Capítulo 7

     Eu respiro fundo pesando os prós e contras e então respondo.

Nyele- Só se você estiver confortável com isso.

Vega- Não gosto de falar sobre isso, mas quero que você saiba, já que vai ficar comigo, quero que confie em mim e se sinta a vontade comigo.

Nyele- Então estou aqui escutando.

      Vega se vira para mim tirando seu cabelo de minhas mõs com cuidado, algumas mechas caem em seu ombro moldando seu corpo, ele me olha no fundo dos olhos como se sondasse minha mente.

Nyele- Está tudo bem, pode falar.

Vega- Bom, vamos começar pelo início de tudo, Vega não é meu real nome, fui nomeado de Vicenzo Castillo, eu nasci na Espanha em meio a realeza, digamos que eu era um príncipe, minha mãe morreu em meu nascimento, fui "criado" por meu pai, ele nunca demonstrou afeto algum a mim, sempre estava ocupado com negócios e outras coisas da Coroa espanhola, desde o momento em que aprendi a falar foi imposto a mim os assuntos de que o país estava tratando, mantinha estudos rígidos desde meus 5 anos e jamais tive contato com o povo, quando via meu pai ele geralmente estava com muitas mulheres ou trabalhando,então me sentia constantemente sozinho e abandonado. Quando fiz 12 pude ir aos bailes e conhecer pessoas de outros reinos, achei que não tinha nada por trás mas meu pai queria me apresentar a sua futura rainha, ela era uma imperatriz extremamente vulgar, mais nova que meu pai, para não decepcioná-lo eu não disse nada sobre minha real opinião e concordei com sua escolha. Com 16 eu a vi uma noite com outro homem na cama do meu pai, ela me viu e na noite seguinte me deu de escravo para o reino vizinho, só pensei que um dia eu iria me vingar dela e do meu pai que deixou por anos aquela mulher no lugar da minha mãe. Quando cheguei ao reino vizinho eles rasparam meu cabelo e me acorrentaram os pulsos e os tornozelos -ele passa a mão nos pulsos como se estivesse se lembrando do toque das correntes- e me mandaram para as minas, por meses não vi a luz do sol e o ar era espesso dificultando a respiração, lá haviam homens e meninos, todos diferentes uns dos outros e com histórias prórias de suas vidas anteriores, eram somente nós e o carcereiro que tinha a chave para nos libertar, lá eu conheci o Jason e um homem chamado Dartaniam, Jason tinha minha idade, já Dartaniam tinha 22 anos, ele era como um irmão mais velho para nós fazia com que nem tudo fosse tão ruim. Passaram-se anos eu já tinha 18, em uma noite enquanto trabalhávamos Dartaniam começou a tossir e quando fomos ver era sangue, o ar havia ferido seus pulmões durante os anos e naquele momento ele já não suportava mais, nós seguramos ele quando caiu e vimos sua boca se encher de sangue ele estava se engasgando e quando estava prestes a morrer ele nos disse "Sejam livres" então fechou os olhos e morreu, naquela noite eu não chorei, criei coragem e roubei a chave matando o carcereiro, foi o primeiro homem que eu matei, lembro de tudo, dos olhos dele perdendo a cor e seu corpo ficando frio, mas não me importei, libertei a todos os presos e fugi junto de Jason, então criamos os Hidra com alguns fugitivos que vieram conosco, em dois anos dominamos os portos daquele país até a Baía da Hidra. Uma noite foi feito um baile no meu país, eu havia mudado, então decidi voltar para cumprir o meu objetivo. Me vesti como a realeza novamente e fui ao baile, lá eu reconheci de imediato meu pai e sua esposa, eles pareciam felizes como se eu nunca tivesse existido, o ódio de alguns anos atrás tinha voltado, mas eu me controlei e fiz o que até hoje eu faço de melhor, eu fui sedutor, com isso chamei a atenção da esposa do meu pai, ela não me reconheceu, então foi fácil, ela me levou até o mesmo quarto onde eu a vi com seu amante, estava cega por mim, me aguarrava e tentava me beijar, eu a observava enquanto ela tentava tirar seu escandaloso vestido e comecei a dizer " você não mudou nada, continua sendo a mulher mais vulgar que conheci" ela me olhou parando o que estava fazendo, me perguntou quem era eu e a respondi "Eu sou o garoto que voltou para vingar o passado" ela então deve ter se lembrado pois sua expressão mudou, eu ri e ela se mostrou espantada, veio em minha direção e eu a segurei, a levei até o salão na frente de todos e mostrei ela a meu pai que estava espantado, ele também não me reconheceu eu a joguei para ele que a socorreu, fez a mesma pergunta que ela e eu respondi "Eu sou seu herdeiro desaparecido meu pai, vim para lhe mostrar a cobra com que dorme ao lado" Ele se lembrou de mim e me perguntou o que aconteceu comigo, eu lhe contei o que sua mulher fez, ele a olhou com desprezo e ela o pediu perdão em prantos, por incrível que pareça, ele a perdoou, me disse para ficar com ele de um jeito como se tivesse esquecido tudo, eu então não pude me conter e fiz um sinal para meus homens que estavam escondidos, eles então começaram a destruir tudo o que meu pai tinha e eu parti, nunca mais voltei ao meu país e abandonei meu nome com o passado. Essa é minha história, o que me diz.

