O relógio já passava das dez da noite quando Kira afundou no sofá da varanda da casa de campo, envolta por uma manta fina e o vento suave que soprava entre as árvores. O casamento de Olivia seria no dia seguinte, e embora tudo estivesse correndo bem, com flores posicionadas, ensaio geral feito e até as alianças já guardadas em segurança , o coração de Kira estava inquieto.Noah apareceu minutos depois, com duas xícaras fumegantes nas mãos. Entregou uma a ela, inclinando-se para beijar sua testa.— Chá de camomila e maçã, pra tentar te acalmar. Você está igual formiga em panela quente desde que escureceu.Kira soltou um riso curto, mas seus olhos não escondiam o que sentia.— É a falta dele. Estou acostumada a dormir com a respiração do Bento no quarto ao lado, com ele invadindo nossa cama no meio da madrugada pra dizer que sonhou com um leão que falava francês…— E que exigia panquecas às quatro da manhã. — Noah completou, rindo também.Ela suspirou fundo, envolvendo a xícara com amba
O céu já dormia em silêncio, coberto de estrelas preguiçosas, e a casa de campo parecia suspirar junto com a noite. O ar trazia o perfume das flores da cerimônia já montada no jardim, e uma brisa suave entrava pelas janelas abertas. Na varanda, Kira ainda estava nos braços de Noah, o corpo encaixado perfeitamente ao dele, como se pertencesse ali como se sempre tivesse pertencido.A videochamada com Bento havia terminado, mas a imagem do loirinho continuava viva nos pensamentos de Kira. Ela encostava o rosto no peito de Noah, ouvindo o coração dele bater com calma. As palavras do filho ainda ecoavam:“Mamãe, dorme abraçada com o papai por mim?”Foi então que Noah inclinou o rosto e murmurou no ouvido dela, com a voz rouca, cheia de um humor travesso que fazia sua pele arrepiar:— Olha… eu sou um homem de palavra, e agora tenho uma promessa muito séria a cumprir…Kira sorriu, fechando os olhos com o calor da respiração dele na pele.— Promessa?— Nosso filho exigiu que eu dormisse abra
O sol amanheceu preguiçoso naquela manhã, mas os pássaros estavam em festa. A casa de campo, onde o casamento de Olivia aconteceria, fervilhava desde as primeiras horas. Eram flores sendo posicionadas, garçons correndo com bandejas, vestidos de madrinhas sendo ajustados e penteados sendo refeitos pela terceira vez.Kira acordou com o som dos passarinhos misturado ao leve ronco de Noah, ainda com o braço pesado sobre sua cintura. Sorriu ao sentir o calor dele. Passou os dedos pelo rosto do homem que amava e sussurrou:— Hora de acordar, policial. Hoje sua filha vai se casar.Ele abriu um dos olhos, sonolento.— Já? Achei que tivesse mais uns cinco minutos de sono e pelo menos um café na cama…— Se você conseguir
O sol da manhã seguinte entrou devagar pelo quarto, filtrado pelas cortinas brancas que dançavam com a brisa suave. O quarto ainda tinha cheiro de flores, de velas apagadas e da noite intensa que Noah e Kira compartilharam não apenas de corpos, mas de promessas silenciosas sussurradas entre lençóis e beijos.Noah foi o primeiro a acordar. Ainda nu, com os braços envolvendo Kira, a respiração dela mansa contra seu peito. Ele não quis se mover de imediato. Ficou ali por minutos preciosos, apenas a observando, os cabelos bagunçados sobre o travesseiro, os lábios entreabertos. Linda, sua.Mas o pensamento seguinte o fez sorrir.— Nosso filho deve estar acordando neste exato momento… e provavelmente tentando vestir o gato da Savannah com uma gravata borboleta. — murmurou, em voz baixa.
