Empurrei a porta do quarto, encontrando Blanca desmaiada na cama. Ela chega a roncar, está em um sono profundo. O que me faz desejar descer essas escadas agora e entrar naquele quarto. Mas o que eu falei era sério, não vou transar com ela bêbada. Já começamos errado, ela está noiva, eu sou namorado da irmã dela. Blanca quer se casar comigo, eu ainda não sei o que quero por causa de Brooke. Eu me lembro do dia em que nos conhecemos, lembro da faísca, a atração.
Eu coloquei uma bermuda jeans branca, acompanhada de uma camiseta estampada com desenhos do Bob Esponja. Tênis Air Force branco, meias uma amarela com a cara do Bob Esponja e outra rosa, com a cara do Patrick estrela. Eu sei, não sou muito adulto. Deixei meus cabelos com gel em um topete meio bagunçado, mas charmoso.
Entrei no carro e dirigi até aquele aniversário na casa de meu amigo, nós sempre fomos bons amigos. Mas o tempo nos afastou. Eu segui minha vida, ele a dele. Eu me casei, tive minhas filhas. Carter e eu temos apenas sete anos de diferença, nos conhecemos no trabalho e desde então viramos amigos. Éramos dois pobres fudidos apoiando um ao outro, até que ele criou sua própria empresa de tecnologia e fez muito dinheiro, e eu fui ficando para trás. Fui trabalhando pros outros.
Estacionei meu carro na frente da casa de três andares, dando de cara com um imenso jardim verde e florido. Uma fonte com uma escultura de gesso, que tinha a forma de um anjo com cabelos ondulados e pequenas asas.
O pessoal estava no jardim, com taças de vinho branco e alguns com copos de uísque. Outros com latas de cerveja em mãos, todos conversavam ao som de uma música alta. Tentavam falar mais alto do que a música, eu estava totalmente deslocado.
— Pode beber agora — murmurou uma garota, com uma blusa branca transparente e uma saia rosa com detalhes em branco. Ela está sem sutiã, deixando bem visível o bico de seus seios. Abri um sorriso, pegando o copo de bebida de sua mão. — Sou a Brooke, e o meu trabalho é deixar todo mundo louco aqui hoje — ela disse, abrindo um sorriso.
E com certeza, com certeza ela me deixou louco. Tentei não desviar o olhar de seus olhos, mas sua roupa estava uma tentação.
— Connor! Você veio, cara! — Meu amigo me abraçou, logo colocando um latão de cerveja em minha mão.
— É, você tá ficando velho. Quarenta e cinco? — perguntei, ele assentiu.
— Acredita que essa é a minha caçula? Você se lembra dela, não lembra? — ele questionou, balancei a cabeça em afirmação e sorri. Mas na verdade não lembro, acho que vi Carter algumas poucas vezes depois que as meninas nasceram. — Você tem filhas também, não é?
— Gêmeas — murmurei. Brooke sorriu, dizendo que é apaixonada por gêmeas. — Elas são umas pestinhas.
— Entre, vamos beber todas hoje! — meu velho amigo me puxou junto com ele, e logo atrás de nós veio sua filha mãe nova. Ficamos conversando a noite toda, colocando os assuntos em dia. Me apresentou sua esposa e sua filha mais velha, Blanca.
Acho que fazia anos que eu não me divertia assim. Nós bebemos bastante, e meu olhar ficou a noite toda na garota de branco e rosa, de cabelos compridos e dourados. Grandes olhos azuis e brilhantes. O flerte foi recíproco, ela sempre vinha em minha direção me alcançar um pouco do que estava bebendo. Me encarava com um olhar de provocação, como se estivesse me desafiando a continuar flertando com ela. Um desafio que eu aceitei na mesma hora.
— Cadê o namorado, Brooke? — perguntou a mulher de cabelos loiros avermelhados. Sua irmã mais velha.
A mais nova fez beicinho, dando de ombros.
— Disse que tinha festa em família. — os mais próximos começaram a rir, como se ela estivesse contando alguma mentira.
E algumas horas depois o namorado dela chegou, não cumprimentou ninguém. Apenas ficou em um canto mexendo no celular, não bebeu nada e ficou a ignorando a noite toda. Enquanto a loira sentava em seu colo e tentava conversar com ele, tentava beijá-lo e puxá-lo para perto dos parentes e amigos. Sem sucesso.
— O que tá bebendo aí? — questionei, assim que ela cruzou a porta de saída com um copo de bebida na cor azul.
— Nem eu sei, quer provar? — ela insistiu, entregando o copo em minha direção. Dei um gole, sem tirar meus olhos do dela. Uma sobrancelha arqueada e um sorriso ladino tomaram conta de seu rosto.
— Cuidado pra não passar mal, você já bebeu de tudo aqui. Não vou levar ninguém bêbado pra casa — brincou ela. Nós trocamos olhares, ela encarou meus lábios e depois meus olhos. Eu fiz o mesmo, mas depois desci os olhos até seus seios cobertos por um tecido transparente.
