༺ Mia Carrozzini ༻
Assim que coloquei Nicolae no berço, vi a babá entrar para assumir seu posto. Digo para que ela cuide do meu filho, pois preciso sair um pouco desse quarto para respirar um ar puro. Ao seguir na direção das escadas, vejo ainda da sacada a grande destruição que se espalhou pela mansão. Estou completamente perplexa. Parece uma cena de filme de guerra.
Cada parte da mansão estava completamente destruída por marcas de tiros e explosões, sem falar nas vidraças quebradas. Eu já previa isso, pois dava para ouvir o que estava acontecendo enquanto estava presa naquele quarto. Eu ouvia os impactos dos tiros e explosões.
Quando estou no centro do salão, observando todo o cenário, sinto um arrepio na espinha, como se alguém estivesse atrás de mim. De repente, me virei e avisto o reflexo de Lupíta me observando seriamente. Engulo em seco, pois tenho certeza de que só pode ser uma alucinação que minha mente está me pregando.
— Você está vendo o que causou, Mia? Destruiu toda a minha família, sua, biscate. Fez meus meninos se matarem por você!
— Lupíta, eu nunca quis isso. Você sabe melhor do que ninguém que jamais sou a favor de qualquer tipo de violência. — devo estar beirando a loucura ao falar com um espírito, mas é o que penso estar acontecendo naquele momento.
E ela responde com um sorriso sarcástico.
— Você sempre quis isso desde o momento em que aceitou ficar com Oliver. Deveria ter continuado na Itália e assim teria acabado com essa guerra. Vejo o que aconteceu. Causou várias mortes, inclusive a minha…
O peso de suas palavras ecoa pela mansão. Acredito que Lupíta não consegue descansar sabendo que seus filhos adotivos continuam se matando entre si. De repente, sinto a mão de alguém no meu ombro e acabei levando um susto, pulando para trás e me afastando. Então, vejo Oliver, me olhando preocupado.
— Mia, você está bem? Pensei que você estava falando com alguém, mas percebi que não tem ninguém aqui na sala.
— Oliver, eu… Acabei de ver Lupíta, ela estava aqui. Ela me disse coisas terríveis, me acusou de ter causado toda essa destruição. Sei que parece loucura, mas juro que a vi e falei com ela.
Oliver olha para mim com preocupação e segura minhas mãos gentilmente.
— Mia, eu entendo que você esteja passando por um momento extremamente estressante, porém Lupíta está morta…
Respiro fundo, tentando acalmar meu coração que estar acelerado. Será que tudo aquilo havia sido apenas minha imaginação? Seria possível que Lupíta realmente estivesse se manifestando para mim?
— Mas Oliver, eu a vi, ela estava ali perto daquele sofá, me acusando de tudo que está acontecendo.
Oliver solta um suspiro e me encara com seriedade.
— Mia, você precisa parar com isso. Logo os funcionários vão achar que você está enlouquecendo, Lupíta morreu e é melhor você parar de falar dela, eu não acredito nisso.
— Eu sei, eu só me sinto culpada. Às vezes parece que carrego um peso por tudo o que está acontecendo, eu não queria essa guerra Oliver, você sabe que eu não gosto de violência. — começo a sentir meus olhos lacrimejarem e ele me puxa para um abraço, dizendo:
— Isso logo vai acabar, cherry, eu prometo que não durará mais do que o necessário! Também não aguento mais essa guerra, faz muito tempo que não sabemos o que é ter paz. Sei o quanto você está preocupada com a segurança do nosso filho, mas prometo que não deixarei nada acontecer com ele.
— Tudo bem, já passou. Sou uma mulher forte, não posso ficar o tempo todo chorando como um bebê. Mas e agora? Vamos ficar no meio desses destroços? — Oliver observa todo o cenário do salão e responde.
— Não, nós vamos para um apartamento que tenho, bastante confortável e grande. Infelizmente, terei que fazer uma reforma nessa mansão. Peça para que a babá te ajude a arrumar as coisas, sairemos daqui em breve.
Apenas concordo com as suas palavras e ele sai em direção ao seu escritório, provavelmente para pegar o que precisa, como documentos importantes. Respiro fundo e subo as escadas.
Vou até o quarto de Nicolae e encontro a babá cuidando dele com todo o carinho. Agradeço a ela e começo a arrumar as coisas, colocando roupas e objetos pessoais em malas. Enquanto faço isso, não consigo parar de pensar na Lupíta e nas palavras que ela disse. Será que realmente sou a culpada dessa guerra de alguma forma?
