A vida parece querer te mostrar, que você não é nada. E que ela tem poder para te forçar a escolhas que não seriam necessárias se algumas pessoas não entrassem no seu caminho, lhe força a mudar de direção, quando fazemos escolhas tanto erradas quanto certas. Olhando para essas árvores altas, flores de diversas cores eu pude perceber o quão pequena sou, cada detalhe que aparece ao nosso redor tem o mínimo da perfeição, tudo é belo, esplendidamente majestoso. Tirando minha vida que não passa de puras decepções, mágoas e mentiras, mudanças constantes tudo é perfeito. Talvez hoje minha vida mude para melhor, talvez finalmente eu consiga melhorar tudo ao meu redor.
Olhei novamente para a vista do lado de fora do ônibus, me sentindo tranquila, eu não gostava da minha vida, mas eu me sentia grata por finalmente estar saindo do lugar que tanto me decepcionei. Respirei fundo e olhei para o papel em minha mão onde estava escrito o endereço da casa onde vou morar, uma casa pequena, porém aconchegante por ser apenas eu, preferi assim, vou me sentir melhor em um lugar novo e pequeno, se bem que o pequeno havia se tornado um costume.
Cheguei na rodoviária avistando um táxi, eu ainda não sabia ao certo como chegar ao meu endereço sozinha e não poderia me dar ao luxo de demorar, pois o caminhão que está com as minhas mudanças estava perto, logo estaria por lá. Avistei um senhor parado em frente ao táxi amarelo, sinal de que não havia passageiro ainda, me aproximei, vendo o mesmo endireitar a postura assim que me avistou chegando
— Olá, bom dia senhor, poderia me levar até este endereço? — Disse estendendo o papel em sua direção, vendo o homem se inclinar para ler o que estava escrito.
— Rua Santa Marta, quadra c, número vinte, claro não é tão longe, entre! — Disse o senhor de meia-idade com um olhar simpático, saindo de perto do carro e seguindo até ao porta-malas me dando passagem para guardar minha pequena mala de mão e outra média onde guardava somente o necessário, seguiu até o lado do motorista e entrou, me dirigi até o banco traseiro, logo ouvindo o barulho do motor, e sentindo o mesmo se movimentar quando notou já estar acomodada em meu acento.
— Sem querer ser intrometido, mas o que uma moça como a senhora faz em nossa cidade? Não é muito comum alguém vir sozinha. — Após algum tempo dirigindo se pronunciou enquanto me observava pelo retrovisor.
Realmente era uma cidade pequena e muito pacata, apenas vinham turistas em dias de festivais, pois a cidade era muito bonita para se visitar nesse período, mas não significava que era um lugar ruim para se morar, pelo menos, a meu ver, não tinha nenhum problema e parecia ser muito tranquila.
— Irei morar aqui, gosto do ambiente. — Respondi apenas, não querendo me aprofundar no assunto afinal não estava muito acostumada a conversar deliberadamente com estranhos. Olhando a paisagem realmente o lugar era belo com casas antigas de cerquinhas baixas, muitas flores e árvores ao redor parecia que eu estava em outra época, os postes eram iguais aos do filme Mary Poppins as ruas com tijolinhos tudo, um charme e encantador, transmitia um ar de paz em meu coração.
— Chegamos! — Disse o taxista, levantei a cabeça já que havia fechado os olhos por alguns poucos minutos para descansar, olhei em volta e pude notar que o mesmo parou em frente a uma casa toda em madeira branca com um caminho de pedras e alguns vasos de flores coloridas, uma cerca em marrom escuro, era a mesma que eu havia visto sendo anunciada no site de vendas de imóveis, na frente do gramado uma placa escrita vendida e meu nome embaixo Ayanne Reese. Abri a porta do carro e o taxista se dirigiu até o porta malas removendo minhas bagagens.
— A propósito meu nome é Joseph William, este é meu cartão caso a senhorita precisar de um taxista, pode me ligar. — Sorriu me estendendo o papelzinho improvisado.
— Obrigada Joseph, vou precisar sim! — Agradeci pagando a corrida e vendo o senhor Joseph seguir com o carro, não sabia realmente se precisaria dos seus serviços, mas não poderia ser mal-educada já que ele não pareceu demonstrar nada de errado.
Olhei em volta por alguns segundos e caminhando até a entrada da casa, tirei as chaves em um vaso de plantas no mesmo lugar onde o antigo dono havia dito que deixaria, respirei fundo e abri a porta. Suspirei em satisfação ao ver o lado de dentro da casa, uma cozinha americana em um tom bege e ladrilhos nas paredes com detalhes de flores com rosa e dourado a sala era igualmente da mesma cor, porém com a parede no fundo, se destacando um papel de parede com desenhos de flores em um tom de rosa bem clarinho, no meio da sala e da cozinha um corredor com quatro portas igualmente brancas e de madeira faia, linda por sinal, abri a primeira no lado direito e vi que se tratava do banheiro todo branco com mármore branco com detalhes pretos imitando rachaduras, a segunda porta do mesmo lado era um quarto pequeno talvez de hóspedes, mas igualmente belo, segui para a esquerda abrindo a primeira porta o que mais me encantou era uma janela larga com a vista para o jardim, uma janela bay window linda com um compartimento que eu poderia botar meus livros, as paredes em bege com muitas flores e rosa bebe e detalhes dourados, o dono havia me dito que a casa fora de sua falecida mãe e que a mesma amava essas cores, o que eu não discordava eram tons lindos e que deixava o ambiente calmo e sossegado. Imaginando aonde iria colocaria todos os meus pertences, senti meu celular tocar em meu bolso, alcancei a pequena fenda de trás da minha calça vendo o número na tela e o atendendo logo em seguida.