          Eu estava chocada, não sabia o que dizer, então em um impulso eu o abracei, ele pareceu surpreso mas retribuiu, me abraçou forte e eu deixei, me deixei aproveitar do momento e então a porta é aberta por Jason que queria falar algo com Vega, mas ao nos ver ficou meio envergonhado e saiu do quarto.

Nyele- Acho que deve ir ?

        Tentei sair, mas ele me apertou, não de modo rude, mas carinhoso.

Vega- Só mais um pouco.

Nyele- Tudo bem, até que eu posso me acostumar com você assim, quase um amigo. 

Vega- Assim como ? Perto e colado em você ?- disse com o rosto em meu pescoço.

Nyele- Não, sendo gentil e sem esse tom que imprégna cada palavra que você diz.

        Ele ri e me solta, se levanta e para de costas para mim virando apenas o rosto um pouco para me olhar e diz em seu tom jocoso natural.

Vega- Sobre eu ser gentil e todo o resto...

Nyele- O que tem ?

Vega- Vamos deixar essa parte entre nós, tudo bem ?

Nyele- Claro, para proteger sua imagem de fortaleza fria e inalcançável que não tem sentimentos e blá, blá, blá.

Vega- Pois é, por esse motivo de imagem eu peço que mantenha nossa conversa e eu sendo gentil, entre nós.

Nyele- Tudo bem.

Vega- Obrigado.

      Ele sai e eu resolvo ver a noite, mas ao sair vejo um homem de no máximo 20 anos carregando uma bandeja com pratos e copos que evidentemente iam cair, eu me apresso e vou em seu auxílio, pego parte em meus braços e ele então me olha surpreso e agradecido.

?- Obrigado senhorita.

Nyele- Sem problemas.

Vega- Vejo que já conheceu o Mitras.- diz Vega que aparece repentinamente.

Mitras- Muito prazer.

Nyele- O prazer é meu.

Mitras- Os outros estavam comentando comigo e entre si, então que vim lhe perguntar capitão, por que não damos a nossa senhorita uma verdadeira boas vindas?

       Ele pensa por um momento e então concorda, descemos até a cozinha onde era mais quente e então eles começam a cantar, ouço um piano em algum lugar seguido de um violino tocando alegremente. 

       Eles riam e cantavam, eu apenas observava seu entusiasmo e feliz ao lado de Vega sentia como se algo em mim se aquecesse.

       Ao acabarem de cantar eles se sentaram e sorriram para mim, já não pareciam tão ameaçadores coomo quando eu os vi pela primeira vez.