No momento em que termino de arrumar as malas, a babá aparece ao meu lado e pergunta se está tudo bem. Respiro fundo e tento controlar minha angústia.
— Está tudo bem, obrigada. Só estou um pouco abalada com tudo o que está acontecendo, mas precisamos sair daqui o mais rápido possível.
Ela assente com a cabeça e me oferece ajuda para carregar as malas. Quando descemos as escadas, vejo Oliver saindo de seu escritório com uma expressão séria no rosto. Ele nos olha e diz:
— Vamos, o novo apartamento já está pronto. Assim que a reforma terminar, voltamos para a mansão.
— Eu não sei se quero continuar nesse lugar. Você poderia muito bem vender essa mansão, só me traz lembranças ruins… — respondo com sinceridade, pois não me sinto mais bem nesse lugar.
— Cherry, eu não pretendo me desfazer da mansão que meu pai deixou para mim. Mandarei efetuar uma reforma e você verá que esse lugar ficará com outra cara.
— Mesmo assim, não sei se verei mais esse lugar como a minha casa. Na verdade, não me sinto parte disso, sempre foi assim. — Oliver me fita por um momento e responde, enquanto acaricia sua barba.
— É melhor mudarmos de assunto. Já tive estresse suficiente por hoje, Mia. Me dê uma trégua, vamos embora.
Ele não diz mais nada, simplesmente anda na minha frente, deixando-me sozinha com a babá. Essa é a forma que ele encontra para agir como um verdadeiro cavalo quando eu não concordo com ele. Em certos momentos, eu me pergunto se consigo continuar ao seu lado. Sempre haverá esse conflito entre nós.
Ao entrarmos no carro, uma mistura de medo e ansiedade toma conta de mim. Observo o semblante sério de Oliver e sinto que há algo mais acontecendo. A vontade de perguntar é grande, mas decidi guardar minhas dúvidas para mim mesma. Afinal, não quero mais discussões entre nós.
Durante o trajeto até o novo apartamento, um silêncio pesado paira no ar. Cada um de nós perdidos em seus próprios pensamentos e angústias. Eu me pego fitando o horizonte, com a mente cheia de incertezas sobre o futuro e remorsos sobre o passado.
Ao chegarmos no novo endereço, fomos recebidos por um apartamento luxuoso e impecavelmente decorado. É o tipo de lugar que transmite uma sensação reconfortante, mas a paz que tanto anseio parece inalcançável.
Durante tempo em que observava com interesse cada detalhe do novo lar, Oliver se concentra em fazer ligações e coordenar os últimos detalhes da reforma da mansão. Sinto um aperto no peito, pois isso só me faz lembrar de tudo o que aconteceu e de como agora estamos envolvidos em um perigoso jogo de poder.
Enquanto a babá leva Nicolae para o quarto, decido explorar um pouco mais o apartamento. O lugar é enorme e cheio de cômodos. Cada ambiente representa um convite para um recomeço, mas também uma lembrança de que estamos sempre fugindo.
No escritório, olho para a estante de livros e vejo uma foto de família emoldurada. É uma imagem de tempos mais felizes, quando Lupita estava com a família de Oliver. Sinto um nó na garganta ao perceber o quanto as coisas mudaram. Mas eu não dizia mais, sentia falta dela e do seu carinho.
Decido tomar um banho para tentar relaxar e esquecer um pouco de todas as tensões. Enquanto a água morna cai sobre o meu corpo, fecho os olhos e tento afastar os pensamentos sombrios que insistem em me assombrar. Mas não consigo esquecer de nada.
Ao sair do banho, escuto vozes abafadas vindas da sala. Visto meu roupão e me aproximo devagar, vendo Oliver conversando com Derick. Meu coração acelera ao perceber que a situação é séria.
— Então você acha que o traidor está na própria organização? — indaga Oliver, com uma expressão séria no rosto.
Derick assente, franzindo a testa.
— Parece que temos um infiltrado, “sr” Oliver. Alguém que conhece bem os nossos movimentos e está passando informações para Esteves. Precisamos descobrir quem é.
Meu estômago se revira e sinto um arrepio percorrer a minha espinha. O perigo está cada vez mais perto e me pergunto se estamos realmente seguros nesse novo lugar.
Decido me aproximar e interromper a conversa.
— O que está acontecendo, Oliver? — pergunto com a voz trêmula.
— Nada com que você precise se preocupar. Desde quando você ficou tão intrometida a ponto de ficar escutando atrás da porta?
Sei que o que estou fazendo não é certo, mas preciso me preparar para o que vier. Respondo da mesma forma, com o semblante sério.
