— Não me olha assim — murmurei, sustentando seu olhar. Olhos verdes como as árvores, ou como a grama. Olhos verdes com bordas na cor castanho.
— Assim como? — questionou ele, com um sorriso ladino. Um sorriso que já dizia tudo. Eu não precisava dar continuidade na frase pois nós dois sabíamos o que aquele olhar significava.
— Como se quisesse foder comigo — falei, em tom alto e claro. Sem medo dele, ou medo de alguém ouvir.
— Ah — ele riu, como se estivesse zombando de mim. — É porque eu realmente quero — seus dedos estavam enrolando nos cachos de meus cabelos. E eu estava quase sem ar, quase com meu coração parando de bater, quase me entregando a ele.
— Eu odeio você! — murmurei, lembrando do dia em que nos conhecemos. Estava tudo esquematizado. Nossos olhares se encontraram, tudo deu exatamente certo. Se tivéssemos conseguido fugir da multidão naquele dia, teríamos nos pegado muito. Mas não deu.
Então continuamos fingindo, continuamos nos provocando. Continuamos com os olhares e brigas superficiais.
— Odeia tanto que quer transar comigo — ele disse de volta, sua respiração estava perto demais. Seu sorriso sarcástico e ladino estava perto demais, seus olhos verdes e castanhos e profundos estavam pertos demais. E eu não conseguia manter minha respiração em um ritmo adequado ou ao menos convincente.
Olhei para os lados, com medo de alguém ouvir nossa conversar. Com medo de alguém perceber o que realmente somos e o que realmente queremos. Tive medo de a verdade ser descoberta, medo dela me odiar para sempre, pois eu a amo demais para sentir seu ódio eterno.
— Era para você ter me conhecido primeiro... — sussurrei.
— E eu conheci — ele respondeu, me alcançando o copo de bebida. Realmente, ele me conheceu primeiro. E a faísca surgiu assim que nos olhamos, nós dois pensamos na mesma coisa. Nós dois pensamos.
— Mas ficou com ela — eu murmurei, esboçando um sorriso triste. Talvez fosse o álcool, ou a amargura. Talvez fosse a porra do meu noivado desmoronando. Talvez fosse inveja pois eu o queria muito, mais do que ela.
Eu o queria tanto, e eu podia tê-lo. Pois a atenção dele foi roubada no momento em que seus olhos estavam em mim. Nós dois sabíamos que, nós dois queríamos a mesma coisa. Se eu não estivesse noiva, com certeza agora seria eu no lugar dela.
— Você está noiva, o que queria que eu fizesse? — fez a pergunta, dando de ombros. Como se a culpa de toda essa bagunça não fosse dele também. Como se ele fosse apenas a vítima da história.
Olha o que está me fazendo fazer, está fazendo com que eu seja uma m*****a vagabunda. Estou cobiçando o namorado da minha irmã, estou tendo fetiches e imaginando ele em cima de mim enquanto meu noivo me come, enquanto eu tento não gritar o nome do outro dentro das quatro paredes daquele quarto. Quando tudo o que penso é tentar ao menos sussurrar o nome do meu noivo, enquanto estou desejando outra pessoa. Meu cunhado.
Maldito senso de humor igual ao meu, maldito corpo perfeito, maldito sorriso arrogante e sarcástico, malditos pensamentos iguais e, maldito olhar. Estava tudo indo bem, nós estávamos bem até ele aparecer. Com toda essa marra e essa confiança, e foi por isso que me apaixonei. A confiança dele, a porra da confiança que diz "eu tenho qualquer vadia na minha cama a hora que eu quiser" e porra... Como eu queria ser essa vadia.
Mesmo que ele tenha quase vinte anos a mais do que eu, mesmo que ele esteja namorando minha irmã. Mesmo que ele tenha quase a idade do meu pai, mesmo que eu esteja noiva.
Mesmo que ele tenha esse maldito sorriso que deixa qualquer mulher rendida. E eu tenho que engolir seus olhares, tenho que fingir não ligar quando ele encosta em mim na frente dela. Mas ele mente tão bem, ele coloca a mão na minha perna e ele ri, e fica me elogiando e dizendo o quão perfeita que eu sou.
Uma vez ela disse "se acha ela tão perfeita, termina comigo e fica com ela então". Porra, eu senti meu coração parar de bater por alguns segundos. Mas eu realmente estava concordando. Não, não vale a pena perder minha irmã por causa dele. Mas como eu queria que ele não tivesse escolhido ela, como eu queria que ele tivesse apenas se afastado então tudo isso iria passar. Era apenas um flerte inocente, uma paixão passageira e, um tesão temporário.
— Nada, nada que você fizesse iria mudar isso — eu disse as palavras, eu fui forte para dizê-las. Meu noivado está por um fio e eu ainda estou tentando mantê-lo, estou tentando ser a noiva perfeita. Mas há mais pessoas em jogo. Minha relação com minha irmã está em jogo, não posso colocar tudo a perder.
— Está mentindo! Posso ver em seus olhos essa merda de mentira. Pode falar a verdade, Brooke... — ele se aproximou, roçando os lábios em meu ouvido. — Não tem ninguém olhando.
