Iria dar meia, volta quando fui surpreendida pela porta sendo aberta, e um homem tão alto se pôs a minha frente que precisei recuar alguns passos e levantar a cabeça um pouco, mas, e apenas duas coisas que me chamaram mais a atenção a primeira coisa que vi foram seus lindos cabelos pareciam tão macios que dava vontade de acariciá-lo, e a segunda foram seus olhos profundos e intensos eram como a noite estrelada, não consegui recuperar o fôlego que havia prendido, seu rosto simétrico continha traços fortes, sobrancelhas grossas e um lábio tão bem desenhado, era lindo totalmente diferente dos homens que conhecia, me perdi em algumas marcas em seu rosto, eram algumas cicatrizes que algum dia o causou problemas, agora não passava de marcas profundas, forçando seu belo rosto parecer rigoroso e irritado, mesmo que não fosse de propósito, notando que se não falasse nada iria tornar aquele primeiro encontro estranho, juntei toda a coragem que encontrei e me aprontei para explicar toda a situação.
— Bom dia senhor, desculpe incomodá-lo. — Comecei tímida.
— Você está bem? — Perguntou enquanto podia sentir seus olhos me analisando, e fazendo duas cicatrizes perto das sobrancelhas serem destacadas por sua expressão ter se tornado duvidosa.
— Sim, peço perdão pelo meu estado, minha pia estourou e me molhou toda. — Falei explicando o porquê de estar encharcada.
— E o que eu tenho a ver com isso? — Perguntou agora parecia um pouco incomodado e isso me deixou ainda mais sem jeito, afinal não era nada legal incomodar as pessoas com seus problemas.
— Flora me disse que você poderia me ajudar, eu pagarei se você consertar. — Me apressei a terminar sabendo que não havia escolha a não ser lhe pedir ajuda. Respirou fundo revirou os olhos parecendo irritado, mas me dando a visão de uma enorme cicatriz em formato de raio que começava na curva do nariz e terminava no meio da bochecha, ela era bem fina apenas extensa por isso não havia reparado totalmente. O mesmo se virou e fechou a porta, me assustando fiquei em choque me perguntando se era por esse motivo que Flora havia me alertado sobre sua diferença, seria talvez pela falta de educação? Afinal poderia apenas ter recusado, iria entender se fosse esse o caso.
— Era só falar não! — Cochichei a contragosto, respirei fundo, me virei pronta para ir embora, mas assim que comecei a me virar a porta foi aberta novamente me assustando e no processo não pude conter meu corpo ao soltar um pequeno pulo, o olhei em dúvida, mas logo fui respondida quando abaixei o olhar o vendo segurar uma bolsinha com ferramentas, sem contar que antes estava apenas com uma blusa, mas agora vestia um casaco preto, me deixando preocupada afinal o clima daquela manhã era mais quente do que frio, além de seu olhar transmitir que não estava muito à vontade.
— Vamos então. — Disse, parando em minha frente após fechar a porta.
— Claro! — Sorri sem graça, por meu comportamento e logo começamos a caminhar para minha casa. Abri a porta de casa, e logo pude ouvir o barulho da água sendo abafada pela panela que graças aos céus ainda estava lá lutando para segurar a vida da minha cozinha, com seu escudo de aço.
— Desculpe a bagunça, ainda não consegui arrumar tudo, por favor tome cuidado para não escorregar. — Disse tentando parecer simpática, mesmo sabendo que seus sapatos não permitiriam tais feitos, o levei até minha pia enquanto reparava em meu piso todo molhado, só teria mais trabalho, parecia que isso nunca acabava.
— Não tem problema, vou fechar a água e te mostrar onde fica caso você precise algum dia. — Falou após se abaixa colocando sua bolsa no chão enquanto abria um compartimento de baixo da pia, e como se tivesse sido mágica a água parou de jorrar e tudo havia finalmente ficado em silêncio, me trazendo de volta a sensação de paz.
— Nossa, o silêncio! Foi tão rápido! O que você fez? — Disse impressionada e admirada, alcancei a panela e a tirei do buraco que antes pertencia à torneira, só que esse foi meu maior erro de repente um jato veio direto na minha cara, gritei com o susto enquanto batia a penela de volta a apertando contra aquela arma de água.
— Meu Deus! O que foi isso!? — Disse limpando o rosto, olhei para baixo e vi que Ethan sorria baixinho, mesmo tentando disfarçar, com toda certeza do mundo que ele havia feito isso, talvez estivesse descontando em mim por tê-lo incomodado, mas ainda não podia deixar de ficar irritada.
— Você fez de propósito?! — O olhei brava vendo o mesmo voltar com sua expressão séria, como se nada tivesse acontecido.
