Meu nome é Nyele, tenho 19 anos.
Trabalho na taverna do meu pai, um homem que é muito respeitado por saber negociar, ele manteve nossa família bem, sendo que aqui onde moramos a Baía da Hidra, é um lugar um tanto difícil de se viver pelo fato de ser dominada por piratas, os Hidra, o que deu nome ao lugar como pode se ver, eu sou descendente de ciganos por isso uso roupas muito coloridas e bastante adereços, me orgulho muito disso. Bom, nada de mais acontecia na minha rotina, eu só servia as mesas, dia sim e dia não acontecia uma briga entre os homens, seja por uma mulher ou por estarem muito bêbados, eu apenas ria de longe enquanto os outros tentavam separar ou resolver o que estava acontecendo, minha mãe os atendia no balcão, ela era linda, meu pai teve sorte.
Nessa manhã eu acordei pronta para mais um dia normal, sem esperar que algo acontecesse, olhei o mar pela janela, navios partiam a todo momento, mas por algum motivo hoje eles estavam parados, não tinha movimento nas docas a rua do cais estava quase vazia sem os navegantes.- Nyele! Venha logo! Minha mãe me chamava, parecia ter alguma coisa acontecendo pelo tom de sua voz. Desci apressada com meu vestido preferido, passei só um batom pra não me sentir tão apagada, fui até ela que estava sentada em uma mesa, me sentei e dei um beijo em seu rosto.Nyele- Oque houve mãe ?Mãe- Você não deve servir as mesas hoje me ouviu ?Nyele- Por que, o que está acontecendo?Mãe- Algo vai acontecer, não reparou no cais ? Me escute, fique em seu quarto.Nyele- Sim, mãe. Comi o que tinha de café da manhã e subi, logo ouvi os homens chegando,a algazarra de sempre, risos altos e conversas, eu apenas fiquei lendo e olhando o horizonte pela janela, o céu estava lindo, como eu queria poder ter uma vida diferente, estava cansada dessa vida pacata, quero ter algo a mais, quero conhecer lugares novos, pessoas novas, fiquei um tempo pensando em minha cama, então dormi. Acordei com batidas na porta, já estava escuro, as estrelas brilhavam como nunca, fui até a porta e era meu pai.Pai- Por que ficou no quarto ? Precisei de você hoje.Nyele- Mamãe disse que era para eu ficar aqui.Pai- Sua mãe está só preocupada com mais um de seus pressentimentos, não ligue, desça e me ajude lavando os copos e servindo as mesas.Nyele- Pai, por favor.Pai- Tudo bem, só fique um pouco, depois você pode subir novamente.Nyele- Então tá, mas se eu ficar com problemas com a mamãe eu vou dizer que você que mandou.Pai- Eu me viro, pode deixar. Desci seguindo ele, que foi para trás do balcão, fui em direção a cozinha e comecei a lavar a louça. Após eu terminar, fui até uma mesa pegar os pedidos e comecei meu trabalho, fui e voltei das mesas algumas vezes, as conversas não cessavam, estavam bem ativos hoje, ao contrário do que imaginei por causa da rua, fui pegar outra leva de cerveja pra mesa de uns marujos e quando voltei a mesa para distribuir as bebidas, a taverna toda ficou em silêncio com um grito de um dos homens.Homem- Ele e sua tripulação estão vindo! Foi tudo oque disse, mas de quem ele estava falando ? De repente um homem entra pelas cortinas seguido de outros.Ele era belo, nunca o tinha visto, olhei para meu pai, ele parecia espantado, minha mãe ficou paralisada, até então o homem não tinha olhado para mim, mas um de seus companheiros me viu, falou no ouvido do capitão que lhe entregou a máscara e se virou em minha direção, deu um sorriso de lado e começou a caminhar até mim, o encarei como fazia com todos os engracadinhos que ficavam encarando muito tempo, do nada meu pai entrou na frente do homem e todos se espantaram.
