Victoria se levantou para fechar as cortinas amarelas após Damiano reclamar que a claridade fazia seus olhos doerem. Antes de fechar as janelas completamente, ela observou as famílias aproveitando enquanto caminhavam no campo onde fica o hotel. Uma em especial, com um casal e sua filha que aparentava ter uns cinco anos. Era um lindo dia de domingo, perfeito para um programa como esse.Porém, para a ruiva, sua programação estava resumida a cuidar de Damiano, mesmo contra sua vontade, já que ele ardia em febre. Ele não estava completamente consciente, e somente vez ou outra tinha lapsos de lucidez onde conseguia se comunicar de forma clara.As únicas vezes em que conseguiu se comunicar com Victoria, pediu um copo de água, um remédio para dor, e se desculpou. Não especificou exatamente os motivos, mas não era necessário. Seu comportamento desde que chegaram nesse novo lugar demonstrou todo o remorso que sentia, e o desespero em agradar Victoria através de suas ações deixou claro que não
Durante a vida, é comum se deparar com situações extremamente familiares; como o cheiro de um perfume que costumava a usar, tocar uma música antiga que seus avós escutavam pelas manhãs, ou até mesmo o cheiro de bolo recém-assado que se espalha por toda a casa.São sensações que estão no nosso subconsciente, mas ainda assim, perdidas no meio de muitas outras memórias que não são acessadas com frequência. De qualquer forma, qualquer uma dessas emoções que despertam uma sensação familiar, são sentidas de maneira reconfortante, como um abraço direto na alma.Diferente de sensações novas, completamente inexploradas, que causam um frio que ultrapassa a barriga, congelando a espinha.Sentimentos novos tendem a ser empolgantes, mas são igualmente assustadores. O medo do desconhecido está acoplado em nós de maneira inconsciente, e permitir que esses sentimentos sejam explorados, se assemelha a experiência de colocar a mão em uma caixa completamente fechada, onde não se sabe o conteúdo que tem
Existem noites intermináveis, horas que se tornam infinitas, e conversas longas que despertam um sentimento reconfortante de que tudo ficará bem.Momentos que dão um pico de alegria momentânea, e uma sensação esperançosa de que a vida vale a pena ser vivida da maneira mais intensa possível. Memórias eternizadas em nossa mente, que dificilmente serão apagadas pelo tempo. Aquele tipo de lembrança especial, que surge em momentos que precisamos de um carinho na alma.De maneira inimaginável, Victoria e Damiano viveram juntos uma dessas noites. Mesmo após discussões, desentendimentos fúteis e um começo tortuoso. Da tragédia, nasceu algo difícil de ser contido, quase impossível de ser controlado. Inevitável.Toda a raiva e angústia ainda estava lá de alguma forma. Não é simples se livrar de tais sentimentos que permanecem enraizados por tanto tempo. Mas, de alguma forma, estavam sendo equilibrados junto de todos os sentimentos positivos e novos vindos do laço que se formava entre eles dia a
De todas as sensações maravilhosas que se podem vivenciar na terra, Damiano concluiu, naquela noite, que ter Victoria era a melhor delas.Suas mão grandes e firmes pressionavam a cintura dela, trazendo a estrutura em direção a si. Seu corpo parecia incendiar ao sentir os seios dela através do tecido fino do vestido completamente molhado, roçando os mamilos enrijecidos agora em seu peitoral despido.Ele puxava os cabelos ruivos, expondo seu pescoço para que ele pudesse marcar toda a extensão da pele branca e sensível. Seus lábios percorreram todo o seu colo, e sua boca salivou ao ver os seios empinados tão próximos de seus lábios sedentos.Victoria estava em transe, completamente afetada pela maneira com que Damiano havia a dominado por completo. Se dependesse dela, seu corpo seria dele ali mesmo, sem qualquer objeção ou protesto.Ela apoiou suas mãos em seus ombros, utilizando como apoio para pressionar si mesma contra a ereção latente de Damiano da maneira mais intensa que conseguia.
