No domingo, como não houve passeio e Max estava sendo paparicado pelos Oliveira, Carla se deu um tempo de inteiração com os funcionários da mansão, relatando com falso pesar o declínio de Anya, de herdeira a empregada.Para sua sorte, encontrou em duas empregadas o terreno perfeito para obter informações. Entre as tarefas diárias, Ana e Joana tagarelavam, ambas com a língua afiada e sem disfarçar a intenção de atiçar o fogo contra Anya.— Olha só que sorte tem a Cinderela — debochou Ana. — Chegou aqui no cargo mais alto e logo caiu nas graças dos patrãozinho.Joana, sempre mais reservada, ergueu uma sobrancelha, mas não conseguiu esconder um leve sorriso enquanto terminava de secar a louça.— Verdade, e já ganhou o prêmio maior quando fisgou o doutor Nikolas, não é?Ana deu uma risada curta e rouca, culpa dos anos fumando.— Fisgou mesmo! Aquela sonsa agora vai virar patroa de novo. — disse e, sem deixar de esfregar o chão, lançou um olhar zombeteiro para Carla ao lançar a maior novid
Aproveitando o que restava da tarde ensolarada antes de Max ser levado para a mansão Hoffmann, foram passear pelo parque dentro do condomínio residencial. O céu estava limpo, com apenas algumas nuvens dispersas, e o vento leve trazia consigo o cheiro das flores e da grama recém-cortada. Anya, Nikolas e Max caminhavam lado a lado, Carla ficando alguns passos atrás.— Mamãe, olha! — Max exclamou, apontando para um pássaro que voava entre os galhos. — Ele é tão rápido!Anya sorriu, se abaixando ao lado de Max para observar o passarinho.— Deve estar à procura de comida ou aproveitando o dia, como estamos — comentou abraçando o filho, tentando esquecer que em minutos seriam afastados por mais cinco dias.Nikolas observava a interação entre mãe e filho, um sorriso contido nos lábios. Havia algo calmante naqueles momentos simples, uma paz que não experimentava há muito tempo. Apesar do ressentimento que ainda carregava em relação à Anya, não podia negar que esses momentos faziam a animosida
No luxuoso e imponente escritório da mansão Hoffmann, as paredes revestidas de madeira escura emanavam a autoridade e o poder que Klaus Hoffmann exercia sobre tudo e todos ao seu redor. O homem estava sentado em sua alta poltrona de couro curtido, o olhar fixo Liam.— O novo advogado trabalhará a partir do que o outro deixou, porém, perdemos um grande aliado.— Não acho — Liam disse, cruzando os braços com um sorriso desdenhoso. — O advogadozinho só obteve sucesso com a ajuda dos seus amigos do judiciário.Klaus não respondeu de imediato, o maxilar cerrado traía o turbilhão de emoções que lhe fervilhavam por dentro. Finalmente, ele soltou um suspiro de frustração e raiva contida.— Nem tudo foi obra dos meus amigos. Aquele advogado tem talento, é inegavél — declarou Klaus com a voz baixa, mas carregada de ódio. — Se Anya se casar com ele minhas chances de ficar com Maximilian... — Ele parou, os olhos verdes cintilando numa mistura de receio e desprezo. — Meu neto estará perdido.Liam
Sem saber que sua maior aliada escutava a conversa, Liam se endireitou e, determinado a não decepcionar o sogro, concordou em casar com quem Klaus escolhesse.— Sim. Farei o que for necessário, o que ordenar — pronunciou com resignação.Klaus sorriu, satisfeito.— Ótimo. Começarei as preparações imediatamente. Vou marcar encontros com as candidatas e, assim que decidirmos, estará casado. Está claro o que precisa ser feito? — Klaus perguntou, erguendo uma sobrancelha, esperando a submissão de Liam.— Sim.Carla se afastou silenciosamente da porta, as mãos tremendo levemente, e retornou silenciosamente pelo corredor. As ordens de Klaus ainda ressoavam em sua mente. Não sabia como, mas precisaria encontrar uma maneira de se reverter o jogo a seu favor. Se não o fizesse, seria descartada e esquecida, assim como tantas outras que cruzaram o caminho dos Hoffmann.No escritório, Klaus continuava a delinear seus planos, a voz calma e controlada. Para ele, esse era apenas mais um movimento em