— Que malvada. Eu te levaria para casa... Se você já não estivesse em casa — argumentei, tentando não deixar transparecer o duplo sentido. Querendo que ela percebesse que estou flertando e a convidando para minha casa. E acho que rapidamente ela percebe, pois da uma piscadinha de olho e vai para perto do namorado.
O garoto literalmente está com a cara enfiada no celular, ignorando as pessoas ao seu redor que puxam assunto com ele.
Babaca, se fosse eu no lugar dele estaria acompanhando aquela garota e a tratando como uma rainha. É palpável o desconforto dela ao tentar fazer ele se enturmar, tentar fazer com que ele preste atenção nela.
E nós ficamos bebendo e conversando até amanhecer. O garoto já nem estava mais ali, estava apenas Brooke, eu, Blanca, Carter e mais alguns poucos amigos e familiares dele.
— E pensa em se casar de novo? — questionei Brooke, que não ficava em silêncio nem por um minuto.
— Não, Deus me livre. Só casei duas vezes na vida e as duas vezes foram péssimas! Morar junto nunca mais — eles riram do meu drama, Carter disse que casamento era a melhor coisa do mundo. Eu fiz uma careta e discordei.
Namoros são bons, são bons porque cada um tem sua casa, não precisa ter responsabilidade com casa e muito menos com a pessoa. Não precisa ficar dando tantas satisfações e demonstrando todos os dias o quanto você ama a pessoa. Casamentos são terríveis, eles destroem tudo o que leva anos para
construir no namoro. Eu jamais me casaria de novo.
Braços rodearam minha cintura, depois desceram até meus seios. Deixando um aperto suave. Ele voltou atrás e veio correndo pra mim. Me virei devagar, ainda sonolenta. O sorriso em meus lábios desmanchou-se. — O que tá fazendo aqui? — perguntei, enquanto Christopher passava a mão pelo meu corpo, indicando que queria sexo. — Eu sou seu noivo, tenho a chave de casa. Não era para eu estar aqui? — revirei os olhos. Ontem, em um dia importante, ele não estava. Não se importou se era meu noivo no dia de ontem. Poxa, eu estava fazendo vinte anos. Todos aniversários são importantes, mas só Chris sabe o quanto eu planejei essa merda de aniversário. Eu fiquei três meses focada só nisso, planejamos tudo, desde os copos, à canudos personalizados e lembrancinhas. Ele me ajudou, ele quem escolheu o tema da festa. — Só queria passar o dia com minha Barbie — disse ele. — Bebeu ontem? — questionei, sentindo o cheiro forte de álcool. Apenas não sei de qual de nós é o cheiro. — Não, mas você não me ob
O tempo não passava, e mesmo depois do café permanecemos à mesa conversando. Brooke e Blanca eram as que mais tinham assunto, estão o tempo todo falando mal de alguém. Essa é a única diversão delas. — Como assim você não sabia que ela está grávida? Ela já está quase ganhando! — Blanca praticamente gritou, fazendo a irmã mais nova dar risada. Carter conversa comigo, mesmo eu não prestando muita atenção em suas palavras. Seu assunto é o mesmo de sempre, futebol e jogadores de futebol e jogos de futebol. — Sim!! Ele se casou de novo! Já é a terceira vez! — Agora era Brooke quem falava.que mania que elas tem de ficar falando da vida dos outros. Christopher revirava os olhos, ficava bufando e tamborilando os dedos na mesa, deixando bem claro que não queria estar ali. Encarei seu semblante impaciente, olhando para Brooke e depois para Blanca. Ele não consegue nem fingir pela namorada, não se esforça o mínimo por ela. Ele afasta a cadeira bruscamente e se levanta, avisando Brooke que est
Passei o dedo indicador por seus lábios carnudos, depois toquei seus cabelos ruivos. Deixei um sorriso desenhado em meus lábios, não mostrando os dentes para ele. Connor apertou minhas coxas, apertando mais a medida que ia deslizando suas mãos para cima, fazendo-me arfar. - Você gosta de jogar, não é? - ele deixou um beijo molhado em meu pescoço. Balancei a cabeça em afirmação, sem tirar o sorriso do rosto. - Eu gosto dos jogadores. É divertido - sussurrei, mordendo o lóbulo de sua orelha. - Garota maldita... - sinto sua ereção entre minhas pernas. Ele segura firme meu cabelo, selando nossos lábios com força, sugando minha língua, mordendo meu lábio inferior. - Adoro quando me chama assim. - Puxo devagar seus cabelos que tem uma mistura de vermelho e laranja, estão arrumados em um topete para direita. Connor tem sardas no rosto, às vezes tem olhos castanhos, às vezes tem olhos verdes. Hoje seus olhos estão tão verdes que se assemelham a uma floresta. Suas mãos percorrem meu corpo
