A fúria de Adrian era como um trovão silencioso, ressoando dentro dele. Seu lobo rosnava, inquieto, exigindo ação. Aquela mulher… ela não era nada para ele, e ainda assim, o cheiro de medo misturado à indignação que emanava dela atiçava seus instintos mais primitivos.
Justin segurava o pulso dela com força, e Adrian não precisava de mais nada para agir. Com um olhar, deu um comando mental para Tor. Seu Beta entendeu imediatamente. Movendo-se com precisão, ele esbarrou propositalmente em um garçom, derrubando algumas taças. O vidro estilhaçou no chão, e a confusão momentânea atraiu olhares e comentários. No instante seguinte, Adrian avançou. Seus passos eram controlados, predatórios. Ele não precisava erguer a voz para impor respeito. Sua presença já bastava. O ar parecia ficar mais pesado quando ele se colocou ao lado dos dois, os olhos verde-intensos brilhando sob as luzes suaves do salão. Justin ainda não havia percebido sua aproximação. — Cara, você não percebe que estamos no meio de uma conversa? — bufou, irritado, ainda segurando Eyla. Adrian apenas inclinou levemente a cabeça, avaliando-o como se fosse um inseto incômodo. Um pequeno sorriso curvou seus lábios, mas não havia humor ali. — Eu percebi. A questão é se você quer sair daqui inteiro ou não. A voz foi baixa, mas carregada de uma ameaça velada que fez o sangue de Justin gelar. O instinto humano dele gritou para recuar, mesmo que sua arrogância tentasse convencê-lo do contrário. Ele hesitou. E foi tudo que Adrian precisou. Com um simples movimento, Adrian tocou o pulso de Justin — não apertando, apenas o suficiente para que seus dedos se fechassem como aço ao redor da pele do homem. A diferença de força foi esmagadora. Justin arregalou os olhos ao sentir a pressão, e sua mão se abriu por reflexo, soltando Eyla. Ela recuou um passo, respirando fundo, o olhar indo de Justin para Adrian. O silêncio entre os três foi interrompido pelo murmúrio ao redor. O incidente com o garçom estava se resolvendo, e as atenções começavam a retornar ao salão. Eyla não esperou. Seu coração ainda martelava no peito, e ela sabia que não queria continuar ali. Furtivamente, girou nos calcanhares e seguiu em direção à saída. Antes de atravessar as portas, não resistiu e olhou para trás. Justin estava estático, os punhos cerrados, mas não dizia nada. O homem que a ajudara ainda estava ali, de costas para ela, a postura relaxada, mas letal. Mesmo de longe, Eyla sentiu a energia dele, um magnetismo estranho que a fez se questionar quem ele realmente era. E por que, de repente, ela sentia que aquele não era o último encontro dos dois. ---------------------------------------------- Do lado de fora, o ar fresco da noite trouxe alívio. Eyla respirou fundo, tentando afastar a tensão acumulada no corpo. Começou a caminhar, seus saltos ecoando contra a calçada. Enquanto passava por restaurantes e casais sorridentes, não pôde evitar o pensamento que a atormentava há tempos: quando seria sua vez de sentir algo real? Algo que não fosse uma relação vazia, uma rotina exaustiva, um futuro previsível? Mas seus pensamentos foram interrompidos por uma sensação. Algo estava errado. Era sutil no começo. Um arrepio na nuca. Um incômodo no estômago. Uma pulsação acelerada que não fazia sentido. Instintivamente, ela olhou ao redor. Pessoas caminhavam, carros passavam, mas… algo não se encaixava. Estava sendo observada. O desconforto cresceu. Ela tentou ignorar, tentou se convencer de que era apenas efeito do espumante ou do estresse daquela noite. Mas seus sentidos não mentiam. O instinto que sempre a protegia agora gritava em alerta. Engolindo em seco, apressou o passo. Pegou o metrô, misturando-se à multidão por segurança. Dentro do vagão, a sensação diminuiu, mas não desapareceu. A pressão de ser seguida ainda a acompanhava, como uma sombra persistente. Quando desceu na estação perto de casa e começou a caminhar pela rua silenciosa, percebeu que não estava sozinha. Seus passos ecoavam, mas havia outro som atrás dela. Passos. Firme, ritmado. Alguém estava seguindo-a. Seu coração disparou. Sem olhar para trás, Eyla acelerou. Tentou se convencer de que era paranoia, mas cada célula do seu corpo dizia o contrário. Algo estava à espreita. Algo estava prestes a acontecer. A adrenalina