O sol de fim de tarde banhava o jardim da casa de Kira e Noah com uma luz dourada e cálida. As risadas das crianças ecoavam entre as árvores, o cheiro de bolo de fubá recém-assado escapava da cozinha, e o som distante de uma música animada completava aquele cenário perfeito que parecia retirado de um conto.Três meses se passaram desde o casamento de Olivia e Henry. O casal agora vivia o doce começo de uma vida a dois. Olívia, com seu jeito prático e intenso, já planejava a próxima lua de mel, desta vez, para explorar as paisagens da Islândia. Henry dizia que só topava se ela prometesse não tentar montar em nenhuma rena, ao que ela respondia que não garantia nada, desde que fosse “uma rena consensual”.— Somos oficialmente viciados em casamentos, luas de mel e… sexo em lugares gelados, ela brincava com Sophia, que a ajudava a organizar tudo.Kaleb e Sophia, por sua vez, surpreenderam a todos com um anúncio singelo e emocionante durante um almoço de domingo. Estavam grávidos. O primeir
Dois anos se passaram desde aquele dia em que Noah encontrou um par de sapatinhos cor de rosa dentro de uma caixinha. Desde então, muita coisa mudou. Mas o que permaneceu foi o amor e a bagunça deliciosa que tornava a casa dos Fitzgerald um lugar mágico.O jardim, agora mais florido do que nunca, havia sido redesenhado por Bento. Literalmente. Em uma tarde artística de “reforma criativa”, o menino de cabelos dourados e imaginação infinita decidiu que toda a cerca precisava de desenhos. Agora, dragões, fadas, foguetes e o retrato da família com Noah de capa e Kira de coroa, enfeitavam o perímetro da casa.Mas a verdadeira protagonista daquele lar atendia por um nome que derretia corações:Clara.Clara Fitzgerald tinha olhos azul-claros como o pai, um sorriso encantador como o do irmão e a personalidade… bom, essa era 100% Kira com uma pitada de caos do Bento.Com um ano e oito meses, Clara já sabia três palavras com perfeição: “não”, “meu” e “papai”. Esta última, ela usava com mais ch
O telefone vibra na minha mão, interrompendo meus pensamentos enquanto reviso alguns textos da faculdade. Ao ver o nome da minha irmã, Alina, meu coração aquece. Atendo com um sorriso antes mesmo de dizer alô.— Kira! , ela exclama com uma animação que faz meus lábios se curvarem automaticamente.— O que foi, Alina? Está explodindo de felicidade. — brinco, encostando-me ao sofá.— Fui pedida em casamento! — grita, e eu quase consigo ver seu sorriso reluzindo do outro lado da linha.— Não acredito! Alina, isso é maravilhoso! — respondo, sentindo minha felicidade genuína por ela atravessar a voz.— Ele preparou tudo com tanto carinho, Kira… Era o pôr do sol, flores, e ele até tocou nossa música no violão. Foi perfeito… A voz dela se embarga um pouco, de pura emoção.— Você merece tudo isso e muito mais, irmãzinha. Estou tão feliz por você.Conversamos por mais alguns minutos, ela me conta detalhes sobre o anel, sobre como se sente. Falo o quanto estou orgulhosa e mal posso esperar pa
Saio da sala de reuniões com um suspiro aliviado. A fusão com os coreanos avança e, embora cada detalhe ainda precise ser minuciosamente analisado, sinto que as peças estão finalmente se encaixando. Passo pela recepção e aceno para a equipe, enquanto meu celular vibra com a ligação que estou esperando.— Noah Fitzgerald.— Senhor Fitzgerald, aqui é o Blake, do estúdio de arquitetura. Estamos no local e queríamos confirmar algumas mudanças para o quarto da sua filha.Minha expressão suaviza ao ouvir isso. Olivia finalmente vai voltar para casa.— Pode falar, Blake.— A estrutura principal está concluída, mas gostaria de saber se deseja algo personalizado, talvez uma área de estudo integrada ou um espaço para hobbies.Olho para a parede de vidro que dá vista para a cidade enquanto a voz do arquiteto me preenche. Imagino Olívia sorrindo ao ver tudo pronto.— Sim, quero algo confortável e funcional. Ela vai precisar de um canto para se concentrar. Além disso, coloquem alguns detalhes mode