— Não faria isso, tome cuidado, acho que sua pia está quebrada. — Disse com a maior cara de santo, ele com certeza seria um ótimo ator.
— E o que posso fazer? Você consegue consertar? — Perguntei derrotada e desanimada, não estava mais com forças para participar das brincadeiras, além de estar sentindo um pouco de frio com aquela roupa molhada.
— Consigo, só preciso de alguns minutos. — Continuou falando calmamente, eu ia perguntar mais alguma coisa, porém o vi suspirar, parecendo incomodado então decidi apenas sair. Sai da cozinha indo até as caixas da sala em busca de uma toalha para me secar, assim que me sequei comecei a arrumar aquele lugar, e como não tenho poderes mágicos isso não seria nada fácil, na verdade, como sempre foi, afinal nunca foi fácil para mim.
Lembro-me que foi muito difícil conseguir tudo o que conquistei até agora, mesmo sendo pouca coisa, para mim é o suficiente, só quem passa por momentos difíceis sabe o valor de algo tão pequeno, mas que foi estrategicamente pensado, quando Benny e Susan morreram, me deixaram uma quantia em dinheiro, suficientemente boa e que me ajudaria muito no futuro, porém assim que saímos da sala do advogado que havia acabado de ler seus testamentos me ameaçaram.
Precisei entregar tudo, claro não podia reclamar afinal não tinha nenhum grau de parentesco com eles e muito menos vínculos emocionais, sempre fui um empecilho em suas vidas, por talvez pena, mas claramente apenas para manter a boa reputação que tinham perante os vizinhos e seus parentes fui permitida ficar na casa até que conseguisse um trabalho para assim me mudar, era como dizer aos outros que sai por que quiz, mesmo que minha intenção não fosse ter nada do que meus pais adotivos me deram, pensava em ficar com apenas uma parte do dinheiro para poder me manter enquanto o restante ficariam para eles, sei que não era merecedora de nada daquilo, mas eles não me permitiram ficar com sequer um mísero centavo, por sorte consegui emprego em uma lanchonete, o que me ajudou a encontrar um apartamento perto dos bairros, mas pobres assim o aluguei seria também, mas barato.Fui comprando algumas coisas que precisava, no entanto, o dinheiro não era tão bom e não dava para quase nada, já que além
Hoje será meu primeiro dia no ateliê de Draven Leblanc, estou tão animada, que nem pude pregar os olhos quase a noite toda, era realmente um sonho, poder trabalhar na área que dominava e sem contar que era meu passatempo preferido, levantei antes do despertador, me arrumei com a melhor roupa que podia encontrar em meu pequeno armário, preparei meu café fresquinho e assim que já estava o tomando peguei o celular para chamar o senhor Joseph, já que o mesmo me garantiu que podia ligar e chamá-lo, seria, mas fácil para mim encontrar o ateliê, poderia ser uma loucura, mas nunca havia sequer visitado a cidade não sabia nem onde ficava o mercado se não tivesse perguntado a Ethan— Aló! — Ouvi a voz do senhor Joseph do outro lado.— Oi senhor Joseph, sou Ayanne, o senhor me passou seu número há dois dias. — Expliquei enquanto tomava um gole do meu café.— Ah, sim, claro lembro da senhorita, em que posso ajudar? — Perguntou parecendo um pouco mais alegre.— Bom estou indo trabalhar hoje, mas e
No momento que pus meu corpo completamente naquele espaço me senti maravilhada com a quantidade de obras expostas, era uma mais linda que a outra, havia vários tipos de paisagens, desde praias a uma mata fechada, esculturas de gessos detalhando o corpo humano era incrível, poderia ficar ali horas, apenas admirando e sentindo a sensação de ter entrado naquele quadro e apreciando e sentido o lugar, ali haviam outros quadros com temas de diferente aspecto com formas geométricas, abstratas, linha pura, tom puro, etc. Poderia citar muitas, mas todas elas davam para notar que ele estudou como passá-las para o papel e não apenas jogá-las como se estivesse apenas passando o tempo, fiquei a tanto tempo admirando o esplendor daquilo tudo que nem havia notado que alguém falava atrás de mim.— Pois não?! — Me pronunciei no susto virando para olhar para trás vendo o homem que estava ocupado no telefone falar comigo.— Gostou? — Não soube ao certo decifrar o que seu olhar quis dizer naquele momento
