Capítulo.4

Iria dar meia, volta quando fui surpreendida pela porta sendo aberta, e um homem tão alto se pôs a minha frente que precisei recuar alguns passos e levantar a cabeça um pouco, mas, e apenas duas coisas que me chamaram mais a atenção a primeira coisa que vi foram seus lindos cabelos pareciam tão macios que dava vontade de acariciá-lo, e a segunda foram seus olhos profundos e intensos eram como a noite estrelada, não consegui recuperar o fôlego que havia prendido, seu rosto simétrico continha traços fortes, sobrancelhas grossas e um lábio tão bem desenhado, era lindo totalmente diferente dos homens que conhecia, me perdi em algumas marcas em seu rosto, eram algumas cicatrizes que algum dia o causou problemas, agora não passava de marcas profundas, forçando seu belo rosto parecer rigoroso e irritado, mesmo que não fosse de propósito, notando que se não falasse nada iria tornar aquele primeiro encontro estranho, juntei toda a coragem que encontrei e me aprontei para explicar toda a situação.

— Bom dia senhor, desculpe incomodá-lo. — Comecei tímida.

— Você está bem? — Perguntou enquanto podia sentir seus olhos me analisando, e fazendo duas cicatrizes perto das sobrancelhas serem destacadas por sua expressão ter se tornado duvidosa.

— Sim, peço perdão pelo meu estado, minha pia estourou e me molhou toda. — Falei explicando o porquê de estar encharcada.

— E o que eu tenho a ver com isso? — Perguntou agora parecia um pouco incomodado e isso me deixou ainda mais sem jeito, afinal não era nada legal incomodar as pessoas com seus problemas.

— Flora me disse que você poderia me ajudar, eu pagarei se você consertar. — Me apressei a terminar sabendo que não havia escolha a não ser lhe pedir ajuda. Respirou fundo revirou os olhos parecendo irritado, mas me dando a visão de uma enorme cicatriz em formato de raio que começava na curva do nariz e terminava no meio da bochecha, ela era bem fina apenas extensa por isso não havia reparado totalmente. O mesmo se virou e fechou a porta, me assustando fiquei em choque me perguntando se era por esse motivo que Flora havia me alertado sobre sua diferença, seria talvez pela falta de educação? Afinal poderia apenas ter recusado, iria entender se fosse esse o caso.

Era só falar não! — Cochichei a contragosto, respirei fundo, me virei pronta para ir embora, mas assim que comecei a me virar a porta foi aberta novamente me assustando e no processo não pude conter meu corpo ao soltar um pequeno pulo, o olhei em dúvida, mas logo fui respondida quando abaixei o olhar o vendo segurar uma bolsinha com ferramentas, sem contar que antes estava apenas com uma blusa, mas agora vestia um casaco preto, me deixando preocupada afinal o clima daquela manhã era mais quente do que frio, além de seu olhar transmitir que não estava muito à vontade.  

— Vamos então. — Disse, parando em minha frente após fechar a porta.

— Claro! — Sorri sem graça, por meu comportamento e logo começamos a caminhar para minha casa. Abri a porta de casa, e logo pude ouvir o barulho da água sendo abafada pela panela que graças aos céus ainda estava lá lutando para segurar a vida da minha cozinha, com seu escudo de aço.

— Desculpe a bagunça, ainda não consegui arrumar tudo, por favor tome cuidado para não escorregar. — Disse tentando parecer simpática, mesmo sabendo que seus sapatos não permitiriam tais feitos, o levei até minha pia enquanto reparava em meu piso todo molhado, só teria mais trabalho, parecia que isso nunca acabava.

— Não tem problema, vou fechar a água e te mostrar onde fica caso você precise algum dia. — Falou após se abaixa colocando sua bolsa no chão enquanto abria um compartimento de baixo da pia, e como se tivesse sido mágica a água parou de jorrar e tudo havia finalmente ficado em silêncio, me trazendo de volta a sensação de paz.

— Nossa, o silêncio! Foi tão rápido! O que você fez? — Disse impressionada e admirada, alcancei a panela e a tirei do buraco que antes pertencia à torneira, só que esse foi meu maior erro de repente um jato veio direto na minha cara, gritei com o susto enquanto batia a penela de volta a apertando contra aquela arma de água.

— Meu Deus! O que foi isso!? — Disse limpando o rosto, olhei para baixo e vi que Ethan sorria baixinho, mesmo tentando disfarçar, com toda certeza do mundo que ele havia feito isso, talvez estivesse descontando em mim por tê-lo incomodado, mas ainda não podia deixar de ficar irritada.

— Você fez de propósito?! — O olhei brava vendo o mesmo voltar com sua expressão séria, como se nada tivesse acontecido.

— Não faria isso, tome cuidado, acho que sua pia está quebrada. — Disse com a maior cara de santo, ele com certeza seria um ótimo ator.

— E o que posso fazer? Você consegue consertar? — Perguntei derrotada e desanimada, não estava mais com forças para participar das brincadeiras, além de estar sentindo um pouco de frio com aquela roupa molhada.

— Consigo, só preciso de alguns minutos. — Continuou falando calmamente, eu ia perguntar mais alguma coisa, porém o vi suspirar, parecendo incomodado então decidi apenas sair. Sai da cozinha indo até as caixas da sala em busca de uma toalha para me secar, assim que me sequei comecei a arrumar aquele lugar, e como não tenho poderes mágicos isso não seria nada fácil, na verdade, como sempre foi, afinal nunca foi fácil para mim.

Lembro-me que foi muito difícil conseguir tudo o que conquistei até agora, mesmo sendo pouca coisa, para mim é o suficiente, só quem passa por momentos difíceis sabe o valor de algo tão pequeno, mas que foi estrategicamente pensado, quando Benny e Susan morreram, me deixaram uma quantia em dinheiro, suficientemente boa e que me ajudaria muito no futuro, porém assim que saímos da sala do advogado que havia acabado de ler seus testamentos me ameaçaram.

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