Pai- O que deseja senhor ? O homem o olhou com seriedade, minha mãe veio correndo em minha direção e me pegou pelo braço.Mãe- Venha minha filha, você deve subir imediatamente.Nyele- Por que, quem é ele ?Mãe- Não faça perguntas, vá. Segui até a escada e olhei para trás meu pai parecia aflito e minha mãe em desespero, subi rapidamente e fechei a porta, respirei fundo e fui até a janela para olhar a entrada, vi que as pessoas estavam saindo da taverna, fiquei preocupada, não sabia o que estava acontecendo, comecei a entrar em pânico, quem seria aquele homem para que todos os outros freguêses saíssem dessa forma ? De repente eu lembro, ele era Vega, líder dos piratas que dominavam a Baía, "Os Hidra" por isso a serpente tatuada, cada um deles tem uma no corpo, mas o que ele estaria fazendo aqui pessoalmente ? Então batidas são feitas na porta e eu corro para abrir, é meu pai, ele está com uma expressão indescritível.Pai- Vamos Nyele.Nyele- Oque está acontecendo pai ? Ele não me responde apenas pega minha mão e me leva. Quando chegamos à taverna alguns dos homens seguravam os braços de minha mãe, na hora fui para cima deles, meu pai tentou me segurar mas eu fui mais rápida, quando estava a centímetros deles e ergui minha mão para libertar minha mãe, seguraram meus cotovelos e minhas mãos, eu resisti e me debati para chegar até minha mãe que chorava, eles então pressionaram atrás dos meus joelhos me desestabilizando e ficando sobre os joelhos, as mãos que seguravam os meus cotovelos pressionavam meus ombros pra baixo, eu já não tinha como escapar, mas mesmo assim tentava soltar meus pulsos, um dos homens que me segurava riu e falou.Homem- Geniosa essa aqui. Vega deu um leve riso e com um sorriso suspeito se aproximou de mim, eu o encaro friamente e ele pega meu queixo, ele ergue meu rosto e ri do mesmo modo que antes.Vega- Vai ser muito divertido vê-lá à bordo.- colocou certa pressão no aperto e eu rosno em desaprovação. Todos riem e eu o olhei com desprezo.Vega- Não me olhe assim, faz meu coração balançar,- piscou o olho pra mim e os piratas riem- levem-na ao navio.Mãe- Não!!! Olho para meu pai e vejo que ele recebe um saquinho que tilinta quando Vega o joga para ele, em minha mente eu ligo os acontecimentos e então percebo...eu fui vendid, ele nem tentou os impedir quando me levantaram e levaram pela porta, ao contrário da minha mãe que tentou mas foi segurada por meu pai, olhei uma última vez para ela e virei meu rosto para Vega a minha frente, ele andava despreocupado e eu só pensei que de qualquer forma eu iria escapar ou ele sofreria as consequências.Estávamos no cais e quando eu vi o navio me assustei, ele parecia estar em chamas em certas partes, como se fosse um navio fantasma. Os piratas não diminuíam o aperto e faltava poucos passos para chegarmos a entrada do navio, tentei puxar meus braços mas não funcionou. Vega subiu a bordo e falou a tripulação.Vega- Marujos! Hoje vamos receber uma nova dama a bordo, - ouço gritos de comemoração- mas ela é minha e não quero que encostem um dedo nela, estamos entendidos ?Tripulação- Sim capitão!Vega-Tragam-na. Os homens que me seguravam começaram a me levar ao convés, lá estava cheio de piratas, todos homens, olhei todos, estava com a expressão de raiva, não ia deixar nenhum deles muito menos Vega, me tocar. Vega fez sinal para que me levassem para perto dele e o mesmo me pegou pelo bra&cced
Sinto algo macio sob mim e quando abro os olhos dou de cara com Vega dormindo profundamente, nesse momento acordo de uma vez só, eu havia sido posta na cama em algum momento, talvez vencida pelo cansaço eu nem percebi, minh mente volta a ação e eu penso logo em algum meio de saída, me mexo com cuidado até que saio da cama e ao ficar de pé vejo uma chave perto do travesseiro dele, sorrateiramente eu vou até lá e sem respirar pego a chave, vou o mais rápido que posso até a porta e viro a chave o mais silenciosamente possível, ouvindo ela abrir eu me animo mas assim que abro a porta vejo um enorme lobo que me encara fixamente.
