A expressão deslumbrada de Sarah conseguiu tirar um sorriso sincero e sem culpa de Henry que a cada instante encantava-se ainda mais pela sua irmã. Assim que o avião pousou na Bolívia, eles se dirigiram para o consulado mais próximo e em seguida para o hotel que fora designado para Henry, entretanto ao chegar percebeu que não havia comentado com Max sobre Sarah ter um quarto para si.
–Sinto senhor, mas estamos lotados – a recepcionista tornou amigável surpresa com o modo frio do homem a sua frente.
–Nenhum? E em outros hotéis?
–Será difícil. Há um evento na cidade – esclareceu sem graça ao olhar rapidamente para a jovem ao lado do homem. – Mas podemos enviar uma cama extra para o quarto. Uma cama de armar.
–Esta bem – Henry disse após pensar – Mande para o quarto e enquanto isso vamos nos acomodar – virou-s
O quarto do hotel em que Henry e Sarah encontravam-se hospedados possuía uma aura resplandecente de perigo. Assim que ele abriu a porta, deixando sua irmã passar em sua frente, sentiu-se um leão, faminto, preso em sua jaula acompanhado com cinco pessoas. Ele sabia que por mais que resistisse, uma hora atacaria eles, e seu temor era que fizesse isso com a sua irmã.–Pode voltar. Eu preciso me deitar um pouco – Sarah disse ao ver Henry retirar a sua carteira do bolso.–Ficarei aqui, meu único motivo de sair foi acompanhá-la – tornou gentil ao encará-la – Esta doendo algo?–Não – negou sentindo mal por estar enganando quando ele começara a ser gentil com ela. –Estou apenas cansada.–Estava animada.–Eu... – o olhou com a culpa transbordando pelos seus poros – me desculpe, mas.. eu não estava me sentindo mal.
Henry caminhava sem rumo pela cidade. Por mais que ele desejasse voltar e contar toda a verdade a Sarah, não conseguia. Ele sabia que o que sentia era errado e não queria que ela sofresse da mesma forma que ele estava sofrendo agora. Angustiado parou em frente a uma igreja, e sorriu.–Se eu entrar meus pecados serão redimidos? – se perguntou ao subir as escadas, ao passar pela porta encontrou a igreja vazia e silenciosa. Aproximou-se do altar, e olhou para a imagem de uma santa. – O que eu sou? – perguntou em voz alta, não percebendo o padre parado próximo a si – Porque eu me tornei assim?–Os desígnios de Deus, talvez – o Padre respondeu com a voz calma, atraindo a atenção de Henry. – Eu escutei sem querer, peço desculpas, meu filho.–Um padre, é realmente atormentador – murmurou ao olhar para o Padre sem expressão.&nd
As horas se arrastaram ate Henry perceber o quão tarde estava e retornar para o hotel. Ele passou horas caminhando mantendo a sua mente na imagem de sua irmã. Imaginando-a deitada ao seu lado com apenas o lençol cobrindo o seu corpo. Recriminou mais uma vez antes de se atormentar com o que estava sentindo. Seu coração batia descompassado ao parar em frente ao seu quarto. Por mais que pensasse apenas o desprezo de Sarah vinha em sua mente como resposta ao seu comportamento.–Não posso esperar nada dela que não seja isso – falou a si mesmo ao segurar a maçaneta. Ao girá-la obteve uma surpresa. Sarah encontrava-se deitada na poltrona próxima a porta com os olhos fechados. Fechou a porta atrás de si e aproximou-se dela com cuidado. Ficou parado em sua frente com o semblante entristecido ao perceber o quanto ela não confiava nele. – Uma poltrona desconfortável deve ser melh
Henry mantinha a sua expressão impassível ao caminhar ao lado de Jules, mas em seu intimo temia por Sarah. Temia que a insanidade de Jules o fizesse voltar a atacar as mulheres, e em especial Sarah. Seus olhos passavam pelo saguão do hotel em busca de algo que o fizesse temer aquela missão que havia aceitado em um momento de loucura, pois agora sentia esperanças de ter a sua amada ao seu lado sem mentir novamente. Sem correr dela ou sem fingir que a odiava. Ele poderia falar a verdade quantas vezes precisasse e ainda assim poderia fazê-la amá-lo como ele a amava.–Preocupado com alguma coisa? – Jules indagou calmamente enquanto observava todo o lugar com tranquilidade. Algo que ele havia aprendido em seus anos como assassino era de conhecer cada pessoa que estava em um ambiente, e ele tinha certeza que ninguém ali representava uma ameaça a eles.–Não, e o senhor?–Obvio
