Sarah esboçou um leve sorriso com o intuito de ser cordial, entretanto recebeu apenas frieza de seu irmão. Permaneceram se olhando por alguns minutos a mais ate Leon, pigarrear, despertando-os.
–Creio que seja melhor entrarem – Henry tornou com a voz que tanto era desconhecida por Sarah. Ao dar passagem para os convidados deixou-se inebriar pelo perfume de flores que exalava de sua irmã. Fechou a porta após suspirar fortemente. Voltou a sua atenção para a sua irmã e o advogado dela. – Por favor, sigam em frente e sentem-se. Vou pegar um pouco de café, querem? – ambos negaram com um aceno de cabeça, enquanto Henry lhes deixava sozinhos.
–Vocês não são muito parecidos – Leon comentou assim que Henry os deixou sozinhos – nem na aparência e muito menos na personalidade.
–É o que costumam dizer – murmurou ao caminhar em direção a sala de estar. Caminhou pelo curto corredor ate chegar em um cômodo todo branco com amplas janelas, onde próximo da janela principal havia um grande sofá. Ela se pegou imaginando como seria sentar naquele sofá e olhar para as arvores cobertas de neve. Saiu de seus devaneios ao escutar passos logo atrás de si. Virou-se lentamente deparando-se com Henry a encarando friamente a medida que levava a xícara aos lábios. Em silencio, ela se voltou para Leon, sentando-se ao seu lado no sofá.
–Leon, não é? – Henry tornou de maneira profissional – espero que a viagem tenha ocorrido bem. Viajar do Texas para aqui é cansativo.
–Um pouco sim, mas foi necessário. Não poderia deixá-la viajar sozinha – disse ao olhar para Sarah com carinho.
–Entendo – murmurou ao observá-lo atentamente – então explique-me novamente o que disse do lado de fora. Eu devo ter entendido algo errado.
–Pelo contrário, fui muito direto com minhas palavras – abriu a sua pasta, entregando alguns documentos para Henry – isso explica tudo.
Henry pousou a sua xícara na mesinha mais próxima e ao pegar os papeis, empalideceu, pois o primeiro era o atestado de óbito de Cortez. Olhou para Sarah e apenas enxergou solidão. Prosseguiu a sua leitura, e sem perceber começou a andar pela sala à medida que analisava todos os documentos. Um estranho costume que adquiriu com o passar dos anos. Ele sabia que diante daquela situação nada poderia fazer, e logo percebera que as palavras do advogado não poderiam ser as mais corretas. Sarah a partir daquele dia estaria legalmente ligada a ele.
–Compreendo – Henry disse após a leitura – veio ate mim para que seja responsável legal por ela. Pelo que vi se dão bem, porque não cuida dela? Apenas o necessário e se precisar de algo, bastará me enviar algum documento e eu assinarei. Acredito que isto será benéfico para ambos.
–Me perdoe, Senhor Clark, mas isso não é possível – Leon disse incrédulo – Não posso tomar a custodia dela e o senhor não pode ser responsável legal estando em outro continente.
–Assino alguma declaração para que seja responsável por ela. Eu mesmo o reembolsarei por todos os gastos e, claro lhe darei uma boa gratificação pelo seu desempenho.
–Senhor Clark, isso...
–Eu disse que era desnecessário virmos – Sarah se pronunciou pela primeira vez atraindo a atenção dos dois homens. Virou-se para Leon com o semblante sério – Eu nunca precisei dele durante estes anos e não é agora que vou precisar. Vamos embora, vou lhe esperar lá fora. E obrigada por ter nos recebido – disse ao olhar para Henry, o qual apenas a encarava em silêncio. Com o semblante fechado, Sarah se dirigiu para saída sem olhar para trás uma vez sequer.
–Então não deseja ser o responsável dela? – Leon indagou pela ultima vez recebendo como resposta o silêncio e o frio olhar do homem a sua frente – Muito bem, mandarei alguns documentos para que assine abdicando desta posição, eu me encarregarei de encontrar um lar para ela.
