O Consulado Inglês encontrava-se atribulado diante dos novos problemas que surgiam a cada instante. Entretanto um dos diplomatas encontrava-se pensativa sentado na sala de reunião, a qual debatia sobre como os problemas na Coréia do Norte poderiam afetá-los, o modo como as guerras civis poderia afetar os diplomatas que lá residiam. Todos comentavam dos problemas e como resolver ate o Ministro da Segunda Classe, Evan Tristan, parar de falar e olhar para Henry.
–Henry Clark, qual seu parecer? – indagou deixando os demais atônitos.
–Acredito que devemos intervir no âmago da questão – Henry ponderou ao ajeitar-se na cadeira. Apesar de estar alheio ao que fora informada na reunião, não era um tolo para não saber como agir diante de tais circunstancias – Acredito que na Coreia do Norte devemos, primeiramente, entrar em contato com o responsável no consulado e após isso identificar todos os problemas, mediante suas causas e consequências. Provavelmente será a parte mais fácil. Retirar os diplomatas caso seja perigosa a situação seria a prioridade. Posteriormente devemos entrar em contato com a ONU e as relações internacionais deve tomar a frente. Se o ditador, sim é o que ele é, continuar intransigente deverá ser tomadas medidas drásticas como a diminuição do suprimento, redução bélica e, meu favorito, incentivo a remoção dele atraves da política interna – sorriu levemente diante dos olhares de reprovação dos demais – e quanto as guerras civis acredito que é uma causa perdida, apenas idealistas diriam que guerras deveriam deixar de existir – passou a mão pelos seus cabelos – o nosso problema deve ser o apoio aos feridos, as mulheres e as crianças.
–Um pensamento claro e conciso como deve ser esperado de um diplomata veterano – Evan elogiou com um sorriso satisfeito na face. – Como podem ter percebido é este tipo de pensamento que desejo. – A reunião prosseguiu por algum tempo ainda, entretanto Henry desligou-se do que estava sendo dito mantendo seus pensamentos em Sarah.
***
Sarah não sabia dizer se o ar do Texas estava mais denso ou se ela que encontrava-se entristecida demais para poder respirar. Caminhou pela sua casa vazia como se buscasse as lembranças que cada canto de cada cômodo continham, pois ela não sabia quando poderia retornar. Observou tudo tentando segurar as lagrimas que teimavam em surgir em seus olhos. Andou calmamente, passando a mão pela parede ate a entrada da casa. Saiu e a olhou com um sorriso entristecido. “Logo eu estarei de volta” prometeu. Andou cabisbaixa ate o estábulo, encontrando-o vazio.–Espero que esteja feliz, Trovoada – murmurou ao ir ate a baia onde ele ficava. Ela havia entregado o cavalo aos cuidados de um famoso estábulo da cidade. O advogado Leon prometera enviar dinheiro todos os meses para a manutenção dele, com a promessa de que dentro de um ano voltaria para pegá-lo. – Vou sentir a sua falta. – suspirou. Olhou para tudo a sua volta e antes que pudesse desistir, saiu trancando tudo em seguida. Seguiu em frente fazendo o possível para não olhar para trás, pois temia não conseguir manter a sua coragem. Assim que parou em frente ao portão de sua casa, avistou o taxi com Leon acenando para ela do lado de fora. Sarah segurou suas duas malas e caminhou em direção ao taxi sabendo que teria que suportar aquela vida por apenas um ano. “Um ano..apenas um ano” repetia inúmeras vezes em sua mente. O trajeto percorrido pelo taxi tornou-se o mais rápido que Sarah já havia feito. Ela iria embarcar sozinha para a Inglaterra e encontraria com Henry no aeroporto. Tudo transcorreu como haviam planejado com exceção de um detalhe. Quando o avião aterrissou na Inglaterra ninguém estava esperando por Sarah.
Recomendo escutar esta musica: h**p://www.youtube.com/watch?v=EwOLKYHPsY8
Sarah suspirou ao sorrir de sua tolice em acreditar em Henry apesar de suas demonstrações de frieza para com ela. Empurrou o carrinho com as suas malas ate encontrar um lugar para se sentar. Levou as mãos ao rosto a fim de pensar. Recordou-se do papel que ele havia lhe dado com seus números de telefone, levou a mão ao bolso de sua calça e ao ler o papel, olhou demoradamente para ele com o intuito de avaliar o que estava prestes a fazer.
