Ficamos em silêncio por um tempo, Bruno pareceu ponderar as palavras, eu precisava respirar fundo, meu coração estava batendo forte.Esperei tanto por essa conversa, o dia em que ele viria falar comigo, treinei o que falaria se isso acontecesse, mas agora me sentia sufocada pelo seu cheiro, pelos seus olhares, pelo tom da sua voz. Lá fora começava a chover, uma chuva fraca que batia e escorria lentamente pelo vidro.- Patrícia, olhe para mim – pediu e eu olhei. – Me desculpe! - disse devagar, seus olhos fixos nos meus.- Pelo que exatamente? – perguntei olhando para ele com raiva.- Por ter desconfiado de você, por acreditar no meu pai, por não estar com você quando precisou, quando não quis te ouvir, quando te mandei embora da Invertcorp e quando te mandei embora da minha vida... — sua voz era baixa. Bruno tentou segurar minha mão, mas eu a puxei e cruzei os braços.- Por que agora você decidiu conversar comigo? Pelo visto descobriu que não sou a traidora que seu pai falou que eu fos
Os pingos de chuva me atingiram e se misturaram com as minhas lágrimas, chorava tanto que cheguei a ponto de soluçar, mas ao mesmo tempo um peso saiu de cima de mim. Falar para ele o que estava entalado na garganta me fez bem, eu precisava daquilo. Era como lavar a alma com aqueles pingos gelados, me sentia renovada. Foi bom desabafar um pouco, falar tudo aquilo doeu, mas foi necessário, precisava que Bruno entendesse toda a dor que me causara. Entrei no prédio devagar, não tentei me proteger da chuva, eram as lágrimas do céu que, de alguma forma, caíam para me abençoar. Cumprimentei o porteiro, entrei no elevador pisando firme, abri a porta do apartamento e fui tomar um banho quentinho. Relaxar seria minha melhor aposta nesse momento. Dar adeus ao Bruno foi como dar adeus a uma parte que vivia dentro de mim, eu arranquei a parte que mais amei por mais de um ano, a parte que me fez realizar um sonho. Mesmo que por pouco tempo eu amei e me senti amada. - Filha! - saio dos meus pens
Ver Patrícia saindo do carro me causou um grande impacto aquilo me doía como nada nunca doeu antes, estava com a mão na maçaneta para correr atrás dela, mas Tomas abriu a separação e me impediu.- Bruno, não vá.- Eu preciso - falei desesperado, vendo-a abrir os braços e receber a chuva em seu rosto, em seus cabelos lindos - Preciso que ela me entenda.- Agora não é momento, ela precisa digerir tudo o que conversaram, o coração dela precisa cicatrizar um pouco as feridas.Pensei um pouco e entendi que ele tinha razão, iria dar um tempo para ela.Fiquei admirando-a andar na chuva devagar, os pingos molhando sua roupa sem que ela se importasse, e somente quando entrou no prédio, pedi para que me levasse para casa de Sara. Ela seria a melhor escolha pra conversar no momento.- Olá, querido! – ela me recebeu com um abraço, mas não era como os abraços que costumava me dar. Ela sempre me tratou dessa forma, como se fosse minha mãe, o que é irônico já que ela é mais jovem que eu por alguns a
Dois dias se passaram, resolvi ir à cafeteria de Patrícia, e Carol me atendeu. Tomei um capuccino delicioso e comi um donuts com meu recheio preferido. Patrícia nem chegou perto da minha mesa, ficou no caixa fingindo que eu era um cliente qualquer.- Achei que o recheio de creme de chocolate ao leite com morango e um toque de limão tinha sido feito especialmente para mim – disse ao me aproximar do caixa.- Foi idealizado por uma moça apaixonada que teve o coração partido - ela respondeu sem me olhar.- Você é má.- O senhor foi bem atendido? - perguntou como se falasse com um cliente desconhecido.- Sim, mas preferia que você me atendesse.- Ficou oitenta e um reis - olhou para o caixa.- Pode ficar com o troco - disse ao entregar uma nota de duzentos.- Nem pensar! - Ela me devolveu o troco.- Sempre teimosa.- Sempre insistente - ela me encarou e franziu o cenho.- Posso te levar para casa?- Não – disse firme.- Vou te esperar! – exclamei, passando as mãos nos cabelos.- Eu disse n