Ah, porra, eu sei disso! E como eu sei. Sei que ela prefere dar atenção a outros caras do que a ele. E também sei que meu noivo é tão merda que não consegue nem me acompanhar em qualquer coisa que eu faça. Sim, hoje é meu aniversário de vinte anos e ele não está aqui. Bom, ele prometeu que estaria, mas quando liguei em seu celular deu caixa postal. Quando enviei mensagens pelo whats, ele recebeu todas e não respondeu nenhuma. Me pergunto o que ele está fazendo agora e, conhecendo-o bem, está esperando acabar "só mais essa partida" para vir ao meu encontro.
Para vir a essa merda de festa porque foi ele mesmo quem pagou metade dela. Não havia como Chris esquecer disso, não havia. E não, eu não acho que algo tenha acontecido com ele. Pois eu o o conheço bem.
— Eu já disse o quanto eu odeio você? — sussurrei, engolindo em seco. Sentindo ele tão perto, e minha respiração tão ofegante. Sentindo o calor em meu rosto e, principalmente o calor entre minhas pernas. Isso é verdade, eu odeio Connor, odeio ele com todas minhas forças. Odeio ele por ter começado a namorar com minh
a irmã enquanto eu estava gamada nele.
Seis letras, era isso o que me fazia pirar. Começa com B e termina com E. Esse nome curto de seis letras é o motivo de eu estar aqui agora, olhando para todos os lados antes de pegar na mão dela, antes de puxá-la pela cintura e dizer o quanto ela me enlouquece.Eu só posso ter feito tudo errado, só posso ter jogado pedra na cruz de Jesus Cristo. E que ele me perdoe por usar seu nome em vão, mas estou dizendo a verdade. Desde o dia em que conheci Brooke, eu soube o quanto queria aquela garota. E também soube o quanto ela era proibida para mim apenas por vê-la. Filha do meu melhor amigo, Carter ele e eu somos amigos desde sempre. Nós trabalhamos juntos por anos, até que eu acabei me demitindo e seguindo meu rumo, e de uma hora para outra ele decidiu se aproximar. Mandou o convite do seu aniversário, e eu como um bom amigo resolvi comparecer. Porra, eu deveria ter ficado em casa naquela noite.Foi naquela noite que eu a conheci. Na hora eu já sabia que aquela garota foderia com grande p
Connor, Connor Lancaster. Esse nome não sai da minha cabeça. É como se ele tivesse alugado um espaço particular em meu cérebro. Invadindo o espaço de Chris. Porque tudo antes era sobre Chris, e todos os jeitos e sorrisos dele me conquistavam. Porque Chris estava em um pedestal, eu o coloquei em um. Mas o coloquei tão alto que ficamos distantes. Ele começou a achar que realmente estava em um pedestal, começou a achar que era o rei, usando uma coroa invisível. Começou a achar que eu seria para sempre sua garota apaixonada. Mas eu não estou mais apaixonada por ele, já tem algum tempo. É que eu não suporto mais ser tratada como se eu não estivesse aqui. Como se qualquer coisa fosse mais importante do que eu. E ao mesmo tempo,.estou apegada às lembranças. Desejando que os tempos bons voltem novamente. Estou apegada ao que costumávamos ser. Chris e Brooke, uma química sem igual, um maldito sonho de verão que jamais teria fim. Um romance clichê igual ao dos filmes e livros. A forma como nós
Ela desviou o olhar, e foi assim a noite toda. Enquanto ela dançava colada em outros garotos. Com o argumento de que seu noivo não está aqui para dançar com ela. — Eles são gays! — gritou Brooke, assim que sua mãe a repreendeu por rebolar em um dos garotos. Não, não são gays. E mesmo se fossem, ela está bêbada demais para saber o que está fazendo. Já passa das seis horas da manhã, nós estamos aqui desde as dezessete horas. Ingerindo bebidas alcoólicas e dançando e cantando sem parar. — Ela não está bem, Blanca. Acho que deveria levá-la para o quarto — murmurei para minha namorada, vendo Brooke virar cinco copos pequenos de doses de uísque. Fazendo uma careta, colocando a mão na boca para não vomitar. Minha namorada revirou os olhos, murmurando que a irmã estava bem. E que era para deixar a garota se divertir. — Você deveria estar preocupado com o que eu vou fazer contigo — sussurrou ao pé do meu ouvido, esbocei um sorriso. Estou totalmente sem clima para isso, completamente exaust
Sinto braços rodearem minhas pernas e costas. Sem abrir os olhos, sinto o perfume masculino doce, cheiro de bebida e loção pós barba. Sinto o tecido da camiseta encostar em meu rosto, meu corpo é erguido e levado lentamente. Ouço a porta do carro, depois a porta de casa, e logo estamos no meu quarto. Finjo estar dormindo, continuo com os olhos fechados. Continuo sentindo meu estômago embrulhado, minha cabeça girando e a boca seca. — Só apaga a luz e fecha a porta, vou arrumar a cama pra nós — ouço a voz de minha irmã assim que entramos no cômodo. Passos se afastam do quarto. Ela foi para o dela no andar de cima, no final do corredor. Connor me solta no colchão macio, cuidadosamente tirando seus braços debaixo de mim. Afastando-se em silêncio. Eu resmungo, como se estivesse acordando agora. Abro lentamente meus olhos, piscando algumas vezes. Vendo seu rosto bem perto do meu. — O que tá fazendo aqui? — sussurrei, abrindo um sorriso ladino. Segurando-o pela gola da camisa. — Sua irmã