Mitras- Senhorita, eu e os homens estávamos pensando se poderíamos fazer algumas perguntas ?

Vega- Está falante esta noite Mitras. -ele direciona um olhar suspeito ao marujo que treme.

Mitras- Não fui só eu, Jenkins, Murdok e Jason também gostariam de falar com ela.

         Vega começou a fazer uma expressão de descontentamento mas eu coloco minha mão na sua confirmando que não me incomodava um questionário.

Nyele- Está tudo bem.

         Os homens olharam para Vega e ele acentiu.

Vega- Podem perguntar.

Jason- Primeiro eu, de onde você veio ?

Nyele- Da Baía da Hidra.

Jason- Mas você não é igual as garotas de lá, você tem algo diferente, todas são claras e loiras.

Nyele- Deve ser a minha descendência, eu sou cigana.

Jenkins- De verdade ? Eu nunca conheci uma cigana.

Jason- Você quer dizer nunca conversou com uma, não acho que passe muito tempo com alguma só para conversar.

Jenkins- Não fale assim de mim na frente dela.

Mitras- Minha vez, o que acha de mim ?

Nyele- Nossa, bem... Você é charmoso e parece meigo.

Mitras- Estão vendo, ela gosta de mim.

Vega- Não força a barra. -ele tira sarro do tripulante.

Jason- E eu ?

Nyele- Você parece sério, forte, tem um quê de encantador.

Jason- Vejam como eu sou, ganho qualquer uma, não é mesmo senhorita ?

Nyele- Claro, todas menos eu.

Jason- Poxa, assim parte meu coração. -ele encena um coração partido fazendo a todos rirem.

Vega- É claro, isso por que ela é minha senhores.

Jason- Tudo bem, o que diz sobre o capitão ?

Vega- Acho que está na hora de mudar de assunto. -ele começa a se levantar e em meio a brincadeiras ele sai da cozinha.

Jason- Ele é um manteigão na verdade, pode ir Nyele, nós limpamos aqui, deve estar cansada. -eu aceno com a cabeça agradecendo e então me retiro.

      Vou até a cabine e encontro a ele observando o mar pela janela, fecho a porta e me sento na cama.                                                                                                                            Nyele- Tem medo do que posso dizer de você ?                                                                    Vega- Eu não temo nada. -ele diz confiante.                                                                    Nyele- Tudo bem então, gostaria de saber a resposta ?

Vega- Talvez.

Nyele- Eu acho que você é arrogante, orgulhoso, vaidoso...

Vega- Obrigado pela parte que me toca.

Nyele- Posso terminar ?

Vega- Claro.

Nyele- Você também é bonito, forte, sedutor e gentil.

Vega- Obrigado, não pensei que diria algo bom de mim.

Nyele- Enquanto se manter bonzinho não haverá problema.

         Ele soltou uma risada e vem próximo de mim para se deitar na cama, então nos deitamos eu em uma ponta e ele na outra.

Vega- Venha aqui.

         Ele passou o braço pelas minhas costas e me puxou para perto, tentei tocar seu peito para separá-lo mas estávamos muito próximos.

Vega- Por que tanto medo de ficarmos perto ?

      Ele pegou coloca o queixo em minha cabeça para ficar mais próximo.

Vega- Viu, você não morreu, o que está achando ?

      Eu senti sua pele quente e seu cheiro intenso, então senti a mim mesma aquecer levemente.

Nyele- Você é quente e cheira bem, mas não é meu gosto.

Vega-Sempre que quiser pode se juntar a mim. -posso confirmar que ele está sorrindo, sua voz é amigável quando ele diz e em seguida sou solta.

      Me movo para meu lado da cama e viro para olhá-lo.

Vega- Se sentir frio meus braços sempre estarão aqui para aquecê-la.

      Não digo nada, mas sua proposta faz meu coração aquecer, ele se mostrava um bom amigo, alguém aceitável e um bom companheiro no dia a dia, eu quase poderia cogitar...quase..

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