Foi quando a campainha tocou. Noah foi até a porta e a abriu com um sorriso polido.
— Bom dia, Gertrudes! — Ele cumprimentou a babá, uma mulher que causava medo em Noah, mas Bento adorava.
— Bom dia, senhor Fitzgerald! — respondeu seriamente, entrando na casa com seu jeito profissional. — Onde ele está?
— Aqui! — Bento gritou do tapete da sala, onde brincava com um caminhão de brinquedo que ele arrastava de um lado para o outro com pura empolgação.
— Oi, Bentinho! Pronto para brincarmos hoje? — Gertrudes perguntou enquanto se abaixava para cumprimentá-lo.
— Siiim! — Bento respondeu com animação, já correndo até ela para mostrar todos os seus brinquedos.
Enquanto Gert
O campus da Universidade da Califórnia fervilhava de estudantes apressados e professores caminhando com pastas e livros em mãos. Kira passou pelo corredor movimentado com o coração batendo acelerado. Era sua primeira aula como professora convidada e ela queria que tudo saísse perfeito.Ela havia passado semanas preparando aquele material. O nervosismo de falar para uma plateia exigente a deixava ansiosa, mas o apoio constante de Noah fazia tudo parecer mais fácil. Sempre que se sentia insegura, lembrava-se das palavras dele: “Você nasceu para isso. Não existe ninguém mais preparada que você.”Entrou na sala de aula e foi recebida por dezenas de rostos atentos. Com a respiração profunda e um sorriso confiante começou e tudo fluiu perfeitamente. A aula foi um sucesso, os alunos participaram, discutiram, elogiaram. Ela se sentia no topo do mundo.— Parabéns, Kira! — Uma voz animada se fez ouvir quando ela saiu da sala. Era sua colega de trabalho, Rachel, uma mulher divertida e extroverti
— Noah… — Kira tentou intervir, mas sua voz era baixa demais.Brandon soltou uma risada curta, tentando parecer despreocupado.— Talvez você esteja exagerando um pouco, Noah. Só estou tentando aproveitar a companhia da sua esposa… que, aliás, é uma mulher incrível. Não sei como você teve tanta sorte.— Sorte? — Noah repetiu, com os punhos cerrados ao lado do corpo. — Não, Brandon. Não foi sorte. Foi amor, dedicação e respeito. Coisas que você claramente não entende.— Ah, vamos lá. — Brandon continuou, agora com um tom provocativo. — Ela é uma mulher linda, inteligente… e eu tenho certeza que qualquer homem faria tudo por ela.Foi o bastante.A explosão d
O sol ainda estava nascendo quando Noah acordou. Os primeiros raios de luz filtravam-se pelas cortinas do quarto, iluminando suavemente o rosto adormecido de Kira. Ele a observou por alguns minutos, o peito apertando com uma mistura de amor e culpa. Ela merecia um homem que confiasse plenamente nela. Mas ele não conseguia controlar o impulso de protegê-la a qualquer custo.Ainda na cama, Noah pegou o celular e começou a fazer algumas ligações. Primeiro, para um de seus contatos no ramo imobiliário, que poderia facilitar o acesso às informações financeiras da clínica onde Kira trabalhava. Depois, para seu advogado, Liam, pedindo que fizesse uma pesquisa aprofundada sobre os proprietários da clínica e se havia a possibilidade de comprá-la.Enquanto esperava as respostas, Noah se levantou e foi tomar um banho rápido. A ideia de colocar aquele Brandon em seu devido lugar o deixava energizado. Talvez fosse irracional. Talvez fosse possessivo demais, mas ele não se importava. Se havia algo
— Por que vocês tão pelados?A pergunta veio como um raio em céu azul.Kira cobriu a boca com a mão para abafar a risada, enquanto Noah soltava um som que era metade riso nervoso, metade pânico absoluto. Ele estava sentado na beirada da cama, os cabelos bagunçados, uma expressão de quem acabara de ser pego no flagra. E bom… ele tinha sido mesmo.— É… é que… o papai e a mamãe estavam com muito calor, campeão. — disse Noah, a voz ainda sonolenta, tentando parecer absolutamente normal mesmo estando completamente nu sob o lençol.— Calor? — Bento franziu a testa. — Mas o ar-condicionado tá ligado, papai. Tá gelado aqui!Kira virou o rosto para o lado, tentando não explodir de rir.— É verdade, filho… — Noah concordou, olhando desesperado para todos os cantos do quarto como se procurasse por um manual de “Como responder perguntas embaraçosas de uma criança de 5 anos”. — Mas às vezes, mesmo com o ar ligado, a gente sente calor… interior.— Calor interior? — Bento repetiu com as sobrancelhas