Brooke está descendo as escadas, com uma roupa tão curta e justa que consigo imaginá-la sem essa peça.Tento ignorar sua roupa, tento ignorar seus olhos buscando por qualquer sinal de aprovação da minha parte.Olho para Blanca, atrás dela. Com uma saia e uma blusa decotada. Muito mais simples e decente. Blanca é uma mulher linda, e eu a acho maravilhosa. Mas digamos que seu corpo mudou bastante após a maternidade, pelas fotos que vi dela antes, ela era magra e com seios grandes. Agora está um pouco acima do peso, mas com seios e bunda e pernas fartas. Mas sua personalidade supera qualquer aparência física. Ela tem inúmeras qualidades, e eu não saberia listar todas elas. Mas realmente, escolher uma roupa que fique bem nela... Não é uma de suas qualidades. Não quando estou comparando-a com Brooke. Acho que estou sendo maldoso, Brooke acabara de sair da adolescência e ainda tem um corpo perfeito. Com uma cintura fina e barriga chapada, com coxas grossas e seios durinhos. Ainda tem a pel
Peguei Blanca no colo, fazendo uma força quase inexistente em mim. Notei que suas calças estavam molhadas, ela mijou no banco de trás do meu carro. Bufei, tentando ignorar o que ela fez pois está muito bêbada e brigar não irá adiantar nada. Brooke abriu a porta de casa, logo entrei e levei Blanca para a banheira. A irmã mais nova me ajudou a dar banho na mais velha, enquanto nós dois seguravamos a risada ao ouvir ela resmungar e chorar por conta da água morna. — Você tá passando vergonha — disse Brooke para a irmã. Que parece estar meio acordada mas com a quantidade de bebida que está em sua cabeça ela nem parece se importar. Vestimos a garota de cabelos loiros acobreados, logo a coloquei na cama. Joguei um lençol por cima de Blanca e sai para levar Brooke em casa. O que não me parece ser minha melhor decisão, mas sim a única opção. Não vou deixá-la ir sozinha de Uber essa hora. Precisamos acabar com isso, não posso mais sentir nada pela Brooke. E ela também não pode mais sentir n
Abri a porta do quarto, joguei os saltos pro lado e tirei o vestido apertado. Deitei ao lado de Chris e logo ele se virou sonolento, abriu um dos olhos e pegou seu celular. Conferiu o horário e guardou novamente. — Estava com Blanca e Connor até agora? — perguntou ele, balancei a cabeça em afirmação. Poupando minhas explicações inúteis, ele não se importa. — Podia ao menos ter me avisado que iria voltar tarde, estou até agora sem jantar. — Mamãe não te chamou pra jantar? — perguntei, ainda com os olhos fechados. — Sim, mas você sabe que eu tenho vergonha de jantar com seus pais. Pode ir servir alguma coisa pra mim comer? — ele perguntou. Dei uma risada irônica. Isso só pode ser brincadeira. Ele realmente está cagando para onde passei a noite, está se importando apenas com seu estômago. O mesmo egoísta de sempre. — Claro, amor — murmurei, levantei da cama e coloquei uma camisa dele. Fui até a cozinha e peguei um prato. Fiz omelete com bacon, servi macarrão e frango assado. Coloquei
— Posso dormir aqui hoje? — perguntou Brooke para a mais velha, Blanca deixou um beijo no topo de sua cabeça e balançou a cabeça em afirmação. Logo Blanca colocou sua filha para dormir com nós e arrumou a cama da pequena para Brooke, que se aconchegou nas cobertas cor de rosa da Barbie. — Tenta acalmar ela, eu já volto — avisou minha namorada, fiz uma careta insinuando que não queria ter que acalmar sua irmã mais nova porque ela simplesmente terminou um relacionamento. — Foram três anos — sussurrou Brooke assim que a irmã saiu do quarto. Me sentei na beirada de sua cama e peguei o celular das mãos de Blanca. A tela estava aberta em um vídeo deles, revirei os olhos e desliguei o aparelho. — Não acredito que tudo acabou assim. Ele não tinha esse direito! — Qual é a sua, Brooke? — eu quis saber, não entendendo todo seu drama. — Você saiu para uma festa e ficou com umas dez pessoas no mínimo, ficou comigo, ficou só me provocando a noite toda e ainda por cima ficou a noite inteira fala
Virei para o outro lado, pela décima ou quinta vez. Olhei para o visor do celular e já eram três e quinze da manhã. Revirei os olhos, e virei para o outro lado novamente. As palavras de Connor ainda martelavam minha mente. Afinal, quem ele acha que é para me falar aquilo? Me falar se eu devo ou não estar sofrendo. Eu queria isso, queria o nosso fim. Mas agora que acabamos. Parece que ainda não é real, parece que só estou dormindo fora de casa e quando eu voltar Chris estará me esperando. Eu não sei quem porra é isso, se é arrependimento ou só dependência emocional. Eu fiz o que fiz e agora quero voltar atrás, quero mandar mensagem e saber porque fomos tão impulsivos. Quero saber porque ele ainda não me mandou nada tentando reconciliar como das outras vezes, afinal, não foi uma briga tão feia assim. Já tivemos em fases piores, já tivemos momentos piores e não terminamos. Virei para o lado, sentindo a as lágrimas começarem a voltar. Me sentei na cama, olhando para os cobertores da Bar