Nem Sarah ou Henry se moveram apesar deles saberem que já estava na hora de afastar seus corpos. Henry ainda podia sentir o corpo de sua irmã gelado próximo ao seu, sentiu o aroma dos seus cabelos assim como o aroma de seu corpo que exalava dando-lhe uma sensação de nostalgia.
–Eu.. – Sarah murmurou inquieta com o abraço demorado entre eles, pois ao mesmo tempo em que sentia-se bem, sentia um incomodo diante daquela situação.
–Me perdoe – Henry murmurou ao afastar-se dela sem jeito. A encarou e encontrou vergonha em seus olhos – “Ela ficou envergonhada com meu abraço?” pensou surpreso – Onde estava? Porque não me avisou que..
–Não tinha como avisá-lo alem do mais, não me parece ser o tipo de irmão que se preocupe comigo. Pelo menos nunca demonstrou – rebateu ao encará-lo imaginando cons
Sarah piscou incontáveis vezes afim de distinguir o que estava diante de si. Olhou sem nada dizer ou atreveu-se a se mover, apenas permaneceu deitada encarando Henry, o seu irmão. Em seus olhos a culpa estava instalada, entretanto Sarah não percebeu este sentimento, pois indagou-se sobre o que havia presenciado. “Eu..estava sonhando? Se foi um sonho.. porque meus lábios estão quente?”se perguntou ao encará-lo vendo-o ficar sem jeito, erguendo-se do chão rapidamente, virando de costas. Ele já estava saindo da sala quando a voz dela o assustou.–Precisamos conversar – Sarah tornou séria sem perceber o terror que passou-se diante do olhar de Henry. Ele se voltou para ela o mais sério que conseguiu e assentiu em silencio. Em sua mente já imaginara diversas desculpas para lhe dar, mas nenhuma lhe pareceu satisfatória.–Eu posso explicar – el
A expressão deslumbrada de Sarah conseguiu tirar um sorriso sincero e sem culpa de Henry que a cada instante encantava-se ainda mais pela sua irmã. Assim que o avião pousou na Bolívia, eles se dirigiram para o consulado mais próximo e em seguida para o hotel que fora designado para Henry, entretanto ao chegar percebeu que não havia comentado com Max sobre Sarah ter um quarto para si.–Sinto senhor, mas estamos lotados – a recepcionista tornou amigável surpresa com o modo frio do homem a sua frente.–Nenhum? E em outros hotéis?–Será difícil. Há um evento na cidade – esclareceu sem graça ao olhar rapidamente para a jovem ao lado do homem. – Mas podemos enviar uma cama extra para o quarto. Uma cama de armar.–Esta bem – Henry disse após pensar – Mande para o quarto e enquanto isso vamos nos acomodar – virou-s
O quarto do hotel em que Henry e Sarah encontravam-se hospedados possuía uma aura resplandecente de perigo. Assim que ele abriu a porta, deixando sua irmã passar em sua frente, sentiu-se um leão, faminto, preso em sua jaula acompanhado com cinco pessoas. Ele sabia que por mais que resistisse, uma hora atacaria eles, e seu temor era que fizesse isso com a sua irmã.–Pode voltar. Eu preciso me deitar um pouco – Sarah disse ao ver Henry retirar a sua carteira do bolso.–Ficarei aqui, meu único motivo de sair foi acompanhá-la – tornou gentil ao encará-la – Esta doendo algo?–Não – negou sentindo mal por estar enganando quando ele começara a ser gentil com ela. –Estou apenas cansada.–Estava animada.–Eu... – o olhou com a culpa transbordando pelos seus poros – me desculpe, mas.. eu não estava me sentindo mal.
