Acordo de manhã sentindo uma respiração quente no meu pescoço e me viro devagar para ver Vega deitado sobre o travesseiro com o rosto próximo ao meu, seus cabelos longos pareciam fios de ouro iluminados pelo sol que entrava pela janela e sua expressão era suave, ele parecia tranquilo como uma criança, nada de sarcasmo, ironia ou zombaria em sua face, apenas a tranquilidade que o sono dava a todos, por um momento me dei conta de que estava tempo demais observando ele de perto, então me recomponho, levanto e vou ao banheiro pronta para um banho.
Assim que termino e paro olhando para o vestido já não mais tão utilizável, batidas ecoam na porta.
Vega- Tem um vestido novo para você na cama, vou resolver algumas coisas, quando estiver pronta me encontre no convés.
Espero alguns momentos e então espio para ver se há alguém no quarto, não vendo ninguém eu me apresso para me trocar, o vestido é como o meu antigo, simples mas bonito, bom para se mover abertamente. Tendo arrumado meu cabelo eu saio e por um momento a claridade me cega, mas logo meus olhos se acostumam, os homens trabalham sem parar de um lado para o outro, passam por mim e acenam dizendo bom dia eu retribuo e vejo Vega conversando algo com um dos homens, ele me vê e vem até mim.
Vega- O vestido lhe caiu bem.
Nyele- Obrigada, o outro não estava tão bom.
Vega- Suspeitei, ele não foi feito para nadar, sabia disso ? -disse de modo brincalhão.
Nyele- Muito engraçado, mas eu não precisaria pular do barco se eu estivesse em casa.
Vega- Não sairemos dessa conversa nunca, então vamos aos assuntos do dia, primeiro vou te ensinar o básico sobre estar em um barco e depois tenho uma proposta para você.
Nyele- Que tipo de proposta ?
Vega- Não seja curiosa, venha, vou te ensinar umas coisinhas. -ele nos coloca no centro do navio e aponta para a esquerda- aqui é bombordo, na direita é estebordo, frente do barco é proa e a traseira é popa, então caso alguém fale sobre fazer algo em um desses lugares já sabe para onde ir, odiaria que zombassem de você por não saber, o navio tem alguns níveis, esse em que estamos, a cozinha baixo de nós e abaixo dela a dispensa de mantimentos, lá é bem escuro então não é necessário que vá lá, ninguém vai pedir para que faça isso, com o tempo vai conhecer a todos, são fiés a mim com toda a vida e não lhe farão mal.
Nyele- Por que isso tudo ?
Vega- Uma rainha não pode ser ignorante sobre seus domínios e nem sobre o que seus súditos fazem, então vou te instruir.
Ele pisca para mim e sorri, não parecia tão ruim quanto quando o conheci, se mostrava atensioso e prestativo na verdade, aceitável. O dia passou nisso, eu recebendo instruções, realizando algumas coisas na prática e perto do final do dia paramos na ponta do navio vendo as águas tingidas com o laranja do pôr do sol e brilhando como âmbar, encostados na borda apoiados pelos cotovelos somente sentindo a brisa, aproveitando eu fecho os olhos e sinto como se algo dentro de mim mudasse.
Vega- Nunca saiu da baía certo ?
Nyele- Bom palpite, como sabe?
Vega- Eu reconheço alguém que experimenta da liberdade após um tempo, posso dizer que não saía de casa também.
Nyele- Dois palpites e os dois estão certos, meu sonho era ver o mar de perto, a janela era pequena demais para mim.
Vega- Eu entendo... -olhei em seus olhos que fitavam o horizonte e neles havia certa nostalgia- mas vamos ao último assunto, minha proposta.
Nyele- Diga.
Vega- Estamos indo para um lugar importante, talvez demore três ou quatro dias para isso, minha proposta é a seguinte, eu sei que não se afeiçoa a mim a ponto de se casar, então façamos assim, se não sentir absolutamente nada por mim até a primeira noite que chegarmos lá eu aceito que perdi, deixo que vá para casa e não apareço em sua vida, mas se nesse tempo eu fizer seu coração bambear e tomar qualquer lugar que seja dentro dele você concordará em se casar comigo, fechado ?
Nyele- Interessante, sabe que não é tanto tempo para você certo ?
Vega- Sim, mas não preciso de muito, eu confio no meu carisma e no meu charme pessoal. -ele sorri parte sedutor e parte brincalhão ilustrando o que diz.
Nyele- Pois bem, eu aceito, já posso sentir o cheiro de casa.
Vega- E eu já vejo você ao meu lado.
Apertamos as mãos e seguimos com o resto do dia até que caímos na cama para o sono profundo e merecido pelo dia de trabalho.
