Segurando firme Max em seu colo, entrou na sala do advogado Nikolas, sendo o foco da atenção dele e das pessoas que representava: os pais e o ex-marido dela. Seu olhar inseguro vasculhou o ambiente a procura do próprio, não o encontrando.— Meu advogado ainda não chegou... — informou com dificuldade, a garganta seca pelo temor de estar ali com Max. Só o levou por medo da ameaça de perdê-lo se não fosse.— Lamento, ele avisou a poucas horas que não participará da reunião. Disse não ser necessário — Nikolas explicou apontando uma cadeira. — Sente-se!Ignorando o pedido, manteve-se em pé, enquanto os demais estavam sentados. Acuada, colocou Max no chão e, segurando-o firme com uma mão, usou a outra para telefonar para seu advogado. Foi perda de tempo, a resposta foi à mesma, com o acréscimo do tom carregado de desprezo pelos temores dela.Estava sozinha frente àquelas pessoas poderosas contra ela. Baixou o olhar, encontrando com os ansiosos de Max. De imediato renovou suas forças, estreit
Apertando o filho em seus braços, Anya se virou para encarar seus algozes, em especial Nikolas Oliveira, que lançou a pesada ameaça. Com os olhos marejados e a dor palpável em suas feições delicadas, pronunciou perto de colapsar:— Não podem fazer isso comigo... — engoliu o choro que pontuava cada palavra. — Sou a mãe dele e o amo mais do que tudo nesse mundo.Nikolas permaneceu firme, encarando-a com expressão dura.— A liminar é clara. A guarda provisória é dos avós de Maximilian Hoffmann Petrov, Klaus e Elisa Hoffmann — indicou, voltando a ameaçar: — Se levar a criança, se recusar a entregá-lo, estará desrespeitando a lei e terei de alertar as autoridades.— Está sendo irracional, docinho — retrucou seu ex-marido com brilho perverso nos olhos. — Tenho o melhor advogado do meu lado — sinalizou. — Se insistir nisso, ele garantirá que nunca mais se aproxime do menino.Mantendo a postura rígida, Nikolas conteve a vontade de mandar Liam Petrov calar a boca. Sua ameaça era verdadeira a re
Na minúscula sala de café, Anya permanecia frágil e abalada. Seu corpo tremia incontrolavelmente, e lutava para recuperar a firmeza nas pernas. Precisava reagir, seguir sua busca por um trabalho melhor, conseguir dinheiro para mudar de advogado e de moradia, o que fosse necessário para reaver o filho. No entanto, estava sem forças até para pensar, atolada na imagem do filho estendendo os braços, chamando-a em meio ao choro.A mulher pequena, de cabelo ondulado preto com vários fios grisalhos e olhos escuros, gentilmente fez chá de hortelã, o único disponível no local, serviu para ambas e olhou compassiva para Anya.— Tome o chá. Vai te fazer bem o calor da bebida — incentivou se sentando em frente a ela. — Me chamo Clara. Qual o seu nome?— Anya...— Posso ver que está sofrendo, Anya. Se quiser, sou toda ouvidos. Colocar as dores
Retornando para o cômodo que alugava com a esperança renovada, Anya reuniu suas coisas, arrumando-as rapidamente na mala. Tinha recebido a oportunidade que tanto necessitava para mudar sua vida e, principalmente, reconquistar a guarda do filho Max.Clara, a senhora bondosa que ofereceu o trabalho com moradia, alertou que teria de passar por um mês de teste, além de falar com os filhos dela a respeito do contrato de trabalho. Mas Anya não tinha medo, mesmo não sabendo nada sobre a função, daria cem por cento de si. Até meses atrás nunca tinha limpado mesas, nem servido pessoas ou desentupido um banheiro, mas aprendeu rapidamente. Cuidar de uma casa devia ser infinitamente mais fácil.Era uma pena que o filho de Clara não pode atendê-las por compromissos com clientes, o que adiou a definição do contrato. No entanto, o valor que a antiga governanta ganhava era cinco vezes maior do que o salário que recebia no bar. E havia a casinha.Arrumando suas poucas coisas, pe