pulsava em suas veias, e a vontade de correr se misturava a um desejo inexplicável de enfrentar o desconhecido. Então, em um instante, Eyla decidiu. Ela não seria apenas uma vítima. Parou abruptamente e girou sobre os calcanhares, encarando a escuridão atrás dela. A rua estava vazia, mas a sensação de ser observada não a abandonava. Silêncio. Eyla respirou fundo, sentindo a adrenalina correr. Não estava sozinha nessa. O pensamento vagou para seu salvador daquele noite. Ela não sabia o que viria a seguir, mas estava pronta para lutar. E nada poderia prepará-la para o que viria a seguir.O coração de Eyla martelava em seu peito enquanto seus passos se aceleravam pelo asfalto frio da noite. O som de sapatos ecoando atrás dela confirmava o que já sabia: não era sua imaginação. Alguém a seguia.O ar fresco da noite parecia insuficiente para acalmá-la. Ela apertou a bolsa contra o corpo, o olhar fixo na calçada à sua frente. Virar-se e encarar quem quer que fosse parecia uma péssima ideia. Em vez disso, tentou aumentar o ritmo, forçando suas pernas a se moverem mais rápido.Mas os passos atrás dela também aceleraram.A adrenalina percorreu suas veias. Seu dom lhe dizia que a energia daquela presença não era comum. Era intensa, imponente, quase... selvagem.Eyla virou a esquina abruptamente, entrando em um beco iluminado apenas por uma única lâmpada pública piscando. Uma decisão irracional, talvez, mas precisava de um segundo para pensar. Encostou-se contra a parede de tijolos, prendendo a respiração.Silêncio.Por um instante, acreditou que tivesse despistado seu persegui
Capítulo 6: Ecos do DestinoO toque ainda queimava em suas peles, uma corrente invisível que os conectava de forma inegável. Eyla puxou a mão de volta, tentando disfarçar o impacto daquele simples gesto. Seu coração martelava no peito, como se tentasse avisá-la de que algo extraordinário havia acontecido.Adrian, por outro lado, manteve-se imóvel por um instante. Seu lobo rugia dentro dele, inquieto, impaciente, dizendo em sua mente para marcá-la ali mesmo. Ele jamais deveria ter permitido esse contato, mas agora era tarde demais. O vínculo já estava lá, pulsando entre os dois como um segredo ancestral.O silêncio entre eles se tornou pesado. Precisavam sair dali. Precisavam de um lugar onde pudessem, ao menos, fingir que nada disso era real. Adrian tomou a iniciativa.— Vamos tomar um café? — sua voz saiu mais rouca do que pretendia, como se estivesse lutando contra algo dentro de si, sabendo dentro dele que queria algo mais que um café, já sentia sua excitação crescer, e o cheiro de
O caminho até o apartamento de Eyla foi silencioso, mas o ar entre eles parecia eletrizado. A caminhada foi com uma calma calculada, enquanto Eyla tentava ignorar o calor que crescia dentro dela. Sua mente teimava em voltar para o olhar intenso dele, para a forma como sua presença era quase esmagadora.Quando chegaram, Eyla hesitou em sua porta. Sentia que, se cruzasse aquela porta, algo mudaria para sempre. Olhou para Adrian, e ele sustentou seu olhar com aquela intensidade avassaladora.— Quer subir? — ela perguntou, sem realmente pensar nas consequências.Adrian não respondeu de imediato. Apenas a estudou por um momento, e então assentiu. Eyla sentiu um arrepio percorrer sua espinha quando ele a seguiu até o apartamento. O silêncio entre eles agora era pesado, denso, carregado de algo novo e inexplorado.Assim que entraram, Eyla largou a bolsa no balcão e se virou para ele. O ar parecia rarefeito. Adrian estava parado ali, observando-a com um olhar que fazia seu coração martelar no
O sol começava a despontar no horizonte quando Adrian abriu os olhos. A luz suave atravessava as cortinas do apartamento de Eyla, projetando sombras delicadas nas paredes. Ele permaneceu deitado por alguns instantes, sentindo o calor do corpo dela junto ao seu. A noite passada fora intensa, e agora a realidade voltava a pressioná-lo com força.Eyla dormia profundamente ao seu lado, os cabelos espalhados pelo travesseiro, os lábios entreabertos em uma expressão de vulnerabilidade. Algo dentro dele se revirou ao observá-la. Ele não deveria estar ali. Não deveria ter permitido que aquilo acontecesse. Mas era tarde demais. O elo estava criado, mesmo que incompleto.O som insistente do celular vibrando na mesa de cabeceira quebrou o momento. Adrian esticou o braço e pegou o aparelho, vendo o nome de Tor na tela. Seu beta estava preocupado.— Adrian, onde diabos você está? — a voz de Tor veio rápida e carregada de urgência. — Você sumiu a noite inteira! Há movimentação estranha na alcateia,
