Andei sem rumo pela beira do mar, desviando das pessoas sem sequer prestar atenção em ninguém. Eu estava destruída por dentro. E não tinha a mínima ideia de como contaria aquilo a Pedro, mesmo sabendo que precisava fazê-lo.Não tenho ideia de quanto tempo andei. Quando minhas pernas começaram a cansar e a visão ficar turva, retirei os óculos e vi que estava anoitecendo. Então retomei o trajeto de volta, incerta se aguentaria fazê-lo.Cheguei na casa de tia Rute já passava das 19 horas. Procurei por todo mundo e a casa parecia vazia. Claro que quando passei pela praia, na entrada da rua dela, onde estava marcado o reencontro com Pedro e meu primo, sabia que ninguém mais estaria ali.Comecei a gritar por todos até que vi a porta dos fundos aberta. Fui até lá e encontrei meu pai, sentado numa cadeira baixa de praia, com uma cerveja em lata na mão. Senti um nó na garganta ao perceber seus olhos estreitos e avermelhados, que eu já reconhecia de longe o que significava.- Não tem ninguém em
Vi um vulto ao lado do portão da rua e fui até lá, deparando-me com meu namorado. Abri o portão e escorei-me no muro, ao seu lado.- Oi. – Falei, cruzando os braços, imitando-o.- Oi.- Quero que saiba que eu não sinto absolutamente nada por Patrick.Pedro não disse nada. Respirei fundo e senti a tensão no ar. Ele não costumava ser ciumento. A não ser quando se referia a Patrick. Ainda assim sempre tentava se conter.- Você estudou sobre ciúme... Não pode agir assim. – Tentei.- Clara, você não me esperou na praia no horário combinado. Cheguei lá e estava só sua mãe e sua tia. Andou sozinha por aí, sendo que todo mundo sabe que este cara está em Costa Sul. Você me disse com todas as letras que ele era o amor da sua vida... E que ao final era com ele que ficaria.- Eu não tinha a mínima noção do que dizia, Pedro! Isso eu pensava antes de conhecer você.- Você disse para mim estas palavras.Parei em sua frente e perguntei, enquanto segurava seus ombros:- Tem dúvidas do que sinto por vo
POV PATRICKA casa estava lotada. Tinha tantas bebidas e comidas que mal daria para provar tudo. Eu não havia visto nenhuma mulher com a qual não desejasse ir para a cama. Talvez rolasse pegar duas ou três ao mesmo tempo, que era um sonho antigo ainda não realizado.Eu havia ganhado o campeonato nacional de surf e o próximo passo era vencer o mundial na Austrália. Eu tinha certeza que o ano de 2000 era meu e não tinha para mais ninguém. Kelly Slater me conheceria, pois a intenção era gravar meu nome na história do surf.- Acho que a gente poderia transar antes do mundo acabar. – Uma morena gostosa parou na minha frente e alisou meu peito sobre a camiseta branca.- Podemos... E se ele não acabar a gente continua transando... – beijei a boca dela, enlaçando-a com uma mão pela cintura enquanto com a outra jogava o espumante sobre ela, sentindo o líquido adocicado chegando nas nossas bocas, misturado ao gosto do nosso beijo.Ela era bem ansiosa e pôs a mão sob a minha bermuda, alcançando
Nem percebi que estava dirigindo na beira da praia. Não havia nada nem ninguém ali, somente a escuridão e o meu farol que iluminava um pouco a areia fina e que derrapava vez ou outra, fazendo as rodas quererem atolar.Foi quando vi o vulto branco na minha frente, saindo do nada. Tentei frear, mas o carro perdeu o controle. Ouvi o som do choque do corpo na lataria e finalmente o motor parou. Saí do carro rapidamente, caindo na areia. Levantei e corri até a pessoa, jogada no chão.Abaixei-me, em desespero, e levantei sua cabeça, retirando os cabelos do rosto.- Clara?No mesmo momento que chamei o nome dela, os fogos ecoaram no céu, anunciando que o ano 2000 havia chegado. Era a virada do milênio... E todos tinham que estar fazendo o que mais queriam na vida. E eu estava com ela desacordada em meus braços.- Por Deus, Clara... Acorde! – Balancei o rosto dela, enquanto segurava seu corpo, ajoelhado.Toquei seu nariz e ela estava respirando, embora de forma rápida demais. O corpo estava a
