Acordar em uma casa, que você não se sente oprimida, não tem agressões e sem pessoas que te olham como um bicho desagradável, é a melhor sensação do mundo, e hoje é esse dia maravilhoso. O sol batendo em meu rosto, trouxe uma sensação tão gostosa, como se seu calor estivesse me abraçando e me convidando para estar ao seu lado, como um abraço caloroso, o único que podia me lembrar eram os abraços de Susan, seu cheiro de torta de morango e seu perfume com cheiro de lavanda me fazia sentir acolhida.
Levantei me sentindo totalmente disposta, como nunca havia sentido antes, mesmo tendo trabalhado muito ontem, e hoje continuando o meu serviço de organizar a casa, não era nem suficiente para me deixar triste. Fui ao banheiro tomar um banho bem gelado, apenas para deixar meu corpo preguiçoso disposto como minha mente estava. Assim que despertei meu corpo, saí usando uma roupa folgada, um short jeans e uma blusa florida em roxo e rosa que ficava bem folgada em mim, seria ótimo para mais um dia de organização e limpeza, já sentindo um pouco de calor da manhã prendi meu longo cabelo em um rabo de cavalo.
Cheguei em minha cozinha, ainda bagunçada, abrir espaço na bancada e consegui usar a máquina de preparar café, queria bem forte para poder aguentar a manhã, peguei alguns dos biscoitos que Flora me trouxe ontem, que ainda continuavam maravilhosos, com um sabor excelente, parece que nunca havia comido biscoitos tão saborosos em minha vida. Segui para a varanda da frente e me abaixei para sentar nos dois degraus que havia, para assim começar a tomar meu café, sei que não parece muito normal esse tipo de atitude principalmente em um lugar onde as pessoas parecem elegantes, mas quem de fato se importava com isso? Essa agora era a minha casa, meu pequeno mundo e só isso importava, só de estar confortável para mim já era o suficiente.
O dia estava tão belo que até a rua estava bonita com o sol batendo na entrada das casas, alguns pássaros cantando em árvores próximas deixava tudo em harmonia, levei minha xícara de café fresquinha a boca, o gosto forte do café passou pela minha língua, a sensação do líquido descendo pela garganta era incrível e automaticamente me sentia, mas em alerta, tudo ficava quentinho por dentro do meu corpo, soltei um gemido de satisfação, adorava tomar café pela manhã. Enquanto estava sentada comecei a reparar nas casas a minha volta principalmente a que ficava em minha frente a mesma continha dois andares, mas aparentemente apenas uma pessoa morava ali ou eu poderia estar enganada e os vizinhos só não tivessem acordados ainda, mas não via muita movimentação desde o dia anterior a qual cheguei, então a primeira suposição poderia ser a mais correta, mas se bem que poderiam estar viajando, bom quem sabe? Isso não era nem mesmo da minha conta, terminei meu café, já estava pronta para começar a arrumar os móveis, decidi então começar pela pequena louça que havia sujado, liguei a água sentindo-a gelada em minhas mãos quentes, peguei a esponja, porém de repente a pia começou a fazer barulhos estranhos como se estivesse engasgada, não sei ao certo eram altos e em intervalos curtos, sem contar o movimento brusco que fazia como se forçasse a água sair, comecei a me desesperar tentando desligar, mas cruzeta de metal da torneira havia emperrado e não girava até que um jato de água veio ao meu rosto, ai que fui tomada pelo desespero afinal o piso da minha casa era de madeira poderia estragar se ficasse tão molhada assim, tentei ao máximo tampar a água com as mãos para poder ao menos enxergar, não sabia como fazer aquile jato forte parar, a torneira já não estava nem no mesmo lugar, aparentemente ela havia caído com a pressão, água espirrava para todos os lugares e molhando o piso todo da cozinha, avistei uma panela, sem pensar muito resolvi pegá-la e cobrir onde outrora estava a torneira, peguei a bandeja de Flora e segui quase correndo até sua casa ao lado, três batidas foram necessárias para a mesma viesse me atender, ao olhar meu estado fora nítido seu espanto claro, provavelmente estava parecendo que havia mergulhado em uma piscina.
— Menina! O que aconteceu com você, olha seu estado! — Disse com as mãos na boca.
— Minha torneira explodiu! Você sabe quem pode consertar por favor! Meu piso ficou todo molhado. — Disparei apertando a bandeja em minhas mãos apenas de lembrar da cena.
— Ethan pode consertar, ele é ótimo nisso! — Disse, contendo agora uma risada.
— Flora está rindo de que, eu estou falando sério, explodiu, toma sua bandeja! Quem é Ethan? — Fiz cara feia, me apressando para procurar esse tal de Ethan.
— Seu vizinho da frente Ah! Ah! Desculpa querida, mas você está muito engraçada ah! Ah! Ah! — Disse rindo alto, me deixando ainda mais constrangida.
— Entendi, mas espera ele não vai achar ruim não!? — Perguntei ao perceber que se tratava do meu vizinho da frente, no qual não havia dado as caras ontem, e também acabei me lembrando de seu comportamento.
