O horário avançou e eu me ocupei em preparar alguns pratos e ajudar em outros. Fizemos frango assado em pequenas trouxinhas de massa de lasanha, massa que eu mesmo fazia; cupim assado no forno regado ao molho madeira; macarrão ao molho branco e colocamos os pratos mais comuns como arroz e feijão; muita gente não deixava passar uma refeição sem esses dois. Tinha ainda dois tipos de salada e alguns aperitivos.Quando me permiti sair da cozinha foi para encontrar a morena de cabelos curtíssimos e sorriso enorme na porta.Ela acenava pra mim através das portas de vidro em seus saltos, como se a altura dela não fosse suficiente, os shorts pretos deixando a mostra os metros de perna.— A porta está sempre aberta. — murmurei sorrindo para ela quando abri.— É por isso que te roubaram. — ela brincou me fazendo gargalhar com ela.Débora sem dúvida era o tipo de pessoa que deixava qualquer clima alegre, bastava ela chegar no lugar que ninguém ficaria muito tempo sem um sorriso.— Vem entra!— E
— Eu gostei dela. — foi a primeira coisa que minha mãe falou assim que desceu do carro.Tínhamos chegado em casa depois de passar a tarde no restaurante. Will já estava capotado no banco de trás do carro, cansado de correr, pular e rodopiar pelo salão.Mas eu suspeitava que isso tinha algo a ver com o leite especial que Maria tinha preparado para ele. Os dois juraram segredo, ela ainda acrescentou que só quem tivesse uma identidade secreta poderia saber.Will adorou toda a bajulação, como se não tivesse isso em grande escala. Fazer o que se o garoto tinha herdado a lábia do pai?Apesar da bagunça que fizemos no seu restaurante, delicado e aconchegante, ela manteve o sorriso no rosto a tarde toda. Se não gostou de algo sabia esconder muito bem. Não se importou com o rock quase estrondando as paredes do restaurante, e sim gritou, riu, puxou minha mãe para a bagunça. Enquanto eu assistia tudo do meu canto.Não voltamos no assunto do beijo, mas eu podia ver seus olhares furtivos vez ou ou
Ela falou com toda a confiança que eu adorava, me ignorando cinicamente e mantendo os olhos no bar, com certeza já tinha avaliado a mercadoria e gostado do que viu, do contrário não teria feito sua jogada.— O que te faz pensar que eu preciso de companhia? — diante de minha fala a mulher se virou para mim, batendo os cílios longos com um sorriso preguiçoso crescendo em seus lábios.— Um homem com essa aparência de macho alfa, bebendo sozinho em plena segunda, só pode estar procurando uma companhia. — ela era boa, muito boa. O elogio de macho alfa não me passou despercebido e eu me perguntei até onde ela estaria disposta a ir essa noite. — Agora pode pedir para o seu amigo me servir uma dose daquele uísque caro ali. — disse exalando determinação.Uma unha vermelha deslizou sobre os lábios finos antes de apontar para garrafa exposta na parede ao fundo. Bruno se aproximou esquadrinhando a mulher de cima a baixo, se detendo tempo de mais em seu decote, o vestido preto justo deixava bem ev
Fazia quatro dias desde o almoço, já era quinta-feira e espantem-se eu tinha visto Miguel a grande quantia de nenhuma vez! Isso mesmo nenhuma vez! Quer dizer, a gente trabalha de frente um pro outro, quais as chances universo? Eu já deveria ter visto o homem pelo menos uma vez por acidente!Nossos horários malucos eram os responsáveis por esse desencontro medonho.Eu fazia a linha egípcia, mas no dia que Deb pediu comida no restaurante eu mesma fui até lá levar, com a maior desculpa do mundo que era só para vê-la e tentei inutilmente esquadrinhar o lugar em busca do homem, mas aparentemente ele não estava ali.Não sabia exatamente o porquê queria ver o bendito homem, mas todo dia eu me via olhando para o outro lado da rua a procura dele.— Você vai continuar aí até quando? — Denise me assustou chegando de supetão por trás de mim.Eu estava novamente distraída no balcão olhando para o bar e fui pega no pulo pela minha outra cozinheira.— O que aconteceu? — me fiz de desentendida.— O q
