com quinze e aí? Se não colocar respeito agora, depois fica difícil... — Ele me abraça forte, mas logo se vira para nossos amigos que estão abraçados ao nosso lado, admirando a fam&iac
Beto— Você não pode me abandonar agora, eu estou grávida!!!— Grávida de um filho que não é meu!— Idiota. — A porta bateu fazendo com que as paredes tremessem. Me vi sozinho e, só então, entendi que minha família havia acabado.Sento-me na cama, minhas mãos tremem e o suor deixa um rastro em meu rosto, faz tempo que não lembro desse dia.Durante boa parte da minha adolescência, esse episódio fez com que eu mudasse totalmente a maneira de pensar e passasse a desconfiar de qualquer mulher que tentasse se aproximar, com exceção de Luana, que acabei confundindo sentimentos, porém não passava de carência e hoje estou feliz por vê-la em um relacionamento com meu amigo, Rodrigo.Meus pais se separaram, porque quando meu pai mais precisou de apoio, minha mãe, achou mais prático pular no colo daquele que era o melhor amigo do meu pai e acabou engravidando.Não comento com ninguém, porém essa atitude da minha mãe mexe comigo até hoje, tanto que, mesmo sem ter culpa do que aconteceu, não consi
BetoDepois de algum tempo, Vitor me chama e começo meu espetáculo, nunca estive tão nervoso, mas o Ademir e Vitor que me aguardem, eles ainda vão me pagar caro, graças a Deus as únicas pessoas conhecidas aqui são Rodrigo, Ademir e Vitor. Graças a Deus, o restante do pessoal não pode comparecer, seria bem pior se o time estivesse completo.Uma música qualquer começa a tocar, canto alguns trechos dançando, as crianças acompanham batendo palmas.Sentada no chão no meio das crianças, avisto aqueles cabelos loiros que me chamaram atenção logo que cheguei, ela está rindo enquanto bate palmas com as crianças no ritmo da música, parece estar bem familiarizada em lidar com todos esses pequenos seres.Termino minha apresentação e a busco com os olhos, mas ela não está mais no mesmo lugar, após procurar um pouco, a encontro distribuindo pequenas sacolas com guloseimas para as crianças que estão todas à sua volta, quase derrubando-a. Chego perto e chamo atenção delas para mim, converso com os pe
ÁgataJá faz algumas semanas que deixei meu pai sozinho e vim para a cidade grande, morar com a minha tia. Ela tem um pequeno Bufê e vim para ajudá-la e, se tudo der certo, fazer a minha tão sonhada faculdade.Nasci numa cidadezinha do interior, meus pais eram caseiros em numa fazenda e, depois de um tempo com a morte do proprietário, as terras foram divididas e meus pais ganharam um pedacinho da terra e uma cabeça de gado pelos serviços prestados. Tínhamos uma pequena plantação, isso era nosso sustento. Quando tinha oito anos, minha mãe engravidou novamente e ganhei um irmão. Aurélio era lindo, um menino de ouro. Crescemos sem luxo, mas nunca nos faltou amor, éramos muito unidos, até que um dia vimos nossa família desmoronar...Meu pai e eu tínhamos ido à cidade comprar alguns mantimentos que estavam faltando, era o dia do nosso piquenique na beira do lago, estava ansiosa, pois isso era nossa maior diversão, após fazer todas as compras, fomos embora num carro velho do meu pai.Meu ma