No entanto, na sexta-feira, estava saindo quando passei pela sala de Sara, ela e Julie estavam comendo donuts, imediatamente vi uma caixa com o nome Doces da Patrícia.A secretária nova ficou constrangida e engoliu rapidamente o último pedaço, ao contrário, Sara para me provocar disse:- Precisa de alguma coisa? Estamos fazendo um lanche, aceita? – disse estendendo a caixa com donuts.- Não, obrigado – falei sisudo.- Estão deliciosos, sei que você gosta de donuts – ela disse e deu uma piscadinha.- Estão muito gostosos mesmo, essa nova cafeteria vai ser um sucesso – Julie falou.- Sim, ainda mais estando perto do centro da cidade – Sara deu a informação sem que eu perguntasse e sorri de canto.- Estou de saída, até amanhã. Vocês deveriam ir também já está tarde – disse indo embora.Fui até a garagem e me senti um idiota, caí como um patinho no plano da Sara, mas a curiosidade de saber onde ficava a cafeteria de Patrícia era maior do que qualquer outro sentimento.- Tomas – falei.- S
Nem nos negócios vi Carlos falando sem fazer piadinhas, mas hoje a forma como ele falou sério me acendeu uma luz amarela, afinal ele era muito inteligente e navegava fora do olho do furacão em que eu me encontrava.- O sentimento de ser traído não me abandona. Você sabe que nunca quis me envolver com nenhuma mulher e quando dei chance a uma fui traído.- Você acha que foi traído, não temos certeza – Carlos enfatizou. – Desculpa, mas seu pai não é o homem mais correto que existe, será que você pode mesmo confiar nele?- Vou pensar, agora chega dessa conversa...Fiquei por mais um tempo no bar, como estava acontecendo com frequência, tinha escolhido sem perceber aquela mesa para ser o meu refúgio, onde lavava minha alma com whisky.Não tive vontade de terminar a noite acompanhado, na saída ainda fui provocado pelo Carlos que saía de lá com uma bela ruiva enrolada no seu pescoço.- Isso é mais um sinal – disse e piscou para mim.Como estava levemente embriagado, cheguei em casa e tomei u
Os dias passavam e a conversa com Carlos ainda martelava na minha cabeça. Em uma tarde, precisei ir ao banco conversar com o gerente geral e o gerente da minha conta. Não estava satisfeito com o rendimento de alguns investimentos e pensava em retirar os valores do banco. O gerente geral imediatamente entendeu que precisava melhorar seus serviços, o que fez com que o tratamento comigo fosse diferenciado, afinal eu tinha milhões investido lá.Ao final da reunião passamos a conversar sobre assuntos mais amenos.- E seu pai Bruno, como está? – Um dos gerentes me abordou.- Está bem.- A última vez que o vi por aqui ele estava bem agitado – comentou.- Quando foi isso? – A luz amarela que Carlos acendera na minha cabeça piscou.- Não me recordo ao certo...- declarou pensativo.- Com quem ele conversou? - Cruzei os braços enquanto observava suas reações ao falar.- O encontrei por acaso, eu cuido da conta dele, mas ele queria conversar com o Augusto.