Acordei sentindo falta de ar e qundo abro os olhos Vega está com os braços em volta de mim e me aperta como se fosse um urso, eu tento me libertar de seu aperto mas assim que me movo ele reage apertando mais e suspira em meus ouvidos, sabendo que tentar sair seria uma tentativa em vão eu resolvo ser mais prática.Nyele- Vega, acorde, está me apertando.Vega- Só mais uns minutos, está cedo. -ele parecia não estar acordado mesmo falando.Nyele- Acorde ! Eu digo mais alto e me mexo com mais vigor, então ele acorda em um pulo e eu sinto o ar voltando para os meus pulmões, respiro fundo e lanço um olhar de reprovaç&
Eu respiro fundo pesando os prós e contras e então respondo.Nyele- Só se você estiver confortável com isso.Vega- Não gosto de falar sobre isso, mas quero que você saiba, já que vai ficar comigo, quero que confie em mim e se sinta a vontade comigo.Nyele- Então estou aqui escutando. Vega se vira para mim tirando seu cabelo de minhas mõs com cuidado, algumas mechas caem em seu ombro moldando seu corpo, ele me olha no fundo dos olhos como se sondasse minha mente.Nyele- Está tudo bem, pode falar.Vega- Bom, vamos começar pelo início de tudo, Vega não é meu real nome, fui nomeado de Vicenzo Castillo, eu nasci na Espanha em meio a realeza, digamos que eu era um príncipe, minha mãe morreu em meu nascimento, fui "criado" por meu pai, ele nunca demonstrou afet
Sem saber como saí do navio eu me vejo em um lugar escuro e cheio de poeira, ando descalço e sinto um calor insupotável preencher o ambiente, meus olhos ardem com algo e eu tento mantê-los abertos até que vejo uma luz, ouço batidas fortes, como se pedras se chocassem e ao continuar eu chego em uma câmara cheia de homens de muitas idades, todos cobertos por poeira preta que em sua pele suada virava algo grudento, um homem o qual eu presumo ser o carceireiro os incomoda frequentemente com açoites e palavras duras para que não tivéssem descanso, indignada eu avanço contra ele sem pensar, mas assim que ele se vira para mim parece não me ver e me atravessa, eu olho em volta assustada e percebo que ninguém alí podia me ver, o que estava acontcendo ? Eu estava em um sonho ? Pensando em todas as possibilidades eu vejo um garoto da minha idade mais ou menos, seu corpo é
Eu já não sabia em que parte era eu ou em que parte era o magnetismo do fogo, só seguia as sensações que o momento provocava, como mágica, não havia a apatia ou o cansaço de antes, tudo estava focado na música e no que ela trazia.
O navio balançava muito e ainda era noite, Vega havia colocado os braços a minha volta, ele dormia tranquilamente, seu rosto era calmo e belo, estávamos de frente um para o outro, eu delicadamente me levanto apoiando nos cotovelos e fico o fitando, em um movimento impensado estendo minha mão para acariciar seu rosto, tiro uma mecha que caia sobre seus olhos e rapidamente recuo minha mão a fechando, o que eu estou fazendo ? O que é esse aperto em meu peito ? Eu não posso acreditar que posso estar tendo algum tipo de afeição por ele, isso é impensável, depois de tudo que ele fez, me comprou, prendeu e quis forçar um casamento, não pode estar acontecendo isso comigo, não em relação a ele, eu devo estar ficando louca, preciso pensar direito. Eu saio com cuidado da cama para n&atild
Acordei e Vega não estava, não me importei e fui até a porta, quando a abro os marujos já estavam ativos e o sol estava a pino, devia ser o meio do dia, eu caminho um pouco e sinto uma presença em minhas pernas, era Garul que me pedia carinho, ele não era pequeno então não precisei me abaixar ou curvar para fazer sua vontade, pois sua cabeça chegava na minha cintura quando estava nas quatro patas.Nyele- Oi garotão. Eu continuo a andar e ele fica ao meu lado como se me guardasse, enquanto eu caminhava e cumprimentava os homens eles faziam o mesmo, mas quando viam meu acompanhante se afastavam, eu rio e então vou a borda onde mais cedo eu e Vega tínhamos nos beijado, essa lembrança me fez
Já fazia algum tempo que ele tinha saído, eu estava sentada no chão perto do lobo quando batidas são ouvidas.Nyele- O que é agora Vega ?Mitras- Sou eu, Mitras, é hora do jantar. -ele diz com cuidado. Eu me levanto e vou até a porta, a abro e o vejo sorridente, eu abro um pequeno sorriso, ele faz um aceno com a cabeça me incentivando a sair, eu respiro fundo e saio, olho para a lua e as águas escuras do oceano, isso me causa um sentimento estranho, mas Mitras me tira dos meus pensamentos.Mitras- Venha, todos estão lá embaixo.Nyele- Palavra errada.Mitras- Vocês brigaram ?Nyele- A culpa foi dele, ele foi um idiota, insenc&ia
Eu estava muito sonolenta e com uma rajada fria e forte do vento me desequilibro, pensei que fosse morrer mas cai em braços grandes, estava tão cansada que não vi quem era, vi somente fios dourados e então apaguei. Acordei na cama de Vega, não sentia mais as ondas nem nenhum movimento do mar, mas o cheiro permanecia, eu me levanto e olho pela janela, estávamos atracados em um porto, eu só via névoa então resolvi sair e ver melhor, ao abrir a porta o navio estava imerso em névoa, não via ninguém então voltei ao quarto e fui tomar um banho, encontrei pendurado na parede do banheiro um vestido e após o banho eu o coloquei.Último capítulo