E agora, o eu deveria fazer? Beijá-la?Tanto evitei me aproximar daquela garota, quando a tinha tão perto o tempo todo! Fugi, fingi que ela não existia, a destratei e fiz pouco caso de seus sentimentos puros e verdadeiros. E agora ela não sentia mais nada por mim. Seus versos pertenciam ao tal Pedro, bem como todo o seu coração. E certamente ele a havia ferido, magoado, destratado da mesma forma que eu fiz.Por que você é tão azarada, Clara Versiani? Por que se apaixona pelos piores homens? E lamento informar, mas nos próximos dez anos não conhecerá o amor, pois estará comigo. Tampouco será feliz.Sinto muito e espero que futuramente possa me perdoar por ter me dado tanto de você... E eu ter retribuído sendo um filho da puta. Pedro a quebrou e eu pisarei nos cacos, mesmo sem querer.Não foi necessário pensar muito tempo. Quando percebi estava levando o rosto em direção ao dela, com os olhos fixos em seus lábios... Foi quando Clara deu um passo para trás.Como assim, Clara? Eu aposto q
- O meu namorado procura a pessoa responsável pela morte da mãe dele. Esta pessoa não foi responsável direto, mas teve uma boa parcela de culpa. E adivinha? É o meu pai o homem que Pedro tanto deseja encontrar e vingar-se. Meu pai foi amante da mãe do homem que eu amo e acabou causando um acidente que a deixou gravemente ferida e sem expectativa de sair de uma cama para o resto da vida.Fiquei em silêncio. E eu que achei que tinha um grande problema! Parecia história de filme o que ela me contou.- O ama de verdade?- A ponto de saber que jamais serei capaz de sentir por outra pessoa o que sinto por ele.- Pedro não a perdoou? Ou não perdoou o seu pai?Ela riu, com pesar:- Ele não sabe. E eu sou uma covarde e não fiquei para esperar tudo acontecer.Senti como um soco no estômago. E se Pedro gostasse de Clara de verdade e não só a perdoasse como fosse atrás dela?Clara suspirou:- Não é só isto... Meu pai é um bêbado desgraçado, viciado em jogos de azar, deve para agiotas e é um covar
Escolhi o melhor quarto que tivesse disponível e nos encaminhamos para o último do prédio. Estacionei na garagem e puxei a lona para tampar.- Por que fechar com esta coisa? – Clara perguntou ao tocar a lona.- Privacidade... Nunca esteve num Motel? – Fiquei em dúvida.- Não! – Respondeu de forma espontânea, parecendo se preocupar do material que era feito a lona, analisando-o cuidadosamente.Senti um frio na barriga. E aquilo era uma novidade: nervoso pela primeira vez num Motel. Minha futura esposa seria virgem, afinal das contas?Abri a porta e analisei o quarto amplo, bem limpo, com uma hidromassagem, cama redonda com espelho no teto, banheiro privativo e bem fechado e alguns itens como preservativos, algemas, óleos lubrificantes e uma máscara preta com plumas.Clara entrou e a primeira coisa que fez foi mexer no aparador à direita. Analisou os preservativos um a um, levantou as algemas, virando a cabeça de forma engraçada enquanto a via balançar em sua mão. Pôs a máscara na frent
- Ele deixou você partir... Não fez nada para impedir.- Ele foi socorrer minha mãe... E eu fugi. Se não fosse naquela hora, teria fugido dele qualquer outra... Porque jamais teria coragem de olhar na cara de Pedro quando ele descobrisse que meu pai foi o causador do acidente da sua mãe.- Perdeu a virgindade com ele?- Sim... Ele foi o único homem com o qual dormi.- E acha que ele merece isso que está fazendo?- Não dormir com você? – ela riu – Não seja um otário. Respeite o meu luto. E bote na sua cabeça que Pedro não fez nada de errado. Pelo contrário... Ele fez coisas que jamais alguém fez ou faria por mim.- Você não me conhece. Não pode afirmar que eu não faria.- Você disse “não” para mim diretamente quando Flora foi falar com você. Sabia que a porra das cartas eram escritas por mim. Alegou que eu era nova para você, mas dormiu com uma garota da minha escola que tinha 18 anos como eu.- Certamente ela não se envolveu com meu melhor amigo.- Não me envolvi com Artemis. Fiquei c