O resto da manhã passou em meio a risadas e panquecas. Bento comeu três, como prometido, e passou o resto do tempo desenhando uma “aranha invisível mutante” com lápis de cor, enquanto os pais trocavam olhares cúmplices e sorrisos de canto.Quando o sol começou a descer no céu e a tarde chegou com preguiça, Kira colocou Bento para cochilar, deitado em sua cama com o ursinho de pelúcia agarrado ao peito e o desenho da aranha colado na parede ao lado. Ela ficou alguns minutos o observando dormir, sentindo o coração transbordar de amor e proteção.Quando voltou à sala, encontrou Noah sentado no chão, de costas para o sofá, com um caderno velho no colo. Ele usava uma camiseta desbotada e calça de moletom, os pés descalços, e havia algo tão sereno na expressão dele que o coração de Kira se apertou.— O que é isso? — perguntou, se aproximando devagar.Noah levantou os olhos e sorriu.— Um caderno antigo. Achei dentro de uma caixa no armário do corredor. — disse, e bateu no espaço ao lado. —
O som dos saltos de Kira cortava os corredores da clínica como chicotes no mármore. Havia pressa em seus passos, mas também um tipo de fúria contida, do tipo que assusta até quem não sabe o motivo.Ela segurava uma pasta de documentos com força, os dedos pressionando a capa como se ela fosse uma extensão do autocontrole que tentava manter.Ao passar pela recepção, um dos atendentes tentou chamá-la, mas Kira apenas ergueu a mão, sem parar de andar.— Não agora. Preciso resolver algo com o doutor Sinclair.Brandon, por sua vez, estava sentado em sua sala espaçosa, com as pernas cruzadas sobre a mesa, olhando-se no reflexo escurecido do monitor desligado. A vaidade exalava até nos gestos mais simples.A porta se abriu sem anúncio.— Kira! — ele disse, sorrindo com uma satisfação lasciva. — Até que enfim voltou a usar roupas que valorizam seu corpo. Essa saia é quase um convite…Ela parou à frente da mesa, com os olhos faiscando.— Você pode repetir isso?Brandon levantou da cadeira e se
Kira saiu da clínica com passos firmes, e o coração ainda acelerado pela discussão com Brandon. O ar fresco do lado de fora ajudou a clarear sua mente, mas a indignação ainda queimava em seu peito. Ela não percebeu a figura alta encostada em um carro próximo até ouvir a voz familiar.— Kira.Ela se virou rapidamente e encontrou os olhos intensos de Noah Fitzgerald. Ele estava ali, esperando por ela, com uma expressão que misturava preocupação e determinação.— Noah? O que você está fazendo aqui?Ele deu alguns passos em direção a ela, diminuindo a distância entre eles.— Eu soube do que aconteceu lá dentro. Não podia deixar você passar por isso sozinha.Kira sentiu uma onda de gratidão e alívio ao vê-lo ali. Sem hesitar, Noah estendeu a mão, e ela a segurou, sentindo o calor reconfortante de sua presença.— Vem comigo. — disse Noah, conduzindo-a de volta para a entrada da clínica.Ela hesitou por um momento, surpresa com a iniciativa dele.— Noah, eu acabei de me demitir. Não sei se d
O tempo passou como um vendaval depois do noivado. Em menos de quatro meses, Olivia se viu afogada em provas de vestido, degustações de buffet, discussões sobre cor de guardanapo e debates intermináveis sobre qual flor combinava melhor com o buquê. Era como se cada dia trouxesse uma nova loucura e, como se não bastasse, o casamento se aproximava como um furacão glamoroso. Ela queria tudo impecável, perfeito. Um evento memorável, daqueles que ficassem gravados nos corações ou, pelo menos, nas redes sociais.Naquela manhã de sexta-feira, o sol brilhava impiedosamente, aquecendo o ar e os nervos de Olivia. Faltavam apenas dez dias para o grande dia. Ela despertou suada, com o coração acelerado, depois de sonhar que o véu havia sido trocado por uma toalha de mesa e que o noivo estava vestindo uma bermuda florida.— Respira, Olivia. Não surta, ainda. — ela sussurrou para o espelho do banheiro, enquanto lavava o rosto.As amigas já haviam sido alertadas: essa semana seria intensa. Elas es