O coração de Eyla martelava em seu peito enquanto seus passos se aceleravam pelo asfalto frio da noite. O som de sapatos ecoando atrás dela confirmava o que já sabia: não era sua imaginação. Alguém a seguia.
O ar fresco da noite parecia insuficiente para acalmá-la. Ela apertou a bolsa contra o corpo, o olhar fixo na calçada à sua frente. Virar-se e encarar quem quer que fosse parecia uma péssima ideia. Em vez disso, tentou aumentar o ritmo, forçando suas pernas a se moverem mais rápido. Mas os passos atrás dela também aceleraram. A adrenalina percorreu suas veias. Seu dom lhe dizia que a energia daquela presença não era comum. Era intensa, imponente, quase... selvagem. Eyla virou a esquina abruptamente, entrando em um beco iluminado apenas por uma única lâmpada pública piscando. Uma decisão irracional, talvez, mas precisava de um segundo para pensar. Encostou-se contra a parede de tijolos, prendendo a respiração. Silêncio. Por um instante, acreditou que tivesse despistado seu perseguidor. Então, uma sombra se destacou da escuridão. Alto. Postura relaxada, mas carregada de um poder latente. Os olhos verdes brilharam na penumbra, cravando-se nela com uma intensidade que fez seu corpo inteiro reagir. A energia dele era esmagadora, um misto de autoridade e perigo. Ela não precisou perguntar quem ele era. O homem da festa. O estranho que interveio quando Justin tentou dominá-la. — Eu sabia que você não me deixaria ir tão facilmente — sua voz saiu mais firme do que esperava, mas seu coração batia descontrolado. Ele deu um passo à frente, e ela sentiu o calor que emanava dele. Algo nele gritava perigo, mas, ao mesmo tempo, fazia seu corpo inteiro se arrepiar de uma forma que nunca sentira antes. — Eu não estava te seguindo — ele disse, a voz baixa e carregada de algo que ela não soube definir. — Eu estava te protegendo. Eyla estreitou os olhos. — Protegendo? De quem? A expressão dele se tornou sombria. Os olhos, antes apenas penetrantes, agora carregavam uma promessa velada de violência. — De coisas que você ainda não conhece. O ar entre eles pareceu se eletrizar. Eyla sentiu seu instinto gritar para fugir, mas também para ficar. Esse homem... ele não era apenas diferente. Ele era perigoso. Ele era um mistério que, de alguma forma, estava ligado ao dela. E, naquele momento, ela soube: sua vida nunca mais seria a mesma. Adrian deu um passo ainda mais próximo, e Eyla percebeu que, por mais que quisesse recuar, algo dentro dela não deixava. Como se sua própria essência reconhecesse aquele homem de alguma forma que sua mente ainda não compreendia. — Você não deveria estar aqui sozinha — ele continuou, a voz carregada de uma autoridade que a fez prender a respiração. — Eu consigo me cuidar — ela rebateu, tentando manter a compostura, mas sua voz vacilou levemente. Adrian soltou um pequeno sorriso, como se já esperasse aquela resposta. Seus olhos brilharam por um instante, e Eyla sentiu uma estranha onda de calor percorrer seu corpo. Não era só atração. Era algo mais profundo, algo que despertava em seu âmago um sentimento desconhecido, mas não indesejado. — Espero que sim — ele murmurou, desviando o olhar por um instante para além dela, como se estivesse atento a algo mais. Então, voltou a encará-la com intensidade. — Mas, se precisar, eu estarei por perto. Eyla ficou confusa por um momento. Não conhecia aquele homem, então por que ele parecia tão familiar? E por que ele estava ali, atrás dela? Seus olhos se prenderam aos dele, como se procurassem respostas naquele olhar verde hipnotizante. Ela sentiu um arrepio percorrer sua pele, um instinto profundo lhe dizendo que esse encontro era mais do que uma coincidência. Sem perceber, sua boca já formava as palavras antes mesmo que sua mente acompanhasse: — Eu te conheço de algum lugar? Será que estudamos na mesma escola? Qual o seu nome? Adrian, pego de surpresa, hesitou por um breve instante. Ele não esperava que ela fizesse perguntas diretas, muito menos que sentisse essa conexão. Dentro dele, algo se agitava – um sentimento inquietante, misturado à certeza de que aquele momento mudaria tudo. Por um instante, flashes da profecia invadiram sua mente. “Se um alfa se vincular a um humano, o véu entre os mundos cairá.” Ele sabia que precisava manter distância, que deveria ignorar o que sentia. Mas ali estava ela, diante dele, e seu lobo rugia dentro de si, exigindo que a protegesse, que a reivindicasse. Adrian engoliu em seco antes de finalmente responder, sua voz grave e carregada de um peso que ela não compreendia. — Adrian. Meu