Eu não conseguia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo, a primeira vez que tinha me apaixonado e era simplesmente trocada.— Muito obrigada destino! — gritei dentro do carro parada em um maldito trânsito.Eu já não me importava em controlar as lágrimas, quanto mais eu pensava mais me odiava, não conseguia entender como eu tinha sido tão burra. Entreguei meu coração para um babaca, o único homem que me fez sentir algo além de tesão, me trocou por alguém do seu passado.Soquei o volante querendo socar a cara dele, mas não daria esse gostinho a Miguel, não deixaria que ele visse o quanto tinha me afetado me chutando daquele jeito.Como se o universo quisesse rir da minha desgraça, a voz de Vanessa da Mata invadiu o carro cantando Amado. Só podia ser uma piada do universo, ter que ouvir aquela letra pior com ela cantando sendo que eu já tinha escutado com ele.“Como pode ser gostar de alguémE esse tal alguém não ser seu”Senti um sufoco tomar conta do meu peito, quase me impe
Eu estava vivendo um grande inferno que já durava duas semanas e algo me dizia que duraria muito mais. Ver Maria ir embora e ter que aguentar, dizendo a mim mesmo que era para o bem dela, estava me consumindo. Cada vez que Will perguntava o porquê não podia vê-la ou quando ele não conseguia dormir por sentir falta dela, meu peito se apertava mais.Definitivamente eu detestava o pai dela, queria matá-lo, se eu não soubesse que Maria ficaria mal em saber o que o pai fez, ou por descobrir que ele não nos apoiava como ela havia pensado.— Não acredito que você ainda está com essa cara fechada? — minha mãe questionou quando eu entrei na cozinha. — Tem que melhorar essa cara Miguel, ou resolver seus problemas, ninguém aguenta mais ver você assim.Abri um sorriso forçado e peguei uma cerveja na geladeira, não me importava que tivesse acabado de acordar, tinha bebido tanto na noite passada que já não fazia diferença a essa altura.— Pronto, sorrindo pra vocês.A família toda estava reunida no
O motor da moto parou bem em frente a minha casa e por mais que meu coração idiota esperasse que fosse Miguel, eu sabia que era o Brutos, com a notícia que tinha para me dar.Eu não deveria ter ficado tão interessada em saber o porque Miguel tinha terminado comigo, mas depois de descobrir da gravidez eu tinha que saber, isso poderia mudar tudo para melhor ou pior, eu poderia odiá-lo de vez ou dar uma segunda chance a ele.— Veio bem rápido. — falei quando abri a porta esperando que ele descesse da moto e entrasse em casa.— Temos que resolver isso o quanto antes, não aguento mais ver Miguel enfiado no Devil’s toda a noite, com a ara emburrada e afastando todas as garotas.A última parte me surpreendeu, eu acreditava que a essa altura Miguel já teria pegado mil mulheres diferentes, ou estivesse curtindo a mulher por quem tinha me trocado.— E só por isso você quer que eu aceite o babaca de volta? Vai ter que ser um bom motivo para as coisas saírem como você quer.— E é, pode perguntar
Era mais uma noite no Devil’s Head, o bar estava lotado mesmo que fosse uma segunda a noite, as groupies que cercavam os caras do clube estavam sempre por ali, fazendo o lugar sempre estar em festa.Mas pra mim era apenas mais uma noite de merda, tentando me esquecer de Maria me afundando no fundo de uma garrafa, mesmo sabendo que não adiantaria de nada, bastava uma pequena coisa para me lembrar dela.O Devil’s era o único lugar onde eu não tinha criado uma memória com ela, talvez por isso eu estivesse passando tanto tempo ali.— Onde Brutos foi que não o vi reclamando até agora? — perguntei a um dos caras que estava no bar, estava precisando de distração e Brutos era ótimo pra isso.— Ele saiu ainda era cedo, não tenho ideia onde ele foi.— Talvez só esteja cansado dessa sua cara feia. — Denis exclamou chegando por trás de mim e me chacoalhando pelos ombros.— Duvido muito, ele já está acostumado com a sua. — empurrei o idiota, mas quando me levantei soube que seria como uma interven
A reação de Miguel foi bem melhor do que eu esperava, não imaginei que ele ia reagir daquele jeito em saber que seria pai mais uma vez, mas eu não podia ter ficado mais feliz. Ele conseguiu o perdão bem rapidinho depois de se ajoelhar daquele jeito. Todos nos deram os parabéns, uma confusão de abraços, sorrisos, xingamentos, a bagunça de sempre só que com muito mais gente. Um por um todos foram saindo, levando a comemoração para dentro do bar, Brutos foi o último a ficar. — Acho bom você tratar de andar na linha com ela de agora em diante, não vai querer que ela quebre sua cara inteira novamente. — Com toda a certeza e especialmente agora com as mudanças de humor que estão por vim. — Miguel falou sorrindo e envolvendo minha cintura com as mãos. — Depois da forma como enfrentou seus pais hoje, eu espero que as coisas deem certo entre vocês! — Brutos disse dando um tapinha no ombro de Miguel, antes de sair de vez. Com toda certeza ia dar certo, eu tinha uma sensação boa sobre isso.
