Ximena Valverde Era oficialmente o meu primeiro dia de trabalho na Granafly. Iker me aguardava no saguão do prédio para subirmos juntos até o último andar. Apesar de ser um cara bastante legal, ele tinha um jeito expansivo que às vezes me deixava um pouco encabulada, como o fato de me cumprimentar beijando meu rosto. Isso me lembrava minha professora de yoga, ela era brasileira e disse que no país dela, esse tipo de cumprimento era muito comum. Nós subimos e ficamos sabendo pela secretária da presidência, que teríamos reunião com o CEO.Alejandro ainda não havia chegado, mas ficamos o aguardando na sala. 15 minutos depois, ele entrou na sala de reunião, exalando seu perfume cítrico e sua beleza masculina. Com terno preto e de cabelo molhado, penteado todo para trás. Alejandro estava um tanto sério, claro que no trabalho ele tinha uma postura mais fechada, entretanto, ele parecia chateado. Nos cumprimentou e sentou na cadeira de frente para nós. — Então, Pavel, tenho sua primeira m
Alejandro Albeniz Fazia minha análise on-line, pedia para a Raquel que só fosse interrompido em caso de urgência. Falei tarde demais, pois Catalina entrou na minha sala ao mesmo tempo que eu falava com a secretária pelo telefone. Solicitei a ela silêncio, enquanto conversava com a psicóloga, era apenas vinte minutos, mais como uma apresentação de nós dois afinando a relação profissional e paciente, para no outro dia começar o tratamento.Sendo invasiva, Catalina veio até a minha mesa e na frente da tela do notebook, me deu um beijo rápido na boca, dando tchauzinho para a psicóloga, que respondeu simpática, em seguida, sentou na cadeira disponível em frente à minha mesa e esperou o tempo da consulta. Eu a todo tempo me senti constrangido, ainda mais quando a senhora Elizabeth, induzida pelas ações de Catalina, falava para eu me apoiar na minha linda “namorada” para vencer as barreiras da minha mente.Finalmente, a consulta inicial com a senhora Elizabeth chegou ao fim e pude voltar mi
Ximena Valverde O que eu estava fazendo? Me arrumando toda para sair com um cara que dizia gostar de mim em um dia e no outro, pedia privacidade com a noiva que insistia em dizer que terminou.Ele era um cafajeste e eu uma idiota!Me apeguei ao fato do jantar executivo, mentindo para mim mesma, me deixando levar pela lorota de Alejandro Albeniz. Para falarmos de negócios, não seria necessário dirigir por uma hora até um restaurante resorts, romântico, bucólico e com três estrelas Michelin.Mesmo tendo consciência de que tudo era uma maneira, um óbvio pretexto de Alejandro para ficarmos sozinhos, eu não via a hora dele chegar.Meu coração disparou assim que ouvi a buzina ressoar lá fora. — Mãe, diz ao Alejandro que já estou saindo. — Abri levemente a porta do quarto, pedindo à minha mãe, que estava na sala.Só faltava passar meus documentos para a carteira de mão. Ao sair, na sala, minha mãe encheu o meu ego.— Filha, você está linda!Já o meu pai…— Jantar de negócios? Sei… — disse
Alejandro Albeniz O vestido não colaborava para minha sanidade, um decote me dando a visão dos seios que tinham o tamanho certo, caberiam certinho na minha boca. A peça marcava a cintura fina com a saia mais solta, onde eu queria enfiar a minha mão por debaixo. Não consegui largar sua boca e tinha que me segurar para não assustar a mulher com meus desejos libidinosos. O aroma doce que emanava dela, me deixava mais inebriado e tonto de tesão.— Vamos ficar. — afastei minha boca da dela. — O bangalô daqui tem uma piscina térmica super relaxante. — e foi assim que eu cortei o clima.— Vocês, homens, são engraçados. — Ximena me empurrou de leve, me afastando. — Não podem ver uma mulher, que já pensam em sexo.— Não é uma mulher, como se servisse qualquer uma, eu desejo você. Apenas você.— Me leva para casa, por favor. — ela falou ríspida. Dessa vez, nem mesmo minha voz sussurrada ao pé do seu ouvido teve o efeito esperado.Apertei o botão da chave, destravando as portas, em seguida, ela