— Aló! — Me pronunciei um pouco baixo mesmo sabendo que eram apenas os entregadores.
— Já estamos chegando em seu endereço. — O homem do outro lado da linha me informou.
— Okay. — Desliguei e caminhei até a frente da casa para aguardá-los.
Olhei em volta vendo calmaria percorrer toda a vizinhança incrivelmente exalava tanta tranquilidade, sorri com isso, mas essa paz cessou quando senti como se estivesse sendo observada, olhei para os lados e não vi nada, quando olhei para a casa enfrente a minha uma sombra atrás das cortinas me despertou certo desconforto, pois não sabia quem poderia ser, claro meu vizinho, porém tal ato me deixou receosa. Meu contato foi quebrado assim que ouvi o som do caminhão entrar na rua, olhei para o mesmo e acenei com a mão timidamente, quando voltei meu olhar para a janela a pessoa já não estava mais lá, o que me deixou meio na dúvida de quem seria meu vizinho e, porque ele não se mostrou.
“Talvez estivesse apenas curioso! Conclui essa pequena dúvida que se formou em minha cabeça.“
O caminhão estacionou e o ajudante me guiou até a grande porta traseira do veículo, seria um dia inteiro de trabalho, mas sentia que iria valer a pena todo e qualquer esforço, afinal essa era a minha casa dos sonhos.
“Essa será minha nova vida! Sorri com meu pensamento.”
Peguei a primeira caixa que vi e caminhei até a porta abrindo com um pouco de dificuldade, coloquei a caixa no chão para ver em qual cômodo a colocaria, era apenas algumas louças então seria na cozinha. Algumas horas depois o caminhão já havia partido então eu me encontrava arrumando ao menos o essencial para passar aquele dia já que teria que fazer aquilo tudo sozinha não adiantava me apressar, ainda havia muitas caixas em meu quarto e a cozinha já estava até arrumadinha e isso eu gastando apenas a tarde toda, pura ironia ainda tinham tantas coisas para arrumar em todos os cômodos que se eu parasse para pensar me sentiria desanimada.O cansaço dominava meu corpo, ainda, sim, pude ouvir a campainha tocando me fazendo dar um suspiro em desgosto, com certeza não era o momento certo para uma visita, arrumei o cabelo e seguir até a porta abrindo e dando de cara com uma mulher baixinha com uma cabeleira cacheada ruiva muito fofa com traços delicados me lançando um sorriso, enquanto segurav
Acordar em uma casa, que você não se sente oprimida, não tem agressões e sem pessoas que te olham como um bicho desagradável, é a melhor sensação do mundo, e hoje é esse dia maravilhoso. O sol batendo em meu rosto, trouxe uma sensação tão gostosa, como se seu calor estivesse me abraçando e me convidando para estar ao seu lado, como um abraço caloroso, o único que podia me lembrar eram os abraços de Susan, seu cheiro de torta de morango e seu perfume com cheiro de lavanda me fazia sentir acolhida.Levantei me sentindo totalmente disposta, como nunca havia sentido antes, mesmo tendo trabalhado muito ontem, e hoje continuando o meu serviço de organizar a casa, não era nem suficiente para me deixar triste. Fui ao banheiro tomar um banho bem gelado, apenas para deixar meu corpo preguiçoso disposto como minha mente estava. Assim que despertei meu corpo, saí usando uma roupa folgada, um short jeans e uma blusa florida em roxo e rosa que ficava bem folgada em mim, seria ótimo para mais um dia
Iria dar meia, volta quando fui surpreendida pela porta sendo aberta, e um homem tão alto se pôs a minha frente que precisei recuar alguns passos e levantar a cabeça um pouco, mas, e apenas duas coisas que me chamaram mais a atenção a primeira coisa que vi foram seus lindos cabelos pareciam tão macios que dava vontade de acariciá-lo, e a segunda foram seus olhos profundos e intensos eram como a noite estrelada, não consegui recuperar o fôlego que havia prendido, seu rosto simétrico continha traços fortes, sobrancelhas grossas e um lábio tão bem desenhado, era lindo totalmente diferente dos homens que conhecia, me perdi em algumas marcas em seu rosto, eram algumas cicatrizes que algum dia o causou problemas, agora não passava de marcas profundas, forçando seu belo rosto parecer rigoroso e irritado, mesmo que não fosse de propósito, notando que se não falasse nada iria tornar aquele primeiro encontro estranho, juntei toda a coragem que encontrei e me aprontei para explicar toda a situaç
