O sol despontava timidamente pelas frestas da cortina, derramando raios dourados que dançavam sobre a cama. Kira despertou primeiro, os olhos piscando contra a luz suave enquanto se espreguiçava preguiçosamente. O corpo relaxado e o coração tranquilo.
Virou-se para o lado e encontrou Noah ainda adormecido, o rosto pacífico e os cabelos bagunçados descansando contra o travesseiro. Bento, porém, já não estava ali. Era típico do garoto sair da cama logo cedo para explorar o mundo como um pequeno furacão.
Ainda sorrindo, Kira deslizou para fora da cama e vestiu um roupão leve, sentindo o tecido macio acariciar sua pele, mas antes de se levantar sentiu braços fortes envolverem a sua cintura e a puxarem para cama.
Foi quando a campainha tocou. Noah foi até a porta e a abriu com um sorriso polido.— Bom dia, Gertrudes! — Ele cumprimentou a babá, uma mulher que causava medo em Noah, mas Bento adorava.— Bom dia, senhor Fitzgerald! — respondeu seriamente, entrando na casa com seu jeito profissional. — Onde ele está?— Aqui! — Bento gritou do tapete da sala, onde brincava com um caminhão de brinquedo que ele arrastava de um lado para o outro com pura empolgação.— Oi, Bentinho! Pronto para brincarmos hoje? — Gertrudes perguntou enquanto se abaixava para cumprimentá-lo.— Siiim! — Bento respondeu com animação, já correndo até ela para mostrar todos os seus brinquedos.Enquanto Gert
O campus da Universidade da Califórnia fervilhava de estudantes apressados e professores caminhando com pastas e livros em mãos. Kira passou pelo corredor movimentado com o coração batendo acelerado. Era sua primeira aula como professora convidada e ela queria que tudo saísse perfeito.Ela havia passado semanas preparando aquele material. O nervosismo de falar para uma plateia exigente a deixava ansiosa, mas o apoio constante de Noah fazia tudo parecer mais fácil. Sempre que se sentia insegura, lembrava-se das palavras dele: “Você nasceu para isso. Não existe ninguém mais preparada que você.”Entrou na sala de aula e foi recebida por dezenas de rostos atentos. Com a respiração profunda e um sorriso confiante começou e tudo fluiu perfeitamente. A aula foi um sucesso, os alunos participaram, discutiram, elogiaram. Ela se sentia no topo do mundo.— Parabéns, Kira! — Uma voz animada se fez ouvir quando ela saiu da sala. Era sua colega de trabalho, Rachel, uma mulher divertida e extroverti
— Noah… — Kira tentou intervir, mas sua voz era baixa demais.Brandon soltou uma risada curta, tentando parecer despreocupado.— Talvez você esteja exagerando um pouco, Noah. Só estou tentando aproveitar a companhia da sua esposa… que, aliás, é uma mulher incrível. Não sei como você teve tanta sorte.— Sorte? — Noah repetiu, com os punhos cerrados ao lado do corpo. — Não, Brandon. Não foi sorte. Foi amor, dedicação e respeito. Coisas que você claramente não entende.— Ah, vamos lá. — Brandon continuou, agora com um tom provocativo. — Ela é uma mulher linda, inteligente… e eu tenho certeza que qualquer homem faria tudo por ela.Foi o bastante.A explosão d
O sol ainda estava nascendo quando Noah acordou. Os primeiros raios de luz filtravam-se pelas cortinas do quarto, iluminando suavemente o rosto adormecido de Kira. Ele a observou por alguns minutos, o peito apertando com uma mistura de amor e culpa. Ela merecia um homem que confiasse plenamente nela. Mas ele não conseguia controlar o impulso de protegê-la a qualquer custo.Ainda na cama, Noah pegou o celular e começou a fazer algumas ligações. Primeiro, para um de seus contatos no ramo imobiliário, que poderia facilitar o acesso às informações financeiras da clínica onde Kira trabalhava. Depois, para seu advogado, Liam, pedindo que fizesse uma pesquisa aprofundada sobre os proprietários da clínica e se havia a possibilidade de comprá-la.Enquanto esperava as respostas, Noah se levantou e foi tomar um banho rápido. A ideia de colocar aquele Brandon em seu devido lugar o deixava energizado. Talvez fosse irracional. Talvez fosse possessivo demais, mas ele não se importava. Se havia algo