–Um lar? Cortez não deixou nenhuma casa para ela?
–Deixou, mas infelizmente ela é menor de idade. A mandarei para alguns lares provisórios pelo período de um ano quando completará a maior idade. – Leon se levantou e apenas vislumbrou em Henry um homem confuso sobre suas próprias razões. – Foi um prazer conhecê-lo, Senhor Clark – tornou formal ao ir em direção a saída.
–Espere – Henry gritou sabendo que se arrependeria no segundo seguinte – eu serei o responsável.
–Tem certeza?
–Sim, eu tenho – confirmou com segurança, algo que em seu intimo estava longe de sentir. – Deixo para que dê a noticia a ela, e em seguida peça para ela entrar. Temos algumas coisas a falar antes da mudança. – Leon assentiu deixando transparecer o alivio que sentira. Caminhou rapidamente para a saída, talvez com receio de que Henry mudasse de ideia. Encontrou Sarah em pé, próxima a uma arvore encostada na cerca branca da casa – Ele aceitou.
–Como? – indagou incrédula – eu estava ali dentro e..
–Sua opinião mudou. Ele deve ter ficado em choque.
–Isso não é possível.
–É sim – assentiu ao colocar a mão no ombro dela – entre, ele quer acertar alguns detalhes contigo.
–Como alguém pode mudar de opinião tão rapidamente? – se perguntou ao olhar para o advogado que apenas sorria. Sem nada dizer, olhou para a casa antes de tomar fôlego e ir confrontá-lo. Ela não desejava ser aceita como um fardo para um irmão que nunca se importou com ela. Ao entrar na casa parou abrupta ao ver o seu irmão encostado na parede do corredor a esperando – Porque mudou? Ninguém esta lhe forçando para que aceite.
–Eu sei que não – falou ao observá-la – mas ainda assim irei aceitar.
–Não vai me convencer de que não há algum desejo seu por trás disso.
–Não há.
–Eu sei que há.
–Então continue acreditando no que desejar – tornou frio ao passar a mão pelos seus cabelos –Eu moro nesta casa, mas costumo viajar com frequência. Sou um diplomata especializado em resolução de problemas. Por isso, não espere ficar atrás de mim, pois sou ocupado. – a viu encará-lo friamente a medida que ele falava – Há inúmeros quartos nesta casa basta escolher um. Poderá escolher entre retornar ao Texas com seu advogado e retornar no final de semana ou permanecer logo aqui, e m****r suas coisas aos poucos pelo seu advogado. A escolha é sua.
–Prefiro ir hoje.
–Muito bem – foi ate uma mesa de cedro, abriu uma gaveta, pegou um bloco de papel anotando alguns números e a entregou – este é o numero do meu celular, o numero do meu telefone do Consulado e outros números em que pode me encontrar. Nunca perca este papel, pois é de extrema importância. Entendeu? – a viu assentiu contra a sua vontade – Quer conhecer a casa agora? – indagou frio e a viu negar – muito bem, lhe espero para o final de semana então.
Sarah apenas assentiu ao amassar o papel que ele lhe entregara. Virou-se de costas não demorando para distanciar-se de sua casa.
–Vai ser um longo ano – Henry murmurou para si mesmo ao pegar o aparelho celular em seu bolso e discar para um numero – Sim, sou eu. Max ajude-me a adiar todas as viagens o máximo possível. Sim, ocorreu um imprevisto, mas não precisa se preocupar. Até lá – despediu-se e ao desligar caminhou para fora de casa, onde admirou a arvore que outrora era alvo de admiração de sua irmã.
***
Por todo o caminho feito ate o hotel, Sarah nada disse apenas permaneceu silenciosa como estava acostumada a fazer. Leon já estava acostumado, entretanto percebeu uma inquietação nela.–Esta tudo bem em morar com ele? – Leon indagou preocupado – podemos arranjar alguma outra coisa.
–Esta tudo bem. Tudo vai acabar logo – falou misteriosa ao olhar pela janela do taxi.
