Ela gemeu alto e me empurrou, limpando os lábios que estavam inchados. Olhou ao redor e fiz o mesmo, observando um casal conversando ao longe e uma senhora que nos encarava sem disfarçar.- Que pouca vergonha! – A mulher disse e saiu de perto de nós.Começamos a rir e permaneci virado na direção dela, naquela terrível situação em que me via pela primeira vez, de pau duro num local público.- Estou começando a ficar mal-acostumada com você todos os dias vindo me trazer no ponto de ônibus... – tocou meu peito, ainda ofegante.- E eu um pouco viciado em você. – Me ouvi confessando, como se as palavras não me respeitassem, simplesmente saíssem por vontade própria.- E a aula? – estreitou os olhos, preocupada – Se está aqui... Não está lá...- Não se preocupe. Esqueceu que a doidinha aqui é você? – Ri.- E você o sensato. Então não faça besteiras, Pedro Moratti. – Tocou meu peito com o dedo indicador, com força.E claro que teve consequências. No mês seguinte a secretária da escola foi me
POV CLARAPedro estava me convidando para ir dormir na casa dele? Deus, era tudo que eu mais queria.Só nos víamos por alguns minutos depois das minhas aulas e era por pouco tempo. Raramente nos encontrávamos nos finais de semana porque ele tinha tarefas dos cursos e escola e eu também. Sem contar que por estarmos “meio que namorando” já não íamos mais no Baccarath com tanta frequência. E as aulas práticas da autoescola terminariam dentro de dias.Eu, ele e uma casa! Seria perfeito demais!- Farei tudo que estiver ao meu alcance para ir. – Garanti.- Ficarei muito feliz se você for. – Sorriu.- Onde eu dormiria? – Provoquei.- Depende... Onde quiser. – Riu.- Me daria sua cama?- Quereria minha cama?- Sim.Pedro acariciou minha bochecha:- Creio que precisamos muito deste tempo.- Concordo... Só nós...- Sem ninguém ao nosso redor. E com... Uma casa. E um quarto.- Não faremos Laís e Lucas neste tempo. – Fui sincera.Pedro gargalhou:- Como bem sabe, é possível impedir de fazer bebês
- Clara, sua vez. – Meu instrutor avisou.Levantei-me, esperando que minhas pernas não respondessem aos meus comandos, mas para minha surpresa, elas me obedeceram. Fui até o automóvel e o avaliador me cumprimentou, dizendo seu nome, que um segundo depois eu esqueci, o que poderia ter sido o efeito da droga de folha de melissa, vulgo maconha.- Clara, você entrará no carro e tem o tempo que precisar para ajeitar os espelhos, banco e o que mais precisar para se sentir segura e confortável. Assim que ligar o carro, oficialmente a prova estará iniciada. Tem alguma pergunta?- Sim. O senhor já ouviu falar de uma erva chamada Melissa?O homem de meia-idade, calvo, baixo e de barba me olhou de forma estranha:- Não! Nunca ouvi falar. Você tem alguma pergunta com relação à prova, senhorita Versiani?- Não.Virei a cabeça para dentro do carro e tentei focar. Tudo parecia tranquilo comigo. Ajeitei os espelhos, levantei o banco no máximo que consegui e girei a chave, ligando o carro.- Pode desl
Quando pedi ao meu pai para ir numa festa na casa de um amigo óbvio que ele não deixou. Então tive que contar com a ajuda de Flora, que foi até minha casa lhe pedir, dizendo parte da verdade, que iríamos na festa e depois dormiríamos juntas na casa de Beverly, sendo que a segunda parte era mentira.Se ele deixou? Sim!Por algum motivo sempre que minha amiga pedia para eu sair ou dormir em sua casa ou mesmo acompanhá-la num passeio ou viagem em família, ele deixava, mesmo quando me negasse inicialmente.Flora tinha um compromisso em família e combinou de chegar um pouco mais tarde na casa de Pedro. Claro que aceitou ir a contragosto, já que não se agradou da ideia de ficarmos nós três, sendo que Pedro e eu éramos um casal.Assim que cheguei na frente da casa de Pedro, fiz menção de apertar a campainha e ele apareceu na porta, antes de eu apertar o botão.- Estava... Esperando por mim? – Perguntei, tentando parecer tranquila, sendo que não lembro de ter estado tão nervosa na vida.Eu nã