— Desde quando isso passou a fazer parte da segurança do meu filho? Quero saber o que está acontecendo. Tenho esse direito… E se meu filho estiver em perigo, eu vou embora com ele daqui. Não arriscarei a segurança de Nicolae novamente.
Em nenhum momento me importaria de dizer a verdade, pois não deixaria acontecer nada com o meu filho devido à vingança desses homens. E se eu precisasse tomar essa decisão para protegê-lo, não me importaria nunca. Oliver continua me observando com um olhar sério, pois não gostou nem um pouco do que acabei de dizer, enquanto Derick apenas desvia o olhar, percebendo a tensão que se formou entre nós dois.
༺ Oliver Mourett ༻ — Você pensa mesmo que vou deixar você levar o meu filho de perto de mim? Isso nunca! Não se preocupe, ele está seguro. Eu sabia o quanto Mia estava aflita com toda essa situação que estamos passando depois do ataque de Esteves, mas uma coisa que eu não poderia permitir, nunca, era que ela tirasse meu filho de perto de mim. Continuei observando-a seriamente. Então, ela respondeu ácida.” — Eu não estou pedindo permissão para você, Oliver. Estou te avisando: antes de você ser o pai de Nicolae, não se esqueça que sou a mãe e tudo que ameaça a vida do meu filho, se for para o bem dele, eu dou um jeito de sumir com ele no mundo. — Você não teria essa coragem de tirar o meu filho de perto de mim. Eu não permitirei isso, fique bem ciente. Eu já passei por muitas coisas, eliminei meu próprio sangue para ficar com você. Agora, se você disser que vai tirar o meu filho de mim, você vai criar uma grande guerra comigo também. — eu não gostava de ser duro com as minhas pala
༺ Mia Carrozzini ༻ Na manhã seguinte, acordei mais disposta. A noite anterior havia sido difícil, com a discussão com Oliver e as palavras que ele me disse ainda estava ecoando em minha cabeça. Mas eu estava determinada a mostrar que suas palavras não me afetavam da forma como ele pensava. Ao me aproximar do berço, percebi que Nicolae já estava acordado. Com um sorriso no rosto, eu disse: — Bom dia, meu dorminhoco! Você dormiu bem? Eu também estou de bom humor. Vem cá, quero encher você de beijinhos. Peguei Nicolae em meus braços e comecei a amamentá-lo, pois tinha certeza de que ele estava faminto. A conexão de mãe e filho é algo realmente incrível. Seu olhar sereno e dócil me transmitia gratidão, como se ele soubesse que estou aqui para cuidar dele e amá-lo incondicionalmente. Essa é a única conexão verdadeira que conheço. No entanto, às vezes, me pergunto como minha própria mãe teve coragem de me abandonar e me deixar com meu pai. Por que ela nunca sentiu saudades de mim? Será
༺ Oliver Mourett ༻Mia havia me ignorado durante todo o café da manhã, mantendo-se em silêncio. Não disse uma única palavra, assim como também não dei o braço a torcer. Quando Derick me chamou para me falar que já havia colocado as escutas, eu estava mais tranquilo, era uma questão de tempo até encontrarmos os traidores. Não estava suportando a situação entre mim e minha cherry. E precisava fazer algo.Estava decidido ir até ela pedir desculpas pelo ocorrido ontem. Sei que agir de uma forma rude e insensível não me importava com o que ela estava sentindo naquele momento. Era o seu lado de mãe falando mais alto querendo proteger o nosso filho. Quando me aproximei, ouvi a conversa do segurança com ela.Quando ela revelou estar cansada de tudo que vinha passando e que sua vida teria sido mais fácil se não tivesse se envolvido comigo, aquilo doeu. Sei que começamos com o pé esquerdo quando ela foi comprada por mim, mas nunca parei para pensar como ela se sentia em relação a tudo, já que e
༺ Mia Carrozzini ༻Notei que Oliver não estava nada contente com a chegada dessa tal Lúcia ao nosso apartamento. Eu podia perceber pela expressão séria com que ele a observava. Tenho a impressão de que essa mulher não veio com boas intenções até aqui. Quando ela revelou precisar de ajuda, acabei acreditando por um momento. Após alguns minutos, finalmente Oliver disse:— Eu não consigo entender como você faliu e perdeu tudo. Até onde sei, a Lupíta comprou seu apartamento e escritório com algumas de suas economias e investiu em você. Depois disso, você nunca mais apareceu, e agora vem me pedir ajuda, Lúcia?— Olha, aconteceram alguns problemas na minha vida, Oliver. Se eu não procurei minha tia antes, era apenas para protegê-la. Eu não queria que nada acontecesse com ela. Sei que ela pensa que sou ingrata, mas não é assim que as coisas são. — ele deu uma gargalhada, observando-a de cima a baixo, e respondeu de forma sádica.— Você realmente acha que se fosse isso você já não teria retor