–Vocês...não se dão bem? – Leon indagou curioso, pois aquela era a primeira vez em que lidava com um problema familiar. Ele já havia escutado algumas histórias sobre aquela família, entretanto não sabia onde começava a mentira e terminava a verdade.
–Você se daria bem com um estranho? – ela perguntou sem encará-lo – pois é assim que me sinto ao lado dele.
–Isso é porque vocês não possuem muito contato. Logo isso acabará.
–Nada é tão fácil.
–Nós apenas que complicamos – sorriu após suspirar. – mas se tiver problemas basta me ligar que farei o possível para vir lhe ajudar. Esta bem?
Sarah assentiu ainda inebriada pela paisagem. Incapaz e sem vontade de falar sobre seu passado, fechou os olhos desejando que aquele ano passasse o mais rápido possível.
O Consulado Inglês encontrava-se atribulado diante dos novos problemas que surgiam a cada instante. Entretanto um dos diplomatas encontrava-se pensativa sentado na sala de reunião, a qual debatia sobre como os problemas na Coréia do Norte poderiam afetá-los, o modo como as guerras civis poderia afetar os diplomatas que lá residiam. Todos comentavam dos problemas e como resolver ate o Ministro da Segunda Classe, Evan Tristan, parar de falar e olhar para Henry.–Henry Clark, qual seu parecer? – indagou deixando os demais atônitos.–Acredito que devemos intervir no âmago da questão – Henry ponderou ao ajeitar-se na cadeira. Apesar de estar alheio ao que fora informada na reunião, não era um tolo para não saber como agir diante de tais circunstancias – Acredito que na Coreia do Norte devemos, primeiramente, entrar em contato com o responsável no consulado e ap&oac
O vento frio criava uma atmosfera nostálgica quando Max abriu a porta para Sarah e a deixou sozinha na casa de Henry, ela permaneceu parada no corredor ate tomar coragem para seguir em frente. Optou por deixar as suas malas em um canto ate a chegada de seu irmão. Indecisa sobre o que fazer naquela situação se decidiu após alguns minutos, estagnada na entrada, a conhecer o lugar onde ficaria por um ano. Hesitou antes de começar a caminhar pelos cômodos tão frios quanto o vento. Caminhou pela cozinha,a qual encontrava-se impecável apesar de seu tamanho. Algo que ela estranhou em relação as casas no Texas. Aos poucos sua indecisão cedeu lugar a curiosidade. Ela sabia o quão frio Henry era, mas ainda assim estranhara não encontrar nenhuma foto de sua mãe. Passou a mão pelo corrimão antes de subir as escadas, lentamente. Lembrou-se de um filme que assistira quando crian&c
As mãos de Sarah ainda tremiam a medida que sua mente tentava entender o que as fotos encontradas significavam. Já se passara horas desde que terminara de arrumar a casa e agora pegava-se pensando em Henry, seu meio irmão, pois se deu conta que nada sabia sobre ele. Durante muito tempo apenas atormentou-se por achar ser a razão de seu desaparecimento da família, pois ele sumiu assim que ela começou a crescer dando-lhe a sensação de ser a culpada ainda mais pelo modo frio com que a tratava sempre quando eram crianças. Uma vez, ela se recordava de estarem brincando juntos quando ela pegou em sua mão, ele apenas se afastou dela o mais rápido que conseguiu.–Se ele me odiava tanto porque as fotos? – se perguntou ao deitar na cama olhando para o teto branco. Sem perceber aos poucos seus olhos fecharam-se, lentamente, fazendo com que adormecesse em poucos minutos.Henry depositou a sua c