Miguel epilogo— Boa noite filhão. — murmurei dando um beijo nos cabelos de Will, mas antes que me afastasse ele se virou sonolento.— Papai, terminamos o quadro. — ele resmungou antes de voltar a dormir.Brutos e Will tinham inventado de fazer um quadro para a nova integrante da família, os dois passaram a semana toda focados nisso e deixando todos de fora.Acariciei os cabelos dele mais uma vez e o cobri melhor antes de sair.Entrei no nosso quarto por volta das duas da manhã, mesmo sendo um sábado a noite o que me faria chegar em casa apenas pela manhã depois fechar o bar, eu estava mudando esse horário e passando mais tempo em casa com Will e Maria, ansioso para a chegada da nossa princesinha.Ela estava dormindo profundamente e mesmo sobre o lençol eu conseguia ver a curva grande da barriga. Nove meses já e a nossa menininha estava enorme, o que deixava a mãe dela completamente louca, porque não via a hora do parto.Tomei um banho rápido, coloquei uma cueca box e voltei para cama
Você já se apaixonou? Sabe aquele tipo de amor que parece transcender tudo? Que não importa quantos altos e baixos aconteça, basta você avistar ele que tudo parece valer a pena?Eu já! Minha grande paixão é cozinhar. Aprendi desde cedo a fazer o básico observando minha vó, dona Nice, ela me deixava lá no cantinho da cozinha onde eu não poderia atrapalhar e às vezes me deixava mexer uma coisa ou outra. O tempo foi passando, eu fui crescendo e cada vez mais ela ia me delegando tarefas, até que qualquer almoço, comemoração em família estávamos nós duas na cozinha trabalhando juntas.Mas meu pai nunca aceitou que cozinhar fosse uma profissão boa.— Faça uma carreira ele! — sempre dizia.E foi por esse motivo que me formei em contabilidade, com o peito apertado querendo estar em uma cozinha me dediquei aos livros e os estudos que o deixariam orgulhoso.Conquistei meu espaço, uma trabalho bom onde poderia crescer, mas nada me tirava o gostinho de aos finais de semana correr pra casa deles e
A polícia já havia colhido nossos depoimentos e levado os homens, as câmeras do restaurante ajudariam com tudo, não ia ser nada difícil provar o que aconteceu aqui, mesmo que eu tenha certeza que todos que verem aquelas imagens iriam ter um grande show de stand up.Peguei minhas coisas dentro do restaurante, pronta para partir pra casa, mas aceitei seu convite, talvez um pouco de álcool me fizesse bem depois de toda essa loucura.Assim que adentramos o bar a gritaria e calor humano nos atingiu. Havias pessoas levantando suas bebidas em nossa direção e outras dando tapinhas nas nossas costas e rindo alto.— Garota você é corajosa viu. Bate aqui! — disse uma mulher erguendo a mão, onde eu bati sem nem mesmo a conhecer.— Eu sempre digo, nunca mexa com as baixinhas! — um homem passou ao meu lado me jogando uma piscadela com um sorriso enorme.— Ei, eu não sou tão baixinha. — reclamei, mas ele já tinha se afastado.Sim eu era baixinha, um e cinquenta e seis em uma terra de mulheres de um