As mãos de Sarah ainda tremiam a medida que sua mente tentava entender o que as fotos encontradas significavam. Já se passara horas desde que terminara de arrumar a casa e agora pegava-se pensando em Henry, seu meio irmão, pois se deu conta que nada sabia sobre ele. Durante muito tempo apenas atormentou-se por achar ser a razão de seu desaparecimento da família, pois ele sumiu assim que ela começou a crescer dando-lhe a sensação de ser a culpada ainda mais pelo modo frio com que a tratava sempre quando eram crianças. Uma vez, ela se recordava de estarem brincando juntos quando ela pegou em sua mão, ele apenas se afastou dela o mais rápido que conseguiu.
–Se ele me odiava tanto porque as fotos? – se perguntou ao deitar na cama olhando para o teto branco. Sem perceber aos poucos seus olhos fecharam-se, lentamente, fazendo com que adormecesse em poucos minutos.
Henry depositou a sua c
9 anos atrásA casa de dois andares próxima a praia na Flórida sempre fez com que Henry olhasse para seus pais com gratidão por tê-lo criado bem, mas quando tinha oito anos, seus pais se separaram, sua mãe logo encontrou outro marido não demorando para engravidar dele, lhe dando uma irmã. Henry encontrava-se com 12 anos de idade quando se virá observando Sarah com curiosidade. Ela ainda era uma criança que sorria para todos sem distinção de nada. A medida que o tempo passava, a obsessão dele em observá-la apenas aumentou.Após completar 18 anos em uma manhã típica ensolarada na Flórida, Henry levantou-se da cama exibindo seu corpo desnudo. Levantou-se e ao olhar para o espelho buscava sinais que o diferenciassem de Sarah. Fixou a sua atenção na cor dos olhos, sorrindo levemente em seguida.–Isso deveria
Sarah suspirou entediada ao olhar pela janela da sala para o lado de fora. Por mais que a sua solidão no Texas fosse grande após a morte de seu pai, ela ainda teria o seu cavalo para cavalgar sem destino como acostumara-se a fazer. Olhou para o relógio percebendo o tempo em que ficaria sozinha na casa. Fechou os olhos por alguns segundos, mas ao abri-los sorriu. Correu ate o seu quarto onde pegou um casaco saindo da casa rapidamente em seguida. Desde que chegou em Londres, ela malmente havia saído. Apertou o casaco contra o seu corpo ao sentir o vento frio passar por si.–Acho que nunca irei me acostumar com esse clima – disse a si mesma ao caminhar a passos lentos pelo quarteirão. A medida que caminhava, avistava os vizinhos felizes, sorrindo um para o outro ao mesmo tempo em que ignorava a sua presença, pois para eles, ela não passava de uma invasora de território e uma estranha. –Sinto falta de casa
Nem Sarah ou Henry se moveram apesar deles saberem que já estava na hora de afastar seus corpos. Henry ainda podia sentir o corpo de sua irmã gelado próximo ao seu, sentiu o aroma dos seus cabelos assim como o aroma de seu corpo que exalava dando-lhe uma sensação de nostalgia.–Eu.. – Sarah murmurou inquieta com o abraço demorado entre eles, pois ao mesmo tempo em que sentia-se bem, sentia um incomodo diante daquela situação.–Me perdoe – Henry murmurou ao afastar-se dela sem jeito. A encarou e encontrou vergonha em seus olhos – “Ela ficou envergonhada com meu abraço?”pensou surpreso – Onde estava? Porque não me avisou que..–Não tinha como avisá-lo alem do mais, não me parece ser o tipo de irmão que se preocupe comigo. Pelo menos nunca demonstrou – rebateu ao encará-lo imaginando cons