— Vai não, ele é muito bondoso, mas ele é um pouco diferente! Então não se assuste. — Disse fazendo menção em situar tal fato.
— Diferente? Como assim? — Me senti receosa por ela falar dessa forma, afinal parando para pensar, ele ficou observando pela janela.
“Ele não seria nenhum psicopata certo? Acho que deveria me virar sozinha. Me senti pressionada e o pensamento de deixar para lá foi inevitável."
— Tudo bem-querida, ele não é maluco, você vai entender quando o ver, é só que algumas pessoas tendem a ficar desconfortáveis na sua frente! — Enfatizou.
— Okay, então preciso ir ou aquela panela voa, aí não será apenas a pia que terei que consertar. — Disse me virando e já indo atravessar a rua.
— Certo então, ah! Ah! Ah! Explodiu, nunca vi isso, esses jovens têm muita criatividade! — Ainda pude ouvir suas gargalhadas e seu comentário.
— Argh! Essa mulher! Onde já se viu rir de uma situação dessas! — Revirei os olhos e segui até a entrada da casa a qual havia reparado nessa manhã, um jardim simples com poucas flores, porém todas estavam bem cuidadas davam as Boas-vindas.
Parei em frente ao batente, olhei para trás lembrando da minha pia jorrando água igual a uma cachoeira, queria desistir e tentar consertar sozinha, mas o grande problemas era que não sabia nem por onde começar, não vou negar estava nervosa, não o tinha visto ainda e peguei o mesmo me observando não estava segura dessa ideia afinal era deixar minha pia daquele jeito ou me livrar de uma situação constrangedora, mas não havia outro jeito, respirei fundo, reuni toda coragem que possuía, mesmo que não fosse muito, dei três batidas tímidas na porta e aguardei pacientemente.
“Onde estava com a cabeça! Eu nem conheço o cara e já vou pedir um favor! Ele vai se sentir incomodado tenho certeza. Pensei me martirizando.”
Iria dar meia, volta quando fui surpreendida pela porta sendo aberta, e um homem tão alto se pôs a minha frente que precisei recuar alguns passos e levantar a cabeça um pouco, mas, e apenas duas coisas que me chamaram mais a atenção a primeira coisa que vi foram seus lindos cabelos pareciam tão macios que dava vontade de acariciá-lo, e a segunda foram seus olhos profundos e intensos eram como a noite estrelada, não consegui recuperar o fôlego que havia prendido, seu rosto simétrico continha traços fortes, sobrancelhas grossas e um lábio tão bem desenhado, era lindo totalmente diferente dos homens que conhecia, me perdi em algumas marcas em seu rosto, eram algumas cicatrizes que algum dia o causou problemas, agora não passava de marcas profundas, forçando seu belo rosto parecer rigoroso e irritado, mesmo que não fosse de propósito, notando que se não falasse nada iria tornar aquele primeiro encontro estranho, juntei toda a coragem que encontrei e me aprontei para explicar toda a situaç
Precisei entregar tudo, claro não podia reclamar afinal não tinha nenhum grau de parentesco com eles e muito menos vínculos emocionais, sempre fui um empecilho em suas vidas, por talvez pena, mas claramente apenas para manter a boa reputação que tinham perante os vizinhos e seus parentes fui permitida ficar na casa até que conseguisse um trabalho para assim me mudar, era como dizer aos outros que sai por que quiz, mesmo que minha intenção não fosse ter nada do que meus pais adotivos me deram, pensava em ficar com apenas uma parte do dinheiro para poder me manter enquanto o restante ficariam para eles, sei que não era merecedora de nada daquilo, mas eles não me permitiram ficar com sequer um mísero centavo, por sorte consegui emprego em uma lanchonete, o que me ajudou a encontrar um apartamento perto dos bairros, mas pobres assim o aluguei seria também, mas barato.Fui comprando algumas coisas que precisava, no entanto, o dinheiro não era tão bom e não dava para quase nada, já que além
Hoje será meu primeiro dia no ateliê de Draven Leblanc, estou tão animada, que nem pude pregar os olhos quase a noite toda, era realmente um sonho, poder trabalhar na área que dominava e sem contar que era meu passatempo preferido, levantei antes do despertador, me arrumei com a melhor roupa que podia encontrar em meu pequeno armário, preparei meu café fresquinho e assim que já estava o tomando peguei o celular para chamar o senhor Joseph, já que o mesmo me garantiu que podia ligar e chamá-lo, seria, mas fácil para mim encontrar o ateliê, poderia ser uma loucura, mas nunca havia sequer visitado a cidade não sabia nem onde ficava o mercado se não tivesse perguntado a Ethan— Aló! — Ouvi a voz do senhor Joseph do outro lado.— Oi senhor Joseph, sou Ayanne, o senhor me passou seu número há dois dias. — Expliquei enquanto tomava um gole do meu café.— Ah, sim, claro lembro da senhorita, em que posso ajudar? — Perguntou parecendo um pouco mais alegre.— Bom estou indo trabalhar hoje, mas e