***
O celular de Henry tocou inúmeras vezes atraindo a atenção de todos na sala de reunião. Sem nada dizer ou desculpar-se, levantou-se e foi para o lado de fora.–Sim, Henry Clark falando – atendeu de forma sóbria.
–Sou eu, Sarah – a voz dela despertou algo em seu intimo, que apenas ignorou.
–O que foi?
–Eu.. estou no aeroporto, mas não sei como chegar ate a sua casa. Pode me dar o endereço? – Sarah indagou engolindo o seu orgulho, pois viver ao lado de Henry lhe era demasiado cruel.
–Não precisa, enviarei alguém para lhe buscar – disse antes de desligar. Olhou para o relógio no visor de seu aparelho, resmungou algo inaudível enquanto discava para o numero de seu secretario. – Preciso que vá ao aeroporto e busque alguém para mim. Sim, preciso que vá agora. O nome dela é Sarah Mills. Diga-lhe que eu te mandei – desligou o telefone após suspirar – Então é assim que será – murmurou ao olhar para o teto antes de retornar para a reunião que prometia prolongar-se noite a dentro.
***
Sarah deixou suas mãos pousarem na sua perna ao observar as pessoas passarem por ela e seguirem em frente. Ela começava a se perguntar o motivo de estar parada em lugar como aquele a espera de alguém, a qual não tinha certeza se iria. Seus olhos aos poucos se direcionaram para a janela de vidro do terminal. Observou o céu azul do lado de fora e logo a saudade de sua casa aumentou. Levou a mão ao rosto com o intuito de impedir que as lagrimas caíssem pelo seu rosto. Abaixou a cabeça envergonhada de si mesma. Sem jeito, fez o possível para que ninguém percebesse que estava chorando. Ao passar o dorso de sua mão em seus olhos sentiu uma mão em seu ombro. Ergueu o olhar, lentamente, vislumbrando um homem com cabelos loiros de olhos expressivos.–Me perdoe, senhoria – Max disse sem jeito ao olhar em volta. – Seu nome...seria Sarah Mills? – indagou ao perceber que ela era a única sentada solitária naquele terminal. – Desculpe incomodá-la – tornou ao vê-la encará-lo sem resposta.
–Eu..Sou Sarah Mills – respondeu ao vê-lo de costas – Ele..te mandou? – indagou incerta.
–Sim – falou ao virar-se com um sorriso no rosto – Henry Clark me enviou. Me perdoe o atraso – mentiu como estava acostumado a fazer quando se tratava do seu chefe – onde estão suas malas? – olhou para o lado estranhando ver apenas duas – são apenas elas?
–Sim. Mas.. ele te mandou para me levar?
–Foi – sorriu amistoso ao ir em direção ao carrinho onde estava as malas dela – Podemos ir ou precisa de algo? - a olhou de cima a baixo estranhando a calça jeans colada ao corpo e a blusa, simples, vermelha. – De onde..veio?
–Do Texas – falou ao levantar-se – podemos ir sim. – olhou curiosa ao vê-lo retirar o seu casaco e colocar em seus ombros – porque..
–Esta frio, não queremos que fique doente, certo? Meu nome é Max.
–Sarah. – disse automaticamente. Sentiu suas faces avermelharem ao vê-lo sorrir. –obrigada – agradeceu ao ajeitar o casaco em seu corpo. Começaram a caminhar lado a lado sem nada dizer ate chegarem a entrada do aeroporto – Frio – murmurou ao sentir a rajada de vento frio contra o seu rosto.
–Eu falei – Max tornou bem humorado ao fazer sinal para um dos taxis. Colocou as malas dentro do porta mala e em seguida abriu a porta traseira para que ela entrasse. Sentando-se ao seu lado - Para Dunchurch Road. – Max disse olhando em seguida para Sarah – a quanto tempo.. estão juntos? – perguntou sabendo a reclamação que escutaria, mas a sua curiosidade fora maior que o medo.
–Sou irmã dele – respondeu ao observar a paisagem. Pela primeira vez em anos sentia medo do desconhecido. Apertou uma mão contra a outra com intuito de dissipar o seu medo, sem sucesso.