Sarah piscou incontáveis vezes afim de distinguir o que estava diante de si. Olhou sem nada dizer ou atreveu-se a se mover, apenas permaneceu deitada encarando Henry, o seu irmão. Em seus olhos a culpa estava instalada, entretanto Sarah não percebeu este sentimento, pois indagou-se sobre o que havia presenciado. “Eu..estava sonhando? Se foi um sonho.. porque meus lábios estão quente?”se perguntou ao encará-lo vendo-o ficar sem jeito, erguendo-se do chão rapidamente, virando de costas. Ele já estava saindo da sala quando a voz dela o assustou.–Precisamos conversar – Sarah tornou séria sem perceber o terror que passou-se diante do olhar de Henry. Ele se voltou para ela o mais sério que conseguiu e assentiu em silencio. Em sua mente já imaginara diversas desculpas para lhe dar, mas nenhuma lhe pareceu satisfatória.–Eu posso explicar – el
A expressão deslumbrada de Sarah conseguiu tirar um sorriso sincero e sem culpa de Henry que a cada instante encantava-se ainda mais pela sua irmã. Assim que o avião pousou na Bolívia, eles se dirigiram para o consulado mais próximo e em seguida para o hotel que fora designado para Henry, entretanto ao chegar percebeu que não havia comentado com Max sobre Sarah ter um quarto para si.–Sinto senhor, mas estamos lotados – a recepcionista tornou amigável surpresa com o modo frio do homem a sua frente.–Nenhum? E em outros hotéis?–Será difícil. Há um evento na cidade – esclareceu sem graça ao olhar rapidamente para a jovem ao lado do homem. – Mas podemos enviar uma cama extra para o quarto. Uma cama de armar.–Esta bem – Henry disse após pensar – Mande para o quarto e enquanto isso vamos nos acomodar – virou-s
O quarto do hotel em que Henry e Sarah encontravam-se hospedados possuía uma aura resplandecente de perigo. Assim que ele abriu a porta, deixando sua irmã passar em sua frente, sentiu-se um leão, faminto, preso em sua jaula acompanhado com cinco pessoas. Ele sabia que por mais que resistisse, uma hora atacaria eles, e seu temor era que fizesse isso com a sua irmã.–Pode voltar. Eu preciso me deitar um pouco – Sarah disse ao ver Henry retirar a sua carteira do bolso.–Ficarei aqui, meu único motivo de sair foi acompanhá-la – tornou gentil ao encará-la – Esta doendo algo?–Não – negou sentindo mal por estar enganando quando ele começara a ser gentil com ela. –Estou apenas cansada.–Estava animada.–Eu... – o olhou com a culpa transbordando pelos seus poros – me desculpe, mas.. eu não estava me sentindo mal.
Henry caminhava sem rumo pela cidade. Por mais que ele desejasse voltar e contar toda a verdade a Sarah, não conseguia. Ele sabia que o que sentia era errado e não queria que ela sofresse da mesma forma que ele estava sofrendo agora. Angustiado parou em frente a uma igreja, e sorriu.–Se eu entrar meus pecados serão redimidos? – se perguntou ao subir as escadas, ao passar pela porta encontrou a igreja vazia e silenciosa. Aproximou-se do altar, e olhou para a imagem de uma santa. – O que eu sou? – perguntou em voz alta, não percebendo o padre parado próximo a si – Porque eu me tornei assim?–Os desígnios de Deus, talvez – o Padre respondeu com a voz calma, atraindo a atenção de Henry. – Eu escutei sem querer, peço desculpas, meu filho.–Um padre, é realmente atormentador – murmurou ao olhar para o Padre sem expressão.&nd
As horas se arrastaram ate Henry perceber o quão tarde estava e retornar para o hotel. Ele passou horas caminhando mantendo a sua mente na imagem de sua irmã. Imaginando-a deitada ao seu lado com apenas o lençol cobrindo o seu corpo. Recriminou mais uma vez antes de se atormentar com o que estava sentindo. Seu coração batia descompassado ao parar em frente ao seu quarto. Por mais que pensasse apenas o desprezo de Sarah vinha em sua mente como resposta ao seu comportamento.–Não posso esperar nada dela que não seja isso – falou a si mesmo ao segurar a maçaneta. Ao girá-la obteve uma surpresa. Sarah encontrava-se deitada na poltrona próxima a porta com os olhos fechados. Fechou a porta atrás de si e aproximou-se dela com cuidado. Ficou parado em sua frente com o semblante entristecido ao perceber o quanto ela não confiava nele. – Uma poltrona desconfortável deve ser melh