No momento que pus meu corpo completamente naquele espaço me senti maravilhada com a quantidade de obras expostas, era uma mais linda que a outra, havia vários tipos de paisagens, desde praias a uma mata fechada, esculturas de gessos detalhando o corpo humano era incrível, poderia ficar ali horas, apenas admirando e sentindo a sensação de ter entrado naquele quadro e apreciando e sentido o lugar, ali haviam outros quadros com temas de diferente aspecto com formas geométricas, abstratas, linha pura, tom puro, etc. Poderia citar muitas, mas todas elas davam para notar que ele estudou como passá-las para o papel e não apenas jogá-las como se estivesse apenas passando o tempo, fiquei a tanto tempo admirando o esplendor daquilo tudo que nem havia notado que alguém falava atrás de mim.— Pois não?! — Me pronunciei no susto virando para olhar para trás vendo o homem que estava ocupado no telefone falar comigo.— Gostou? — Não soube ao certo decifrar o que seu olhar quis dizer naquele momento
Naquela manhã, acordei no mesmo horário, com o sol batendo em meu rosto, e o aquecendo, infelizmente já havia chegado o dia e eu não estava gostando. Me levantei, respirando fundo e segui para meu banho, me olhei no espelho vendo minha imagem cansada, meus olhos em um verde musgo eram portadores de profundas olheiras, denunciando minha péssima noite de sono, meu cabelo ondulado em um tom de castanho-claro estava terrivelmente embolado, pelas várias horas se mexendo tentando dormir. Entrei embaixo do chuveiro para me livrar daquela imagem de morta e acordar, desembaraçar meus longos fios rebeldes como gostava de chamá-los, tomei um bom banho gelado, sai enrolada na toalha pronta para escolher qualquer roupa, fui até meu armário avistando já um vestido de alça florido em vários tons de azul era rodado e batia na metade da minha coxa, leve e aconchegante.Peguei depositando o mesmo em minha cama, hidratei meu corpo, com um creme de rosas com cerejas, eu amava esse creme, seu cheiro era t
A solidão, para muitos, é sinônimo de vazio, o escuro, de um silêncio mortal, onde não tem nada e nem ninguém. A solidão para muitos é desagradável, é frio, sufocante, mas não em meu caso a solidão para mim, me trouxe conforto, paz aonde para muitos séria tormenta. Mas por que... Penso assim? Quando isso começou? Não tenho resposta, mas sei de algo que é relacionado. O amor seria uma escolha? O amor de mãe deveria ser uma escolha? Se a mãe queria seu filho, o carregou por nove meses e ainda assim o ama, porque a minha escolheu não me amar, e sim me apagar de sua vida, simplesmente me descartando, como lixo a qual poderia ser jogado em uma trituradora e ninguém sentiria minha falta, talvez eu devesse ter raiva, mas não, essas pessoas não teriam qualquer tipo de sentimento meu, nunca daria esse gosto, as marcas em meu corpo... Já me lembram constantemente disso, a cada momento me lembrando que sou um monstro, me lembrando que aqueles que deveriam me amar, simplesmente me transformaram
Comparado ao fiasco que havia sido nosso café da manhã, por incrível que pareça, quando nos vimos no trabalho Draven parecia completamente diferente quando ele me viu foi muito cavalheiro e reconheceu que havia falado muito e só quando ele chegou em casa que ele se tocou que não havíamos conversado direito, pois o mesmo falava tanto que não havia espaço para mim, não vou negar sua atitude me deixou muito feliz e assim ele me prometeu um almoço mais convidativo prometendo que se comportaria direito o que de fato foi bem engraçado quando ele falou isso, e cá estamos sentados em um pequeno restaurante com uma conversa bem mais fluida e agradável.– Mas me diz o que você fazia antes de se mudar para essa pequena cidade? – Perguntou sorrindo.– Ah, era garçonete em uma lanchonete perto da faculdade. – O respondi incomodada com esse assunto.– Compreendo por que você escolheu a faculdade de Snow? – Disse se referindo ao apelido dado carinhosamente pelos alunos.– Eu achei melhor fazer lá, po
Flora cortou o bolo enquanto eu ia fazer um suco de laranja com beterraba para refrescar aquele dia quente, era totalmente natural tirando o açúcar industrializado, mas continha bastante vitamina para o corpo, e era o que eu mais precisava naquele momento, coloquei alguns cubos de gelo e coloquei dois copos na bancada e levei um copo menor de plástico na cor roxa para Megan não por medo dela quebrar o de vidro, mas sim para a garotinha se sentir, mas confortável em tomar o suco e segurar um copo mais leve nas mãos. Voltei para a bancada e esperei que Flora colocasse o pedaço de Megan no prato e só assim pude me servir.– Você conseguiu consertar a torneira? – Flora, minha vizinha perguntou após se sentar em minha frente, pegando um pedaço da maravilhosa sobres que a mesma havia feito.– Sim deu tudo certo no final, o senhor Black é ótimo com essas coisas, nem precisei comprar outra. – Disse me lembrando de que realmente não troquei a torneira.“Será que vai dar problema se deixar do j