Capítulo 6 • Connor

Empurrei a porta do quarto, encontrando Blanca desmaiada na cama. Ela chega a roncar, está em um sono profundo. O que me faz desejar descer essas escadas agora e entrar naquele quarto. Mas o que eu falei era sério, não vou transar com ela bêbada. Já começamos errado, ela está noiva, eu sou namorado da irmã dela. Blanca quer se casar comigo, eu ainda não sei o que quero por causa de Brooke. Eu me lembro do dia em que nos conhecemos, lembro da faísca, a atração. 

Eu coloquei uma bermuda jeans branca, acompanhada de uma camiseta estampada com desenhos do Bob Esponja. Tênis Air Force branco, meias uma amarela com a cara do Bob Esponja e outra rosa, com a cara do Patrick estrela. Eu sei, não sou muito adulto. Deixei meus cabelos com gel em um topete meio bagunçado, mas charmoso. 

Entrei no carro e dirigi até aquele aniversário na casa de meu amigo, nós sempre fomos bons amigos. Mas o tempo nos afastou. Eu segui minha vida, ele a dele. Eu me casei, tive minhas filhas. Carter e eu temos apenas sete anos de diferença, nos conhecemos no trabalho e desde então viramos amigos. Éramos dois pobres fudidos apoiando um ao outro, até que ele criou sua própria empresa de tecnologia e fez muito dinheiro, e eu fui ficando para trás. Fui trabalhando pros outros.

Estacionei meu carro na frente da casa de três andares, dando de cara com um imenso jardim verde e florido. Uma fonte com uma escultura de gesso, que tinha a forma de um anjo com cabelos ondulados e pequenas asas. 

O pessoal estava no jardim, com taças de vinho branco e alguns com copos de uísque. Outros com latas de cerveja em mãos, todos conversavam ao som de uma música alta. Tentavam falar mais alto do que a música, eu estava totalmente deslocado. 

— Pode beber agora — murmurou uma garota, com uma blusa branca transparente e uma saia rosa com detalhes em branco. Ela está sem sutiã, deixando bem visível o bico de seus seios. Abri um sorriso, pegando o copo de bebida de sua mão. — Sou a Brooke, e o meu trabalho é deixar todo mundo louco aqui hoje — ela disse, abrindo um sorriso. 

E com certeza, com certeza ela me deixou louco. Tentei não desviar o olhar de seus olhos, mas sua roupa estava uma tentação. 

— Connor! Você veio, cara! — Meu amigo me abraçou, logo colocando um latão de cerveja em minha mão. 

— É, você tá ficando velho. Quarenta e cinco? — perguntei,  ele assentiu. 

— Acredita que essa é a minha caçula? Você se lembra dela, não lembra? — ele questionou, balancei a cabeça em afirmação e sorri. Mas na verdade não lembro,  acho que vi Carter algumas poucas vezes depois que as meninas nasceram. — Você tem filhas também, não é? 

— Gêmeas — murmurei. Brooke sorriu, dizendo que é apaixonada por gêmeas. — Elas são umas pestinhas. 

— Entre, vamos beber todas hoje! — meu velho amigo me puxou junto com ele, e logo atrás de nós veio sua filha mãe nova. Ficamos conversando a noite toda, colocando os assuntos em dia. Me apresentou sua esposa e sua filha mais velha, Blanca. 

Acho que fazia anos que eu não me divertia assim. Nós bebemos bastante, e meu olhar ficou a noite toda na garota de branco e rosa, de cabelos compridos e dourados. Grandes olhos azuis e brilhantes. O flerte foi recíproco, ela sempre vinha em minha direção me alcançar um pouco do que estava bebendo. Me encarava com um olhar de provocação, como se estivesse me desafiando a continuar flertando com ela. Um desafio que eu aceitei na mesma hora. 

— Cadê o namorado, Brooke? — perguntou a mulher de cabelos loiros avermelhados. Sua irmã mais velha. 

A mais nova fez beicinho, dando de ombros. 

— Disse que tinha festa em família. — os mais próximos começaram a rir, como se ela estivesse contando alguma mentira. 

E algumas horas depois o namorado dela chegou, não cumprimentou ninguém. Apenas ficou em um canto mexendo no celular, não bebeu nada e ficou a ignorando a noite toda. Enquanto a loira sentava em seu colo e tentava conversar com ele, tentava beijá-lo e puxá-lo para perto dos parentes e amigos. Sem sucesso. 

— O que tá bebendo aí? — questionei, assim que ela cruzou a porta de saída com um copo de bebida na cor azul. 

— Nem eu sei, quer provar? — ela insistiu, entregando o copo em minha direção. Dei um gole, sem tirar meus olhos do dela. Uma sobrancelha arqueada e um sorriso ladino tomaram conta de seu rosto. 

— Cuidado pra não passar mal, você já bebeu de tudo aqui. Não vou levar ninguém bêbado pra casa — brincou ela. Nós trocamos olhares, ela encarou meus lábios e depois meus olhos. Eu fiz o mesmo, mas depois desci os olhos até seus seios cobertos por um tecido transparente. 

— Que malvada. Eu te levaria para casa... Se você já não estivesse em casa — argumentei, tentando não deixar transparecer o duplo sentido. Querendo que ela percebesse que estou flertando e a convidando para minha casa. E acho que rapidamente ela percebe, pois da uma piscadinha de olho e vai para perto do namorado. 

O garoto literalmente está com a cara enfiada no celular, ignorando as pessoas ao seu redor que puxam assunto com ele. 

Babaca, se fosse eu no lugar dele estaria acompanhando aquela garota e a tratando como uma rainha. É palpável o desconforto dela ao tentar fazer ele se enturmar, tentar fazer com que ele preste atenção nela. 

E nós ficamos bebendo e conversando até amanhecer. O garoto já nem estava mais ali, estava apenas Brooke, eu, Blanca, Carter e mais alguns poucos amigos e familiares dele. 

— E pensa em se casar de novo? — questionei Brooke, que não ficava em silêncio nem por um minuto. 

— Não, Deus me livre. Só casei duas vezes na vida e as duas vezes foram péssimas! Morar junto nunca mais — eles riram do meu drama, Carter disse que casamento era a melhor coisa do mundo. Eu fiz uma careta e discordei. 

Namoros são bons, são bons porque cada um tem sua casa, não precisa ter responsabilidade com casa e muito menos com a pessoa. Não precisa ficar dando tantas satisfações e demonstrando todos os dias o quanto você ama a pessoa. Casamentos são terríveis, eles destroem tudo o que leva anos para

construir no namoro. Eu jamais me casaria de novo. 

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