A viagem de volta foi envolta em um silêncio pesado. Adrian mantinha os olhos fixos na estrada, enquanto Tor dirigia com uma expressão carregada. O beta respeitava o silêncio do alfa, mas sua preocupação era palpável. Conhecia Adrian há anos e sabia que algo estava diferente.— Vão te questionar — Tor quebrou finalmente o silêncio, seus olhos ainda na estrada. — Sua ausência gerou burburinho. Alguns estão desconfiados.Adrian apenas assentiu, sem desviar o olhar da paisagem que passava rapidamente. Ele sabia que sua posição exigia presença, força e decisão. E também que sua ligação com Eyla não passaria despercebida por muito tempo.Ao chegarem aos limites da propriedade da alcateia Sombra Azul, os guardas postados nos portões endureceram suas posturas ao avistar o alfa. Havia uma mistura de respeito e receio em seus olhares. Adrian não era somente temido; era uma lenda entre os seus.Assim que desceu do veículo, sentiu a energia carregada no ar. Os lobos estavam inquietos. Sabia que
O silêncio do apartamento de Eyla era quase ensurdecedor. A penumbra da manhã invadia o espaço através das cortinas semiabertas, projetando sombras suaves pelas paredes. Ela estava deitada, encarando o teto, imersa em um torpor estranho, como se seu corpo tivesse esquecido como se mover. O calor do corpo de Adrian ainda parecia impregnado em sua pele, mas ele não estava mais ali. Só o vazio restava.Ela fechou os olhos e inspirou fundo, tentando afastar o peso em seu peito. Mas a dor era real, quase física. Um aperto desconfortável, como se algo tivesse sido arrancado dela. “Por que dói tanto?”, sussurrou para si mesma. Nunca se permitira sentir tanto por alguém. Jamais deixara um homem atravessar suas barreiras internas, ocupar seus pensamentos de maneira tão completa. Mas Adrian... ele era diferente. Desde o primeiro olhar, desde aquele instante carregado de energia, algo dentro dela havia despertado. Algo antigo, quase instintivo. Como se sua alma o reconhecesse, mesmo sem entender
O arrepio que percorreu a espinha de Eyla não era um simples pressentimento. Era um alerta. Seu dom nunca falhava, e agora cada célula de seu corpo gritava que algo estava errado. Muito errado.Ela deu mais um passo para trás, se afastou da janela o quanto podia. Seu coração batia rápido, e sua respiração ficou rasa. Seus olhos se fixaram nas figuras que emergiam do beco, e logo percebeu que não era só uma. Três homens estavam parados do outro lado da rua, altos, imóveis, como predadores estudando sua presa. Um deles, com um sorriso debochado, ergueu a mão e soprou um beijo para ela. O gesto fez seu estômago revirar. Eles iriam ao seu encontro. O medo apertou seu peito, e seu instinto de fuga assumiu o controle.Se perguntando quem eram aqueles homens e o que queriam com ela, seu instinto de fuga assumiu o controle. Ela precisava sair dali. Agora.Agindo rápido, pegou seu celular e sua bolsa, movendo-se na ponta dos pés até a porta. Seu apartamento ficava no terceiro andar, e a única
Adrian sentiu um calafrio percorrer sua espinha. O peso da reunião com a alcateia ainda pairava sobre ele, mas, naquele instante, um sentimento mais urgente tomou conta de seu peito. Algo estava errado. Muito errado.Ele se afastou do salão principal, onde os olhares desconfiados de Vark e seus seguidores ainda podiam ser sentidos como lâminas cortando sua pele. Seu lobo estava inquieto, rosnando dentro dele, exigindo que fizesse algo. A ligação com Eyla pulsava, como um fio invisível puxando-o para longe dali.Tor, seu beta, o observava com um misto de preocupação e tensão.— Adrian? — chamou, vendo o Alfa levar uma das mãos à têmpora, cerrando os dentes. — O que foi?O Alfa levantou a cabeça, os olhos brilhando em um verde sobrenatural.— Ela está em perigo — rosnou.Tor não precisou perguntar quem. O tom de Adrian já dizia tudo. Ele apenas assentiu e seguiu quando o Alfa saiu a passos rápidos, quase correndo. O caminho até a saída da propriedade foi um borrão, e, ao chegar ao lado