Max olhou incrédulo para Sarah. Observou o seu perfil, seus olhos,a tonalidade de seu cabelo e nada lhe lembrou Henry. “Como podem ser irmãos se mal se parecem?” perguntou-se incomodado, mas logo afastou seus questionamentos ao lembrar-se da folga que Henry havia lhe dado. – Esta gostando daqui? – perguntou cordial e ao vê-la ignorá-lo, suspirou frustrado – Ambos são idênticos.
–Disse algo? – Sarah perguntou calma ao encará-lo. Max apenas a encarou sem palavras, pois pela primeira vez percebera a intensidade do olhar dela.
–Eu... havia perguntado se estava gostando.
–Não muito. Me parece ser um lugar frio – disse ao colocar as mãos na janela fechada do carro – assim como as pessoas.
–Um pouco, mas acho que o segredo é saber esquentar os corações.
Sarah o encarou sorrindo levemente. Para em seguida voltar a sua atenção para a paisagem. O restante do percurso se passou no silencio absoluto. Ninguém nada dizia ou se esforçava para ter algum assunto, pois ambos estavam pensativos.
O vento frio criava uma atmosfera nostálgica quando Max abriu a porta para Sarah e a deixou sozinha na casa de Henry, ela permaneceu parada no corredor ate tomar coragem para seguir em frente. Optou por deixar as suas malas em um canto ate a chegada de seu irmão. Indecisa sobre o que fazer naquela situação se decidiu após alguns minutos, estagnada na entrada, a conhecer o lugar onde ficaria por um ano. Hesitou antes de começar a caminhar pelos cômodos tão frios quanto o vento. Caminhou pela cozinha,a qual encontrava-se impecável apesar de seu tamanho. Algo que ela estranhou em relação as casas no Texas. Aos poucos sua indecisão cedeu lugar a curiosidade. Ela sabia o quão frio Henry era, mas ainda assim estranhara não encontrar nenhuma foto de sua mãe. Passou a mão pelo corrimão antes de subir as escadas, lentamente. Lembrou-se de um filme que assistira quando crian&c
As mãos de Sarah ainda tremiam a medida que sua mente tentava entender o que as fotos encontradas significavam. Já se passara horas desde que terminara de arrumar a casa e agora pegava-se pensando em Henry, seu meio irmão, pois se deu conta que nada sabia sobre ele. Durante muito tempo apenas atormentou-se por achar ser a razão de seu desaparecimento da família, pois ele sumiu assim que ela começou a crescer dando-lhe a sensação de ser a culpada ainda mais pelo modo frio com que a tratava sempre quando eram crianças. Uma vez, ela se recordava de estarem brincando juntos quando ela pegou em sua mão, ele apenas se afastou dela o mais rápido que conseguiu.–Se ele me odiava tanto porque as fotos? – se perguntou ao deitar na cama olhando para o teto branco. Sem perceber aos poucos seus olhos fecharam-se, lentamente, fazendo com que adormecesse em poucos minutos.Henry depositou a sua c
9 anos atrásA casa de dois andares próxima a praia na Flórida sempre fez com que Henry olhasse para seus pais com gratidão por tê-lo criado bem, mas quando tinha oito anos, seus pais se separaram, sua mãe logo encontrou outro marido não demorando para engravidar dele, lhe dando uma irmã. Henry encontrava-se com 12 anos de idade quando se virá observando Sarah com curiosidade. Ela ainda era uma criança que sorria para todos sem distinção de nada. A medida que o tempo passava, a obsessão dele em observá-la apenas aumentou.Após completar 18 anos em uma manhã típica ensolarada na Flórida, Henry levantou-se da cama exibindo seu corpo desnudo. Levantou-se e ao olhar para o espelho buscava sinais que o diferenciassem de Sarah. Fixou a sua atenção na cor dos olhos, sorrindo levemente em seguida.–Isso deveria
