Capítulo 4

▪︎ Capítulo 4 ▪︎

"Uma semana depois"

Uma semana cuidando de Julia, não a levei ao delegado por medo do telefonema que recebi, não sei quem são nem o que podem fazer comigo e com a pequena menina. Não sei do que essas pessoas são capazes, apesar de todos ficarem meio encabulados com a aparição repentina dela em minha vida. Mas depois de toda uma história, consegui fazer com que todos esquecessem as questões de sua presença. Claro que foi difícil no começo mas depois de um tempo quem desconfiaria de uma fofura como Julia, ela praticamente virou minha garota propaganda andando por aí vestida com roupas de frutinhas.

Respiro fundo olhando pela janela o sol nascendo, hoje vai ser um dos dias de venda movimentado porque o clima está bom, por enquanto as vendas das geleias e pães doces estão indo muito bem, consigo nos manter com a venda deles enquanto pago minhas dívidas, mesmo que devagar está dando certo. Se eu tivesse um forno melhor conseguiria fazer bolos, tortas e pães melhores para vender mas por enquanto vou continuar com as geleias feitas no fogão a lenha e os pequenos pães fritos com doce.

Sou despertada dos meus pensamentos com batidas fortes na porta, que estranho, não recebo ninguém a esse horário em uma segunda feira, até porque a minha casa fica um pouco afastada da cidade.

–O que deseja? -pergunto assim que abro a porta, não conheço essas pessoas então devem ser cobradores. Uma mulher elegante vestida em roupas de marca e um cara de terno e óculos escuro logo atrás dela, seus cabelos são castanhos avermelhados e estão cortados curtinhos dando um ar juvenil para ela, usa um óculos escuro e sua boca está pintada em vermelho.

–Não precisa saber quem sou, ou de onde venho. Vim lhe fazer uma proposta. -diz retirando o óculos e sorrindo friamente, encaro seus olhos de um ar sombrio que me causa calafrios só por encara-la, respiro fundo olhando para ela indiferente.

–Tia Chloe? -escuto a voz meiga de Julia e olho para a escada a encontrando esfregando os olhos ainda sonolenta.

–Volte para o quarto Julia, só saia quando eu for te buscar. -ela me olhar confusa e depois para a moça na porta, sem entender volta para cima sem questionar.

–Entre. -dou as costas aos dois e sigo até o sofá da sala, me sento na poltrona cruzando as pernas não ofereço lugar para eles sentarem, não são meus convidados e nem os conheço então não tem motivo para os oferecer acento, escuto os saltos finos no assoalho e fecho os olhos respirando fundo, um nervosismo me atingi de repente e me sinto um pouco angustiada.

–Não precisa saber quem sou, ou de onde venho. Estou aqui por causa da menina. -diz calma e sinto meu peito apertar.

–O que quer dizer? -minha raiva já transparece, então estão aqui por causa de Julia. Acho bom não falar nada por enquanto já que não sei suas intenções, mas pelas roupas eles não são pessoas simples. Ela veio até aqui somente para me dizer o que quer que eu faça com Julia? Não consigo acreditar nisso.

–Bem, ela aparecer só causaria confusão para o nome de minha família. Quero que fique com ela, mande para adoção, sei lá. Apenas não quero ver essa fedelha até minha morte. -me lembro de uma semana atrás quando recebi aquele telefonema que ainda me deixa com um pé atrás as vezes.

–Olha estou disposta a pagar por ficar com ela, pode pedir quanto quiser. Essa casa está velha, você não tem um emprego fixo, seus pais morreram e deixaram várias dívidas. Peça quanto quiser e eu te darei minhas condições. -ela diz me causando um certo desconforto e nojo, essa pessoa está me vendendo Julia para que possa ter algum conforto em sua vida? Isso me embrulha o estômago.

–Ela é só uma criança, o que uma pessoa como você tem na cabeça? Ela é só uma criança. -apoio os cotovelos nos joelhos com o rosto entre as mãos, me sinto enjoada e também triste.

–Uma criança que não precisava ter vindo ao mundo, ela não merece o sangue que tem. Se não fosse aquela mãezinha dela, já estaria morta a muito tempo. Quanto quer? Não tenho o dia todo menina. -diz seca. Suas palavras me atingem e sem pensar muito respondo, de imediato.

–Dois Bilhões. Nunca mais vai vê-la e eu ficarei com ela. -digo convicta. Vejo o sorriso na face da mulher e ela tira um cheque da bolsa com intuito de me pagar mas não gosto disso.

–Quero em dinheiro. Acha que vou aceitar um cheque que pode ser falso. Não mesmo. Tem até amanhã para me entregar o dinheiro caso contrário não farei nada do que me pediu. Agora saia da minha casa.

Me levanto com raiva e vou em direção a porta, abro esperando os mesmos passarem por ela, assim que eles vêm em minha direção vejo o sorriso satisfeito em seu rosto. Essa pessoa tem uma alma podre, esperava não vê-la amanhã nem nunca mais, mas o destino gosta de brincar com as pessoas.

–Amanhã nesse mesmo horário terá seu dinheiro. -coloca os óculos antes de passar pela porta a qual bati com força já virando e subindo as escadas correndo para ver Julia. Meu coração b**e forte e desesperado, quero apenas abraçá-la bem forte para me acalmar.

–Julia! Cadê você meu anjo!? -grito assim que entro no quarto e não vejo ela, vou ao banheiro, no meu quarto, até que escuto uma barulho atrás de mim e me viro vendo ela segurando o ursinho com o rosto banhado em lágrimas no meio do corredor, meu anjo.

Corro até ela me ajoelhado em sua frente e abraçando seu corpo frágil que está tremendo com o choro, tento lhe passar algum conforto, esse ser pequenino pode me fazer tão bem nesses últimos dias. Faria de tudo para proteger essa pequena, meu anjo da esperança que veio no meus pior momento mas que mesmo assim não deixei ir. Cuidarei dela, para que não sofra mais, cuidarei dela para que ela também possa cuidar de mim, meu anjinho da esperança.

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