O sol começava a despontar no horizonte quando Adrian abriu os olhos. A luz suave atravessava as cortinas do apartamento de Eyla, projetando sombras delicadas nas paredes. Ele permaneceu deitado por alguns instantes, sentindo o calor do corpo dela junto ao seu. A noite passada fora intensa, e agora a realidade voltava a pressioná-lo com força.Eyla dormia profundamente ao seu lado, os cabelos espalhados pelo travesseiro, os lábios entreabertos em uma expressão de vulnerabilidade. Algo dentro dele se revirou ao observá-la. Ele não deveria estar ali. Não deveria ter permitido que aquilo acontecesse. Mas era tarde demais. O elo estava criado, mesmo que incompleto.O som insistente do celular vibrando na mesa de cabeceira quebrou o momento. Adrian esticou o braço e pegou o aparelho, vendo o nome de Tor na tela. Seu beta estava preocupado.— Adrian, onde diabos você está? — a voz de Tor veio rápida e carregada de urgência. — Você sumiu a noite inteira! Há movimentação estranha na alcateia,
A viagem de volta foi envolta em um silêncio pesado. Adrian mantinha os olhos fixos na estrada, enquanto Tor dirigia com uma expressão carregada. O beta respeitava o silêncio do alfa, mas sua preocupação era palpável. Conhecia Adrian há anos e sabia que algo estava diferente.— Vão te questionar — Tor quebrou finalmente o silêncio, seus olhos ainda na estrada. — Sua ausência gerou burburinho. Alguns estão desconfiados.Adrian apenas assentiu, sem desviar o olhar da paisagem que passava rapidamente. Ele sabia que sua posição exigia presença, força e decisão. E também que sua ligação com Eyla não passaria despercebida por muito tempo.Ao chegarem aos limites da propriedade da alcateia Sombra Azul, os guardas postados nos portões endureceram suas posturas ao avistar o alfa. Havia uma mistura de respeito e receio em seus olhares. Adrian não era somente temido; era uma lenda entre os seus.Assim que desceu do veículo, sentiu a energia carregada no ar. Os lobos estavam inquietos. Sabia que
O silêncio do apartamento de Eyla era quase ensurdecedor. A penumbra da manhã invadia o espaço através das cortinas semiabertas, projetando sombras suaves pelas paredes. Ela estava deitada, encarando o teto, imersa em um torpor estranho, como se seu corpo tivesse esquecido como se mover. O calor do corpo de Adrian ainda parecia impregnado em sua pele, mas ele não estava mais ali. Só o vazio restava.Ela fechou os olhos e inspirou fundo, tentando afastar o peso em seu peito. Mas a dor era real, quase física. Um aperto desconfortável, como se algo tivesse sido arrancado dela. “Por que dói tanto?”, sussurrou para si mesma. Nunca se permitira sentir tanto por alguém. Jamais deixara um homem atravessar suas barreiras internas, ocupar seus pensamentos de maneira tão completa. Mas Adrian... ele era diferente. Desde o primeiro olhar, desde aquele instante carregado de energia, algo dentro dela havia despertado. Algo antigo, quase instintivo. Como se sua alma o reconhecesse, mesmo sem entender
O arrepio que percorreu a espinha de Eyla não era um simples pressentimento. Era um alerta. Seu dom nunca falhava, e agora cada célula de seu corpo gritava que algo estava errado. Muito errado.Ela deu mais um passo para trás, se afastou da janela o quanto podia. Seu coração batia rápido, e sua respiração ficou rasa. Seus olhos se fixaram nas figuras que emergiam do beco, e logo percebeu que não era só uma. Três homens estavam parados do outro lado da rua, altos, imóveis, como predadores estudando sua presa. Um deles, com um sorriso debochado, ergueu a mão e soprou um beijo para ela. O gesto fez seu estômago revirar. Eles iriam ao seu encontro. O medo apertou seu peito, e seu instinto de fuga assumiu o controle.Se perguntando quem eram aqueles homens e o que queriam com ela, seu instinto de fuga assumiu o controle. Ela precisava sair dali. Agora.Agindo rápido, pegou seu celular e sua bolsa, movendo-se na ponta dos pés até a porta. Seu apartamento ficava no terceiro andar, e a única