— Por que vocês tão pelados?A pergunta veio como um raio em céu azul.Kira cobriu a boca com a mão para abafar a risada, enquanto Noah soltava um som que era metade riso nervoso, metade pânico absoluto. Ele estava sentado na beirada da cama, os cabelos bagunçados, uma expressão de quem acabara de ser pego no flagra. E bom… ele tinha sido mesmo.— É… é que… o papai e a mamãe estavam com muito calor, campeão. — disse Noah, a voz ainda sonolenta, tentando parecer absolutamente normal mesmo estando completamente nu sob o lençol.— Calor? — Bento franziu a testa. — Mas o ar-condicionado tá ligado, papai. Tá gelado aqui!Kira virou o rosto para o lado, tentando não explodir de rir.— É verdade, filho… — Noah concordou, olhando desesperado para todos os cantos do quarto como se procurasse por um manual de “Como responder perguntas embaraçosas de uma criança de 5 anos”. — Mas às vezes, mesmo com o ar ligado, a gente sente calor… interior.— Calor interior? — Bento repetiu com as sobrancelhas
O telefone vibra na minha mão, interrompendo meus pensamentos enquanto reviso alguns textos da faculdade. Ao ver o nome da minha irmã, Alina, meu coração aquece. Atendo com um sorriso antes mesmo de dizer alô.— Kira! , ela exclama com uma animação que faz meus lábios se curvarem automaticamente.— O que foi, Alina? Está explodindo de felicidade. — brinco, encostando-me ao sofá.— Fui pedida em casamento! — grita, e eu quase consigo ver seu sorriso reluzindo do outro lado da linha.— Não acredito! Alina, isso é maravilhoso! — respondo, sentindo minha felicidade genuína por ela atravessar a voz.— Ele preparou tudo com tanto carinho, Kira… Era o pôr do sol, flores, e ele até tocou nossa música no violão. Foi perfeito… A voz dela se embarga um pouco, de pura emoção.— Você merece tudo isso e muito mais, irmãzinha. Estou tão feliz por você.Conversamos por mais alguns minutos, ela me conta detalhes sobre o anel, sobre como se sente. Falo o quanto estou orgulhosa e mal posso esperar pa
Saio da sala de reuniões com um suspiro aliviado. A fusão com os coreanos avança e, embora cada detalhe ainda precise ser minuciosamente analisado, sinto que as peças estão finalmente se encaixando. Passo pela recepção e aceno para a equipe, enquanto meu celular vibra com a ligação que estou esperando.— Noah Fitzgerald.— Senhor Fitzgerald, aqui é o Blake, do estúdio de arquitetura. Estamos no local e queríamos confirmar algumas mudanças para o quarto da sua filha.Minha expressão suaviza ao ouvir isso. Olivia finalmente vai voltar para casa.— Pode falar, Blake.— A estrutura principal está concluída, mas gostaria de saber se deseja algo personalizado, talvez uma área de estudo integrada ou um espaço para hobbies.Olho para a parede de vidro que dá vista para a cidade enquanto a voz do arquiteto me preenche. Imagino Olívia sorrindo ao ver tudo pronto.— Sim, quero algo confortável e funcional. Ela vai precisar de um canto para se concentrar. Além disso, coloquem alguns detalhes mode
Saí da empresa em um ritmo frenético, checando o relógio no painel do carro enquanto atravessava a cidade. Los Angeles estava particularmente caótica, mas nada poderia me atrasar naquele dia. A matrícula de Olívia precisava ser entregue na Universidade da Califórnia, e eu havia prometido cuidar disso pessoalmente. Era o mínimo que eu podia fazer, já que ela estava prestes a deixar sua vida na Europa para morar comigo.Estacionei na vaga mais próxima que encontrei e saí do Volvo, ajustando meus óculos escuros. O sol brilhava forte, mas o vento trazia um frescor típico da costa. Caminhei a passos largos, minha mente já pensando nos documentos e na reunião marcada com a reitoria. O campus estava agitado, jovens por toda parte, conversando, rindo, alguns com fones de ouvido. Por um instante, pensei no que me aguardava com Olívia e senti um misto de ansiedade e alegria.Foi então que senti o impacto.Uma jovem trombou comigo e quase derrubou a pasta que eu segurava. Ela estava de cabeça ba