POV Patrick
Já fazia um tempo que Clara estava no banho e não saía nunca. Eu ainda ouvia o som do chuveiro e nada dela aparecer.
Bati na porta e chamei:
- Clara? Está tudo bem aí?
Não ouve resposta. Bati com mais força:
- Clara, se você não disser que está tudo certo, vou entrar sem a sua permissão.
Continuei sem resposta, o que era estranho. Teria Clara fugido de mim de alguma forma? Deixou a porta trancada e o chuveiro aberto para eu pensar que estava no banheiro?
Dei um pontapé com toda minha força na porta, quebrando-a. E lá estava minha esposa dentro do box, no chão, desacordada.
Corri e a peguei no colo, sem roupa, completamente molhada e a pus na cama. Estava pálida e com os lábios sem cor. Mas respirava, embora estivesse fria.
Comecei a sacudi-la, desesperado:
- Clara, por favor... Acorde,
- Logo o médico me chamará para vermos o bebê através do ultrassom.Ela sentou-se e balançou a cabeça, atordoada. Sentei-me ao seu lado:- No ano que vem fecha os dez anos. E o que fará, agora que tem um filho seu na jogada?- Não farei nada, mãe. Ficarei com Clara e nosso filho.Sophie gargalhou, até que as lágrimas escorressem dos seus olhos, tamanha forma como se divertia com a situação:- Acha mesmo que este casamento dará certo, meu filho? Clara não gosta de você.- Ela... Gosta. – Afirmei, incerto.- Assim que acabar os dez anos, ela irá embora.- Eu não deixarei que ela se vá.- Não pode mantê-la presa pelo resto da vida.- Ela terá um filho meu.- O que a fará ter mais forças para partir.- Não... – Fiquei confu
POV PedroMesmo contra vontade de Flora, denunciei por desvio de ética o juiz que conversou sobre o meu caso com o senhor Amorin. Claro que o pai dela ficou desapontado e envergonhado com minha postura, agindo como se eu tivesse feito algo errado e não o contrário.Ainda assim meus princípios vinham em primeiro lugar. Foi para ser quem eu era que estudei e dediquei anos da minha vida. Não aceitaria nenhum tipo de atitude que não fosse de acordo com o profissional que se esperasse na condução de qualquer processo que tivesse a ver comigo.Embora não tivesse sido minha intenção e nem achasse que fosse para tanto, logo o caso repercutiu a nível nacional, o que me fez ter visibilidade, mesmo eu não querendo que acontecesse daquela forma. Jamais pensei em me destacar de maneira que não fosse pelo me profissionalismo como advogado. E por incrível que pareça,
Eu não deveria, mas senti um frio na barriga, como se estivesse “vendo-a”. Os olhos dos dois irmãos eram praticamente iguais, não só na cor, mas também no formato.- Pedro... Que... Surpresa. – Renan disse, sem jeito.Claro que quando o olhei só pensei em Clara. Mas depois lembrei do lance que ele teve com Flora... Inclusive da transa na minha casa. Fiquei em dúvida se deveria sentir ciúme de Renan.- Olá, Renan! – abracei-o, de forma involuntária – Quanto tempo!O homem que no passado engravidou minha esposa e transou com ela na minha casa, enquanto eu dormia com a irmã dele no meu quarto, sendo que não fiz sexo com ela naquela noite, mas a provei, pela primeira vez, não me causava ciúme. Tudo que Renan me fazia sentir era... Lembranças de algo que eu tanto tentava esquecer.E eu conseguia... Desde que nada que fos
No mês seguinte fui convidado para uma convenção de advogados em Noriah Sul, onde estariam profissionais conceituados, bem como autoridades locais.Assim que acabou o evento, estava me deslocando para o saguão principal a fim de me retirar quando fui chamado por Francis Provost.- Pedro?- Olá, senhor Provost.Ele apertou minha mão e riu:- Por que tantas formalidades, Pedro? Pode me chamar de Francis.- O senhor é o juiz de Noriah Norte.- Admiro este respeito, bem como as formas de tratamento à minha pessoa depois que assumi o cargo. Mas sou jovem e sinceramente ser chamado de “senhor” o tempo todo me deixa um bocado aborrecido.Eu que ri desta vez.- Venha, tem alguém importante querendo falar com você.- Comigo? – Fiquei surpreso.- Sim. – Ele confirmou, andando em direção à uma porta, fazend