Henry caminhava sem rumo pela cidade. Por mais que ele desejasse voltar e contar toda a verdade a Sarah, não conseguia. Ele sabia que o que sentia era errado e não queria que ela sofresse da mesma forma que ele estava sofrendo agora. Angustiado parou em frente a uma igreja, e sorriu.–Se eu entrar meus pecados serão redimidos? – se perguntou ao subir as escadas, ao passar pela porta encontrou a igreja vazia e silenciosa. Aproximou-se do altar, e olhou para a imagem de uma santa. – O que eu sou? – perguntou em voz alta, não percebendo o padre parado próximo a si – Porque eu me tornei assim?–Os desígnios de Deus, talvez – o Padre respondeu com a voz calma, atraindo a atenção de Henry. – Eu escutei sem querer, peço desculpas, meu filho.–Um padre, é realmente atormentador – murmurou ao olhar para o Padre sem expressão.&nd
As horas se arrastaram ate Henry perceber o quão tarde estava e retornar para o hotel. Ele passou horas caminhando mantendo a sua mente na imagem de sua irmã. Imaginando-a deitada ao seu lado com apenas o lençol cobrindo o seu corpo. Recriminou mais uma vez antes de se atormentar com o que estava sentindo. Seu coração batia descompassado ao parar em frente ao seu quarto. Por mais que pensasse apenas o desprezo de Sarah vinha em sua mente como resposta ao seu comportamento.–Não posso esperar nada dela que não seja isso – falou a si mesmo ao segurar a maçaneta. Ao girá-la obteve uma surpresa. Sarah encontrava-se deitada na poltrona próxima a porta com os olhos fechados. Fechou a porta atrás de si e aproximou-se dela com cuidado. Ficou parado em sua frente com o semblante entristecido ao perceber o quanto ela não confiava nele. – Uma poltrona desconfortável deve ser melh
Henry mantinha a sua expressão impassível ao caminhar ao lado de Jules, mas em seu intimo temia por Sarah. Temia que a insanidade de Jules o fizesse voltar a atacar as mulheres, e em especial Sarah. Seus olhos passavam pelo saguão do hotel em busca de algo que o fizesse temer aquela missão que havia aceitado em um momento de loucura, pois agora sentia esperanças de ter a sua amada ao seu lado sem mentir novamente. Sem correr dela ou sem fingir que a odiava. Ele poderia falar a verdade quantas vezes precisasse e ainda assim poderia fazê-la amá-lo como ele a amava.–Preocupado com alguma coisa? – Jules indagou calmamente enquanto observava todo o lugar com tranquilidade. Algo que ele havia aprendido em seus anos como assassino era de conhecer cada pessoa que estava em um ambiente, e ele tinha certeza que ninguém ali representava uma ameaça a eles.–Não, e o senhor?–Obvio
Sarah suspirou pela quinquagésima vez desde que deixou o hotel para vagar pela cidade. Ficar presa em um quarto, a espera de seu irmão não lhe ajudava a clarear as ideias, as quais estavam cada vez mais nebulosas. Passou por inúmeras pessoas, incluindo diversos casais e por algum motivo se viu em cada uma das mulheres apaixonadas que riam para os seus namorados, com a exceção que ela não tinha ninguém. Não importava para aonde olhava, ela se via em cada mulher com o olhar apaixonado e contra a sua vontade, e bom senso, via Henry em todos os homens que acompanhavam as mulheres. Assustada com o rumo de seus pensamentos tentou pensar em algo diferente, mas se viu recordando das palavras dele, e da forma como se beijaram. A cada segundo, Sarah estava inebriada por ele. “Ele é meu irmão.. meu irmão”pensou com força ao andar pelas ruas sem rumo. Parou em frente a uma loja,
A casa de Henry estava mais fria do que ele se lembrava ao abrir a porta com Sarah ao seu lado. Tudo estava escuro, as cortinas fechadas e nada do que ele falasse iria diminuir a tensão do momento. Consciente do olhar de Sarah em suas costas, ele ignorou o quanto conseguiu ate ir para a sala e abrir as cortinas deixando a luz do sol entrar no cômodo. Olhou para atrás avistando Sarah parada, sem jeito o olhando.–Vou descansar um pouco – Henry avisou ao ir para as escadas tentando controlar a sua vontade de tê-la em seus braços. Subiu cada lance de escadas como se estivesse testando seus próprios limites. Sarah manteve seus olhos no homem que se afastava rapidamente de si, e suspirou ao constatar o quanto seria confuso morar com ele a partir de agora. Suspirou ao vê-lo sumir e em seguida se pegou indo pela escada e parando no segundo andar. Foi ate o seu quarto, e antes de se deitar se viu trancando a porta.***<