Ximena Valverde A gente saiu do heliporto em clima de romance, estávamos indo para o carro, quando o homem de traços angelicais e de olhar frio nos pegou no flagra. Soltei a mão de Alejandro rapidamente, não queria trazer problemas a ele, afinal, ele terminou recentemente com a entojada. Sem concordar comigo, de maneira afrontosa, ele jogou o braço sobre o meu ombro, me abraçando.— Faz tempo que não te vejo, Beto, bom dia!— Dia. — o tal Beto respondeu sem expressão.— Como estão as coisas por aqui? — Alejandro questionou.— Não tem recebido os relatórios? — Sim, mas estou perguntando a você. Quero saber de você.— Está tudo bem, assim como diz os relatórios. — falou com seu jeito robótico e saiu.E assim que o irmão dele saiu do nosso campo de visão, tirei seu braço do meu ombro.— Não foi certo o que fez.— Não devemos nada a ninguém, não há do que nos esconder.— Estamos em território da Granafly, tratamento impessoal, lembra? — ergui as sobrancelhas.— Sim e não. — ele fez um m
Alejandro Albeniz Tudo o que eu queria era ter acordado, tomado um banho, ficado um pouco à toa e só ter saído de casa para ir para o aeroporto. No entanto, para eu me ausentar por dois dias, de uma sexta-feita a uma segunda-feira, tinha que deixar tudo organizado. Eu cheguei super atrasado ao Hangar, eram 11h15. Procurei Ximena por tudo quanto foi lugar, depois pedi o registro de entrada e soube que ela não havia chegado, estava mais atrasada do que eu. Peguei o telefone e ligaria para ela, quando percebi muitas chamadas não atendidas. Meu telefone estava no silencioso. A mais insistente era kalima, a gestora de RH. Retornei a chamada em seguida e, sem muita demora, ela atendeu. — Alô!— Oi, Kalima, tive que ir no banco autorizar uma movimentação, acabei deixando o aparelho no silencioso.— Senhor Alejandro, minha dúvida é só para saber se eu mando o Iker Pavel no lugar da Ximena ou não.— Como? Aconteceu alguma coisa com a Ximena? — eu estava mais perdido do que cego em tiroteio
Ximena Valverde Pedi aos meus pais para ir embora, mas é claro que eles não fariam. Minha mãe me fez beber um dos seus chás poderosos e eu apaguei nem sei por quanto tempo. Levantei da cama, acreditando que eles já haviam ido para casa, mas ao sentir o aroma do refogado, sabia que ao menos minha mãe ainda estava aqui. Abri a porta do quarto e os dois estavam sentados na minha sala, assistindo TV. Era no mínimo inocente da minha parte pensar que as pessoas que me amavam, iriam embora e me deixariam no estado em que me encontrava. O meu quarto era bastante escuro, porque eu usava cortina blackout, foi só quando saí dele que me dei conta de que já era noite.— Se sente melhor, depois de conseguir dormir? — minha mãe perguntou e eu apenas fiz um sinal de positivo com a cabeça. — Vou arrumar algo para você comer.— Não precisa, mãe, realmente estou sem fome.Com ar de preocupação, minha mãe olhou para o meu pai e foi ele quem se dirigiu a mim dessa vez. — Senta aí, Ximena, vamos conver
Ximena ValverdeQuando minha mãe insistiu que eu fizesse meu casamento na Basília de San Juan Dios, eu achei um exagero fora do tom. Eu queria uma igreja simples e pequena, não essa exuberante, já na fachada decorada com obras de arte barroca e um monumental de entrada flanqueada por colunas salomônicas. Mas a verdade é que agora me sentia uma princesa, que iria encontrar seu príncipe, que a aguardava ansioso no altar.O motorista trajado como tal, abriu a porta e meu pai e eu descemos da limousine alugada. Meu vestido era o mais simples que consegui convencer a minha mãe a comprar, na verdade, mandamos fazer. Não queria anáguas, ficar parecendo um cupcake, mas da extensa grinalda não consegui fugir. Enquanto puxava metros de pano de dentro do veículo, vi meu irmão e minha mãe descerem as escadas à frente da basílica, eles chamaram meu pai em um canto e cochicharam algo não audível para mim.Já com a grinalda enrolada no braço, me aproximei, querendo saber o que eles falavam. — Volta