Sarah suspirou pela quinquagésima vez desde que deixou o hotel para vagar pela cidade. Ficar presa em um quarto, a espera de seu irmão não lhe ajudava a clarear as ideias, as quais estavam cada vez mais nebulosas. Passou por inúmeras pessoas, incluindo diversos casais e por algum motivo se viu em cada uma das mulheres apaixonadas que riam para os seus namorados, com a exceção que ela não tinha ninguém. Não importava para aonde olhava, ela se via em cada mulher com o olhar apaixonado e contra a sua vontade, e bom senso, via Henry em todos os homens que acompanhavam as mulheres. Assustada com o rumo de seus pensamentos tentou pensar em algo diferente, mas se viu recordando das palavras dele, e da forma como se beijaram. A cada segundo, Sarah estava inebriada por ele. “Ele é meu irmão.. meu irmão”pensou com força ao andar pelas ruas sem rumo. Parou em frente a uma loja,
A casa de Henry estava mais fria do que ele se lembrava ao abrir a porta com Sarah ao seu lado. Tudo estava escuro, as cortinas fechadas e nada do que ele falasse iria diminuir a tensão do momento. Consciente do olhar de Sarah em suas costas, ele ignorou o quanto conseguiu ate ir para a sala e abrir as cortinas deixando a luz do sol entrar no cômodo. Olhou para atrás avistando Sarah parada, sem jeito o olhando.–Vou descansar um pouco – Henry avisou ao ir para as escadas tentando controlar a sua vontade de tê-la em seus braços. Subiu cada lance de escadas como se estivesse testando seus próprios limites. Sarah manteve seus olhos no homem que se afastava rapidamente de si, e suspirou ao constatar o quanto seria confuso morar com ele a partir de agora. Suspirou ao vê-lo sumir e em seguida se pegou indo pela escada e parando no segundo andar. Foi ate o seu quarto, e antes de se deitar se viu trancando a porta.***<
Por mais corrido que fosse trabalhar no consulado inglês, Sarah se adaptou rapidamente sempre observando, secretamente e cuidadosamente, o seu irmão. Naqueles dois dias em que era sua secretaria pode perceber suas manias, seu modo tirano de falar com as pessoas e a sua compaixão que demonstrava ao ajudar as outras pessoas. Ela jamais teria conhecido aquele lado dele se não tivesse trabalhando ao seu lado. Os papeis que carregava consigo enquanto andava pelo andar em que seu irmão trabalhava não pesava nada, mas o semblante de Sarah era doloroso. A sua frente Henry estava conversando exibindo um sorriso contagiante para a mulher morena que apoiava a mão em seu ombro. Ela sabia que deveria se sentir feliz por vê-lo daquela forma, mas a única coisa que conseguia sentir era o seu coração apertado. Suspirou antes de balançar a cabeça negativamente e seguir para o lado oposto aonde ele estava. Refugio
A voz doce e suave de Sarah ainda soava na mente tumultuada de Henry. Sua irmã encontrava-se sentada do lado de fora do escritório trabalhando, enquanto ele mantinha toda a sua atenção concentrada no que ela lhe dissera mais cedo. Sarah enfim começara a ceder a ele. Começava a cair de amor por ele, apesar disto Henry não se sentia feliz pelo que tinha conseguido. Dois sentimentos brigavam em seu interior: a felicidade e a culpa duelavam em busca de um vencedor. A cada segundo que passava ao lado de Sarah, Henry sentia a felicidade brotar em seu coração e a culpa assolar a sua mente. Ele se atormentava por imaginá-la sofrendo da mesma forma que ele. Sofrendo por verpecadono que acontecia entre eles. A angustia o corrompia ao se ver tão próximo a ela e tão longe. Inquieto, levantou de sua cadeira e saiu de sua sala apenas para vê-la. Sarah mantinha a sua concentra&cced