Precisei entregar tudo, claro não podia reclamar afinal não tinha nenhum grau de parentesco com eles e muito menos vínculos emocionais, sempre fui um empecilho em suas vidas, por talvez pena, mas claramente apenas para manter a boa reputação que tinham perante os vizinhos e seus parentes fui permitida ficar na casa até que conseguisse um trabalho para assim me mudar, era como dizer aos outros que sai por que quiz, mesmo que minha intenção não fosse ter nada do que meus pais adotivos me deram, pensava em ficar com apenas uma parte do dinheiro para poder me manter enquanto o restante ficariam para eles, sei que não era merecedora de nada daquilo, mas eles não me permitiram ficar com sequer um mísero centavo, por sorte consegui emprego em uma lanchonete, o que me ajudou a encontrar um apartamento perto dos bairros, mas pobres assim o aluguei seria também, mas barato.Fui comprando algumas coisas que precisava, no entanto, o dinheiro não era tão bom e não dava para quase nada, já que além
Hoje será meu primeiro dia no ateliê de Draven Leblanc, estou tão animada, que nem pude pregar os olhos quase a noite toda, era realmente um sonho, poder trabalhar na área que dominava e sem contar que era meu passatempo preferido, levantei antes do despertador, me arrumei com a melhor roupa que podia encontrar em meu pequeno armário, preparei meu café fresquinho e assim que já estava o tomando peguei o celular para chamar o senhor Joseph, já que o mesmo me garantiu que podia ligar e chamá-lo, seria, mas fácil para mim encontrar o ateliê, poderia ser uma loucura, mas nunca havia sequer visitado a cidade não sabia nem onde ficava o mercado se não tivesse perguntado a Ethan— Aló! — Ouvi a voz do senhor Joseph do outro lado.— Oi senhor Joseph, sou Ayanne, o senhor me passou seu número há dois dias. — Expliquei enquanto tomava um gole do meu café.— Ah, sim, claro lembro da senhorita, em que posso ajudar? — Perguntou parecendo um pouco mais alegre.— Bom estou indo trabalhar hoje, mas e
No momento que pus meu corpo completamente naquele espaço me senti maravilhada com a quantidade de obras expostas, era uma mais linda que a outra, havia vários tipos de paisagens, desde praias a uma mata fechada, esculturas de gessos detalhando o corpo humano era incrível, poderia ficar ali horas, apenas admirando e sentindo a sensação de ter entrado naquele quadro e apreciando e sentido o lugar, ali haviam outros quadros com temas de diferente aspecto com formas geométricas, abstratas, linha pura, tom puro, etc. Poderia citar muitas, mas todas elas davam para notar que ele estudou como passá-las para o papel e não apenas jogá-las como se estivesse apenas passando o tempo, fiquei a tanto tempo admirando o esplendor daquilo tudo que nem havia notado que alguém falava atrás de mim.— Pois não?! — Me pronunciei no susto virando para olhar para trás vendo o homem que estava ocupado no telefone falar comigo.— Gostou? — Não soube ao certo decifrar o que seu olhar quis dizer naquele momento
Naquela manhã, acordei no mesmo horário, com o sol batendo em meu rosto, e o aquecendo, infelizmente já havia chegado o dia e eu não estava gostando. Me levantei, respirando fundo e segui para meu banho, me olhei no espelho vendo minha imagem cansada, meus olhos em um verde musgo eram portadores de profundas olheiras, denunciando minha péssima noite de sono, meu cabelo ondulado em um tom de castanho-claro estava terrivelmente embolado, pelas várias horas se mexendo tentando dormir. Entrei embaixo do chuveiro para me livrar daquela imagem de morta e acordar, desembaraçar meus longos fios rebeldes como gostava de chamá-los, tomei um bom banho gelado, sai enrolada na toalha pronta para escolher qualquer roupa, fui até meu armário avistando já um vestido de alça florido em vários tons de azul era rodado e batia na metade da minha coxa, leve e aconchegante.Peguei depositando o mesmo em minha cama, hidratei meu corpo, com um creme de rosas com cerejas, eu amava esse creme, seu cheiro era t
A solidão, para muitos, é sinônimo de vazio, o escuro, de um silêncio mortal, onde não tem nada e nem ninguém. A solidão para muitos é desagradável, é frio, sufocante, mas não em meu caso a solidão para mim, me trouxe conforto, paz aonde para muitos séria tormenta. Mas por que... Penso assim? Quando isso começou? Não tenho resposta, mas sei de algo que é relacionado. O amor seria uma escolha? O amor de mãe deveria ser uma escolha? Se a mãe queria seu filho, o carregou por nove meses e ainda assim o ama, porque a minha escolheu não me amar, e sim me apagar de sua vida, simplesmente me descartando, como lixo a qual poderia ser jogado em uma trituradora e ninguém sentiria minha falta, talvez eu devesse ter raiva, mas não, essas pessoas não teriam qualquer tipo de sentimento meu, nunca daria esse gosto, as marcas em meu corpo... Já me lembram constantemente disso, a cada momento me lembrando que sou um monstro, me lembrando que aqueles que deveriam me amar, simplesmente me transformaram