Eu tinha tido um verdadeiro dia de cão, brigando com médicos no hospital, irritado com toda a demora em tirar um raio-x, minha mãe com dor e precisando ser atendida. Tudo havia sido um borrão a partir do momento que recebi a ligação, dizendo que ela havia caído e se machucado, não consegui nem reparar em nada, só sabia que precisava de alguém para ficar com Will.A ideia de deixar Maria cuidar do meu filho não tinha me passado pela cabeça de primeira, só depois que todas as minhas opções se esgotaram foi que eu vi a fachada do restaurante ainda acesa e corri até lá com esperança, mas aparentemente tinha sido a melhor coisa que já fiz em anos. Meu garoto até mesmo dormiu com ela.E então ali estava Maria, na minha frente, usando um vestido azul soltinho e cheio de flores, ela estava descalça, os cabelos cacheados soltos emoldurando seu rosto, os olhos brilhantes em minha direção, assim como o sorriso largo, que aparentemente estava sempre grudado em seus lábios.Ah, aqueles lábios! Não
Tinha sido uma manhã estranha, no mínimo diferente e completamente fora da minha rotina. Acordei com braços fortes me rodeando, me abraçando apertado contra um corpo grande e quente. Não precisava me virar para ver o belo rosto, mas eu queria muito admirar por um pouco mais de tempo o homem que tinha me deixado queimando de desejo com apenas um toque.Me virei dentro de seus braços e ele apenas moveu o braço me dando espaço para mudar de posição, mas sem nunca acordar, nem mesmo abriu os olhos ao fazê-lo, parecendo acostumado de mais com aquela situação.Encarei diante dos meus olhos o rosto sereno adormecido, os cabelos dourados brilhando ainda mais diante da luz que entrava pela fresta da janela, a barba cheia emoldurando os lábios, escondendo boa parte daquela boca deliciosa.Me dava uma vontade imensa de segurar com força seus cabelos e devorar aqueles lábios, mas me contive e continuei minha analise, o peito descoberto subia e descia, calmo em seu sono, as tatuagens bem intrincad
Eu sai da casa de Maria naquela manhã pensando em tudo o que tinha acontecido, ela não era uma mulher que eu tive uma noite quente e nos despedimos no dia seguinte como pessoas adultas, nem tínhamos transado ao menos e eu ficava por ai sentindo esses choques estranhos toda vez que nos tocávamos.Mas as coisas iam além disso, meu filho estava se envolvendo e eu precisava estabelecer uma linha aqui, não queria Will se apegando a alguém se ela não planejava ficar por muito tempo em minha vida. O garoto sentia falta de uma mãe e isso não era segredo para ninguém, mas a última coisa que eu desejava era que ele se machucasse quando visse que Maria não seria nada do que uma amiga.Quando chegamos em casa a algazarra e barulheira era possível ser ouvida mesmo com o ronco da moto. Ontem quando deixei mamãe em casa, Brutos já tinha vindo ajudar com sua mãe, mas agora era possível ver que boa parte da família estava ali. Alguns já fuçavam mexendo nos armários e no fogão, outros conversavam no qu
Não perdi um minuto, peguei as chaves já pulando da cadeira.— Onde você vai? — ouvi alguém gritar atrás de mim e o pensamento que se formou em minha mente foi:— Maria precisa de mim!Não ousei pronunciar aquilo em voz alta, mas deixei que as palavras assentassem em meu cérebro e talvez até se aconchegassem, enquanto eu visualizava seu rosto machucado como no outro dia e mesmo assim a boca esperta pronta pra me fazer rir e os olhos brilhantes em minha direção.Voei nas ruas e quando cheguei na rua avistei de longe a viatura e o tumultuo na porta do Cantina da Nena. Estacionei de mau jeito em frente ao bar e corri abrindo caminho entre as pessoas.Meus olhos já estavam sobre ela antes mesmo que eu a alcançasse, esquadrinhando procurando por machucados, quando a alcancei a envolvi em meu braço direito e beijei seus cabelos.Foi como se aquele movimento fosse a coisa mais comum para nós, e não como se fossemos duas pessoas que compartilharam alguns momentos, bem intensos, mas poucos. Me