Alejandro Albeniz O vestido não colaborava para minha sanidade, um decote me dando a visão dos seios que tinham o tamanho certo, caberiam certinho na minha boca. A peça marcava a cintura fina com a saia mais solta, onde eu queria enfiar a minha mão por debaixo. Não consegui largar sua boca e tinha que me segurar para não assustar a mulher com meus desejos libidinosos. O aroma doce que emanava dela, me deixava mais inebriado e tonto de tesão.— Vamos ficar. — afastei minha boca da dela. — O bangalô daqui tem uma piscina térmica super relaxante. — e foi assim que eu cortei o clima.— Vocês, homens, são engraçados. — Ximena me empurrou de leve, me afastando. — Não podem ver uma mulher, que já pensam em sexo.— Não é uma mulher, como se servisse qualquer uma, eu desejo você. Apenas você.— Me leva para casa, por favor. — ela falou ríspida. Dessa vez, nem mesmo minha voz sussurrada ao pé do seu ouvido teve o efeito esperado.Apertei o botão da chave, destravando as portas, em seguida, ela
Ximena Valverde A gente saiu do heliporto em clima de romance, estávamos indo para o carro, quando o homem de traços angelicais e de olhar frio nos pegou no flagra. Soltei a mão de Alejandro rapidamente, não queria trazer problemas a ele, afinal, ele terminou recentemente com a entojada. Sem concordar comigo, de maneira afrontosa, ele jogou o braço sobre o meu ombro, me abraçando.— Faz tempo que não te vejo, Beto, bom dia!— Dia. — o tal Beto respondeu sem expressão.— Como estão as coisas por aqui? — Alejandro questionou.— Não tem recebido os relatórios? — Sim, mas estou perguntando a você. Quero saber de você.— Está tudo bem, assim como diz os relatórios. — falou com seu jeito robótico e saiu.E assim que o irmão dele saiu do nosso campo de visão, tirei seu braço do meu ombro.— Não foi certo o que fez.— Não devemos nada a ninguém, não há do que nos esconder.— Estamos em território da Granafly, tratamento impessoal, lembra? — ergui as sobrancelhas.— Sim e não. — ele fez um m
Alejandro Albeniz Tudo o que eu queria era ter acordado, tomado um banho, ficado um pouco à toa e só ter saído de casa para ir para o aeroporto. No entanto, para eu me ausentar por dois dias, de uma sexta-feita a uma segunda-feira, tinha que deixar tudo organizado. Eu cheguei super atrasado ao Hangar, eram 11h15. Procurei Ximena por tudo quanto foi lugar, depois pedi o registro de entrada e soube que ela não havia chegado, estava mais atrasada do que eu. Peguei o telefone e ligaria para ela, quando percebi muitas chamadas não atendidas. Meu telefone estava no silencioso. A mais insistente era kalima, a gestora de RH. Retornei a chamada em seguida e, sem muita demora, ela atendeu. — Alô!— Oi, Kalima, tive que ir no banco autorizar uma movimentação, acabei deixando o aparelho no silencioso.— Senhor Alejandro, minha dúvida é só para saber se eu mando o Iker Pavel no lugar da Ximena ou não.— Como? Aconteceu alguma coisa com a Ximena? — eu estava mais perdido do que cego em tiroteio
Ximena Valverde Pedi aos meus pais para ir embora, mas é claro que eles não fariam. Minha mãe me fez beber um dos seus chás poderosos e eu apaguei nem sei por quanto tempo. Levantei da cama, acreditando que eles já haviam ido para casa, mas ao sentir o aroma do refogado, sabia que ao menos minha mãe ainda estava aqui. Abri a porta do quarto e os dois estavam sentados na minha sala, assistindo TV. Era no mínimo inocente da minha parte pensar que as pessoas que me amavam, iriam embora e me deixariam no estado em que me encontrava. O meu quarto era bastante escuro, porque eu usava cortina blackout, foi só quando saí dele que me dei conta de que já era noite.— Se sente melhor, depois de conseguir dormir? — minha mãe perguntou e eu apenas fiz um sinal de positivo com a cabeça. — Vou arrumar algo para você comer.— Não precisa, mãe, realmente estou sem fome.Com ar de preocupação, minha mãe olhou para o meu pai e foi ele quem se dirigiu a mim dessa vez. — Senta aí, Ximena, vamos conver