nome é Adrian. Eyla sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao ouvir aquele nome. Algo dentro dela sussurrou que esse encontro era apenas o começo de algo muito maior – algo que mudaria suas vidas para sempre. Nesse momento, Eyla sorriu. E tudo foi por água abaixo. Adrian perdeu o ar, o chão, foi como se flutuasse em nuvens com aquele sorriso. Ele soube ali que ela seria sua perdição... e seu destino. Eyla, por sua vez, estendeu a mão e se apresentou, sentindo-se um pouco louca por se apresentar a um homem que aparentemente a seguia no meio da noite. Mas, por algum motivo inexplicável, ela se sentia segura. — Meu nome é Eyla, prazer em conhecê-lo. Você tem um nome muito bonito — disse, mas, em sua mente, sabia que não era só o nome que a atraía. Choque. Foi o que aconteceu quando suas mãos se tocaram. O ar pareceu parar por um momento, como se o céu e a terra houvessem suspendido seu movimento. Dentro dela, algo mudou. Como se, finalmente, tivesse encontrado o que sempre esteve esperando. E o que aconteceu a seguir mudaria tudo o que ambos acreditavam até ali.Capítulo 6: Ecos do DestinoO toque ainda queimava em suas peles, uma corrente invisível que os conectava de forma inegável. Eyla puxou a mão de volta, tentando disfarçar o impacto daquele simples gesto. Seu coração martelava no peito, como se tentasse avisá-la de que algo extraordinário havia acontecido.Adrian, por outro lado, manteve-se imóvel por um instante. Seu lobo rugia dentro dele, inquieto, impaciente, dizendo em sua mente para marcá-la ali mesmo. Ele jamais deveria ter permitido esse contato, mas agora era tarde demais. O vínculo já estava lá, pulsando entre os dois como um segredo ancestral.O silêncio entre eles se tornou pesado. Precisavam sair dali. Precisavam de um lugar onde pudessem, ao menos, fingir que nada disso era real. Adrian tomou a iniciativa.— Vamos tomar um café? — sua voz saiu mais rouca do que pretendia, como se estivesse lutando contra algo dentro de si, sabendo dentro dele que queria algo mais que um café, já sentia sua excitação crescer, e o cheiro de
O caminho até o apartamento de Eyla foi silencioso, mas o ar entre eles parecia eletrizado. A caminhada foi com uma calma calculada, enquanto Eyla tentava ignorar o calor que crescia dentro dela. Sua mente teimava em voltar para o olhar intenso dele, para a forma como sua presença era quase esmagadora.Quando chegaram, Eyla hesitou em sua porta. Sentia que, se cruzasse aquela porta, algo mudaria para sempre. Olhou para Adrian, e ele sustentou seu olhar com aquela intensidade avassaladora.— Quer subir? — ela perguntou, sem realmente pensar nas consequências.Adrian não respondeu de imediato. Apenas a estudou por um momento, e então assentiu. Eyla sentiu um arrepio percorrer sua espinha quando ele a seguiu até o apartamento. O silêncio entre eles agora era pesado, denso, carregado de algo novo e inexplorado.Assim que entraram, Eyla largou a bolsa no balcão e se virou para ele. O ar parecia rarefeito. Adrian estava parado ali, observando-a com um olhar que fazia seu coração martelar no
O sol começava a despontar no horizonte quando Adrian abriu os olhos. A luz suave atravessava as cortinas do apartamento de Eyla, projetando sombras delicadas nas paredes. Ele permaneceu deitado por alguns instantes, sentindo o calor do corpo dela junto ao seu. A noite passada fora intensa, e agora a realidade voltava a pressioná-lo com força.Eyla dormia profundamente ao seu lado, os cabelos espalhados pelo travesseiro, os lábios entreabertos em uma expressão de vulnerabilidade. Algo dentro dele se revirou ao observá-la. Ele não deveria estar ali. Não deveria ter permitido que aquilo acontecesse. Mas era tarde demais. O elo estava criado, mesmo que incompleto.O som insistente do celular vibrando na mesa de cabeceira quebrou o momento. Adrian esticou o braço e pegou o aparelho, vendo o nome de Tor na tela. Seu beta estava preocupado.— Adrian, onde diabos você está? — a voz de Tor veio rápida e carregada de urgência. — Você sumiu a noite inteira! Há movimentação estranha na alcateia,