Adrian sentiu um calafrio percorrer sua espinha. O peso da reunião com a alcateia ainda pairava sobre ele, mas, naquele instante, um sentimento mais urgente tomou conta de seu peito. Algo estava errado. Muito errado.Ele se afastou do salão principal, onde os olhares desconfiados de Vark e seus seguidores ainda podiam ser sentidos como lâminas cortando sua pele. Seu lobo estava inquieto, rosnando dentro dele, exigindo que fizesse algo. A ligação com Eyla pulsava, como um fio invisível puxando-o para longe dali.Tor, seu beta, o observava com um misto de preocupação e tensão.— Adrian? — chamou, vendo o Alfa levar uma das mãos à têmpora, cerrando os dentes. — O que foi?O Alfa levantou a cabeça, os olhos brilhando em um verde sobrenatural.— Ela está em perigo — rosnou.Tor não precisou perguntar quem. O tom de Adrian já dizia tudo. Ele apenas assentiu e seguiu quando o Alfa saiu a passos rápidos, quase correndo. O caminho até a saída da propriedade foi um borrão, e, ao chegar ao lado
Adrian sentia o gosto amargo da raiva em sua boca enquanto observava os covardes de sua alcateia fugirem por suas vidas. Seu lobo ainda estava à flor da pele, exigindo punição, exigindo sangue. Mas naquele instante, seu olhar caiu sobre Eyla, e tudo dentro dele mudou.Ela não estava olhando para ele com alívio. Não estava sequer agradecida por sua chegada. Seus olhos estavam arregalados, cheios de terror. Então, do fundo de sua garganta, saiu um grito agudo, tão alto que quase deixou Adrian e Tor surdos, ressoando pelas paredes do beco como uma sirene de desespero. Era o som estridente e longo, do pânico que transbordava. E, antes que ele pudesse processar, ela se virou com um grunhido de desgosto e satisfação, como se aquela fuga fosse a libertação. Então, saiu correndo. Correu com a coragem, com os passos trôpegos, mas decididos de alguém que se recusava a ser presa novamente.Adrian piscou, confuso. Correu? Para longe dele?Tor se aproximou em sua forma humana, ainda arfando da cor
Eyla sentia o coração martelar contra o peito, cada batida ecoando como um tambor de guerra dentro dela. Sua mente se recusava a aceitar o que via. Aquele brilho translúcido ao redor deles, aquele ar que parecia vibrar com uma energia desconhecida... aquilo não era normal. Nada daquilo era normal.— O que está acontecendo? — sua voz saiu entrecortada, quase um sussurro de desespero.Adrian a observava atentamente. Sua expressão era sombria, mas havia um resquício de algo mais profundo em seus olhos dourados. Algo que a fazia tremer não só de medo, mas de algo que ela não queria admitir.— Vou te contar a verdade — ele disse, sua voz grave cortando o silêncio e cautelosa. — Mas você precisa se acalmar.— Me acalmar? — Eyla riu, um som curto e amargo. — Tem alguma coisa errada comigo? Porque estou vendo coisas, Adrian! Eu vi... Você me deu alguma coisa ou algo assim?Ela parou, sua mente tropeçando nas palavras. Não eram coisas. Eram lobos. Lobos gigantes. Olhos brilhantes. Presas afiad
O ar ao redor deles parecia vibrar, carregado com a intensidade do que havia sido dito. O coração de Eyla ainda martelava no peito, e seus pensamentos corriam desenfreados, tentando encontrar uma saída lógica para aquilo tudo. Mas não havia lógica. Aquela era verdades impossíveis.Ela apertou os braços ao redor do próprio corpo, como se pudesse se proteger das palavras de Adrian.— Reivindicar? O que isso significa? — sua voz saiu trêmula, mas firme.Adrian a olhou com um peso nos olhos verdes e brilhando em dourados, algo que fazia sua pele formigar. Ele estava tenso, o maxilar travado, e parecia escolher bem as palavras antes de respondê-la.— Significa que, se eu marcar você, se o vínculo entre nós se completar, nossas almas vão se completar e unir... o véu cairá. O mundo mudará para sempre.Eyla piscou, tentando processar a gravidade daquilo. Sentiu o peso do destino ser depositado em seus ombros, sem que ela tivesse escolha. Seu peito subia e descia rapidamente, a respiração desc