Ximena ValverdeQuando minha mãe insistiu que eu fizesse meu casamento na Basília de San Juan Dios, eu achei um exagero fora do tom. Eu queria uma igreja simples e pequena, não essa exuberante, já na fachada decorada com obras de arte barroca e um monumental de entrada flanqueada por colunas salomônicas. Mas a verdade é que agora me sentia uma princesa, que iria encontrar seu príncipe, que a aguardava ansioso no altar.O motorista trajado como tal, abriu a porta e meu pai e eu descemos da limousine alugada. Meu vestido era o mais simples que consegui convencer a minha mãe a comprar, na verdade, mandamos fazer. Não queria anáguas, ficar parecendo um cupcake, mas da extensa grinalda não consegui fugir. Enquanto puxava metros de pano de dentro do veículo, vi meu irmão e minha mãe descerem as escadas à frente da basílica, eles chamaram meu pai em um canto e cochicharam algo não audível para mim.Já com a grinalda enrolada no braço, me aproximei, querendo saber o que eles falavam. — Volta
ALGUNS DIAS ANTESAlejandro AlbenizAssumir a empresa aérea foi algo que sempre almejei. As exigências do meu pai é que tardaram minha volta à Espanha, mais precisamente à Granada. O senhor Albeniz, como quase todas as pessoas desse país, tinha valores arcaicos, acreditavam fielmente que um homem de sucesso e sério tinha que ter consigo, bem ao seu lado, uma “primeira dama”. Apesar de amar o lugar onde nasci, eu estudei na América e passei boa parte da minha vida por lá, me preparando para assumir o Império Albeniz. Não que aqui eu não conseguiria o preparo necessário para administrar Granafly, o problema é que não queria apenas entender da burocracia, fui atrás das especializações e evolução necessária do nosso produto e serviço, por isso fiz todos os cursos que achei necessário, na Boeing.Na reta final da minha preparação, vim para a Europa, mas não para a Espanha, meu destino foi a França e lá também me dediquei às especializações oferecidas pela poderosa Airbus. E foi na Franç
Ximena Valverde Minha mãe e suas ideias, por mim eu preferia ir em lojas de alugueis de roupa, encontrar o vestido do meu gosto. Ela e suas crenças de que a roupa que eu alugasse poderia ter estigmas ruins de outras pessoas e meu casamento desandar. O bom de fazer com uma costureira, é que tudo saiu como eu queria, até os tecidos pude escolher. Estava na última prova, ao me olhar no espelho, me vi linda. Meu casamento seria um sonho. Daqui a dois dias seria a mulher mais feliz do mundo, ia casar com o homem da minha vida.— Filha, tá parecendo uma princesa! — minha mãe falou com lágrimas nos olhos.— Mãe, para de chorar e pega um pouquinho desse café pra mim. — apontei para a garrafa em cima do bufê na sala de costura.Sem demora, minha mãe pegou o copinho descartável e pôs a dose do líquido fumegante para mim.A costureira, que voltava de outro cômodo, tentou prevenir um acidente, mas o efeito foi o contrário.— Não faça isso, não dê café a ela usando o vestido branco! — Ela gritou.
Alejandro Albeniz O que estava se passando comigo? Acabei de praticamente jogar praga no casamento da mulher mais linda que eu já vi na minha vida. A sorte é que ela não me levou a sério, eu mesmo não estava me entendendo. Fiquei entorpecido pela eletricidade passando por todo o meu corpo, fazendo o meu coração disparar. Ele batia tão rápido, que parecia que daria um salto do meu peito. Sempre quando ficava louco por uma mulher, era uma outra parte do meu corpo que latejava, nunca o peito. Quando a vi seguir com a mãe, tive vontade de ir atrás dela, de falar novamente para ela não se casar. Como se ela devesse se casar comigo, como tivesse sido feita para mim. Eu com certeza não estava bem e olha que pelo café da manhã foi apenas um suco de laranja, não foi um hi-fi. Pensando no estresse desnecessário que o senhor Albeniz tentou me causar essa manhã, seria até aceitável eu batizar o suco, mas não fiz. Meu corpo estava sóbrio, mas minha mente ficou inebriada de um sentimento