- Boa noite... Me desculpe... Não o esperava. – Pedro ficou visivelmente nervoso.- Se não quiser que eu fique tudo bem. – Renan logo avisou.- Não! Tudo bem. – Pedro justificou-se – Por mim não há problema algum. Há... Clara? – me olhou.Olhei para Flora, que apesar de estar envergonhada por não ter conversado comigo e Pedro antes de levar Renan, eu sabia que intimamente estava louca para passar a noite com ele, assim como eu com Pedro.Minha amiga não sabia das coisas que meu irmão havia falado. Tampouco do seu interesse puramente sexual por ela. E embora eu quisesse muito contar-lhe, não tinha coragem, pois conhecia Flora o suficiente para saber que estava apaixonada. E talvez aquele sentimento vinha de muito tempo atrás e não tão recente quanto eu imaginava.Eu sempre me abri com Flora sobre praticamente tudo na minha vida. Ela, ao contrário, embora me contasse grande parte da sua, com relação a questão sentimental sempre foi bem reservada.Suspirei e olhei para meu irmão:- Papai
POV PEDRO- Não! Só estou fazendo perguntas... É você que entende sobre este assunto.- Não entendo... Só acredito.- Então deveria ter mais respostas.- Você que tem muitas perguntas... Talvez devesse procurá-las e não perguntar a mim.Olhamos para Renan e Flora, que nos observavam atentamente.A campainha tocou, nos assustando. Faltava menos de uma hora para acabar o filme e já passava da meia-noite.- Está esperando mais alguém? – Clara perguntou.- Não! Claro que não.- E... Se for a sua avó? – Ela pareceu preocupada.Eu ri e levantei, a fim de atender. Sabia que não era minha avó. Certamente era só um engano.- Minha vó tem a chave. Ela não apertaria a campainha, “querida”.Agora que ela tinha lido o significado de querida e também me deixado claro o que era, parecia que fazia ainda mais sentido chamá-la daquela forma. Clara era a pessoa que eu gostava muito... E quanto mais a conhecia, mais me apaixonava por ela.Apaixonava? Eu disse que quanto mais a conhecia mais me “apaixonav
- Por... Quê?- Não diga...- Que parte? – ela estava confusa.- Não vai entrar na água, Clara? – Anastácia parou ao nosso lado, provocando minha namorada.- Não... – Clara falou enquanto me olhava, ainda preocupada.Fiquei incerto sobre como agi quando falei com ela, já que percebi o quanto Clara estava assustada.- Tudo bem, Pedro? – Anastácia perguntou – Você está com as bochechas muito vermelhas. Está tomando seus remédios direito?- Sim... – Minha voz foi fraca, enquanto eu abaixava a cabeça.- Vovó mandou eu cuidar de você. – Deixou claro.- Eu estou aqui para isso. – Clara foi rude.- Mas foi para mim que ela pediu. Porque vovó confia em mim.- Por que você força tanto a barra, Anastácia?- Porque eu conheço Pedro há anos.- Eu também conheço Jason há anos e nem por isso estou empatando o lance de vocês.- Jason e eu somos só amigos agora.- Que bom para vocês. Eu e Pedro estamos namorando. Então o ideal seria respeitarmos as decisões que cada casal tomou.- Anastácia, acho que
POV CLARAEu estava no banheiro, secando os cabelos com o secador quando vi Pedro pelo espelho. Desliguei o aparelho e pus as mãos na cabeça, tentando fazer com que ele não visse o estado que estava.Pedro fechou a porta e vi seus pés andando na minha direção, enquanto minha cabeça permanecia abaixada.- Sinto muito. Eu não deveria tê-los deixado entrar.Levantei o rosto, o encarando. Ele retirou minhas mãos da cabeça, alisando meus fios de cabelos:- Devo pensar que depois de entrar na água você vira uma sereia ou algo do tipo? – Tentou conter o riso.Comecei a rir:- Não acontece em águas naturais... Só em contato com o cloro. Levemente verde. – Peguei uma mecha de cabelos, observando tristemente.- Já tinha umas mechas vermelhas, mais o loiro... O que é um verde em meio a tudo isto?- É um verde que me deixa horrível. – Lamentei.- Está linda... Minha garota colorida. – Ele me puxou, abraçando-me.- Eu odeio ela. – Confessei.- Não a deixarei mais entrar na minha casa, não se preoc