Agora será o meu fim.Qual será sua reação a meu ver?Surpresa é claro, mas e depois?Assim que nossos olhos se encontram, é como se o mundo parasse. Meu corpo inteiro estremece, e preciso fazer um esforço sobre-humano para não perder o controle. Ele está parado ali, imponente, mais bonito do que minha memória ousava lembrar. A barba impecável realça a força de seu queixo, e os cabelos negros, alinhados para trás, brilham sob a luz como se tivessem sido esculpidos em obsidiana.Meu coração dispara. Ele pisca uma vez, depois outra, como se precisasse se convencer de que sou real. Seus olhos, intensos e profundos, se apertam, revelando a confusão e o choque que tentam romper sua fachada impenetrável. É como se ele quisesse me decifrar, me despir de qualquer máscara que eu pudesse estar usando. Seu rosto endurece lentamente, os lábios se comprimem em uma linha fina, e o ar ao nosso redor parece vibrar com algo indefinido, quase palpável.Meu rubor é instantâneo, feroz. As memórias de nos
—Uma colher por favor?—Ah, claro!Vou até a gaveta e pego uma colher de sobremesa e lhe entrego. Nossos dedos se tocam e eu me arrepio inteirinha.Eu me afasto dele. Minha vontade é ver sua reação ao comer o manjar, mas eu saio da cozinha e vou para a sala de jantar retirar a mesa. Tremendo retiro a porcelana da mesa e entro na cozinha. Murat já está no final da sobremesa. Eu coloco a porcelana na pia e me viro para ele, quando ele finaliza, não resisto e pergunto:—E então? Gostou?Ele ri e afasta o pratinho com apenas a calda que ficou.—Sinceramente? Não sei por que o nome manjar? Manjar me lembra nome de algo muito bom, algo que se serve a um rei, a príncipes. E essa sobremesa parece uma papa dura de coco.Eu não consigo deixar de rir, achando graça em suas palavras. Murat me olha de um jeito estranho bem atento ao meu rosto.—Ah e se gostasse de ameixa, teria gostado do pudim. Eu soube disso só depois que tinha feito a sobremesa. Então, realmente, ele por si só não é uma sobreme
Ele continua a me olhar sem pressa de sair. Seus olhos passam por meu corpo e depois voltam para o meu rosto.—Você emagreceu. Você era mais cheinha quando nos conhecemos. —Então ele aperta os lábios. —Humm. Lembro-me muito bem de seu corpo. Perfeita. O que houve com você? Faz parte de seu jogo de conquista?Deus! As mulheres devem perder a noção do ridículo para chamar atenção dele, então ele está achando que estou fazendo o mesmo. Não tem outra explicação.—Senhor Çelik não me interessa sua opinião. E o que aconteceu comigo é problema meu!Ele ri e passa os olhos por mim novamente.—Gostei de rever você Ester! Eu me divertir muito hoje. É gostoso essa sensação que você me fez experimentar. Só lamento uma coisa. Pensei que eu tinha tido a arte de te conquistar e não ser conquistado. Hoje vejo que não foi bem assim. Tudo muito bem planejado. Bem, eu estava enfurnado até agora numa reunião e você deu cor ao meu dia cinza com sua aparição por isso vou te dar um descanso, por enquanto.E
Sete horas estou em pé. Não perguntei o horário que iniciarei meu trabalho na cozinha, mas acredito que cedo, por isso me levantei a essa hora.—Bom dia, levantou-se cedo. —Norma diz com um sorriso tomando o café tranquilamente.Eu sorrio para ela.—Eu esqueci de perguntar a hora que começo na cozinha.—Murat costuma tomar café lá pelas nove horas. Então, oito horas você se levantando está bom. Ele não costuma comer muito no café da manhã. Você verá que com Murat é tranquilo, ele almoça bem, mas dificilmente aqui, ele faz suas refeições em restaurantes. Só no final de semana mesmo, e às vezes nem isso. Já seus pais que, aliás, chegarão hoje, são idosos, então não tem hora para acordar. Você então os servirá quando eles estiverem à mesa.—Está certo.—Agora tome seu café tranquilamente.Tranquilidade é algo que desconheço. Primeiro com a minha família monstro. Meu pai era um infeliz, um homem que vivia com um copo de bebida na mão. Sempre caído no sofá melancólico e por aí vai...Sou d