9 anos atrásA casa de dois andares próxima a praia na Flórida sempre fez com que Henry olhasse para seus pais com gratidão por tê-lo criado bem, mas quando tinha oito anos, seus pais se separaram, sua mãe logo encontrou outro marido não demorando para engravidar dele, lhe dando uma irmã. Henry encontrava-se com 12 anos de idade quando se virá observando Sarah com curiosidade. Ela ainda era uma criança que sorria para todos sem distinção de nada. A medida que o tempo passava, a obsessão dele em observá-la apenas aumentou.Após completar 18 anos em uma manhã típica ensolarada na Flórida, Henry levantou-se da cama exibindo seu corpo desnudo. Levantou-se e ao olhar para o espelho buscava sinais que o diferenciassem de Sarah. Fixou a sua atenção na cor dos olhos, sorrindo levemente em seguida.–Isso deveria
Sarah suspirou entediada ao olhar pela janela da sala para o lado de fora. Por mais que a sua solidão no Texas fosse grande após a morte de seu pai, ela ainda teria o seu cavalo para cavalgar sem destino como acostumara-se a fazer. Olhou para o relógio percebendo o tempo em que ficaria sozinha na casa. Fechou os olhos por alguns segundos, mas ao abri-los sorriu. Correu ate o seu quarto onde pegou um casaco saindo da casa rapidamente em seguida. Desde que chegou em Londres, ela malmente havia saído. Apertou o casaco contra o seu corpo ao sentir o vento frio passar por si.–Acho que nunca irei me acostumar com esse clima – disse a si mesma ao caminhar a passos lentos pelo quarteirão. A medida que caminhava, avistava os vizinhos felizes, sorrindo um para o outro ao mesmo tempo em que ignorava a sua presença, pois para eles, ela não passava de uma invasora de território e uma estranha. –Sinto falta de casa
Nem Sarah ou Henry se moveram apesar deles saberem que já estava na hora de afastar seus corpos. Henry ainda podia sentir o corpo de sua irmã gelado próximo ao seu, sentiu o aroma dos seus cabelos assim como o aroma de seu corpo que exalava dando-lhe uma sensação de nostalgia.–Eu.. – Sarah murmurou inquieta com o abraço demorado entre eles, pois ao mesmo tempo em que sentia-se bem, sentia um incomodo diante daquela situação.–Me perdoe – Henry murmurou ao afastar-se dela sem jeito. A encarou e encontrou vergonha em seus olhos – “Ela ficou envergonhada com meu abraço?”pensou surpreso – Onde estava? Porque não me avisou que..–Não tinha como avisá-lo alem do mais, não me parece ser o tipo de irmão que se preocupe comigo. Pelo menos nunca demonstrou – rebateu ao encará-lo imaginando cons
Sarah piscou incontáveis vezes afim de distinguir o que estava diante de si. Olhou sem nada dizer ou atreveu-se a se mover, apenas permaneceu deitada encarando Henry, o seu irmão. Em seus olhos a culpa estava instalada, entretanto Sarah não percebeu este sentimento, pois indagou-se sobre o que havia presenciado. “Eu..estava sonhando? Se foi um sonho.. porque meus lábios estão quente?”se perguntou ao encará-lo vendo-o ficar sem jeito, erguendo-se do chão rapidamente, virando de costas. Ele já estava saindo da sala quando a voz dela o assustou.–Precisamos conversar – Sarah tornou séria sem perceber o terror que passou-se diante do olhar de Henry. Ele se voltou para ela o mais sério que conseguiu e assentiu em silencio. Em sua mente já imaginara diversas desculpas para lhe dar, mas nenhuma lhe pareceu satisfatória.–Eu posso explicar – el
A expressão deslumbrada de Sarah conseguiu tirar um sorriso sincero e sem culpa de Henry que a cada instante encantava-se ainda mais pela sua irmã. Assim que o avião pousou na Bolívia, eles se dirigiram para o consulado mais próximo e em seguida para o hotel que fora designado para Henry, entretanto ao chegar percebeu que não havia comentado com Max sobre Sarah ter um quarto para si.–Sinto senhor, mas estamos lotados – a recepcionista tornou amigável surpresa com o modo frio do homem a sua frente.–Nenhum? E em outros hotéis?–Será difícil. Há um evento na cidade – esclareceu sem graça ao olhar rapidamente para a jovem ao lado do homem. – Mas podemos enviar uma cama extra para o quarto. Uma cama de armar.–Esta bem – Henry disse após pensar – Mande para o quarto e enquanto isso vamos nos acomodar – virou-s