- Continue, o que você falou para ela? - Meu estômago estava revirado, mas eu conversava em absoluto modo CEO bem-sucedido.- Eu inventei, falei sobre investimento, ela não entendeu nada, mas ficou pouco tempo, disse que precisava voltar ao trabalho. - Ele passou o mesmo lenço amassado pelo rosto para limpar gotas de suor que escorriam pela sua testa.- Nunca mais a viu?- Vi sim, há poucas semanas ela veio e sacou parte do dinheiro, falou que abriria um café, ainda sinto que estou mentindo. Ela não confia mais no meu trabalho e pediu para mudar de gerente.- Patrícia já sabe que é filha de Otávio.- Quem contou? Como ela descobriu? - ele perguntou demonstrando claramente estar atônito.- Rogério - Me recostei na cadeira e passei as mãos no cabelo.- Como assim, se ele não podia contar? - ele tomou um pouco da água que estava em uma garrafinha sobre sua mesa. - Achei estranho ele ter esse documento, porque paternidade é coisa séria, a moça tem garantia po
Estava terminando de arrumar a cozinha, quando a cena do beijo que troquei com Bruno na boate me veio à memória, toquei meus lábios com a ponta dos dedos.Quando cheguei com Carol na boate, inicialmente, senti-me deslocada, mas minha amiga era uma ótima companhia, fomos para o bar e pedimos um drink, como não costumava beber, uma dose foi suficiente para me soltar um pouco.Fui arrastada para a pista e quando vi estava dançando, cada batida fazia meu corpo mexer de forma quase automática, como era bom dançar, sorrir, sair.Como eu imaginava, o vestido era chamativo e sem falsa modéstia eu estava muito bonita, percebi que muitos homens me olhavam, alguns tentaram se aproximar.Estava dançando quando senti a presença de alguém atrás de mim, Carol sorriu e cochichou no meu ouvido:" Esse é gato demais, dê uma chance" . Escutei uma cantada e logo reconheci a voz, o susto foi tão grande que só o cumprimentei. Em certo momento fui empurrada e ele me abraçou, tudo ao meu redor pareceu sumir,
Ficamos em silêncio por um tempo, Bruno pareceu ponderar as palavras, eu precisava respirar fundo, meu coração estava batendo forte.Esperei tanto por essa conversa, o dia em que ele viria falar comigo, treinei o que falaria se isso acontecesse, mas agora me sentia sufocada pelo seu cheiro, pelos seus olhares, pelo tom da sua voz. Lá fora começava a chover, uma chuva fraca que batia e escorria lentamente pelo vidro.- Patrícia, olhe para mim – pediu e eu olhei. – Me desculpe! - disse devagar, seus olhos fixos nos meus.- Pelo que exatamente? – perguntei olhando para ele com raiva.- Por ter desconfiado de você, por acreditar no meu pai, por não estar com você quando precisou, quando não quis te ouvir, quando te mandei embora da Invertcorp e quando te mandei embora da minha vida... — sua voz era baixa. Bruno tentou segurar minha mão, mas eu a puxei e cruzei os braços.- Por que agora você decidiu conversar comigo? Pelo visto descobriu que não sou a traidora que seu pai falou que eu fos
Os pingos de chuva me atingiram e se misturaram com as minhas lágrimas, chorava tanto que cheguei a ponto de soluçar, mas ao mesmo tempo um peso saiu de cima de mim. Falar para ele o que estava entalado na garganta me fez bem, eu precisava daquilo. Era como lavar a alma com aqueles pingos gelados, me sentia renovada. Foi bom desabafar um pouco, falar tudo aquilo doeu, mas foi necessário, precisava que Bruno entendesse toda a dor que me causara. Entrei no prédio devagar, não tentei me proteger da chuva, eram as lágrimas do céu que, de alguma forma, caíam para me abençoar. Cumprimentei o porteiro, entrei no elevador pisando firme, abri a porta do apartamento e fui tomar um banho quentinho. Relaxar seria minha melhor aposta nesse momento. Dar adeus ao Bruno foi como dar adeus a uma parte que vivia dentro de mim, eu arranquei a parte que mais amei por mais de um ano, a parte que me fez realizar um sonho. Mesmo que por pouco tempo eu amei e me senti amada. - Filha! - saio dos meus pens
Ver Patrícia saindo do carro me causou um grande impacto aquilo me doía como nada nunca doeu antes, estava com a mão na maçaneta para correr atrás dela, mas Tomas abriu a separação e me impediu.- Bruno, não vá.- Eu preciso - falei desesperado, vendo-a abrir os braços e receber a chuva em seu rosto, em seus cabelos lindos - Preciso que ela me entenda.- Agora não é momento, ela precisa digerir tudo o que conversaram, o coração dela precisa cicatrizar um pouco as feridas.Pensei um pouco e entendi que ele tinha razão, iria dar um tempo para ela.Fiquei admirando-a andar na chuva devagar, os pingos molhando sua roupa sem que ela se importasse, e somente quando entrou no prédio, pedi para que me levasse para casa de Sara. Ela seria a melhor escolha pra conversar no momento.- Olá, querido! – ela me recebeu com um abraço, mas não era como os abraços que costumava me dar. Ela sempre me tratou dessa forma, como se fosse minha mãe, o que é irônico já que ela é mais jovem que eu por alguns a