Sarah suspirou entediada ao olhar pela janela da sala para o lado de fora. Por mais que a sua solidão no Texas fosse grande após a morte de seu pai, ela ainda teria o seu cavalo para cavalgar sem destino como acostumara-se a fazer. Olhou para o relógio percebendo o tempo em que ficaria sozinha na casa. Fechou os olhos por alguns segundos, mas ao abri-los sorriu. Correu ate o seu quarto onde pegou um casaco saindo da casa rapidamente em seguida. Desde que chegou em Londres, ela malmente havia saído. Apertou o casaco contra o seu corpo ao sentir o vento frio passar por si.–Acho que nunca irei me acostumar com esse clima – disse a si mesma ao caminhar a passos lentos pelo quarteirão. A medida que caminhava, avistava os vizinhos felizes, sorrindo um para o outro ao mesmo tempo em que ignorava a sua presença, pois para eles, ela não passava de uma invasora de território e uma estranha. –Sinto falta de casa
Nem Sarah ou Henry se moveram apesar deles saberem que já estava na hora de afastar seus corpos. Henry ainda podia sentir o corpo de sua irmã gelado próximo ao seu, sentiu o aroma dos seus cabelos assim como o aroma de seu corpo que exalava dando-lhe uma sensação de nostalgia.–Eu.. – Sarah murmurou inquieta com o abraço demorado entre eles, pois ao mesmo tempo em que sentia-se bem, sentia um incomodo diante daquela situação.–Me perdoe – Henry murmurou ao afastar-se dela sem jeito. A encarou e encontrou vergonha em seus olhos – “Ela ficou envergonhada com meu abraço?”pensou surpreso – Onde estava? Porque não me avisou que..–Não tinha como avisá-lo alem do mais, não me parece ser o tipo de irmão que se preocupe comigo. Pelo menos nunca demonstrou – rebateu ao encará-lo imaginando cons
Sarah piscou incontáveis vezes afim de distinguir o que estava diante de si. Olhou sem nada dizer ou atreveu-se a se mover, apenas permaneceu deitada encarando Henry, o seu irmão. Em seus olhos a culpa estava instalada, entretanto Sarah não percebeu este sentimento, pois indagou-se sobre o que havia presenciado. “Eu..estava sonhando? Se foi um sonho.. porque meus lábios estão quente?”se perguntou ao encará-lo vendo-o ficar sem jeito, erguendo-se do chão rapidamente, virando de costas. Ele já estava saindo da sala quando a voz dela o assustou.–Precisamos conversar – Sarah tornou séria sem perceber o terror que passou-se diante do olhar de Henry. Ele se voltou para ela o mais sério que conseguiu e assentiu em silencio. Em sua mente já imaginara diversas desculpas para lhe dar, mas nenhuma lhe pareceu satisfatória.–Eu posso explicar – el
A expressão deslumbrada de Sarah conseguiu tirar um sorriso sincero e sem culpa de Henry que a cada instante encantava-se ainda mais pela sua irmã. Assim que o avião pousou na Bolívia, eles se dirigiram para o consulado mais próximo e em seguida para o hotel que fora designado para Henry, entretanto ao chegar percebeu que não havia comentado com Max sobre Sarah ter um quarto para si.–Sinto senhor, mas estamos lotados – a recepcionista tornou amigável surpresa com o modo frio do homem a sua frente.–Nenhum? E em outros hotéis?–Será difícil. Há um evento na cidade – esclareceu sem graça ao olhar rapidamente para a jovem ao lado do homem. – Mas podemos enviar uma cama extra para o quarto. Uma cama de armar.–Esta bem – Henry disse após pensar – Mande para o quarto e enquanto isso vamos nos acomodar – virou-s
O quarto do hotel em que Henry e Sarah encontravam-se hospedados possuía uma aura resplandecente de perigo. Assim que ele abriu a porta, deixando sua irmã passar em sua frente, sentiu-se um leão, faminto, preso em sua jaula acompanhado com cinco pessoas. Ele sabia que por mais que resistisse, uma hora atacaria eles, e seu temor era que fizesse isso com a sua irmã.–Pode voltar. Eu preciso me deitar um pouco – Sarah disse ao ver Henry retirar a sua carteira do bolso.–Ficarei aqui, meu único motivo de sair foi acompanhá-la – tornou gentil ao encará-la – Esta doendo algo?–Não – negou sentindo mal por estar enganando quando ele começara a ser gentil com ela. –Estou apenas cansada.–Estava animada.–Eu... – o olhou com a culpa transbordando pelos seus poros – me desculpe, mas.. eu não estava me sentindo mal.