Capítulo 4
As palavras aparentemente elogiosas de Amanda ecoaram em meus ouvidos como uma provocação sarcástica. Com um gesto discreto de cabeça, indiquei que todos se retirassem. Daniel, cuja expressão denunciava o medo de não haver sido convincente o suficiente, apertou minha mão com vigor, reafirmando promessas de fidelidade.

— Só existe espaço para você neste coração, Rafaela. Você é a única mulher em minha vida. — Ele declarou com voz carregada de convicção.

Eu não tinha mais paciência para suas mentiras e apenas respondi com um murmúrio indiferente. Observei-o morder o lábio inferior num movimento que sugeria intenso conflito interno. Após uma inspiração profunda, finalmente se manifestou:

— Rafaela, eu precisaria comparecer a uma reunião crucial na empresa hoje, mas adiei tudo para amanhã para permanecer ao seu lado. Desta vez, prometo que meu celular estará ligado. Quando você acordar, vou estar aqui para atendê-la. — Ele me encarou fixamente, observando cada mínima reação minha, como se temesse perder algo.

Não sabia se ele estava preocupado de que eu descobrisse suas verdadeiras intenções para o dia seguinte ou se genuinamente temia me perder. Contive a fúria e decepção que me consumiam com um leve aceno de assentimento.

— Vá cuidar dos seus negócios. Vou estar bem aqui no hospital, não precisa se preocupar. — Minha voz mantinha uma placidez enganosa, enquanto internamente uma geleira se formava em meu peito.

Ao pressionar o rosto contra minha palma, sua barba mal aparada provocou uma coceira repulsiva. Me revoltava imaginar aquela mesma pele que recentemente acariciava outra mulher.

— Rafaela, quando você se recuperar, vamos adotar crianças. Uma te parece pouco? Adotamos duas, do jeito que você quiser. Quando crescerem, vou passar a empresa para eles, e a gente vai viajar pelo mundo juntos. — Disse ele com uma voz doce, pintando um futuro cheio de esperanças.

Se não fosse saber do seu casamento no dia seguinte, talvez tivesse caído novamente em suas palavras doces. Alegando minha exaustão como pretexto, Daniel saiu rapidamente do quarto.

Ao recuperar forças, deixei também hospital e voltei para o que um dia foi nosso lar. O apartamento que antes nos acolhia como ninho amoroso, agora expunha paredes nuas e silêncio cortante. Separei roupas básicas, deixei os papéis do divórcio sobre a mesa e fechei a porta sem ruído.

Sentada no avião para a Austrália, olhando pela janela a cidade que se esvaía sob as nuvens. Enterrei o passado para sempre. Adeus definitivo, Daniel.

No dia seguinte, pouco antes do início do casamento, Daniel percebeu que não conseguia me contatar de jeito nenhum. Sem hesitar, ele deixou Amanda vestida de noiva e correu para o hospital. Mas o que encontrou foi apenas um quarto vazio, com a cama já fria.

Desesperado, Daniel percorreu os corredores como um homem fora de si, vasculhando cada canto possível.

— Rafaela! Aparece! Pelo amor de Deus, não faz isso comigo! — Seu grito desesperado ecoou pelos corredores silenciosos, misturando angústia e súplica.
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