Por fim, consigo articular uma deixa para a minha saída:— Ainda bem que não tenho essa capacidade e, talvez, se tivesse, meus dedos estariam na sua cara bonita. Bom dia, senhor Çelik, e bom apetite.Eu vou deixando a sala escutando a sua risada baixa.— Espere! — ele então diz.Solto o ar e me volto para ele. Nos encaramos. Ele recosta melhor na cadeira, com uma expressão que me deixa tensa.— Já disse que senhor aqui é meu pai, apenas Murat. E por falar nele, teremos uma festinha hoje. Você já deve estar sabendo.— Sim. Inclusive, estou ocupada com os preparativos.Ele vai abrindo o sorriso, um jeito jocoso, como se estivesse se divertindo comigo. Meu estômago dá um nó.— Sei... sei... Tudo bem, não vou te deixar em paz agora. Pode se refugiar na cozinha antes que você perca essa fachada de durona e demonstre que, no fundo, está louca para eu materializar seus desejos... meus desejos... fazendo esse vulcão enrustido, que conheço tão bem, explodir.A sala parece ficar quente de repen
Vou até a cozinha para começar a servir os convidados. Há duas garotas que foram contratadas para o dia de hoje e que estão nos ajudando. Norma está falando com elas, eu me aproximo:—Bem, vocês sabem o que fazer. Circulem distribuindo as bebidas. Depois aguardem para retirar os copos vazios. Então sirvam novamente.Elas assentem e saem com a bandeja das bebidas nas mãos:—Parece que estamos na Turquia —comento sorrindo. Norma que está preenchendo a bandeja com os canapés para eu servir sorri para mim.—Verdade, é que mesmo vivendo em outro país eles preservam sua cultura. Você não viu nada!Eu balanço a cabeça.—Murat não parece pertencer a esse povo. Ele é tão diferente.Norma voa seus olhos em mim, bem atentos.—Ah, você reparou. Ele é a ovelha negra da família. O pai dele está louco para ele se firmar com uma mulher que respeita as tradições e fazê-lo entrar na linha.—Verdade?—Sim, essas festas sempre têm alguma mulher convidada ou pelos tios de Murat ou pelo pai dele. Eles semp
Eu pego a bandeja, mas antes de sair da cozinha Murat surge nela.—Deixe a bandeja aí e venha comigo.—Como?Ele retira tudo da minha mão e agarrando meu braço me puxa para fora em direção ao jardim. Então, me puxa para um canto escuro e me pressiona contra uma pilastra, o calor de seu corpo me envolve eu ergo meu rosto assustado e meu grito é abafado por seus lábios nos meus. Sua mão não é gentil quando como um louco, ergue o meu uniforme e a passa pela minha coxa e aperta meu bumbum. A outra mão ele me traz mais para junto dele enquanto ele literalmente devora os meus lábios de um modo selvagem. Eu entro numa névoa de intoxicação. Meus sentidos ouriçados com seu calor, seu cheiro, e a forma como ele me beija. E que beijo! A razão me deixou no momento que seus lábios tocaram os meus, que eu senti sua língua explorando e dançando contra a minha.Tremendo, me seguro nele. Minhas pernas estão tão moles que tenho a impressão de que se eu não me apoiar nele, vou cair. Por isso eu agarro
—O que é inatingível? —Ouço a voz de Murat nas minhas costas. Minha respiração se agita. Sinto os pelos do meu corpo arrepiarem inteirinho. Eu me viro para ele. Seus cabelos estão um pouco bagunçados, o deixando mais sexy, se isso é possível. Sua testa está suada. Seus olhos se encontram com os meus e eu me viro para a pia e continuo meu serviço.—O que faz na cozinha, Murat? —Norma o questiona.—Meu pai sem querer derramou suco. Preciso de um pano para limpar.—Pode deixar que eu limpo. —Norma diz antes de eu me prontificar a ir. Agarra então um pano que está em cima da pia e sai da cozinha.—O que é inatingível? —Ele me questiona.Eu me viro para ele, tento controlar minha respiração, mas falho miseravelmente.—Nada que te diz respeito. —Minto.Ele sorri com o canto dos lábios.—Não? —Ele dá uma risada sexy. Parece não acreditar muito.—Já não teve atenção suficiente lá na sala? O que quer comigo?Ele ri.—Hum, se eu te disser não vai prestar… —diz olhando meus lábios e depois meus