A promessa de Bruno fez um pingo de esperança brotar em meu coração. No entanto, passaram-se dois dias e ele não apareceu na cafeteria, nem ligou.Conversei muito com Sara e ela abriu meus olhos, falou que nós dois erramos, eu por não falar do meu passado e ele por acreditar no pai.Claro que o que eu senti pesava em mim e, com certeza, o que ele sentiu também pesava nele. O medo de dar uma chance e novamente ser deixada era muito grande.A confiança foi quebrada e agora teríamos que juntar e colar as peças novamente, mas não sabia se estava disposta a isso.Bruno vinha com um combo, sua beleza que atraia inúmeras mulheres, seu passado com elas, a empresa, seus pais, sua teimosia e personalidade forte, que me afastaram de uma forma que não tive chance de me explicar.Tinha receio que seus pais não aceitassem nosso relacionamento e outra vez pudéssemos ser vítimas de outro plano deles. Eu queria viver em paz, cuidar do meu negócio, ter um companheiro que me completasse, não queria vive
Meus olhos se encheram de água, pedi para o entregador esperar, peguei uma caixa de donuts, coloquei o sabor preferido de Bruno, e escrevi uma mensagem:“Bruno,É preciso coragem e respeito ao tocar o coração de alguém. É preciso uma certa delicadeza para pisar dentro de um coração que te convidou para conhecê-lo por dentro.Depois que o estrago foi feito, poucas atitudes são capazes de consertar as coisas. (obs: usando nosso amigo Victor Fernandes. Você comprou o livro?)Sim, eu decorei essa parte. Pense bem antes de querer entrar no meu coração novamente.Patrícia".Na semana seguinte, chegaram duas rosas amarelas, com o seguinte cartão:" Patrícia,ser feliz exige que os riscos sejam assumidos. A gente teima em construir uma história bacana, e, de vez em quando, consegue. E aí vem aquela sensação de que tudo, tudo, valeu a pena (Victor Fernandes).Você vale a pena, nosso amor vale a pena! Não vou desistir.Achei que existia uma parte de mim em seu coração teimoso, quanto ao meu,
Assim que ficou mais escuro, algumas luzes delicadas acenderam iluminando aquele momento mágico.- Patrícia - ele disse, me virando para ele – eu te amo, casa comigo? – falou ajoelhado na minha frente. O choque me abateu deixando momentaneamente sem palavras, a felicidade que sentia não coube no meu peito.- Sim!! Eu nunca mais quero ficar longe de você - me abaixei para abraçá-lo.Nos beijamos apaixonadamente, a saudade parecia se esvair aos poucos, sentia o meu coração e o dele batendo forte, quase saindo do peito, uma lágrima escorreu dos meus olhos.- Meu amor, não chora – disse, secando minha bochecha, depois colocou o anel no meu dedo. - Lembra o significado? - Fiz que sim com a cabeça. - Serenidade e proteção, você é minha paz e serei o seu protetor. Te amo! – declarou.- Esse é o nosso momento especial, o que eu sempre sonhei, foi perfeito! Estou chorando de alegria!- Agora vamos descer jantar? – perguntou, fazendo carinho nos meus cabelos.- Claro! - respondi animada.- Já a
Depois de nos amarmos no tapete da sala, tomamos um banho juntos, fomos para nossa cama e nos amamos novamente.Chamar tudo de nosso parecia tão certo.Eu estava feliz como nunca antes. Jamais imaginei que amaria alguém e que seria tão bom, Patrícia veio para mudar minha vida para melhor, e agora desejava tudo que nunca pensei desejar antes, casamento, filhos, casa e uma família.Acordar com Patrícia ao meu lado era maravilhoso, sentir seu cheiro novamente nos meus lençóis era divino, sentir seu corpo quente perto do meu fazia com que me sentisse em casa, meu coração estava em paz novamente.- Bom dia, dorminhoca! – disse dando beijos em sua nuca.- Que horas são? – perguntou com a voz rouca pelo sono.- Nove e meia - Nossa! Dormi demais, preciso ir para a cafeteria.- Carol falou que abriria para você, mas como sei como é dedicada, preferi te acordar.- Obrigada, ainda preciso ir em casa pegar roupa. - Vem cá – disse, levando ela ao closet.- Como assim? Você não tinha jogado tudo