Victoria acordou com a luz forte do sol tocando sua pele nua. Havia dormido bem como não dormia há mais de um mês.Sentiu seu corpo leve e descansado, sua cabeça surpreendentemente menos confusa, e sinceramente, até se sentia um pouco alegre.Parece que toda a confusão e angústia que a perturbavam se esvaiu em uma única noite de sono tranquila. O ar não era mais denso e difícil de respirar como antes, agora, parecia que era início de primavera, e a única coisa com que deveria se preocupar era em cuidar das lindas margaridas que enfeitavam a mesa de centro no seu quarto.Ela permaneceu sentada por alguns minutos, em silêncio, se recordando dos momentos vividos no dia anterior. Uma felicidade a invadiu pouco a pouco ao se lembrar da incrível experiência que teve ao partilhar um dia e uma noite ao lado de Damiano.Eram apenas eles, a natureza, decorando o lindo cenário com um céu estrelado de beleza surpreendente. Todo o rancor e ressentimento havia ficado para trás, pois agora, ela sabi
Damiano estava sentado em sua cama, os olhos em direção ao chão. A expressão debilitada mostrava a frustração explícita em seu rosto. Seu corpo, com a postura relaxada, e sua pele extremamente úmida pelo suor, deixou explícito o seu cansaço que transparecia através de suas ações e trejeitos.Ao mesmo tempo, ouviu duas únicas batidas na porta. As ignorou completamente, até que elas se repetiram. Ele só se prestou ao papel de se levantar para atender, quando ouviu o homem dizer que se tratava do serviço de quarto.Sua cabeça estava dolorida, e tudo o que conseguia pensar era na confusão extrema em que sua mente se encontrava. Infelizmente, todas as memórias bonitas e coloridas que colecionou na noite anterior, foram roubadas, desfeitas como um desenho formado na areia.— Não pedi serviço de quarto. — Ele abriu uma brecha pequena, somente mostrando metade de seu rosto.— Desculpa, Senhor… — o homem gaguejou algumas vezes, parecendo extremamente nervoso.— Qual o problema? — perguntou ao
Palpitações no coração, tremor nos músculos do corpo, fraqueza, suor excessivo e desorientação. Eram os sintomas que Damiano sentia do efeito colateral devido à droga que foi injetada em seu organismo por Valentim.Sua garganta seca dificultava o simples processo de beber água, sentia constantes náuseas devido à desorientação. Seu corpo estava um caos, literalmente. Não tinha força física ou estrutura o suficiente para se manter de pé, sequer a energia necessária para resgatar Victoria do mal que poderia estar envolvida.Mesmo assim, ele estava determinado. Era o seu dever, afinal, já que ele entendia que tinha uma grande parcela de culpa por estar nesse estado atual.Seguia apenas ordens do seu pai, mas ainda assim, era uma escolha. Não foi obrigado, ou ameaçado de alguma forma.Os longos minutos que se passaram, pareceram horas ao seu olhar. E aguardando a ligação que não chegava nunca, Damiano estava em extrema angústia.Seu estômago havia começado a doer devido à fome, já que esta
Victoria não se reconhecia mais. Mesmo enxergando seu rosto no reflexo do espelho do retrovisor, não conseguia se ver na imagem, ainda que nítida, que seus olhos focavam curiosos a todo momento.Ela encostou sua cabeça no banco de couro bege, e abriu a janela, sentindo o vento tocar seu rosto, secando a lágrima que escorria em seu olho esquerdo. Mesmo a limpando discretamente, ela insistia em estar lá, a lembrando da tristeza instaurada dentro de si. A lembrando do seu coração danificado, e do rombo interno que parecia nunca sarar.Estava vazia, completamente oca, e após muito tempo se sentindo assim, nosso cérebro passa a buscar maneiras de preencher esse vazio. Às vezes com ações benéficas e positivas, outras vezes com ações impulsivas e irresponsáveis.Ela não sabia exatamente quando havia começado a ser tão inconsequente, mas entendia que sua vida, no cenário atual, não exigia muita cautela. Não tinha mais sua família para fazer parte, havia deixado a faculdade, e agora, havia se