A sala de estar na casa dos O’Connor era confortável e acolhedora, decorada com elegância discreta. O brilho suave das lâmpadas iluminava as prateleiras cheias de livros e as fotografias de família nas paredes, enquanto o aroma do jantar recém-terminado ainda pairava no ar. Benjamin, com seu cabelo castanho-acobreado e olhos verdes cintilantes, brincava com carrinhos de brinquedo no tapete, emitindo sons suaves enquanto se perdia em sua imaginação.Laura O’Connor, sentada no sofá, observava o filho, mas sua mente estava a quilômetros de distância, atormentada pelos pensamentos do passado e pelo futuro incerto. Estava constantemente preocupada com a reaproximação de Anya e Nikolas, por motivos que jamais confessaria a Ricardo, seu marido.Enquanto o marido via vantagens no futuro casamento do sócio, a união iminente entre os dois reavivava medos que acreditava ter enterrado há muito tempo.Ricardo estava recostado em sua poltrona favorita, lendo um relatório de trabalho, ao mover o olh
A pedido de Laura, Anya a recebeu na mansão dos Oliveira, levando-a até uma discreta saleta ao lado da biblioteca. O local, um espaço de luxo sutil, com móveis antigos e pesados cortinados, abafava qualquer som vindo de fora, mas não controlava a inquietação das ocupantes dentro de suas paredes.Anya estava encostada em uma das estantes, os braços cruzados defensivamente, seus olhos azuis fixos em Laura com curiosidade e desconfiança. Só tinha concordado com aquele encontro porque a mensagem da O`Connor estava carregada de desespero. Mas, desde que Nikolas revelou que planejava se casar com ela, uma parte de si passou a questionar tudo o que Laura havia dito no passado.Sentada na beirada de uma poltrona, Laura estava visivelmente perturbada, os dedos apertando a barra de sua jaqueta, enquanto o rosto exibia um temor mal disfarçado.— Anya... — começou Laura, sua voz tremendo ligeiramente. — Precisamos falar sobre seu casamento...Anya arqueou uma sobrancelha, permanecendo em silênci
A luz da tarde entrava pelas grandes janelas da biblioteca da mansão dos Oliveira, lançando sombras suaves sobre as estantes repletas de livros. Um silêncio profundo, interrompido apenas pelo som suave das páginas viradas enquanto Viktor examinava a contabilidade de um cliente.Acomodado na poltrona de couro, concentrado em seu trabalho Viktor foi surpreendido pelo som de vozes vindo do corredor.— Laura, esta conversa acabou.Reconheceu imediatamente a voz de Anya, seguida pela da esposa do sócio de seu irmão.— Por favor! Entenda! Estou tentando proteger você!Viktor deixou os documentos de lado, se levantou e caminhou em silêncio em direção à porta entreaberta da biblioteca, permanecendo oculto enquanto a conversa se desenrolava.— Cometi um erro no passado ao confiar em suas acusações e não questionar Nikolas. Esse erro me custou anos de sofrimento. Não cometerei outro erro. Ficarei ao lado de Nikolas enquanto ele me quiser, mesmo que as coisas estejam difíceis entre nós. Quero dar
Ricardo e Nikolas entraram juntos na sala de estar da casa dos O’Connor. O cômodo acolhedor, decorado com sofás macios, tapeçarias e peças de arte que conferiam ao ambiente uma elegância discreta foi imediatamente sombreado pela vibração tensa dos dois homens.Com um sorriso largo e os braços abertos, Laura os envolveu em um abraço caloroso, logo percebendo a rigidez na postura de ambos. Ao notar a expressão séria do marido, normalmente um homem caloroso, seu sorriso começou a vacilar.Ricardo, embora normalmente descontraído em seu próprio lar, dessa vez se manteve em um soturno silêncio, deixando Nikolas tomar à dianteira.— Viktor ouviu toda a sua conversa com Anya hoje — Nikolas disse, direto e sem rodeios, observando atentamente a reação de Laura. Ao frisar “toda” jogava com as palavras como o fazia em seu trabalho.O rosto de Laura ficou pálido, e ela deu um passo para trás, o coração gelando com a declaração de Nikolas. Seus olhos correram ansiosos entre Nikolas e Ricardo, busca