༺ Oliver Mourett ༻Após minha brincadeira no banheiro com Mia, estou terminando de me enxugar com a toalha enquanto ela me observa de maneira maliciosa. Dou apenas uma risada baixa e vou até o closet pegar uma cueca. Ela continua passando seu hidratante e me observa curiosa. Decido alfinetá-la.— Por que você está me olhando assim? Quer repetir a dose, é isso? Se quiser, pode vir, saiba que estou aqui com todo gás!— Às vezes, eu me surpreendo com todo esse fogo que você possui, principalmente pela sua idade! — olho para ela confuso, sem entender o que ela quis dizer, e pergunto.— Não entendi o que minha idade tem a ver com isso. Você acha que, por eu ser 19 anos mais velho que você, não posso ser um homem viril? Saiba que você está enganada. Meu pai, até os seus 75 anos, era bastante viril. Então, isso vem de família. E treparemos muito…— Nossa, se for assim, bom, pelo menos sei que não vou ficar sem sexo tão cedo! — ela dá uma risada provocativa. Na mesma hora, me sinto desafiado
༺ Mia Carrozzini ༻Dias depois…— Você já escolheu o seu vestido ou ainda não pensou em nada? — Noêmia perguntou curiosa.Com tantas coisas acontecendo na minha vida, eu havia até mesmo esquecido do meu casamento. Não estava com cabeça para pensar naquilo. Respirei fundo e respondi com um semblante triste.— Ah, amiga, com todos esses ataques acontecendo, eu não posso pensar nisso agora. Primeiro estou preocupada com a segurança do meu filho.— Imaginei que você me diria isso, Mia! É porque vocês marcaram a data há dois meses, então eu julgava que seria rápido. Mas posso entender o quanto tudo isso está abalando você. — minha amiga sabia como eu estava sofrendo com toda essa situação, principalmente a preocupação com meu filho.Oliver resolveu trazê-la para passar o final de semana conosco na tentativa de me animar, já que eu andava muito triste pelos cantos da casa.— Ai, Noêmia, eu só queria que tudo voltasse a ser normal. Mas acredito que não é possível nada ser mais normal na minh
༺ Oliver Mourett ༻ As coisas entre mim e Mia não estavam fáceis, porém eu não esperava ouvir aquelas palavras da sua boca. Ela pensa que foi a única que perdeu tudo. Acabei perdendo muito mais nessa história do que ela. Se soubesse como é difícil ter que eliminar o meu próprio sangue para permanecer ao seu lado, não diria palavras tão cruéis. No meio de tudo isso, eu ainda perdi minha nona, a única pessoa que amei depois dela. Muitas vezes eu me sentia solitário e com muita falta da presença de Lupíta, principalmente quando lembro da nossa última discussão. Eu ainda sinto um certo remorso. Fui para o meu escritório ver se eu encontrava alguma coisa que me ajudasse a parar o sangramento na minha mão. De repente, vejo Derick bater na porta e entrar. Ao observar o ferimento, ele pergunta preocupado: — Senhor, eu vim passar as últimas informações. Nossa, o que foi que aconteceu com a sua mão? Caramba! Está sangrando muito. — Não se preocupe, é apenas superficial. Acabei me enfurecendo
༻ Mia Carrozzini ༻ Minha última discussão com Oliver não foi das melhores. Eu andava muito preocupada e tinha os meus motivos. A Noêmia partiu na mesma noite; precisava voltar ao trabalho e achava melhor que fosse assim, temia pela sua segurança ao meu lado. Novamente, eu estava sozinha, cercada de seguranças naquela pequena mansão. Os meus dias se tornaram tenebrosos diante de tudo que vem acontecendo. Como se eu estivesse presa pagando pelos meus crimes enquanto o verdadeiro bandido estava solto. Eu jamais pensei que eu e Oliver acabaríamos nos afastando depois de tudo que aconteceu entre nós e dos vários desafios que passamos juntos. Mas, quando se trata da segurança do Nicolae, minha intuição de mãe fala mais alto e não consigo confiar que o Oliver nos protegerá. É como um instinto materno que indica que algo está prestes a acontecer. Porém, espero estar errada sobre isso. As minhas noites têm sido difíceis, sempre estou tendo um sonho ruim em que meu filho é levado de mim por Es