A viagem de volta foi envolta em um silêncio pesado. Adrian mantinha os olhos fixos na estrada, enquanto Tor dirigia com uma expressão carregada. O beta respeitava o silêncio do alfa, mas sua preocupação era palpável. Conhecia Adrian há anos e sabia que algo estava diferente.— Vão te questionar — Tor quebrou finalmente o silêncio, seus olhos ainda na estrada. — Sua ausência gerou burburinho. Alguns estão desconfiados.Adrian apenas assentiu, sem desviar o olhar da paisagem que passava rapidamente. Ele sabia que sua posição exigia presença, força e decisão. E também que sua ligação com Eyla não passaria despercebida por muito tempo.Ao chegarem aos limites da propriedade da alcateia Sombra Azul, os guardas postados nos portões endureceram suas posturas ao avistar o alfa. Havia uma mistura de respeito e receio em seus olhares. Adrian não era somente temido; era uma lenda entre os seus.Assim que desceu do veículo, sentiu a energia carregada no ar. Os lobos estavam inquietos. Sabia que
O silêncio do apartamento de Eyla era quase ensurdecedor. A penumbra da manhã invadia o espaço através das cortinas semiabertas, projetando sombras suaves pelas paredes. Ela estava deitada, encarando o teto, imersa em um torpor estranho, como se seu corpo tivesse esquecido como se mover. O calor do corpo de Adrian ainda parecia impregnado em sua pele, mas ele não estava mais ali. Só o vazio restava.Ela fechou os olhos e inspirou fundo, tentando afastar o peso em seu peito. Mas a dor era real, quase física. Um aperto desconfortável, como se algo tivesse sido arrancado dela. “Por que dói tanto?”, sussurrou para si mesma. Nunca se permitira sentir tanto por alguém. Jamais deixara um homem atravessar suas barreiras internas, ocupar seus pensamentos de maneira tão completa. Mas Adrian... ele era diferente. Desde o primeiro olhar, desde aquele instante carregado de energia, algo dentro dela havia despertado. Algo antigo, quase instintivo. Como se sua alma o reconhecesse, mesmo sem entender
O arrepio que percorreu a espinha de Eyla não era um simples pressentimento. Era um alerta. Seu dom nunca falhava, e agora cada célula de seu corpo gritava que algo estava errado. Muito errado.Ela deu mais um passo para trás, se afastou da janela o quanto podia. Seu coração batia rápido, e sua respiração ficou rasa. Seus olhos se fixaram nas figuras que emergiam do beco, e logo percebeu que não era só uma. Três homens estavam parados do outro lado da rua, altos, imóveis, como predadores estudando sua presa. Um deles, com um sorriso debochado, ergueu a mão e soprou um beijo para ela. O gesto fez seu estômago revirar. Eles iriam ao seu encontro. O medo apertou seu peito, e seu instinto de fuga assumiu o controle.Se perguntando quem eram aqueles homens e o que queriam com ela, seu instinto de fuga assumiu o controle. Ela precisava sair dali. Agora.Agindo rápido, pegou seu celular e sua bolsa, movendo-se na ponta dos pés até a porta. Seu apartamento ficava no terceiro andar, e a única
Adrian sentiu um calafrio percorrer sua espinha. O peso da reunião com a alcateia ainda pairava sobre ele, mas, naquele instante, um sentimento mais urgente tomou conta de seu peito. Algo estava errado. Muito errado.Ele se afastou do salão principal, onde os olhares desconfiados de Vark e seus seguidores ainda podiam ser sentidos como lâminas cortando sua pele. Seu lobo estava inquieto, rosnando dentro dele, exigindo que fizesse algo. A ligação com Eyla pulsava, como um fio invisível puxando-o para longe dali.Tor, seu beta, o observava com um misto de preocupação e tensão.— Adrian? — chamou, vendo o Alfa levar uma das mãos à têmpora, cerrando os dentes. — O que foi?O Alfa levantou a cabeça, os olhos brilhando em um verde sobrenatural.— Ela está em perigo — rosnou.Tor não precisou perguntar quem. O tom de Adrian já dizia tudo. Ele apenas assentiu e seguiu quando o Alfa saiu a passos rápidos, quase correndo. O caminho até a saída da propriedade foi um borrão, e, ao chegar ao lado
Adrian sentia o gosto amargo da raiva em sua boca enquanto observava os covardes de sua alcateia fugirem por suas vidas. Seu lobo ainda estava à flor da pele, exigindo punição, exigindo sangue. Mas naquele instante, seu olhar caiu sobre Eyla, e tudo dentro dele mudou.Ela não estava olhando para ele com alívio. Não estava sequer agradecida por sua chegada. Seus olhos estavam arregalados, cheios de terror. Então, do fundo de sua garganta, saiu um grito agudo, tão alto que quase deixou Adrian e Tor surdos, ressoando pelas paredes do beco como uma sirene de desespero. Era o som estridente e longo, do pânico que transbordava. E, antes que ele pudesse processar, ela se virou com um grunhido de desgosto e satisfação, como se aquela fuga fosse a libertação. Então, saiu correndo. Correu com a coragem, com os passos trôpegos, mas decididos de alguém que se recusava a ser presa novamente.Adrian piscou, confuso. Correu? Para longe dele?Tor se aproximou em sua forma humana, ainda arfando da cor