Não foi fácil pedir as contas. Duarte, que a indicou para a vaga, a chamou de ingrata e negaram pagar pelos dias trabalhados. Podia ter lutado por seus direitos? Podia. Mas preferiu partir sem brigar. Era um valor ínfimo de qualquer forma.Chegando ao endereço dado por sua nova contratante, sorriu empolgada, num misto de ansiedade e esperança. Aquele emprego era sua luz no fim do túnel.Foi recepcionada calorosamente por Clara, que se responsabilizou em apresenta-la aos demais empregados: a cozinheira, uma senhora carrancuda; o motorista, um homem na casa dos quarenta, também com expressão carregada; e duas faxineiras, que pareciam odiá-la a primeira vista. Imaginou que sentisse falta da antiga governanta, ou não queria receber ordens de uma novata sem experiência. Ambas as opções eram preocupantes, mas nada que diminuísse o sorriso na face de Anya.Depois de um r&aa
Em questão de horas Anya se sentiu no inferno – ao perder a guarda do filho -, depois no céu – ao receber de Clara a oferta de trabalho e moradia - e agora – ao descobrir que Nikolas é filho de Clara - caia de tobogã novamente para o inferno.Depois do constrangedor encontro na casa no jardim, foi conduzida a biblioteca e escritório da mansão para falar do contrato de trabalho. Sentada ao lado de Clara em um sofá de couro marrom, espremia a barra da camisa de linho que escolheu para enfrentar o advogado naquela manhã. A roupa elegante estava amarrotada, seu cabelo em desalinho e a maquiagem deu lugar à pele limpa, pálida e com olheiras. Nada disso importava mais, os contratantes eram indiferentes a sua aparência, em especial Nikolas.Seu estômago se contorcia de nervosismo. Dependendo, de novo, da decisão de Nikolas, temia estar perder o emprego antes mesmo de começar a trabalhar.— Não se preocupe, você terá a oportunidade que merece — disse Clara pousando a mãos sobre as suas para a
Voltando à biblioteca escritório, Nikolas pousou o notebook na escrivaninha, o abriu e pediu para Anya se aproximar. Ela sentou na cadeira a sua frente.— Lerei o rascunho do contrato de trabalho padrão, que usei para a antiga governanta — explicou.Anya assentiu e ouviu com atenção os termos do contrato, o alívio preenchendo seu coração quando ele adicionou a moradia. Após a leitura, Nikolas imprimiu e novamente pediu para que ela verificasse se estava de acordo antes de assinar.— É importante que você entenda as condições. Será uma experiência de três meses, e não podemos garantir nada além disso — indicou estendendo o documento.— Eu sei. — Passando os olhos rapidamente pelo documento, Anya assinou com a ansiedade que refletia a intensidade de suas emoções. — Farei o meu melhor para continuar após os três meses.A promessa de Anya não era feita só para Nikolas, mas para seu filho. Aqueles três meses seriam cruciais para provar que podia criar Max e, diferente de seus pais e de Liam
Determinada a fazer o seu melhor no novo emprego, Anya acordou cedo e, mesmo com Nikolas dado a entender que iniciaria o trabalho somente quando o contrato fosse reconhecido, decidiu se juntar aos outros empregados na mansão.Ao se aproximar da cozinha, percebendo que era o assunto, e não de uma forma positiva, cessou os passos antes que a vissem.— E a nova governanta, hein? Será que vai aguentar o tranco? — ouviu a voz feminina rouca e grossa - parecida com a de seu avô, um fumante inveterado -, que identificou como sendo de uma das empregadas da limpeza.Arriscou um olhar e confirmou que todos os empregados, para os quais foi apresentada no dia anterior, estavam na cozinha.— Duvido muito. Muito novinha e com cara de patricinha. Dura só os três meses do contrato — disse uma voz mais fina com zombaria.Era a outra empregada da limpeza, cujo comentário fez Anya morder o l&aacut