Fiquei muito atento à Clara e a possibilidade de ela tentar fugir ou mesmo partir pensando que depois que eu recebesse o restante da herança não teríamos mais ligação alguma e eu lhe daria o divórcio.Mas minha menina era maravilhosa até naquilo. Seguia na nossa casinha perfeita, dançando e cantando suas músicas estranhas, comendo tudo que cabia no seu estômago e ganhando mais alguns quilos, que a deixaram ainda mais gostosa e curvilínea.Ela já não gostava de sair de casa. E nem o mar lhe interessava mais tanto. Nunca esperei ter uma mulher tão “obediente” e parceira ao meu lado. Mas foi o que Ana Clara Huxley se tornou depois que saiu daquele hospital, achando que poderia estar grávida.Uma vez por mês íamos ao centro de Gold Coast para fazer compras. Ela adorava produtos para cabelos e camisinhas diferentes, com cores e sabor
Clara passou o tempo todo até a véspera do casamento organizando tudo exatamente como queria. A lista de convidados era bem pequena, já que não conhecíamos muitas pessoas na Austrália. Mas ela fez questão de convidar Kelly Slater, os antigos colegas e chefes da época em que fotograva, bem como alguns outros surfistas com os quais havia trabalhado anos atrás.Artemis veio um dia antes da cerimônia e fiz questão que ficasse hospedado na nossa casa.Ele havia me dito que estava em um relacionamento sério. No entanto chegou sozinho na manhã que antecedia o casamento. Se eu soubesse que não viria acompanhado, não o teria deixado ficar na nossa casa.- E... Sua suposta... Namorada? – Perguntei assim que Artemis passou pela porta.- Calma, Patrick... Não seja tão ansioso. – Clara chamou minha atenção enquanto cumprimentava meu amigo.- Bem... Fui “chutado” – Artemis confessou – A parte boa é vir para Austrália sozinho. Por favor, me digam que terá muitas mulheres solteiras neste casamento.-
Os dois se olharam e ficaram em silêncio, parecendo pegos de surpresa com a minha pergunta e sem saberem o que responder.- Sobre sua performance. – A voz de Artemis saiu rápida demais.Olhei para Clara, que não respondeu nada.- Mas você gesticulava muito! – Observei.- Eu... Estava analisando-o... Assim como sua esposa. Talvez... Tenhamos falado sobre a previsão do tempo para amanhã... Ou como foi minha viagem até aqui... Afinal, se passaram menos de 30 minutos. – Artemis justificou.- Vamos voltar para casa. Clara precisa descansar para amanhã.- Tudo bem – Ele concordou enquanto voltávamos para o jipe – Onde será a lua de mel?- Austrália Central – respondi – Minha esposa quer passar um tempo em Alice Springs e explorar o Uluru-Kata Tjuta National Park.- O que é isso? – Ele olhou para Clara, franzindo a testa, curioso.- Uluru é uma rocha no meio do deserto com mais de 300 metros de altura e 9,4 quilômetros de circunferência. É um local sagrado, porque ali as cerimônias uniram as
- Acho que precisamos parar para comer alguma coisa, Clara. – Disse Artemis, me olhando de canto enquanto dirigia.- Não... Por favor! – Me apavorei.- Estou dirigindo há mais de seis horas.- Eu... Talvez possa pegar a direção e ajudá-lo. Mas não podemos parar, Artemis. Precisa dirigir... Até que o dia acabe. – Implorei.- Ele não nos encontrará, Clara. Não se preocupe.- Por favor... – Meus olhos se encheram de lágrimas.Artemis suspirou:- Tudo bem. Mas... Não aguento tanto tempo. Sei que você tem medo de dirigir, mas talvez precise tomar o volante alguma hora. Garanto que a autoestrada é tranquila. Me parece bem seguro dirigir na Austrália.- Eu tento... Juro que tentarei.Eu tinha dormido boa parte do tempo e agora que despertei sentia meu corpo todo tenso e dolorido, como se tivesse passad