Era uma mulher que tinha falado, ela era um pouco mais velha que eu, devia ter uns 22 anos, era branca com cabelos negros, muito bonita e estava cercada por homens que pareciam protegê-la, ela se aproxima e o homem que me segurava rosna.Homem- Não se intrometa, eu a achei.Mulher- Solte-a ela não te pertence, assim como não pertence a ninguém aqui.Homem- Acha que manda em mim ?Mulher- Não, só acho que eu tenho mais homens e mais chances de quebrar seu nariz, agora deixe ela.Homem- Um dia você irá se arrepender. Dito isso ele me jogou para ela, que me segura carinhosamente pelos ombros, começa a caminhar e me levar junto, eu resisto um pouco mas ela me dá um sorriso calmo e sincero, então vou com ela. Nós fomos parar em um grande navio atracado na costa oposta da que eu c
Acordo de manhã sentindo uma respiração quente no meu pescoço e me viro devagar para ver Vega deitado sobre o travesseiro com o rosto próximo ao meu, seus cabelos longos pareciam fios de ouro iluminados pelo sol que entrava pela janela e sua expressão era suave, ele parecia tranquilo como uma criança, nada de sarcasmo, ironia ou zombaria em sua face, apenas a tranquilidade que o sono dava a todos, por um momento me dei conta de que estava tempo demais observando ele de perto, então me recomponho, levanto e vou ao banheiro pronta para um banho. Assim que termino e paro olhando para o vestido já não mais tão utilizável, batidas ecoam na porta.Vega- Tem um vestido novo para você na cama, vou resolver algumas coisas, quando estiver pronta me encontre no convés. Espero alguns momentos e então espio para ver se h&aacu
Acordei sentindo falta de ar e qundo abro os olhos Vega está com os braços em volta de mim e me aperta como se fosse um urso, eu tento me libertar de seu aperto mas assim que me movo ele reage apertando mais e suspira em meus ouvidos, sabendo que tentar sair seria uma tentativa em vão eu resolvo ser mais prática.Nyele- Vega, acorde, está me apertando.Vega- Só mais uns minutos, está cedo. -ele parecia não estar acordado mesmo falando.Nyele- Acorde ! Eu digo mais alto e me mexo com mais vigor, então ele acorda em um pulo e eu sinto o ar voltando para os meus pulmões, respiro fundo e lanço um olhar de reprovaç&
Eu respiro fundo pesando os prós e contras e então respondo.Nyele- Só se você estiver confortável com isso.Vega- Não gosto de falar sobre isso, mas quero que você saiba, já que vai ficar comigo, quero que confie em mim e se sinta a vontade comigo.Nyele- Então estou aqui escutando. Vega se vira para mim tirando seu cabelo de minhas mõs com cuidado, algumas mechas caem em seu ombro moldando seu corpo, ele me olha no fundo dos olhos como se sondasse minha mente.Nyele- Está tudo bem, pode falar.Vega- Bom, vamos começar pelo início de tudo, Vega não é meu real nome, fui nomeado de Vicenzo Castillo, eu nasci na Espanha em meio a realeza, digamos que eu era um príncipe, minha mãe morreu em meu nascimento, fui "criado" por meu pai, ele nunca demonstrou afet
Sem saber como saí do navio eu me vejo em um lugar escuro e cheio de poeira, ando descalço e sinto um calor insupotável preencher o ambiente, meus olhos ardem com algo e eu tento mantê-los abertos até que vejo uma luz, ouço batidas fortes, como se pedras se chocassem e ao continuar eu chego em uma câmara cheia de homens de muitas idades, todos cobertos por poeira preta que em sua pele suada virava algo grudento, um homem o qual eu presumo ser o carceireiro os incomoda frequentemente com açoites e palavras duras para que não tivéssem descanso, indignada eu avanço contra ele sem pensar, mas assim que ele se vira para mim parece não me ver e me atravessa, eu olho em volta assustada e percebo que ninguém alí podia me ver, o que estava acontcendo ? Eu estava em um sonho ? Pensando em todas as possibilidades eu vejo um garoto da minha idade mais ou menos, seu corpo é
Eu já não sabia em que parte era eu ou em que parte era o magnetismo do fogo, só seguia as sensações que o momento provocava, como mágica, não havia a apatia ou o cansaço de antes, tudo estava focado na música e no que ela trazia.Último capítulo