Naquela manhã, acordei no mesmo horário, com o sol batendo em meu rosto, e o aquecendo, infelizmente já havia chegado o dia e eu não estava gostando. Me levantei, respirando fundo e segui para meu banho, me olhei no espelho vendo minha imagem cansada, meus olhos em um verde musgo eram portadores de profundas olheiras, denunciando minha péssima noite de sono, meu cabelo ondulado em um tom de castanho-claro estava terrivelmente embolado, pelas várias horas se mexendo tentando dormir. Entrei embaixo do chuveiro para me livrar daquela imagem de morta e acordar, desembaraçar meus longos fios rebeldes como gostava de chamá-los, tomei um bom banho gelado, sai enrolada na toalha pronta para escolher qualquer roupa, fui até meu armário avistando já um vestido de alça florido em vários tons de azul era rodado e batia na metade da minha coxa, leve e aconchegante.Peguei depositando o mesmo em minha cama, hidratei meu corpo, com um creme de rosas com cerejas, eu amava esse creme, seu cheiro era t
A solidão, para muitos, é sinônimo de vazio, o escuro, de um silêncio mortal, onde não tem nada e nem ninguém. A solidão para muitos é desagradável, é frio, sufocante, mas não em meu caso a solidão para mim, me trouxe conforto, paz aonde para muitos séria tormenta. Mas por que... Penso assim? Quando isso começou? Não tenho resposta, mas sei de algo que é relacionado. O amor seria uma escolha? O amor de mãe deveria ser uma escolha? Se a mãe queria seu filho, o carregou por nove meses e ainda assim o ama, porque a minha escolheu não me amar, e sim me apagar de sua vida, simplesmente me descartando, como lixo a qual poderia ser jogado em uma trituradora e ninguém sentiria minha falta, talvez eu devesse ter raiva, mas não, essas pessoas não teriam qualquer tipo de sentimento meu, nunca daria esse gosto, as marcas em meu corpo... Já me lembram constantemente disso, a cada momento me lembrando que sou um monstro, me lembrando que aqueles que deveriam me amar, simplesmente me transformaram
Comparado ao fiasco que havia sido nosso café da manhã, por incrível que pareça, quando nos vimos no trabalho Draven parecia completamente diferente quando ele me viu foi muito cavalheiro e reconheceu que havia falado muito e só quando ele chegou em casa que ele se tocou que não havíamos conversado direito, pois o mesmo falava tanto que não havia espaço para mim, não vou negar sua atitude me deixou muito feliz e assim ele me prometeu um almoço mais convidativo prometendo que se comportaria direito o que de fato foi bem engraçado quando ele falou isso, e cá estamos sentados em um pequeno restaurante com uma conversa bem mais fluida e agradável.– Mas me diz o que você fazia antes de se mudar para essa pequena cidade? – Perguntou sorrindo.– Ah, era garçonete em uma lanchonete perto da faculdade. – O respondi incomodada com esse assunto.– Compreendo por que você escolheu a faculdade de Snow? – Disse se referindo ao apelido dado carinhosamente pelos alunos.– Eu achei melhor fazer lá, po
Flora cortou o bolo enquanto eu ia fazer um suco de laranja com beterraba para refrescar aquele dia quente, era totalmente natural tirando o açúcar industrializado, mas continha bastante vitamina para o corpo, e era o que eu mais precisava naquele momento, coloquei alguns cubos de gelo e coloquei dois copos na bancada e levei um copo menor de plástico na cor roxa para Megan não por medo dela quebrar o de vidro, mas sim para a garotinha se sentir, mas confortável em tomar o suco e segurar um copo mais leve nas mãos. Voltei para a bancada e esperei que Flora colocasse o pedaço de Megan no prato e só assim pude me servir.– Você conseguiu consertar a torneira? – Flora, minha vizinha perguntou após se sentar em minha frente, pegando um pedaço da maravilhosa sobres que a mesma havia feito.– Sim deu tudo certo no final, o senhor Black é ótimo com essas coisas, nem precisei comprar outra. – Disse me lembrando de que realmente não troquei a torneira.“Será que vai dar problema se deixar do j
Meu coração estava agitado, dentro do meu peito, Ethan havia parado, mas não tinha se virado, talvez estivesse ponderando em me ignorar ou não, por sorte o homem se virou para me olhar.– Pois não? Algum problema? – Quando o ouvi, soltei todo o ar que não sabia que havia prendido.– Eh, Flora e Megan estão fazendo o jantar, algo chamado lasanha nunca comi então não sei se é bom, mas elas gostariam que você participasse também Megan principalmente. – Estava tão constrangida em conversar com o homem naquele momento que não parava falar, depois do que aconteceu que belisquei a pele dos meus dedos. – E você também quer que eu vá? – Sua pergunta havia soado estranha para mim.“O que isso tinha a ver comigo? Quis perguntar mais como uma resposta programada respondi.”– Sim claro quanto mais pessoas melhor! – Respondi com um sorriso tímido.– Entendo, acho que não deveria ir, mas tenham um bom jantar. – Ethan já estava se virando, negando meu pedido minha mente entrou em pânico não sabendo